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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Bryan Adams - 30 anos de Reckless (2014) #1

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Em menos de um ano após o lançamento [de Reckless], o álbum que Adams fizera esperando que fosse tão bem sucedido como o seu anterior, dera seis singles de sucesso, vendera-se em quantidades que faziam o êxito de Cuts Like a Knife parecer bastante insignificante (...) e transformou Bryan Adams numa das maiores estrelas de rock do mundo. Adams diz que é capaz de indicar o momento exato em que ele se apercebeu do que acontecera (...) "Estávamos a fazer o mesmo que andávamos a fazer desde o início, o concerto era o concerto que dávamos há três ou quatro anos. E de repente tínhamos público. Uma arena cheia de gente que tinha vindo ver-nos. Tínhamos conseguido. Lembro-me de ir ter com o Keith, o meu guitarrista, e dizer 'Que fizemos de diferente? O que aconteceu?'. Ele encolheu os ombros.

 

Booklet da Edição Deluxe de Reckless

 

Como poderão deduzir a partir do excerto acima, Reckless, o quarto álbum de estúdio de Bryan Adams, foi o álbum que colocou o cantautor canadiano no estrelato. É este o álbum que inclui muitas das músicas que definem a carreira de Bryan e se tornaram autênticos clássicos do rock: Run to You, Summer of '69, Heaven... 

 

Visto que este ano, no dia 5 de novembro (no 55º aniversário de Bryan), se completaram trinta anos desde o lançamento de Reckless, Bryan decidiu lançar uma edição especial deste álbum com sete faixas inéditas. Eu vou aproveitar a ocasião para, não apenas analisar as músicas "novas, mas também falar das canções da edição original. 

 

Quero esclarecer desde já que esta não será propriamente uma crítica. Eu já não costumo ser imparcial nas minhas análises, tenho pesos e medidas diferentes para cada artista ou banda; nesta sê-lo-ei ainda menos pois os singles deste álbum são autênticos clássicos para mim, são intocáveis, estão acima de toda a crítica. No fundo, centrar-me-ei nos motivos pelos quais gosto destas músicas, bem como em algumas curiosidades, a maior parte delas retiradas do site pessoal de Jim Vallance, co-autor destas músicas, que teve a bondade de partilhar segredos por detrás da composição destas faixas. Contudo, para as músicas "novas" farei uma análise costumeira. Ao contrário do que pensava, estas músicas não são propriamente inéditas - depois de serem excluídas da tracklist de Reckless, com duas exceções, foram regravadas por outros artistas.

 

Tal como já vai sendo hábito, esta crítica virá às prestações. Ainda não sei quantas mas, visto que são dezassete canções, serão mais do que as costumeiras quatro. Respeitarei a ordem da tracklist pois, com a mistura de velhos clássicos e músicas desconhecidas (pelo menos para mim), não faz sentido estar a ordená-las por preferência. Assim, começamos por...

 

1) One Night Love Affair

 

 

 "All my senses say I'm in this much too deep

Now you're out of reach"

 

Reckless abre com uma faixa que foi single, embora não tenha tido o mesmo impacto que outros singles deste álbum. One Night Love Affair, tal como a larga maioria das faixas de Reckless, é conduzida por acordes de guitarra elétrica com um padrão característico, acompanhada por solos que fazem de segunda voz e bateria. Queira, aliás, chamar a atenção para este último instrumento, para o seu ritmo... eu chamar-lhe-ia "binário", mas não sei se é essa a designação correta. É um padrão de bateria simples, presente em muitas das músicas mais antigas de Bryan, mas que, por algum motivo, já não se ouve da música dos últimos dez, quinze anos.

 

Para dizer a verdade, atualmente ouve-se cada vez menos bateria na música, ponto.

 

Tal como diz o título, a letra de One Night Love Affair fala de um caso de uma noite que deixa sequelas inesperadas, numa altura em que o narrador já perdeu o rasto da mulher com quem se envolveu. Tal como acontece em várias músicas de Reckless, a letra é simples mas suficiente para contar a história de maneira eficaz.

 

Existe uma história engraçada por detrás desta música, revelada no site de Jim Vallance. Quando ele e Bryan estavam a trabalhar em One Night Love Affair, quiseram que, como habitual, o guitarrista Keith Scott fizesse o solo de guitarra. Em jeito de brincadeira, Bryan regravou o verso "If the night was made for love it ain't for keeps" (se a noite foi feita para o amor, não é para manter), alterando para "if the night was made for love it ain't for Keith" (se a noite foi feita para o amor, não é para o Keith), o que fez o guitarrista quase cair da cadeira com as gargalhadas. Consta que por vezes, em concertos, Bryan canta o verso alterado fazendo um gesto para Keith. Estou a contar que faça o mesmo num eventual concerto em Portugal da digressão dos trinta anos de Reckless. 

 

2) She's Only Happy When She's Dancin'

 

 

"Nothin' matters until Monday so she goes insane"

 

Na entrada sobre Tracks Of My Years, falei sobre a voz de Bryan, caracteristicamente rouca. Esta voz não se fez de um dia para o outro, demorou uma mão-cheia de anos. Se compararem os primeiros álbuns de Bryan com TOMY, hão de reparar na diferença. Reckless foi apenas o quarto álbum de Bryan, a sua voz ainda não estava no ponto certo (na minha opinião, só chega a esse ponto com Waking Up the Neighbours). Isto nota-se particularmente em She's Only Happy When She's Dancin', os vocais ainda algo imaturos, demasiado gritados.

 

Esse é, praticamente, o único defeito desta faixa. De resto, sem ser nada de extraordinário, é uma música interessante, a única música não single (tirando as "novas") que fica na memória. A sonoridade obedece à fórmula do álbum, sem nenhum aspeto que se destaque. A letra, por outro lado, conta uma história diferente do habitual - a história de uma mulher que leva uma vida monótona e cinzenta, presa à rotina, que só ganha cor quando o fim-de-semana chega e ela vai dançar. 

 

3) Run to You

 

 

 

"I know her love is true

But it's so damn easy making love to you"

 

Run to You foi o single de apresentação de Reckless (embora Heaven andasse a ser tocada nas rádios havia algum tempo) mas que, na verdade, esteve muito perto de não ser editada. Segundo Vallance, a música inicialmente fora encomendada por um produtor mas este, no fim, não gostou dela. Bryan e Vallance ainda tentaram enviá-la a outros artistas mas todos a rejeitaram. Bryan esteve perto de rejeitá-la ele mesmo. Foi o produtor Bob Clearmoutain quem o convenceu a incluir a música em Reckless. E ainda bem que o fez, pois Run to You tornou-se um dos grandes clássicos da carreira de Bryan.

 

A letra é curta, direta, mas suficiente para contar a história de um triângulo amoroso, mas o ponto forte de Run to you é outro. Durante alguns anos, a música nunca me atraiu por aí além. Foi só quando, nas aulas de guitarra, o meu professor disse que tinha as pautas da música e eu pedi-lhe que me ensinasse, que passei verdadeiramente a gostar da canção. Chegámos a gravar a nossa versão de Run to You, que apresento em baixo. Eu toco a melodia, um colega meu (já não me lembro do nome dele...) toca a guitarra rítmica e o meu professor toca o baixo. Os pontos fortes da música residem, precisamente, nos instrumentos, no riff característico, no solo de guitarra, nas linhas de baixo - é divertida de tocar. 

 

 

 4) Heaven

 

 

"Now our dreams are coming true

And through the good times and the bad

Yeah, I'll be standing there by you"

 

Heaven é a única balada em Reckless e, tal como já expliquei antes, a minha canção de amor preferida. Como já falei sobre esta música antes, não tenho muito mais a acrescentar. Destaco apenas que Heaven tem uma sonoridade muito diferente do resto do álbum (faixas extra incluídas), parecendo um outlier, sendo esse um dos motivos pelos quais esteve quase a ser deixada de fora. Ainda bem que tal não chegou a acontecer, pois Heaven teve um sucesso monstruoso, à semelhança dos outros singles de Reckless. 

 

Se formos a ver, três das músicas que definiram a carreira de Bryan - Run to You, Heaven, Summer of '69 - estiveram perto de nunca serem editadas. É a prova de como o sucesso de uma música ou de qualquer trabalho artístico pode ser completamente imprevisível e, algumas vezes, os próprios criadores não são as pessoas com melhor discernimento para determinar o potencial da música.

 

 

Mantenham-se ligados, vou tentar publicar a segunda parte da análise em breve.

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