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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Sobre o machismo no mundo do futebol

Ao contrário do que planeava inicialmente, vou inaugurar "a sério" a nova morada no meu blogue com um texto diferente dos que costumo publicar, algo polémico. Como já dei a entender em várias entradas do Álbum, uma das minhas maluqueiras é o futebol, com claro destaque para a Seleção Nacional, tendo inclusivamente um blogue a ela dedicado. Nessa condição, leio com frequência jornais desportivos e consulto os seus sites. O meu favorito é o Record. No entanto, tem havido um aspeto que muito me desagrada no periódico e um pormenor da sua capa de ontem, dia 10 de outubro, é mais um exemplo disso:

156360_718222284862792_194156329_n.jpgComo podem ver, o Record anuncia Cristina Ferreira como nova colunista recorrendo a uma fotografia em que a apresentadora se encontra com pouca roupa. Não sei se é essa a intenção dos responsáveis pelo desenho da capa, mas a ideia que passa é que a maior credencial de Cristina diz respeito aos seus atributos físicos. Tal motivou-me a escrever sobre algo que me vem incomodando há algum tempo: o machismo no mundo do futebol.

 

Visto que não conheço tão bem A Bola e O Jogo como conheço o Record, não sei se o mesmo se passa em outros jornais. No entanto, no Record as mulheres têm vindo a ser demasiadas vezes retratadas de maneira objetificada. No site, publicam inúmeros artigos - nem todos diretamente relacionados com desporto - onde figuram fotografias de, como se diz no português corriqueiro, "gajas nuas", na minha modesta opinião mais indicadas em publicações de outro cariz. Isto para não falar no concuro Miss Fanática Record, que dá a entender que a única coisa que se espera numa mulher adepta de um clube de futebol é que tenha um corpo escultural. 

 

O jornal Record não está sozinho nestes hábitos. O jornalista João Miguel Tavares já falou de outro caso no seu blogue. Outro exemplo é o anúncio da Sagres a propósito do Euro 2012. Entre várias coisas, reparem no homem que olha para o decote de uma das adeptas. 

 

 

Ainda está muito enraizada na sociedade a ideia de que o desporto, e sobretudo o futebol, é um assunto de homens. No entanto, a realidade já não é assim. Conheço muitas mulheres que adoram futebol, bem como homens que não gostam - por exemplo, eu e a minha irmã gostamos bem mais de futebol que o nosso irmão. E ao contrário do que muitas vezes a Imprensa desportiva e as agências de publicidade dão a entender, nem todas somos bonitas nem sensuais (eu não o sou, pelo menos) e não é or isso que percebemos ou gostamos menos do desporto e dos nossos clubes (no meu caso, a Seleção).

 

Às vezes passa-se o oposto, até. Pelo menos no meu caso e no da minha irmã, nós interessamo-nos pelo lado mais humano da modalidade, vemos pessoas em vez de apenas jogadores, ao contrário do que muitos adeptos fazem. É claro que já passei por fases por que qualquer mulher passa na adolescência com os seus ídolos, em que dava particular importância ao impressionante físico do Cristiano Ronaldo mas, sem querer generalizar, as mulheres têm o potencial de trazerem uma visão diferente ao futebol, contribuindo para o seu enriquecimento. Julgo que foi até com esse intuito que o Record conviou Cristina Ferreira para escrever uma coluna semanal. 

 

Não venho com isto defender quotas de 30% de mulheres entre os jornalistas desportivos nem nenhuma medida do género. Acredito que o mundo do desporto irá tendo, naturalmente, uma população feminina cada vez mais alargada. E já começa a ser altura de o futebol português começar a entrar no século XXI e aprender a respeitar as mulheres. É claro que isto é apenas uma faceta de um problema muito maior, ainda muito enraizado não só na sociedade portuguesa, mas também em todo o Mundo em graus diferentes. Mas há que começar por algum lado.

 

Agora, se não se importam, tenho de ir atualizar a minha página sobre a Seleção, que o jogo com a França dentro de menos de hora e meia.

 

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