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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Ao Calhas - In The Air Tonight

Ultimamente, tenho estado a trabalhar no final do meu terceiro livro. Tal como nos dois anteriores, a parte final é a parte em que se dá o confronto entre os "bons" e os "maus". São, portanto, capítulos mais tensos, mais ricos em adrenalina e... que mais gosto de escrever. Já falei aqui, de passagem, da lista de reprodução que compilei para a escrita destas cenas, de ação, com músicas dos Within Temptation, Linkin Park, algumas dos Sum 41, entre outras.

Um dos temas principais dessa playlist é a faixa In The Air Tonight, tanto a faixa original como dois covers, um dos Full Blown Rose e outro dos Nonpoint.
 
 
"I've been waiting for this moment for all my life"
 
Um dos grandes pontos fortes desta música é a sua letra. Segundo declarações do mesmo, Phil Collins escreveu-a numa altura em que sentia fortemente enraivecido devido ao divórcio da sua primeira mulher, embora não tenha sido sobre isso que escreveu. Quando estive a pesquisar sobre a música, descobri acerca de uma lenda urbana, baseada no verso "If you told me you were drowning, I would not lend a hand", segundo a qual Phil teria testemunhado um afogamento e nada feito para ajudar o desgraçado - algo que me dá vontade de rir. Independentemente da fonte de inspiração, a letra é bastante sombria. Fala sobre raiva contida, sobre um ressentimento prolongado, deixando promessas de vingança - daí que a faixa, tanto a original como as várias versões que existem por aí, seja tão utilizada em bandas sonoras de filmes e séries. E, como não podia deixar de ser, marca um momento crucial do meu segundo livro.



"The hurt doesn't show, but the pain still grows, it's no stranger to you or me"
 
Torna-se interessante analisar o tratamento que as diferentes versões dão à música. A versão original é guiada pelo órgão, acompanhada por uma batida muito discreta no fundo, que se torna mais evidente nos últimos refrões, e algumas notas e acordes de guitarra elétrica ocasionais. Destaque para o solo de bateria antes dos últimos refrões (ba-dum, ba-dum, ba-dum, ba-dum, dum dum), reproduzido nos dois covers aqui mencionados, que já se tornou a imagem de marca de In The Air Tonight. A voz de Phil surge aqui ligeiramente alterada, dando a ideia de ecos, soando algo fantasmagórica - algo que combina com a letra, a ideia de assombração, de maldição. Todo o tratamento da versão original de In The Air Tonight, de resto, dá à faixa uma atmosfera ameaçadora. 
 
O videoclipe, como podem ver, tem precisamente um caráter algo fantasmagórico, psicadélico, em linha com o que referi acima. A versão da música que usaram tem, além disso, uma batida mais forte.

 
"I've seen your face before, my friend, but I don't know if you know who I am"

A versão de Full Blown Rose foi a primeira que conheci. Como podem ver no vídeo acima, tocou no brilhante final da primeira temporada de Tru Calling, assinalando o momento em que, em diametral oposição às intenções do seu Némesis, Jack, o desejo de vingar a morte do seu namorado Luc surge como motivação extra para Tru continuar a responder ao Apelo.


 

Aqui, In The Air Tonight surge na forma de uma balada gótica, dramática, guiada pelo piano, acompanhada por violinos e guitarra elétrica, inicialmente esporádica, tornando-se permanente a partir do segundo verso. Temos também uma batida discreta, semelhante à versão original, que se torna mais forte no segundo verso. A voz é feminina, logo, a música torna-se aplicável a histórias em que a personagem em questão é uma mulher - como Tru Calling e a minha história. Só tenho pena que a parte instrumental que toca na série, a introdução inicialmente com apenas piano a que se juntam os violinos, não tenha sido incluída na versão da música acima.
 


"Well, I was there and I saw what you did"
 
A versão original de In The Air Tonight popularizou-se graças à série Miami Vice. Logo, não é de surpreender que, quando se realizou o filme baseado na série, em 2006, tenha igualmente sido criada uma nova versão de In The Air Tonight.
 
A versão dos Nonpoint distingue-se das outras por, ao invés de se apresentar como uma balada, possuir um ritmo mais acelerado, com uma batida bem mais forte - embora não dispense o já aqui mencionado icónico solo de bateria, A música ganha assim um carácter diferente, uma atitude mais in-your-face estilo Linkin Park, mas que é igualmente compatível com a letra e melodia. Destaque para as guitarras elétricas mais evidentes a partir do meio do segundo verso, que criam um crescendo de tensão que culmina com o solo de bateria antes dos últimos refrões, cantados num tom mais agudo.



Não sei dizer qual destas três versões é a minha preferida. Cada uma distingue-se das outras por um motivo ou outro, cada uma dá um carácter diferente à faixa. In The Air Tonight é uma daquelas músicas cujo esqueleto básico é tão forte que soa sempre bem, independentemente do tratamento musical. Na minha opinião, o grande pilar da música é a letra, conforme já mencionei acima. Geralmente, neste tipo de textos, gosto de citar o verso que considero mais marcante da música em questão - em In The Air Tonight, praticamente toda a música é citável!
 
Não é raro as celebridades colecionarem casamentos falhados - os exemplos abundam. Também não são raros os casos de celebridades que lidam mal com os respetivos divórcios, que se humilham a si mesmos, aos respetivos cônjugues e a outros entes amados no processo. Mas também existem casos de famosos que conseguem lidar com isso de maneira saudável. Eu ainda não tinha nascido aquando do divórcio de Phil Collins, nem sequer sei muito sobre o cantor. Não sei dizer se ele lidou bem ou mal com o divórcio da sua primeira mulher mas, pelo que vejo, soube usar a sua raiva para criar um autêntico clássico, uma música de qualidade cada vez mais rara. Uma música que, para mim, há muito se tornou imortal. Só por isso, Phil Collins merece o meu respeito. E esta capacidade de transformar um sentimento negativo em algo extremamente positivo é o que, na minha opinião, a Arte em geral tem de melhor!

Músicas Não Tão Ao Calhas: Now

Inauguro assim uma nova rubrica para o Álbum. Será em tudo igual às Músicas Ao Calhas, a única diferença  é que, nesta rubrica, falarei de músicas recém-lançadas pelos meus cantores e/ou bandas preferidos. E visto que, em princípio, teremos vários lançamentos de discos este ano, cada um precedido de um single, em princípio teremos várias Músicas Não Tão Ao Calhas.
 
Começarei por falar sobre "Now", lançado ontem, dia 22 de janeiro, o primeiro single do quarto álbum dos Paramore, que será homónimo e lançado oficialmente dia 9 de abril - mas que estará à venda em Portugal no dia 8.

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"Bringing my sinking ship back to the shore"

Começarei com os pontos fracos. O maior deles é a repetição. Compreendo que os versos "If there's a future we want it now" e, em particular, "There's a time and a place to die but this ain't it" têm força, têm sonoridade, parecem ter sido escritos de propósito para se fazerem imagens para publicar no Tumblr mas não havia necessidade de estarem constantemente a repeti-los. Dá vontade de dizer: "Já percebemos!" Mas suponho que seja um defeito da rádio atual, parecem assumir que nós, os ouvintes, só conseguimos decorar três versos por música.
 
Nesse aspeto, Now é bastante radiofónica mas, por outro lado, não o é exatamente. Não é um êxito pré-fabricado, como Diamonds, agradável ao ouvido mas sem grande conteúdo por detrás que imortalize a faixa. O que tem vantagens e desvantagens pois demora-se ainda bastante tempo a entrar na onda da música. O exemplo mais evidente é o início, que soa demasiado estranho. 

 
Tirando o "Don't try to take this from me", Now tem a sonoridade típica à Paramore. Recorda-me vagamente Careful. Este excerto acima, publicado há umas semanas, torna-se interessante pois faz-nos reparar em certos elementos da música, como por exemplo, os coros (serão coros?) após o segundo refrão, o "Now-ow-ow-ow-ow-ow-ow-ow" (um aparte só para dizer que é um bocadinho chato estar sempre a contar os "ow-ow-ow" para citar o verso corretamente...), que se revelaria o verso que serve de pilar à música, e a bateria. Este último instrumento é um dos pontos fortes da música. Nunca altura em que, em quase todas as músicas, se programa um sintetizador para repetir o mesmo padrão de batida do princípio ao fim da música, torna-se extremamente refrescante ouvir uma verdadeira bateria, com baquetas e pratos, que apresenta diferentes sequências ao longo de uma faixa. Destaque também para as guitarras elétricas no refrão.
 
Passando à frente dos versos repetidos, a letra de Now é forte. Tal como já havia sido dado a entender anteriormente, fala sobre recuperação após uma derrota, recomeço, pegar de novo nas armas e regressar ao campo de batalha. Isto será, com certeza, uma alusão à crise por que a banda passou aquando da saída dos irmãos Farro. Alguns dos versos apenas cantados uma vez chegam a ser mais interessantes do que os que são repetidos até ao infinito. Como, por exemplo, "Feels like I'm waking from the dead and everyone's been waiting on me". Parece descrever a atitude dos fãs e do público em geral, à espera que a banda resolvesse os seus problemas e lançasse o sucessor a Brand New Eyes. De qualquer forma, a mensagem da música parece adequar-se àquilo que os Paramore têm dito sobre o seu quarto álbum - que, durante o processo de gravação, redescobriram-se a si mesmos "como músicos, cantores, como pessoas". Nesse aspeto, a escolha de Now para primeiro single parece vir em linha com isso.

 

 
Não sei se Now é representativa do álbum que promove. Em entrevista, os Paramore deram a entender que é mais pesada do que as outras faixas do álbum homónimo. Dizem mesmo que "andam a explorar território novo", que o álbum terá mais pop e dance. Em suma, preparam-se para lançar o seu The Best Damn Thing (lembrem-se: a Avril Lavigne é sempre o meu termo de comparação!), pelo menos no que toca a polémica entre os fãs. Eu própria tenho opiniões contraditórias sobre o assunto, mas prefiro guardá-las para a análise ao álbum, depois de ouvi-lo.
 
Em suma, apesar de considerar que os Paramore têm músicas melhores do que Now, gosto do seu novo single. Eles arriscaram com este single, provavelmente estão igualmente a arriscar com o álbum Paramore, há que dar-lhes crédito por isso. Para mim, foi um presente de aniversário adiantado (sim, completo 23 anos daqui a menos de quarenta minutos), não apenas pela música em si mas também pelo assunto para uma nova entrada no blogue, pelo escape ao stress da época dos exames, pela expetativa aumentada pelo álbum Paramore. Agora que venha o 8 de abril, que eu quero ouvir mais destes três!

Top 10 filmes de animação #2

Eis o pódio dos filmes de animação. Estes três filmes são muito especiais para mim, ainda que por motivos diferentes, uns motivos mais racionais do que outros. Sem mais delongas...
 
3º) Spirit: Stallion of the Cimarron
 

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Se me recordo bem, de acordo com o verso da caixa do VHS do filme Spirit, este foi considerado o melhor filme de animação desde O Rei Leão. Não digo que o seja mas anda lá perto, no mínimo. Pelo menos tem algo que O Rei Leão também tem: uma boa história e uma banda sonora marcante.
 
Spirit conta a história de um cavalo mustangue selvagem, de personalidade fortíssima, que é capturado pelos colonizadores americanos. Spirit resiste às tentativas de ser domado e montado e faz tudo para regressar à sua terra natal. No processo alia-se a um índio da tribo Lakota e apaixona-se por Rain, a sua égua. 
 
Tanto quanto sei, este é o único caso em desenhos animados em que os animais não falam mas, em tudo o resto, são semelhantes aos humanos - o que é refrescante. Os seus pensamentos e emoções são exprimidos pelas expressões dos animais e, no caso de Spirit, pela ocasional narração de Matt Damon e pela música.
 
 
 
Este filme tornou-se especial para mim precisamente por causa da banda sonora - composta e interpretada por Bryan Adams. "Ah!", pensam vocês, "está tudo explicado". É verdade. Foi este filme que me apresentou o cantautor canadiano, a banda sonora foi o primeiro CD "dele" que comprei. O tema principal do filme, Here I Am, a primeira que conheci de Bryan Adams, é a minha preferida de toda a sua obra musical e mesmo hoje, passados mais de dez anos, continua a fascinar-me. Toda a banda sonora tem, de resto, imensas músicas marcantes. Há que também dar mérito ao compositor Hans Zimmer, responsável por imensas bandas sonoras memoráveis, sendo a de Spirit apenas um exemplo entre muitos. 
 
Um dos grandes pontos fortes da banda sonora deste filme é o facto de, ao contrário da maioria dos filmes da Disney, as músicas estarem, tal como já afirmei acima, integradas na narração em vez de serem interpretadas pelas personagens, estilo musical - não sou grande fã de musicais. As faixas em si, do mesmo modo, não são narrativas, não são estilo ópera de rock, o que lhes confere poder por si mesmas, independentes do filme, permitindo-nos identificarmo-nos com elas, usá-las noutros contextos - algo que desenvolverei mais quando falar sobre algumas delas nas Músicas Ao Calhas.
 
No entanto, não deixam de fazer um ótimo trabalho como banda sonora de Spirit, ilustrando bem as diferentes emoções experimentadas pelo mustangue ao longo da sua odisseia. Deste modo, fica aqui a minha recomendação, tanto ao filme como à sua banda sonora.
 
2º) Pokémon: The Power Of One / O Poder Único
 
 
O Pokémon, que marcou a parte final da minha infância e grande parte da minha adolescência, que era praticamente a minha religião quando tinha onze anos, não podia, de maneira nenhuma, ficar de fora desta lista. Não é apenas uma série de desenhos animados, não é apenas um conjunto de videojogos, é... um mundo. Durante vários anos, segui a série de animação - que me rendeu, a mim e aos meus irmãos, muitas manhãs de sábado e domingo felizes - enquanto era transmitida na televisão portuguesa. Em particular nos primeiros tempos, divertia-me, entusiasmava-me, ria e chorava com as aventuras de Ash e companhia ilimitada.
 
Claro que, a partir de certa altura, comecei a cansar-me do esquema repetido até à exaustão dos episódios, dos clichés (aqueles três estarolas do Team Rocket perderam a piada ao fim de duas ou três temporadas no máximo. Embora o mais irritante não seja isso, seja a forma como Ash e os amigos caem sempre nos esquemas deles, que nem sequer diferem muito entre si) e mesmo do tom infantil.
 
Nesse aspeto, os filmes são melhores: mais sérios - ainda que em graus diferentes - mais tensos, mais interessantes. Durante muito tempo só conheci os dois primeiros, vi alguns dos outros através da Internet ao longo do último ano, ano e meio. Alguns deles são bem interessantes, outros são pouco mais do que episódios prolongados, mas cada um tem os seus momentos e, de qualquer forma, têm uma emoção diferente da série animada.
 
 
 
O primeiro filme, Mewtwo Strikes Back / Mewtwo Contra-Ataca, foi o que vi mais vezes. A história é interessante e o vilão, Mewtwo, é um vilão entre aspas pois uma pessoa é capaz de compreender, em certo grau, algumas atitudes dele. No entanto, apesar de, no fim, passar uma boa mensagem para o público infantil - semelhante à do Harry Potter: o que conta não é a forma como nascemos mas sim aquilo em que nos tornamos - o filme torna-se demasiado pesado, demasiado sombrio para uma criança, na minha opinião, com poucos momentos divertidos para aligeirar. Por exemplo, a cena em que o Pikachu tenta reanimar Ash - não se percebe se ele estava mesmo morto, durante muito tempo assumi que ele estava apenas petrificado... adiante - só se compara à cena em que Simba tenta acordar o pai morto; só que O Rei Leão tem uma mão-cheia de momentos alegres para contrabalançar. 
 
 
Nesse aspeto, o filme em segundo lugar neste top 10, The Power Of One / O Poder Único, está mais equilibrado. Vi este filme pela primeira vez no cinema - depois dos dois primeiros, não voltaram a passar mais nenhuma película do Pokémon no cinema, o que é compreensível, visto que se dirigem apenas àqueles que acompanham a série animada - devia ter uns dez ou onze anos. Lembro-me que, com o bilhete, recebemos a carta de Mew que aparece no filme. Mais tarde, vi o filme mais uma vez na casa de um amigo. Depois, fiquem dez anos sem tornar a vê-lo mas nunca me esqueci dele. Finalmente, no ano passado, encontrei-o na Internet. 

 

O filme tem as suas incongruências, várias delas até - os diálogos e a dobragem para português deixam imenso a desejar, por exemplo - no entanto, para mim, é o melhor do Pokémon, o expoente máximo de toda a vertente de desenho animado. Tirando um pozinho ou outro, a história é boa, com bastante misticismo à mistura - algo de que gosto muito, a coisa que mais pena tenho de não ter incluído nos meus livros - tensa, mas não ao ponto de provocar pesadelos nas crianças, com momentos suficientes de alívio cómico e que, rapidamente, ganha contornos épicos.
 
Ash surge como herói relutante em assumir o seu papel como O Eleito - também, entre seis ou sete mil milhões de pessoas, foram colocar o destino do Mundo nas mãos de uma criança - o que nos proporciona momentos divertidos e momentos mais comoventes. Como a parte em que Ash se desfaz em lágrimas antes de encontrar a força e coragem necessárias para cumprir a tarefa que o destino lhe atribuiu. Além disso, apesar toda a conversa de que só-o-Eleito-poderá-salvar-nos, a vitória final acaba por ser produto das ações de várias das personagens - embora ache que Misty e Tracey podiam ter feito mais para ajudar o amigo, há uma parte em que ficam, pura e simplesmente, a ver tudo à distância, à espera que ele traga a esfera que falta (para mais detalhes... vejam o filme!) . Por fim, ainda há tempo para Delia, a mãe de Ash - que, apesar de ela e o Professor Oak não terem tido qualquer influência no desenrolar dos acontecimentos, tiveram direito a bastante tempo de antena - dar um cheirinho das habituais contrapartidas do heroísmo para os entes queridos, em particular para uma mãe debatendo-se com a necessidade de deixar o filho partir para longe de si, ficando obrigado a enfrentar os perigos do mundo sozinho.
 

 

Outro elemento marcante no filme é a chamada canção do Lugia: uma linda peça musical, que é tocada várias vezes e sob diferentes versões ao longo do filme - gostei particularmente do solo de guitarra elétrica no genérico - culminando na interpretação que serve de remate final à vitória. Também gosto da música-tema do filme, The Power Of One, interpretada pela falecida Donna Summers. Incorporou bem o espírito do filme, apesar de recordar demasiado When You Believe, a música-tema do Príncipe do Egito.

Já disse aqui no blogue que, quando era mais nova, escrevia fanfics do Pokémon e que estas me ajudaram a evoluir (não, esta palavra não é nenhuma indireta) na escrita. Em termos de história e de tom, assemelham-se aos filmes, este último, em segundo lugar no Top 10, em particular. O que eu queria era que essas fanfics fossem convertidas a filme mas enfim... É por estas e por outras que esta posição nesta tabela e esta crítica partiram quase exclusivamente do meu lado sentimental, pelo menos muito mais do que os outros filmes mencionados nesta entrada e na entrada anterior. A verdade é que, mesmo passados estes anos todos, mesmo numa altura em que há já muito perdi o fio à meada no que toca às gerações de Pokémon que vão surgindo (só conheço razoavelmente bem as três primeiras), à série animada, em que já não tenho paciência para jogar os jogos, não consigo desligar-me completamente do Pokémon. Provavelmente nunca conseguirei. Para o bem e para o mal, todo este mundo, que é maior do que se poderia pensar, ficará para sempre no meu coração.

1º) The Lion King / O Rei Leão


Este filme tinha obrigatoriamente de constar nesta lista, nos lugares cimeiros. Um clássico absoluto dos filmes animados, o filme da minha geração. Se não me engano, foi o primeiro filme a ser dobrado para o português europeu. Para muitos da minha idade, eu incluída, foi o primeiro filme que vimos no cinema - a minha mãe diz que eu até dava pulos no assento.

Agora que sou mais velha, sobretudo depois de o filme ter sido exibido na televisão recentemente, vejo que O Rei Leão tem uma história surpreendentemente forte, adulta, cujo esqueleto mais básico já foi reutilizado em narrativas posteriores - agora que penso nisso, a história de Pokémon: O Poder Único, o conceito do herói relutante, hesitando assumir o papel que o destinho lhe reservou, obrigado a encontrar força dentro de si mesmo, não é muito diferente. As personagens, apesar de animais, são praticamente todas muito humanas, com destaque para Simba, a personagem principal. Qualquer um se pode identificar com a jornada do leãozinho: inicialmente, é uma criança alegre, curiosa, ambiciosa. No entanto, após a morte do pai, de ser convencido que a culpa é dele, de ser expulso do seu próprio reino, estimulado pelos seus novos amigos Timon e Pumbaa, adota a atitude de estou-me-nas-tintas como mecanismo de defesa. Até que Nala, Rafiki e o próprio espírito do pai morto, o obrigam a enfrentar o passado, em vez de fugir dele, a desafiar Scar e a assumir o lugar que lhe pertence. Já li que a história foi inspirada em Hamlet, de Shakespeare, mas como nunca o li...

 
 
Tal como já falei a propósito de Spirit, a banda sonora, produto do trabalho de Elton John, Tim Rice e, uma vez mais, de Hans Zimmer, reflete bem a jornada emocional por que Simba passa. As músicas, muitas delas com influências africanas, não me dizem muito atualmente mas, quando era pequena, Hakuna Matata e I Just Can't Wait to Be King/Mal Posso Esperar por Ser Rei eram autênticos hinos entre os miúdos da minha idade.
 
A sequela, O Rei Leão 2, também é um bom filme, embora já não tenha o brilho que o primeiro tem. A história é forte, à mesma, desta feita mais à Romeu e Julieta - e, agora que penso nisso, a história do meu terceiro e de parte do quarto livro tem umas quantas semelhanças... juro que não foi intencional. A banda sonora também não se compara à do primeiro, embora, ultimamente, ande viciada na versão francesa do tema de abertura:
 

Top 10 filmes de animação #1

Aquando do nascimento e primeira infância das pessoas da minha geração, a televisão e o cinema estavam já bem presentes no dia-a-dia. Deste modo, os desenhos animados constituíram uma porção significativa da nossa meninice. Quem de nós não se levantava absurdamente cedo aos sábados de manhã para ir ver o Buereré ou outro programa infantil do género? Pelo menos pela parte que me toca, os vários desenhos animados povoavam o meu imaginário e, tal como afirmei anteriormente, as minhas primeiras tentativas na escrita tiveram os heróis animados como personagens.
 
Deste modo, decidi compilar aqui uma lista com os dez filmes de animação que mais me marcaram, de que ainda hoje gosto. É possível, caso tenham mais ou menos a minha idade, que alguns dos vossos filmes animados preferidos estejam nesta lista. Ou talvez não. Como tudo neste blogue, as opiniões são pessoais e nem sempre cem por cento racionais. De qualquer forma, deem uma espreitadela:
 
10º) The Incredibles / Os Incríveis
 

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Uma porção significativa dos desenhos animados que via em miúda, com os meus irmãos, eram filmes da Disney. Da mesma maneira que qualquer criança, desde tempos imemoriais, gosta de ouvir a mesma história outra e outra vez, também nós gostávamos de ver os mesmos filmes repetidamente. De tal forma que agora, mesmo passados vários anos desde a última vez que vi a larga maioria deles, ainda os sei praticamente todos de cor. No entanto, da Disney, apenas alguns dos filmes "sobreviveram" ao teste do tempo, encontrando-se entre os meus preferidos.

Os Incríveis não se incluem propriamente nesta categoria pois, quando saiu o filme, já eu tinha catorze ou quinze anos. No entanto, os meus irmãos ainda eram pequenos e vi o filme algumas vezes com eles. Aquilo que gosto mais no filme é do seu relativo realismo, da sensação de que aquilo era, de certa forma, possível. Se os super-heróis existissem, eles podiam levar com um processo em cima e ter toda a opinião pública voltando-se contra eles; podiam ter admirados demasiado obcecados que, eventualmente, se voltassem contra eles; podiam constituir família como o Beto e a Helena constituíram, podiam ter uma adolescente tímida como filha e um miúdo hiperativo como filho; podiam ter uma crise de meia-idade, como a que Beto tem e por aí fora. Deste modo, qualquer um se pode identificar com as personagens e é aí que, na minha opinião, reside a força do filme.

9º) Over the Hedge / Pular a Cerca

 

O principal motivo que me levou a ver o filme foi... Avril Lavigne (grande surpresa...). Este foi o seu primeiro trabalho no mundo do cinema, ela, que há já vários anos, afirma ambicionar ser atriz principal num filme de comédia ou de drama. Nos comentários ao filme na edição em DVD, os criadores ou produtores (não me lembro ao certo) afirmaram tê-la escolhido por Avril já estar habituada a exprimir as emoções através da sua voz, na sua música. Fazê-lo dando voz a uma personagem de animação não seria muito diferente. O filme tornou-se especial para mim sobretudo por causa dela.

Em todo o caso, não deixa de ser um filme giro, à sua maneira, pela crítica à mentalidade consumista da sociedade atual, sobretudo no que toca à alimentação. E, claro, como qualquer filme de animação, tem os seus momentos de comic relief/alívio cómico.

8º) Mulan



Desde pequena, sempre adorei heroínas femininas fortes, que não se resignam à condição de mulheres, de donzelas indefesas. Daí que Mulan seja a minha "princesa da Disney" preferida: uma jovem insegura e desajeitada mas revoltada com o papel submisso das mulheres na sociedade chinesa e suficientemente corajosa para tomar atitudes que roçam a loucura: como disfarçar-se de homem para substituir o pai enfraquecido no exército, provocar uma avalanche em plena batalha nas montanhas, enfrentar pessoalmente o líder dos hunos no telhado do palácio imperial.

Tem também uma série de momentos divertidos, proporcionados, sobretudo, pelo dragãozinho Moshu, que assume o papel de guardião de Mulan. A minha parte preferida é esta:

 

 
 
7º e 6º empatados) Shrek 1 e 2

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O Shrek foi igulamente um filme marcante, pela maneira como faz uma paródia aos clichés dos filmes da Disney, sem deixar de ser ele mesmo um conto de fadas. Tem, portanto, a proeza de agradar a miúdos e graúdos. Por exemplo, quandoi o vimos pela primeira vez, os meus pais gostaram, pois não era um humor estritamente infantil, como o habitual nos filmes da Disney. Ao mesmo tempo, a minha irmã, que na altura tinha três ou quatro anos - foi uma das usas primeiras idas ao cinema - saiu de lá a imitar o Lorde Farquaad na cena em que este, no casamento, suplica a Fiona que o beije.
 

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A sequela, Shrek 2, está tão boa como o primeiro, nalguns aspetos ainda melhor. O Gato das Botas é a minha personagem preferida. Uma espécide de Zorro sob a forma felina - e eu sempre achei o Zorro extremamente sexy - mas que também é capas de fazer de gatinho fofinho para enganar os incautos. A cena em que o Shrek e os amigos assaltam o castelo para invadir a festa de noivado enquanto Fiona e o Príncipe Encantado dançam ao som de Holding Out For a Hero - música adequadíssima à situação - é a minha preferida do filme. Recordem-na vocês mesmos:


5º e 4º empatados) Toy Story 2 e 3


Ver crítica a Toy Story 3 AQUI.

Deixo o pódio para uma segunda entrada, visto que esta já vai longa e tenho muito a dizer sobre os três líderes desta lista. Mantenham-se ligados.

Homeland/Segurança Nacional - segunda temporada

AVISO: Esta entrada contém informações relevantes sobre o enredo de Homeland/Segurança Nacional, pelo que só é aconselhável lê-la caso tenham visto a segunda temporada da série - incluindo o último episódio.
 
 
Depois de uma excelente primeira temporada, as expectativas estavam elevadas para a segunda temporada de Homeland/Segurança Nacional, como podem ver na entrada que publiquei sobre a série AQUI. Agora, que a segunda temporada já acabou, posso dizer que Homeland não desiludiu, que, aliás, é a melhor coisa que passou pela televisão nestes últimos tempos. E as pessoas começam agora a reparar nisso. 
 
Os pontos fortes da primeira temporada são trazidos para a segunda, alguns dos quais com direito a desenvolvimento. Temos Brody agora candidato a vice-presidente dos Estados Unidos, mas à beira de perder o controlo quando se vê obrigado a ter um papel mais ativo nas atividades terroristas de Abu Nazir - a cena do "para quê matar um homem quando se pode matar uma ideia" nunca foi muito credível. Agora percebeu-se que a intenção era infiltrar Brody no topo da hierarquia política.
 
Entretanto, a CIA descobre, finalmente, que Carrie tivera razão desde o primeiro momento, em relação a Brody. O episódio em que este é confrontado e interrogado - Q&A - é o melhor de toda a temporada: intenso, sufocante mas também comovente, deixa-nos pregados ao assento enquanto toda a duplicidade de Brody é desmontada.
 
 
Aqui vira a maré, Brody começa a trabalhar como agente duplo (agente duplo é como quem diz... nesta altura ele já é mais agente triplo ou quádruplo). Algo arriscado, visto que Brody é um homem extremamente desequilibrado, consumido pela quantidade crescente de segredos que é obrigado a manter, pelos papéis que tem de representar, pelos efeitos que a sua duplicidade exerce na sua família. Só mesmo uma pessoa igualmente disfuncional é capaz de o compreender, de o ajudar a conservar a sua sanidade mental - Carrie. Ela, apesar de, supostamente, a sua doença bipolar estar sob controlo, parece sempre à beira de um surto psicótico. E este relacionamento, por um lado retorcido, por outro lado tocante, é o grande motor da segunda temporada de Homeland. Já havíamos tido direito a um cheirinho deste romance na primeira temporada, os guionistas quiseram desenvolvê-lo nesta e fizeram-no bem, na minha opinião. "Amor em tempos de terrorismo", como li na Correio TV de há cerca de duas semanas.
 
Outro ponto forte de Homeland é a dúvida constante, que nunca se dilui, nem mesmo quando Brody começa a trabalhar para a CIA. Estará Brody realmente do lado da CIA ou continuará leal a Nazir? Será que Nazir, Roya e os outros terroristas acreditam em Brody ou desconfiam que ele passou para o lado do inimigo? Estará Carrie de facto apaixonada por Brody ou estará apenas a usá-lo, a mantê-lo sob controlo, para que a CIA chegue a Nazir?

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O último episódio, The Choice, acaba por desiludir um pouco, ao perder demasiado tempo com o relacionamento de Carrie e Brody, agora sem impedimentos - o que lhe retira interesse - e com o arco narrativo dos planos para silenciar Brody, que não dão em nada. Não que seja completamente mau, a parte do atentado esclarece algumas incongruências que se vinham acumulando ao longo da temporada: o vídeo de Brody encontrado por Carrie e Saul em Beirute parece caído do céu - agora percebe-se que a organização terrorista se apoderou do vídeo, gravado aquando do atentado do fim da primeira temporada, para usá-lo contra Brody à primeira oportunidade; o rapto de Brody e consequente reunião com Nazir revelam-se anticlimáticas, o desmantelamento da rede terrorista em solo americano e, mais tarde, a morte de Nazir correm demasiado bem - agora percebe-se que foi tudo planeado por Nazir. Como disse acima, não está totalmente mau mas podia ter sido feito de outra forma, cortando-se na parte do relacionamento estabilizado e no potencial silenciamento de Brody e investindo-se mais na parte do atentado e de tudo o que a ele levou.

Em todo o caso, o final da segunda temporada deixa boas premissas para a terceira: será necessário reorganizar a CIA - estou particularmente curiosa em relação à liderança de Saul, se ele se mantiver como líder - desvendar o atentado e Carrie terá a tarefa adicional de limpar o nome de Brody - algo que será difícil pois a armadilha que lhe foi montada foi trabalho de mestre.

 
Quero, sobretudo, ver se Homeland conseguirá manter o nível de qualidade destas duas primeiras temporadas, sobretudo agora que a série começa a ganhar popularidade, como já mencionei acima. Tenho medo que lhe aconteça o que aconteceu a How I Met Your Mother, por exemplo. Durante os primeiros três, quatro, vá lá, cinco anos, foi muito bem feita mas começou a descarrilar na sexta temporada, mais ou menos na altura em que se tornou a série da moda.

Homeland tem tido, até agora, uma (outra) coisa boa que é o facto de não enrolar. Pode, aliás, parecer, às vezes, que a ação se desenrola demasiado depressa mas, tendo em conta o desequilíbrio das duas personagens principais, tal acaba por ser inevitável. E, de qualquer forma, acho-o preferível, depois de não sei quantas séries arrastando enredos interminavelmente, episódio atrás de episódio, temporada atrás de temporada. Como tal, não me parece que Homeland dure muito mais temporadas sem perder qualidade. No entanto, já merece créditos por estes ótimos dois primeiros anos. Espero é que os guionistas e/ou produtores saibam gerir tudo isto de modo a que esta atinja aquilo que, hoje em dia, é cada vez mais raro numa série: manter-se  acima da média no que toca à qualidade desde o episódio piloto até ao último dos últimos.

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