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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Ao Calhas - Naked e similares

Já faz algum tempo desde a última vez que falei de um tema de Avril Lavigne numa entrada de Músicas ao Calhas. Hoje quero falar daquela que tem sido, de maneira constante desde as primeiras audições, uma das minhas músicas preferidas da cantautora canadiana - mas cujo significado demorei alguns anos a compreender. E tal como fiz com Innocence e Nobody's Home, falarei também de músicas que abordam temas semelhantes.
 

 
"You see right through me and I can't hide"
 
Naked é uma balada rock, proveniente do primeiro álbum de Avril Lavigne, Let Go. Começa com notas de órgão - que se tornam a marca da música - seguida da guitarra acústica que a conduz. Depressa se juntam a bateria e a guitarra elétrica, no refrão. A terceira parte da música é indubitavelmente a melhor, a mais emocionante, com os vários instrumentos soltando-se e os vocais extremamente expressivos de Avril, terminando apenas com a voz dela e a guitarra acústica. Referir, rapidamente, que nas versões ao vivo, acrescentava-se um solo de guitarra, que também fica muito bem.
 
A letra de Naked fala de intimidade, da liberdade de se ser quem verdadeiramente é junto da pessoa que se ama. Fala de aceitação, de ausência de segredos, de muros. De uma nudez em termos emocionais, em suma. No entanto, também é legítimo atribuir um carácter sexual à letra. Na minha opinião, ele existe, mas de uma maneira muito romântica. No fundo, em Naked há uma mistura única de romantismo, intimidade, inocência e erotismo, revelando-se uma canção muito emotiva e surpreendentemente madura, se tivermos em conta que a Avril a terá composto quando tinha dezasseis ou dezassete anos.
 
A interpretação vocal da cantautora transmite bem esse carácter híbrido da música. A voz dela em todo o álbum Let Go, de resto, é a minha preferida de todos os discos dela até ao momento. No seu álbum de estreia, esta surge muito pura, com nuances que nunca mais conseguiu repetir. Tal voz funciona muito bem em Naked. Regressando à terceira parte da música, gosto muito dos yeah-yeah-yeah, dos through que se prolongam com os backvocals por detrás mas, sobretudo, aquele baby mesmo no final, extremamente expressivo e perfeito.


Existe uma versão demo da música, naturalmente com menos qualidade que a versão final, incluída no álbum. Esta possui, no entanto, algo que, na minha opinião, ficou a faltar na versão do disco: uma secção de violinos - embora estes estejam presentes na versão instrumental da música. Em termos de interpretação vocal, fazem falta vários elementos, como os yeah-yeah-yeah e o baby no fim. De uma maneira geral, a interpretação está bem melhor na versão definitiva. No entanto, vale a pena ouvir este demo, tanto pela curiosidade como pelo instrumental.

Entre as músicas com temas similares a Naked que escolhi para esta entrada, encontram-se dois temas de Bryan Adams. Um deles é She's Got A Way.



"Such a mystery, how she seems to know, every part of me"
 
She's Got a Way faz parte de 11, o último álbum de estúdio do cantautor canadiano, sendo uma das minhas canções preferidas deste disco. A letra fala de alguém com quem não é possível mentir ou fingir, que nos conhece demasiado bem e nos deixa completamente desarmados. Esta canção tem versões diferentes - uma com mais guitarra elétrica e um remix, por Chicane (que já tinha feito a sua versão de Cloud Number Nine) - mas só gosto da que vem no álbum original. A do vídeo acima é muito semelhante. A sonoridade está de acordo com o próprio conceito do álbum: guitarras discretas, com solos que funcionam como segunda voz, piano, bateria suave. E a interpretação de Bryan, suave, terna como só ele sabe fazer, combina perfeitamente com a letra.
 

"I wanna know you like I know myself"

A segunda canção de Bryan Adams deste grupo é Inside Out, do álbum On a Day Like Today - embora a tenha ouvido pela primeira vez na compilação The Best of Me, há já onze anos. Esta tem uma sonoridade grave e intimista, proporcionada por notas de órgão, baixo, guitarra elétrica. A letra que expressa a vontade de saber tudo sobre a amada, conhecê-la a fundo, ser íntimo dela. Sempre considerei Inside Out uma música extremamente tocante, ao ponto de, durante os primeiros anos, me fazer frequentemente chorar quando a ouvia - não sei bem explicar porquê.

 
"You see all my light, 
And you love my dark"

 Passemos agora a Everything, uma das primeiras canções que conheci de Alanis Morissette, há dez anos. Já afirmei anteriormente que o carácter que Alanis expressa na sua música - personalidade forte, politicamente incorreta, terra-a-terra sem deixar de ter uma faceta espiritual - me recorda a minha personagem principal feminina, Bia. Everything vai nessa linha, pela maneira como a narradora descreve, sem pudores nem eufemismos, todos os seus defeitos e virtudes e a maneira como o seu amado está ciente de tudo isso e, em vez de a criticar ou de se afastar, ainda a ama mais por isso. Quanto à sonoridade, não há muito a dizer: é o típico rock ligeiro de Alanis.


"But no one in this world knows me the way you know me
So you'll porbably always have a spell on me..."

A última música de que quero falar nesta entrada é Hate that I Love You, de Rihanna e Ne-Yo. Não sou fã desta cantora, gosto de meia dúzia de singles dela - que não é ela a compôr - e detesto uns quantos outros. Hate that I Love You é, provavelmente, a minha favorita dela. Em termos de sonoridade, é uma típica balada R&B, guiada pela guitarra acústica, ritmada por batidas, bastante agradável e adequada à temática da canção. Em termos de interpretação vocal, nada a assinalar. Posso não ter grande opinião acerca de Rihanna e da sua carreira, mas ela canta bem. A letra é mais profunda que a maioria das canções de Rihanna. Fala sobre alguém que nos conhece a fundo e que amamos, talvez contra vontade, ao ponto de ficarmos completamente à mercê dessa pessoa e vermos isso usado contra nós.

Todas estas canções, à sua maneira, mostram que amar implica sinceridade, baixar as defesas, permitirmo-nos ser vulneráveis, abandonarmo-nos em mãos alheias, correndo o risco de sairmos magoados. Pode ser uma maldição, pode mudar-nos mais do que desejaríamos, para melhor ou para pior. Isto é um dos motivos pelos quais, tal como afirmei anteriormente, apesar da minha costela romântica, me sinto tão relutante em apaixonar-me a sério. Não consigo imaginar-me expondo-me dessa maneira perante qualquer um... ou qualquer uma. No entanto, a ver se mantenho essa convicção se ou quando cair nessa armadilha.

 

O meu interesse pela carreira de Avril Lavigne já não é o que era há uns anos, por diversos motivos. Por o seu mais recente álbum não me ter entusiasmado por aí além e por, neste momento, andar mais interessada noutros artistas. Poucas notícias relevantes têm surgido sobre a Avril, este ano. A cantautora esteve em digressão pela Ásia, nos últimos meses mas, pelo que tenho visto em fotografias e vídeos do YouTube - o que não é muito, admito - o conceito tem sido muito semelhante ao da digressão anterior, The Black Star Tour. Pior do que tudo, anda a faltar-lhe presença em palco. Tal lacuna tem-se tornado mais evidente para mim agora, que estou mais familiarizada com o desempenho em palco de artistas como Hayley Williams dos Paramore, Mike e Chester dos Linkin Park, e Sharon dos Within Temptation.

Por outro lado, os próximos singles do seu álbum homónimo foram anunciados recentemente. Em primeiro lugar, Hello Kitty será lançada na Ásia, uma jogada que considero inteligente. A música é, por várias razões, perfeita para o mercado asiático - noutros mercados, contudo, o resultado seria demasiado imprevisível. Esta acaba por ser a solução ideal: por um lado, eu não queria, de todo, ter Hello Kitty como single. Por outro, não podia deixar de reconhecer que a canção tem um certo potencial que não seria sensato desperdiçar. Com esta decisão, toda a gente ganha.

Mas ainda quero ver o que fazem com o videoclipe. Estou com um bocadinho de medo...

Entretanto, Avril anunciou, também, que Give You What You Like será lançada como single a nível mundial. Já se especulava há algumas semanas que a escolha para o quarto single, sem ser Hello Kitty, seria entre Bad Girl e esta música. Mais uma vez, fiquei contente com a decisão tomada. Apesar de gostar muito de Bad Girl, para a rádio esta seria demasiado agressiva e... explícita. Give You What You Like é bem mais adequada, na minha opinião. É uma das melhores do quinto álbum, tanto em termos musicais como de letra, uma das mais amadurecidas.

É, aliás, interessante compararmos Naked com Give You What You Like: uma das músicas mais antigas com uma das mais recentes, duas canções que abordam temas parecidos mas de maneiras bem distintas.

Por muito de goste de várias músicas do álbum Avril Lavigne, canções anteriores a esse disco são bem mais marcantes. Em particular as mais clássicas, como Naked, as que me fizeram apaixonar por Avril e que continuam a ter o mesmo impacto de sempre. Ou mesmo maior pois, à medida que vou amadurecendo, conhecendo música nova, vou ficando cada vez mais ciente da genialidade destes primeiros temas, descobrindo outros motivos para adorá-los. É por isso, também, que ainda não desisto de Avril Lavigne - por ainda ter a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, torne a lançar músicas que me surpreendam pela positiva.

Músicas Não Tão Ao Calhas - Guilty All The Same

Na semana passada, a banda californiana Linkin Park lançou, algo inesperadamente, o primeiro single do seu sexto álbum de estúdio, ainda sem título, de edição prevista para junho. A música chama-se Guilty All the Same e conta com a participação do rapper Rakim.
 

 

"You want to point your finger
But there's no one else to blame"
 
O que se destaca mais em Guilty All the Same (por algum motivo, ando a dizer na minha cabeça Guilty All the Way... enfim) é a sua sonoridade. Depois de dois álbuns com uma forte componente eletrónica, e em diametral oposição ao forte dubstep de A Light that Never Comes, o novo single  dos Linkin Park tem um som rock muito pesado, cru, visceral, metaleiro - o mais parecido com isto que conheço são certas músicas dos Sum 41, em particular do seu último álbum. Guilty All the Same possui longas sequências instrumentais, incluindo uma introdução de minuto e meio. É dominada por guitarras elétricas, com destaque para a sequência de abertura e encerramento, que se torna a imagem de marca da música, e um riff  que mimetiza a melodia. Possui, ainda, uma bateria que não se contenta com o papel hoje em dia reservado aos sintetizadores, que repetem o mesmo padrão de batida do princípio ao fim, com poucas variações. Ainda se ouve piano, primeiramente na já referida introdução de minuto e meio, imitando a sequência de marca da musica; é ouvido, depois disso, no apoio às estâncias.
 
Nesta música tão pesada, a melodia revela-se surpreendentemente cativante, em particular nas estâncias. Nada a apontar à interpretação de Chester Bennington, embora ele pudesse ter complementado a música com um dos seus icónicos gritos. Talvez receassem que a música ficasse demasiado pesada. No entanto, não me custa imaginar o Chester apimentando a interpretação ao vivo de Guilty All the Same dessa forma muito sua.
 
Sobre a letra, não há muito a dizer. Aborda um tema tipicamente Linkin Park, com críticas a pessoas que julgam que sabem tudo, que têm sempre razão, que encontram defeitos em tudo exceptuando elas mesmas. Não é particularmente original nem memorável, mas não é má. É definitivamente melhor que A Light that Never Comes. Eu até gosto da estrutura das estâncias.
 
A terceira parte da música, com o rap, é a de que gosto menos. Na minha opinião, falta energia à interpretação de Rakim, esta não condiz com o carácter da música. Bastava, pura e simplesmente, o tom subir uma oitava. Não sou capaz de compreender esta participação especial, tirando o facto de Mike Shinoda - o habitual rapper dos Linkin Park - ter afirmado ser grande fã de Rakim, mas eu penso que Mike faria melhor trabalho. A letra do rap traça críticas ao capitalismo, à indústria musical, mas, mais uma vez, nada de particularmente memorável ou fora do vulgar.

Segundo declarações de Chester e Mike, a sonoridade do álbum novo estará dentro deste estilo, que penso ser o mais pesado de sempre da banda, mais pesado ainda que os primeiros álbuns. Mike afirmou que queria "preencher um vazio" existente na rádio dos dias de hoje. Eu pergunto-me se a intenção dos Linkin Park será, realmente, ressuscitarem o estilo musical. A ser verdade, será de louvar, estarão a fazer um favor a inúmeras bandas de rock que não conseguem, ou não querem, adaptar-se ao eletro-pop da rádio atual. Esperemos é que sejam bem sucedidos, o que não está garantido. Uma coisa é agradarem aos fãs hardcore, que nunca alinharam muito no estilo dos últimos álbuns. Outra coisa é a reação do mundo da música geral a este estilo pouco radiofónico.
 
Intenções nobres à parte, visto que o álbum só sairá em junho, ou mesmo depois (espero não ter uma nova situação à Avril Lavigne, o álbum), talvez se lance um segundo single em finais de abril, inícios de maio. Talvez, à semelhança do que aconteceu em 2012, apresentem uma ou outra música inédita no concerto do Rock in Rio, a que vou assistir.

Guilty All the Same não teve, para mim, o mesmo impacto que Burn it Down teve quando saiu. Acho até que gosto mais de A Light that Never Comes, apesar de ser mais imperfeita - coisas incompreensíveis. O que não me impede de gostar muito de Guilty All the Same, de ansiar pelo resto do álbum. Quer-me parecer que, com os Linkin Park e Hydra, dos Within Temptation, 2014 será o ano do metal para mim. Vai ser engraçado.


Neste momento, encontro-me em estágio, pelo que tenho menos tempo aqui para o blogue. No entanto, vou tentar não deixá-lo ao abandono durante demasiado tempo. Não deixem de visitá-lo, de vez em quando.

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