Interrompemos uma série de textos sobre Pokémon para responder a uma tag sobre... Pokémon. Bem, na verdade é sobre livros, mas foi inspirada pelo Pokémon Go. Depois de tomar contacto com ela no blogue da Magda, não podia deixá-la passar sem respondê-la.
Como o costume, quem quiser também pegar na tag está à vontade. Depois deixe o link com as respostas nos comentários. Assim, sem mais delongas...
Starters: O livro que te fez apaixonar pela leitura
Não me lembro de um livro isolado que me tenha passado o bichinho da leitura. Sempre cresci rodeada de livros. Os primeiros que li sem ajuda eram infantis, baseados na Rua Sésamo ou em filmes da Disney. Mais tarde, comecei a ler compilações de contos de fadas. A minha preferida era esta, que incluí não apenas as Brancas de Neve desta vida (ainda que as versões sejam mais parecidas com as versões originais), mas também histórias tradicionais de diversos países do mundo, não apenas da Europa mas também de todos os outros continentes (como por exemplo, esta, de Cabo Verde), todas com notas para as tradições e mitologias dos países em questão que inspiraram as histórias.. Lia-as várias vezes, tanto esta compilação como outras, e ainda hoje me lembro de uma parte significativa dessas histórias (eu teria adorado ter um livro como o do Henry, em Once Upon a Time).
A certa altura, começaram a oferecer-me livros dos Cinco, d'Uma Aventura e, na escola, recomendaram-me livros da coleção Viagens no Tempo (das mesmas autoras d'Uma Aventura, que se centram em viagens ao passado, a momentos marcantes da História. Aprendi imenso com eles). Ainda hoje tenho um fraquinho por alguns dos "tropes" dos livros de aventuras para miúdos: tesouros escondidos com respetivo mapa e/ou enigmas, passagens secretas, quadrilhas vencidas por crianças ou pré-adolescentes, entre muitos outros. Pouco após, comecei a ler livros do Harry Potter e nunca mais parei.
Pikachu: Um clássico que irás sempre gostar
Já referi várias vezes As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley neste blogue - um livro que, quando foi editado cá em Portugal, foi dividido em quatro: A Senhora da Magia, A Rainha Suprema, O Rei Veado e O Prisioneiro da Árvore. Estes livros são clássico da fantasia, ricos em magia, intriga e sensualidade, que questionam várias ideias pré-concebidas que possamos ter. Antes de mais nada, o livro narra os mitos arturianos do ponto de vista das personagens femininas - o que, já de si, é raro. A protagonista é aquela que é conhecida por Morgan Le Fay ou Morgana, embora eu goste muito mais do nome usado nestes livros, Morgaine, que é tratada como vilã em quase todas as outras versões destas lendas. Adicionalmente, a narrativa aborda temas controversos, como o fanatismo religioso, incesto, homossexualidade, mesmo a própria sexualidade em geral, fazendo-nos questionar as nossas próprias convicções. O elenco inclui inúmeras personagens inesquecíveis, bem construídas, com qualidades e defeitos, sobretudo as femininas mas não só. Estes livros não são perfeitos, mas continuo a lê-los inúmeras vezes, são definitivamente clássicos.
Zubat: Um livro que perdeste o interesse porque está, literalmente, em todo o lado
É uma grande mania minha: às vezes, quanto mais popular alguma coisa é, e/ou mais me é recomendada, menos vontade tenho de experimentá-lo. A minha avó aderiu ao Facebook antes de mim - e eu só aderi a pedido da minha irmã, que queria usar a minha conta para começar de novo no Farmville. Ainda hoje usaria um Nokia de cinquenta euros, com leitor de mp3, se não me tivessem oferecido um smartphone (e daí talvez não, que eu quereria muito jogar Pokémon Go). Conforme já dei a entender antes, teimei como uma mula em ler o Harry Potter até o meu pai me ler o primeiro capítulo em voz alta e só li os livros d'O Ciclo da Herança (que o meu irmão lia há anos) quando Avril Lavigne compôs uma canção para o filme. Tenho uns traços de adolescente rebelde/hipster. Não gosto muito de ir em modas só porque sim - mas tenho um gozo especial em, precisamente, descobrir coisas antes de se tornarem "fixes" para o público em geral. Como o livro A Verdade sobre o Caso Harry Quebert, que li um ano antes de se tornar moda aqui no Sapo Blogs. E, claro, o Pokémon Go, por que eu ansiava há quase um ano e que devolveu a popularidade a uma franquia que eu nunca deixei de adorar.
Tenho assim várias respostas possíveis para esta pergunta. Vou optar pel'As Crónicas do Gelo e do Fogo, os livros que inspiraram a série Game of Thrones/Guerra dos Tronos.
Uma coisa que tenho reparado é que os fãs destes livros e/ou desta série são mais obcecados do que o costume. Um bom exemplo disso é a minha irmã. Ela só conheceu a série há cerca de um ano, até agora só acompanhou uma temporada "em direto", e ainda bem porque, meu Deus, foi difícil aturá-la. Logo na manhã que se seguiu à emissão do primeiro episódio, que ela ainda não tinha visto pois tinha de estudar para um teste, ela deu com um spoiler falso no grupo de Facebook da sua turma, que dizia que o Tyrion tinha morrido. Ao ler isto, ela literalmente gritou e largou o telemóvel, como se este a tivesse queimado- Passou o resto da manhã a choramingar, para mim e para os meus pais (e eu é que tenho a fama, na família, de me tornar demasiado obcecada por coisas como estas...), até o engraçadinho do autor esclarecer tudo. Este, felizmente, foi o exemplo mais extremo. Durante o resto da temporada, mesmo assim, ela passava as segundas-feiras todas com a ansiedade de ver o episódio novo.
Ao mesmo tempo, tal é o hype de Game of Thrones que, mesmo que uma pessoa não veja a série, como eu, acaba sempre por estar mais ou menos a par do que vai acontecendo. Seja porque, como eu, tenha pelo menos um amigo, colega ou familiar que fala da série até ao enjoo ou através das redes sociais. Quem fica com vontade de ver a série e/ou ler os livros quando já sabe que fulano A vai morrer, que fulano B aparentemente não sabe nada ou que fulana C vai ser violada?
Mesmo sem o hype todo, continuaria a não ter grande vontade de ler ou ver algo tão cru e violento. Pode ser realista para a época medieval - ou melhor, é essa a desculpa que dão, sobretudo quando incluem violações. No entanto, não querendo, de todo, desrespeitar os fãs, se quiser lidar com a pior faceta da Humanidade, não preciso de obras de ficção, basta-me ver o Telejornal. Dito isto, não ponho completamente de lado a hipótese de um dia - daqui a um ano ou dois, quando o hype já tiver arrefecido - ler os livros, só para ver o que têm de tão especial.
Ditto: um livro que te lembra outros livros mas que, ainda assim, gostas imenso
Bem, esta é a definição d'O Ciclo da Herança, de Christopher Paolini. Bastou-me ver os primeiros minutos de Star Wars: A New Hope para reparar que Paolini fez quase um copy-paste do início desse filme em Eragon. Mesmo assim, considero-o mais ou menos aceitável tendo em conta que Paolini começou a escrever estes livros aos quinze anos. Apesar de já ter lido uns quantos livros melhores depois desses, continuo a achar que O Ciclo da Herança é uma série muito boa para aquilo que é.
Snorlax: um livro ou uma série que ainda não leste por causa do tamanho
Por norma não tenho medo de livros grandes. Pelo contrário, às vezes tenho pena quando leio livros demasiado depressa e fico sem nada para ler. Confesso, no entanto, que livros como Moby Dick, de Herman Melville, e Anna Karénina de Tolstoi, me intimidam um pouco. Não só por serem longos, mas também por serem grandes clássicos.
Gengar Um livro que te manteve acordado à noite
O Livro dos Baltimore, de Joël Dicker, de que falei antes. Eu, pura e simplesmente, tinha de saber o que era o Drama.
Nidoking/Queen: o casal perfeito
Conforme referi anteriormente, não sou grande shipper. Os casais por quem mais torço são criações minhas, nos meus livros. Dito isto, um dos meus casais preferidos ultimamente é composto por Julius e Marci, os dois protagonistas da série Heartstrikers, de que já falei antes.
Rapidash: um livro que leste muito rapidamente
O livro mais recente da série Heartstrikers, No Good Dragon Goes Unpunished, que saiu no início do mês. Demorei pouco mais de um dia.
Eevee: séries que não ficas farta ou que não te importas de ver as continuações
O mais perto que tenho disso é, claro, o Harry Potter. Não, ainda não li o The Cursed Child. Não conseguimos comprá-lo aquando do seu lançamento, encomendámos pela Amazon, só chegou esta semana e a minha irmã está a lê-lo primeiro. Na verdade, o livro não me desperta interesse por aí além (estava mais interessada no livro dos Heartstrikers, que saiu mais ou menos na mesma altura). É o guião de uma peça de teatro que, sinceramente, preferia de ver ao vivo antes de lê-la. No entanto, dificilmente a peça virá para Portugal, logo, mais vale ler já.
Por outro lado, gostei imenso da história que J.K.Rowling publicou, recentemente, para o site Pottermore, que conta as origens de Ivelmorny, a escola de magia da América do Norte. E já fiz a pré-encomenda dos e-books que serão lançados no próximo mês.
Poke-Egg: um livro de estreia pelo qual estás entusiasmado
Não tenho resposta para esta, infelizmente. Por norma, só conheço autores depois de estes lançarem o seu primeiro livro. Desculpem lá...
Lure Module: Um autor que compras imediatamente
Isabel Stilwell, pelo menos no que toca aos seus romances históricos, sobre rainhas e outras mulheres notáveis da História de Portugal. Ainda não li muitos livros nesse género, mas considero os de Stilwell muito bons.
Legendary: uma série demasiado publicitada mas que, mesmo assim, queres muito ler
Harry Potter insere-se definitivamente nessa categoria.
Server's Down: Um livro cujo lançamento estás à espera desde sempre
O livro que Christopher Paolini anda a escrever desde que publicou o último livro d'O Ciclo da Herança - ou seja, deste 2011.
Magikarp: Um livro ou uma série surpreendentemente fabulosa
Qualquer livro escrito por Rachel Aaron. Ela merecia muito mais popularidade.
Mew & Mewtwo: um livro do qual gostavas de ter uma edição de coleccionador
Um dos livros do Harry Potter, sem dúvida.
E foi mais uma tag sobre livros. Eu, na verdade, começo a reparar que as minhas respostas começam a repetir-se. Tenho de ler um bocadinho mais - até porque este ano tem sido fraquinho nesse aspeto, para mim. Vou tentar corrigir isso.
Continuem desse lado, para os próximos textos sobre Pokémon.
Inicialmente, a Game Freak tinha as coisas planeadas até à segunda geração de jogos Pokémon. O combate entre o protagonista da primeira geração e o protagonista da segunda, em Gold, Silver e Crystal, fora idealizado para ser a grande conclusão da franquia. No entanto, com o sucesso que Pokémon estava a ter à escala global, era óbvio que o mundo precisava de mais jogos - sobretudo com o lançamento do Game Boy Advance.
Para a terceira geração de Pokémon, os criadores tomaram uma decisão arriscada: fizeram uma espécie de tábua rasa à franquia, com uma região nova, novos Pokémon, mantendo apenas uma mão-cheia dos antigos e... impossibilitando a obtenção dos que ficaram de fora. Foi uma decisão arrojada que, naturalmente, polarizou a comunidade de fãs.
Confesso que, imediatamente após o lançamento de Ruby e Sapphire, eu embirrei com esses jogos, à semelhança de muitos. Uma boa parte dessa birra devia-se ao facto de estes jogos não serem a versão Crystal (eu tinha doze ou treze anos na altura, em minha defesa. Nestas idades ainda considero birras como esta mais ou menos aceitáveis). Continuo mesmo assim a achar que a grande falha destes jogos é não ser possível obter muitos dos Pokémon dos jogos mais antigos (é a única geração que não é compatível com a anterior para trocar Pokémon, visto terem mudado o funcionamento dos I.V.s de uma geração para a outra. Felizmente, isso vai ser em parte corrigido na sétima geração) e, sobretudo, que tivessem deixado cair muitas das funcionalidades introduzidas na segunda geração, como o ciclo dia/noite, os dias da semana, as animações dos sprites dos Pokémon, a possibilidade de voltar a combater com treinadores (apesar de introduzirem várias outras funcionalidades para compensar, como meteorologia, Natures e Abilities e combates a pares). Além disso, o nosso rival, comparado com Blue e Silver, era uma autêntica mosquinha-morta e Wally pouco dizia.
Admito, no entanto, que a birra acabou por passar quando joguei a versão Sapphire eu mesma. Para começar, a terceira geração inaugurou uma das minhas partes preferidas dos jogos Pokémon: meteu o protagonista a salvar o mundo. Julgo que já falei disto, noutra ocasião, mas, se formos a ver, a fórmula básica dos jogos tem sido sempre a mesma: primeiro Pokémon, rival, treinadores comuns, Elite 4, Campeão. É o enredo colateral que dá carácter a cada jogo, um tema próprio. E o de Ruby e Sapphire é bastante interessante. As equipas criminosas de cada jogo - Team Magma para Ruby, Team Aqua para Sapphire - tentam, respetivamente, usar Groudon e Kyogre para, respetivamente, expandirem a porção continental ou oceânica. Quando, no fim, conseguem o que querem - em Ruby, Groudon faz com que o Sol brilhe como nunca; em Sapphire, Kyogre despoleta o princípio de um dilúvio - os líderes das equipas criminosas percebem que aquilo foi uma péssima ideia, pode matar todos os seres vivos no planeta. Tem de ir o protagonista, a criança de dez anos, corrigir as asneiras dos adultos apanhando ou derrotando o lendário em questão, travando o desastre natural.
Em Emerald (a versão melhorada de Ruby e Sapphire, o equivalente a Yellow na primeira geração e Crystal na segunda), esse conflito é elevado a outro nível, uma vez que tanto o Team Aqua e o Team Magma levam a cabo os seus próprios planos ao mesmo tempo, ou seja, acordarem Kyogre e Groudon, respetivamente. Mais uma vez a coisa dá para o torto - claro - desta feita fazendo Groudon e Kyogre lutando entre si, causando um distúrbio meteorológico. Mais uma vez, tem de ir a criança de dez anos resolver a situação: desta feita, correndo até ao Sky Pillar chamar Rayquaza, para que este acalme os dois arruaceiros.
Devo confessar que teria gostado de um remake de Emerald para a Nintendo 3DS, só mesmo para ver esta cena com os gráficos melhorados da sexta geração.
Já voltaremos a Emerald. O tema destes jogos, de resto, é precisamente esse: geologia, natureza. A região de Hoenn e as próprias funcionalidades do jogo exploram a fundo esse tema: com a introdução de variações meteorológicas, com influência nos combates, por exemplo. Além do mais, os criadores dos jogos tomaram partido dos gráficos mais sofisticados do Game Boy Advance para criar a região mais rica e variada até ao momento. Hoenn tem de tudo: uma proporção quase fifty-fifty de terra e mar (ainda que nem todos sejam fãs disso. Coff coff, 7.8/10, too much water), campo, floresta, praias, desertos, uma caverna de gelo, vulcões com queda de cinzas, uma cidade construída numa antiga cratera vulcânica, cavernas subaquáticas. Em consonância com o tema, conforme dei a entender acima, o lendário Groundon é responsável pela criação das placas continentais e Kyogre pela criação das placas oceânicas. Por sua vez, Rayquaza vive na atmosfera, na camada de ozono. Mesmo o trio de Regis, outros lendários desta geração, possuem um conceito inspirado em geologia. Segundo textos da Pokédex, Regirock é formado por rochas de diferentes partes do planeta; é dado a entender que Registeel é constituído por um metal do centro da Terra; por sua vez, Regice será constituído por gelo semelhante ao do Pólo Sul.
Num registo diferente, outra funcionalidade introduzida nesta geração diz respeito aos concursos. Aqui, os Pokémon, em vez de combater, competem entre si perante uma audiência e um júri, que os avalia consoante a categoria do concurso - Beleza, Inteligência, Fofura, entre outros. O sucesso nestes concursos depende do uso de Pokéblocks, por sua vez fabricados a partir de Berries específicas, bem como de uma escolha cuidada dos ataques. Pode, por isso, ser tão exigente como escolher e treinar uma equipa para combater ginásios e a Elite 4. Nunca fui grande fã de concursos, mas reconheço que apresenta uma faceta dos Pokémon diferente do habitual.
Queria, agora, voltar a falar sobre a versão Emerald. Este jogo é muito acarinhado pelos fãs por, para além de incluir melhorias relativamente a Rube e Sapphire, como o regresso dos sprites animados, a possibilidade de voltar a combater com treinadores e uma maior frequência de combates duplos, introduzir a Battle Frontier. Esta é uma área, acessível apenas no post-game (isto é, depois da Elite 4), que pega no conceito da Battle Tower de jogos anteriores e introduz múltiplas variações, como usar Pokémon alheios ou os Pokémon combaterem sem instruções nossas (o seu comportamento depende das "Natures"). Ao fim de um número fixo de vitórias, combatemos os chamados Frontier Brains e a vitória sobre eles dá direito a um Símbolo. Acaba por ser um campeonato à parte, independente do esquema habitual de ginásios-mais-Elite-4. Os fãs adoraram. Um dos critérios mais levados em conta na comunidade de fãs na avaliação dos jogos é o post-game. A inclusão de algo que nos faça continuar a jogar para além da Elite 4 - ou seja, que tenha um bom post-game - é muito apreciada. A Battle Frontier funciona de forma excelente, nesse aspeto.Eu, infelizmente, da única vez que joguei a versão Emerald, parei logo a seguir à Elite 4, logo, nunca experimentei a Battle Frontier de Emerald eu mesma - embora tenha frequentado bastante a dos jogos da Battle Frontier da quarta geração.
Passemos à música. O sistema do Game Boy Advance já permitia música mais sofisticada que o tradicional 8-bit do Game Boy propriamente dito e estes jogos tomam partido dessas melhorias. A banda sonora de Hoenn é famosa pelas suas trompetes - destacando-se o tema da route 120. Vários temas em Hoenn incluem trompetes, sobretudo os temas de combate. Gosto de todos e o meu preferido é o da Elite 4. Em termos de cidades, destaco o festivo tema de Slateport City; o melancólico tema de Verdanturf Town, guiado pelo piano, adequado a uma terra sossegada e pacífica; o relativamente calmo mas divertido tema de Fortree City. No entanto, o melhor tema destes jogos, na minha opinião, é o do encontro com Kyogre, Groudon e/ou Rayquaza. Começa com um som semelhante a sinos, seguidos de tambores, antes de se juntarem as trompetes, conferindo logo imenso dramatismo a um momento já de si dramático e grandioso.
Está na altura de falarmos, então, dos remakes FireRed e LeafGreen. Existe alguma controvérsia na comunidade de fãs em relação aos remakes, se estes pertencem à geração em que foram lançados ou à geração dos jogos originais. Eu sou apologista do primeiro caso. Os remakes reutilizam as mecânicas dos jogos da mesma geração e essas mecânicas influenciam a experiência do jogo. Mesmo em termos de conteúdo e enredo, jogos originais e remakes na mesma geração acabam por ter temas semelhantes (quer isso tenha sido intencional ou não). Por fim, em termos de cronologia da história dos jogos, o enredo dos remakes da primeira e da segunda geração (FireRed e Leaf Green, Heart Gold e Soul Silver) decorre sensivelmente ao mesmo tempo que a história dos jogos originais da mesma geração (respetivamente Ruby/Sapphire/Emerald e Diamond/Pearl/Platinum).
Infelizmente, FireRed e Leaf Green são os remakes mais fraquinhos de toda a franquia. Na minha opinião, aliás, são os jogos mais fraquinhos de toda a franquia. Estas versões foram feitas para compensar pela falta de compatibilidade com os jogos da geração anterior. (Em parte, pelo menos. Na verdade, para se completar a Pokédex nesta geração, era necessário ter pelo menos quatro dos sete jogos Pokémon lançados nesse intervalo de tempo: dois deles, Pokémon Colosseum e Pokémon XD:Gale of Darkness, são para a Nintendo Cube.) Há quem pense que estes jogos foram criados para apaziguar fãs de longa data, zangados por tantos elementos dos jogos anteriores terem sido deixados de fora de Ruby e Sapphire. No entanto, Tsunekazu Ishihara, o CEO da The Pokémon Company (na altura pelo menos), em entrevistas concedidas aquando do lançamento dos remakes, afirmou que o objetivo de FireRed e Leaf Green era captar uma nova audiência "que visse o Pikachu e o Charizard como novas personagens".
Esta declaração resume muito bem o problema destes jogos: são ótimos para quem nunca tenha jogado Pokémon na vida, uma seca para quem se tenha estreado na franquia com a primeira geração, como eu, ou mesmo com jogos da segunda geração ou com Ruby/Sapphire. Para começar, os remakes começam com uma série de introduções e tutoriais, que são sempre um bocadinho irritantes para quem já joga há anos (e aprendeu a jogar por si mesmo, sem a necessidade de nos fazerem a papinha toda). Isto até se tolerava melhor se estes jogos, tirando umas partes aqui e ali, não fossem um copy/paste/paint format dos jogos originais. Quando o joguei pela primeira vez, passei o jogo todo à espera que, no fim, fôssemos até Johto ou Hoenn, mas não. Depois de termos conhecido Hoenn em Ruby/Sapphire, uma região linda e variada, cheia de lendas e histórias interessantes, Kanto, na comparação, é extremamente insossa e a história com o Team Rocket monótona. Perdeu-se uma ótima oportunidade para enriquecer Kanto introduzindo mais variações morfológicas, meteorologia e mesmo concursos nalgumas cidades, bem como para desenvolver um pouco melhor o enredo e as personagens. Tal como escrevi antes, nos jogos originais isso não era grave, pois eram os primeiros, era tudo novo. No entanto, naquela altura do campeonato, depois de vários jogos notáveis, a fasquia estava mais alta.
As únicas coisas que acrescentaram foram as Sevii Islands, algumas delas só acessíveis no post-game e com Pokémon da segunda e terceira geração (inexistentes em Kanto propriamente dita). Na minha opinião, contudo, não passam de um fraco substituto do melhor que Johto e Hoenn têm para oferecer. Um caso específico são os códigos em braille que aparecem numa das cavernas da Seven Island. Em Ruby/Sapphire/Emerald, temos de decifrar códigos semelhantes para chegar aos três Regis. Eu, que sempre gostei dessa faceta dos livros de aventuras infantis (resolver enigmas, descobrir passagens secretas), adorei essa parte em Ruby e Sapphire. A parte equivalente em FireRed e LeafGreen, por sua vez, é bastante anticlimática: serve apenas para desbloquear as trocas com os outros jogos da terceira geração. Além disso, existem várias localizações nas Sevii Islands, como as Tanoby Ruins, igualmente desperdiçadas (servem apenas para capturar Unowns). Localizações como esta podiam ter sido melhor desenvolvidas e, vá lá, incluir lendários da segunda geração (no jogo, só é possível capturar uma das três bestas, Suicune, Raikou ou Entei, dependendo do starter que escolheram).
Era por estas e por outras que, quando completava FireRed ou LeafGreen, nunca me sentia completamente satisfeita, ficava sempre a sensação de falta de sal ao jogo. O facto de estes remakes terem sido desenvolvidos à pressa, ao mesmo tempo que trabalhavam em Emerald, explica a maior parte das suas falhas. Na minha opinião, mais valia terem adiado o lançamento por mais um ano - talvez mesmo lançarem Emerald primeiro - e criarem uns jogos melhores. Tendo em conta tudo isto, não torceria o nariz a outros remakes da primeira geração. Kanto merece melhor do que isto.
Resumindo e concluindo, houveram muitas coisas que podiam ter sido melhor feitas, ou não terem sido feitas de todo, nesta geração. No entanto, considero que tudo o resto enriqueceu a experiência dos jogos. No fim do dia, o saldo é positivo.
Pokémon preferidos:
Gardevoir
Este é o meu Pokémon do tipo Psíquico preferido (com o Espeon num segundo lugar muito próximo). Na sexta geração, ganhou ainda o tipo Fada. Se já antes era um adversário respeitável, com este tipo adicional, tornou-se ainda mais versátil em combate. Gosto, também, do seu conceito: é uma espécie de feiticeira, com poderes de vidência, que não hesita em dar a sua vida pela do seu treinador. Tendo em conta que este último é um traço é característico de muitas personagens criadas por mim, não é de surpreender que eu tenha afinidade com Gardevoir - remete, aliás, para Guardian. Eu, de resto, tenho afinidade com Pokémon com sentido de dever e honra.
Gardevoir é, além disso, um dos Pokémon mais belos de toda a franquia (tão bela que desperta a imaginação menos puritana de certas pessoas...). Confesso que passei a gostar ainda mais dela depois de eu e a minha irmã termos usado uma da primeira vez que jogámos Alpha Sapphire - ainda a temos, chamámos-lhe Desiree. O seu modelo em 3D movimenta-se com uma elegância inimitável, sobretudo quando usa ataques Special. A sua Mega Evolução não é a mais imaginativa, admito, mas adequa-se à nobreza característica deste lindo Pokémon.
Absol
Segundo a Pokédex, a história de Absol é cruel. Ele é conhecido como o Pokémon das desgraças. Possui a capacidade de antecipar desastres naturais e outras situações más. Assim, quando aparece perante humanos, fá-lo para avisá-los do perigo eminente. Se formos a ver, algumas das localizações deste Pokémon nos diferentes jogos são zonas onde acontece alguma coisa relevante para o enredo. Por exemplo, em Diamond/Pearl, podemos encontrar Absol perto do Lake Valor, onde o Team Galatic explodirá uma bomba que secará o lago. Em Platinum, Absol encontra-se no Mt. Coronet, onde Girantina arrastará Cyrus para o Mundo da Distorção. Em Black/White, ele pode ser encontrado no Giant Chasm, onde, dois anos mais tarde, ocorre o clímax dos jogos Black 2/White 2.
O povo, no entanto, acaba por interpretar mal as aparições de Absol, culpando-o pelas desgraças que o Pokémon tenta prevenir. A minha Pokétuber preferida, Tamashii, fez-me, no entanto, olhar para Absol de maneira diferente. Tamashii diz que este Pokémon lhe fax lembrar a capacidade que os animais possuem de sentir a eminência de desastres naturais, como sismos. Sofrendo ela de ansiedade, sobretudo no que toca precisamente a desastres naturais, o facto de ter animais calmos ao pé de si (os gatos são os seus preferidos) ajudam-na a manter a ansiedade sob controlo. Um Absol teria o mesmo efeito, se existisse. Gosto, assim, de pensar neste Pokémon, não como num íman de desgraças, e sim como num guardião. A sua Mega Evolução contribui para isso, já que lhe confere um par de asas de anjo.
Mais sobre o Absol num texto futuro.
Blaziken
Gosto bastante dos starters da terceira geração, mas o Blaziken é o meu preferido. Tal como noutros casos, parte dos motivos para essa preferência vêm da série animada, nomeadamente o combate entre Ash e Harrison (que se seguiu ao combate entre Ash e Gary, referido antes). Além do mais, o Blaziken tem um desenho fixe (que, mais uma vez, tem semelhanças com um Digimon da linha evolutiva do Byomon, neste caso o Garudamon. Mais uma vez, estes foram provavelmente inspirados pela mesma figura mitológica, neste caso o Garuda, um pássaro humanóide) e uma combinação de tipos interessante... pelo menos, até as duas gerações seguintes incluírem starters com o mesmo tipo.
Pokémon de que menos gosto:
Azurill
Este vem no seguimento do que escrevi antes sobre Pokémon bebé. Azurill é outro caso de redundância - ao ser a pré-evolução da Marill, um Pokémon já de si amoroso - mas é ainda pior pois nem sequer partilha o tipo com a sua evolução. É apenas do tipo Normal (Normal/Fada na sexta geração), o que o torna ainda menos útil em combate - como se os stats de Pokémon bebé não fossem suficientes para lhe dar esse estatuto.
A primeira geração é aquela que a maioria dos fãs recordam com maior nostalgia. No entanto, no meu caso, isso acontece com a segunda geração. Johto é a minha região preferida, os seus lendários (tirando um) encontram-se entre os meus preferidos, a sua banda sonora é a minha preferida e o jogo Pokémon Crystal é o meu preferido. Tentarei explicar porquê a seguir.
Mesmo colocando de parte toda a nostalgia, muitos concordam que estes jogos estão muito bem feitos, opinião reforçada pelos remakes Heart Gold e Soul Silver, mas isso é conversa para outra ocasião (aproveito, desde já, para definir a regra: os remakes serão abordados na geração em que foram lançados). Na minha opinião, o principal motivo para estes jogos terem funcionado tão bem foi o facto de, ao contrário do que aconteceria nas gerações seguintes, estes jogos terem sido concebidos como uma sequela direta aos seus antecessores, Red, Blue e Yellow. Em termos de mecânicas, corrigiram as maiores falhas dos primeiros jogos, tornando a experiência de jogo mais fluida e equilibrada. Apresentaram uma região nova, com Pokémon novos, mas incluíram a região antiga, Kanto.
O enredo destes jogos volta a não ser nada por aí além, mas não deixa de ser interessante. Decorre três anos após os eventos dos jogos da primeira geração. A organização criminosa volta a ser o Team Rocket, que se encontra ainda a lidar com a grande derrota de três anos antes, em Kanto. Nestes jogos, têm vários esquemas em funcionamento (tráfico de caudas de Slowpoke, forçando evoluções de Magikarps, etc), enquanto procuram o seu antigo líder, Giovanni, que nunca mais fora visto após a humilhação de ser derrotado por uma criança de dez anos. Não tenho nada a apontar ao papel do Team Rocket nestes jogos, só acho uma pena a organização criminosa ser de novo derrotada antes de Giovanni regressar do exílio. Teria outro impacto se, no clímax do enredo (isto é, quando o Team Rocket invade a torre de rádio), Giovanni aparecesse (e, de caminho, se cruzasse com o filho, o nosso rival)... e fosse de novo derrotado por uma criança. O arco de Team Rocket termina, aliás, demasiado cedo no jogo, tendo em conta que este, ao incluir duas regiões e dezasseis ginásios, é um dos mais longos de toda a franquia. Depois dos eventos na torre de rádio, tudo o que acontece é o roubo de uma peça da PowerPlant, em Kanto, obra de um membro do Team Rocket isolado, desorientado e... hilariante.
De resto, quando chegamos a Kanto, detetamos sinais da passagem do tempo, tanto no cenário como nas personagens. E, bem no fim do jogo - esta é a parte preferida dos fãs em geral - reencontramos Red, o protagonista dos jogos da primeira geração, e combatêmo-lo.
Há algo mais épico do que isto?
Estas são as razões pelas quais a maior parte das pessoas gostam destes jogos. Agora indico as minhas. Para começar, gosto das várias funcionalidades introduzidas nesta geração: o relógio, o ciclo dia/noite, os dias da semana. Dava-me motivo para jogar quase todos os dias, já muito depois de ter completado o jogo: para levantar as bolas que o Kurt fazia com os Apricorns (embora agora saiba que essas bolas não funcionavam de acordo com as intenções), para entrar nos concursos de captura de insetos, no National Park; para embarcar no S.S.Anne, tanto no sentido Olivine-Vermilion como Vermilion-Olivine, e enfrentar uma mão-cheia de treinadores (boa maneira de ganhar dinheiro e treinar Pokémon), participar no Buena's Password.
Gosto bastante do PokéGear, aliás, que inclui telefone e rádio. O primeiro permite manter o contacto com treinadores com quem tenhamos lutado, que podem convidar para repetir combates, alertar para o aparecimento de certos Pokémon em certas áreas, oferecer itens (só em Pokémon Crystal) ou pura e simplesmente dizer uma baboseira ou outra (o eterno Youngster Joey, com o seu "top percentage" Ratatta". Também o rádio tem a sua graça, sobretudo o já mencionado Buena's Password (um destaque para a fala da Buena, quando a rádio é invadida pelo Team Rocket: "Today's Password? HELP, of course!" Impagável!).
Uma das coisas que mais adoro nesta geração é a mitologia de Johto. Tirando Celebi, os lendários destes jogos são os meus preferidos da franquia. No caso de Lugia, isso deve-se muito ao meu filme preferido de Pokémon. Quanto a Ho-oh e ao trio Suicune, Raikou e Entei, as razões são mais complexas. Admito, desde já, que projetei imenso nestes lendários. A mitologia à volta deles encontra-se sediada em Ecruteak Town, nomeadamente nas duas torres: a Tin Tower (Bell Tower nos remakes; em português, Torre do Sino) e a Burned Tower (em português, Torre Queimada. Cento e cinquenta anos antes dos eventos dos jogos da segunda geração, a segunda Torre teria sido atingida por um relâmpago que, por sua vez, provocara um incêndio. Nesse incêndio três Pokémon teriam falecido. A chuva acabaria por apagar esse incêndio e, graças a Ho-oh, esses três Pokémon seriam trazidos de novo à vida sob a forma de Raikou (representando o relâmpago que provocara o incêndio), Entei (representando o fogo que consumira a Torre) e Suicune (representando a chuva que apagara o incêndio).
Um aparte só para referir algumas teorias que circulam por aí, que defendem que os três Pokémon que morreram no incêndio seriam um Vaporeon, um Jolteon e um Flareon, ressuscitando, respetivamente, como Suicune, Raikou e Entei. Faz bastante sentido, na minha opinião. Os tipos coincidem e cada par é parecido em termos de stats - aliás, tanto o Vaporeon e o Suicune são conhecidos por usarem o ataque Aurora Beam. Além do mais, esta teoria explica o facto de as Kimono Girls (que se destacam por usarem Eeveelutions) viverem em Ecruteak e que os três sacerdotes que temos de enfrentar antes do encontro com o Suicune, na versão Crystal, possuam um Vaporeon, um Jolteon e um Flareon. São demasiadas coincidências. Tanto quanto sei, nunca foi confirmado oficialmente, mas eu acredito nesta teoria.
Regressando à mitologia de Johto, no que toca à série animada, a história é um pouco diferente. Segundo essa narrativa, Ho-oh visitaria frequentemente a Burned Tower - antes de ela arder, evidentemente - e aí seria venerado pelos humanos. O incêndio que destruiu a Torre teria resultado, não de um desastre natural e sim de mãos humanas, que ambicionavam o poder de Ho-oh para si. Como resultado, Ho-oh fugira da Torre em chamas - não sem antes trazer à vida Suicune e os outros dois - e nunca mais fora visto por olhos humanos... tirando Ash, no seu primeiro dia como treinador. Segundo as lendas, Ho-oh encarregara as três bestas que criara de assegurar a paz entre humanos e Pokémon, só regressando em definitivo quando se atingisse a harmonia entre as duas espécies - o Ho-oh tem a mentalidade de uma candidata a Miss América, portanto.
Muitos fãs da franquia não consideram a série animada como cânone, compreensivelmente. No entanto, quando vi os episódios que apresentam a mitologia que descrevi acima (este e este), estes tiveram grande impacto em mim. Mais: a minha fan fiction sobre Pokémon, que refiro aqui no blogue de vez em quando, centrava-se precisamente nesta versão das lendas de Ecruteak, nas três bestas e em Ho-oh. É de admirar que me sinta tão ligada a eles, hoje em dia?
Mesmo sem fan fiction, o papel de Ho-oh na série animada é suficientemente fascinante, pela maneira como aparece no episódio-piloto (quando a segunda geração nem sequer tinha sido anunciada), no momento em que Pikachu e Ash formam uma ligação pela primeira vez (provavelmente o momento mais bonito de toda a série), e noutros momentos marcantes da vida do protagonista. Não me parece, aliás, que seja coincidência que o nome do herói seja a palavra inglesa para "cinza" e Ho-oh ser baseado numa fénix.
Talvez isso explique o facto de Ash, aparentemente, ter dez anos há quase duas décadas: ele é parte fénix! Vai-se regenerando de tanto em tanto tempo e nunca envelhece! A brincar a brincar, existe uma teoria sobre isso na Internet, baseada num dos textos da Pokédex sobre o Ho-oh. Reza esse texto que quem avista o Ho-oh ganha felicidade eterna. Se felicidade eterna para Ash equivale a uma jornada sem fim pelas diferentes regiões do mundo Pokémon, está tudo explicado. Por outro lado, há quem especule que o papel de Ho-oh na série animada é ser um guia distante para Ash, algo que ele esteja destinado a perseguir sem nunca conseguir encontrar, e que Ho-oh só descerá dos céus e se encontrará com Ash no último episódio da série animada - se esta algum dia acabar.
Vou fazer outro aparte só para referir que existem outras criaturas fictícias inspiradas pelo mesmo conceito de Ho-oh entre as minhas favoritas. Só depois desta publicação é que descobri que o Birdramon, um dos meus Digimon preferidos, é mais uma fénix do que uma ave de rapina. Mais, a forma Extrema da sua linha evolutiva chama-se, na versão japonesa, de todos os nomes possíveis, Hououmon e, na versão americanizada, Phoenixmon. Evidentemente, tanto o Ho-oh como o Phoenixmon (vou usar o nome americano para evitar assonâncias desnecessárias) foram inspiradas pela mesma figura mitológica: a fénix chinesa, cujo nome em japonês é Hō-ō. Esta criatura pouco tem em comum com o conceito ocidental da fénix, mas também é uma ave imortal, símbolo de elegância e virtude. Acho, de facto, uma enorme coincidência um dos meus Pokémon preferidos e um dos meus Digimon preferidos tenham uma origem semelhante. Não foi intencional, juro, só reparei nisto há pouquíssimo tempo! Talvez o meu Patronus seja, afinal, uma fénix... mas seria uma enorme presunção da minha parte dizer que o meu Patronus é o mesmo que o do Dumbledore.
O que é certo é que eu gosto imenso do Ho-oh, sempre gostei. Ainda hoje, quando vejo um arco-íris, às vezes imagino o Ho-oh voando sobre ele, tal como no episódio-piloto, servindo-me de guia, de símbolo de harmonia e de esperança, tal como tem servido a Ash.
Por sua vez, do trio Entei-Raikou-Suicune, o último é o meu preferido, disputando com o Ho-oh o primeiro lugar entre os meus lendários favoritos. Para começar, foi o primeiro dos três que me apareceu enquanto jogava a versão Silver. Ainda me lembro da emoção que foi. Uns anos mais tarde, voltaria a experimentá-la ao encontrá-lo na versão FireRed - na altura, não sabia que podia encontrá-lo nesse jogo. Além disso, o Suicune é a mascote da versão Crystal, a minha preferida de toda a franquia. O maior motivo para a minha preferência pelo Suicune, no entanto, é o papel que ele desempenha na minha fan fiction, ou seja, são sobretudos aspetos projetados por mim. Eu sei que isso é batota, de certa forma, mas, se estavam à espera de argumentos cem por cento isentos e racionais, estão no blogue errrado.
Vou então falar da versão Crystal. Muitos desvalorizam-no como apenas uma cópia melhorada de Gold e Silver mas, na minha opinião, essas melhorias são significativas. Antes de mais nada, é o primeiro jogo em que se pode escolher uma personagem feminina como avatar do jogador, o que para mim significou muito. O desenho da personagem feminina é um dos meus preferidos, aliás (foi um crime não a terem incluído nos remakes, mas isso é conversa para outra altura...). Este foi, também, o jogo que introduziu animações nos sprites dos Pokémon, o que tornou o jogo um tudo nada mais orgânico (para depois desaparecerem em Ruby/Sapphire e FireRed/LeafGreen, mas isso é mais outra conversa para outra altura). Também se fizeram melhorias ao telefone do PokéGear, com os diálogos dos outros treinadores a variarem mais, desenvolvendo o carácter a cada um deles. Adicionaram, também, a possibilidade de esses treinadores nos oferecerem itens, incluindo pedras evolutivas - o que é excelente, tendo em conta que, em Gold e Silver, só as conseguimos muito mais tarde no jogo e apenas uma de cada.
Por fim, em Pokémon Crystal, o Suicune desempenha um papel muito mais relevante no jogo. Esta exposição extra provavelmente contribuiu para que se tornasse um dos meus preferidos. Crystal é, aliás, o primeiro jogo que envolve um Lendário diretamente no enredo - por outras palavras, que impede o jogador de prosseguir o jogo até participar nos eventos em questão. Por um lado, isso pode ser irritante quando uma pessoa quer apenas vencer os ginásios e seguir para a Elite 4 e preocupar-me mais tarde com o Suicune. Por outro, é uma mais-valia para um jogador mais desinformado, que falha parte do jogo por ignorância. Quando joguei a versão Silver pela primeira vez, por exemplo, só libertei o Suicune, o Entei e o Raikou da Burned Tower numa fase bem mais avançada do jogo do que era suposto.
Apesar de gostar imenso destes jogos, estes não deixam de ter as suas falhas. As mecânicas, ainda que significativamente melhores que nos jogos anteriores, continuavam a deixar a desejar. O caso mais flagrante é o sistema de armazenamento dos Pokémon, que nos obrigava a mudar de "box" manualmente, quando estas ficavam cheias, ou o jogo não nos deixaria apanhar mais Pokémon.
Além disso, estes jogos não têm ordem fixa para a conquista dos crachás. Depois de Ecruteak, podemos escolher se seguimos para Olivine primeiro ou para Mahogany. Isso por um lado é bom, sobretudo em comparação com jogos mais recentes, em que o percurso é muito linear, não vão os jogadores perderem-se. Por outro lado, isso faz com que os níveis dos Pokémon dos treinadores não passem da casa dos vinte durante grande parte do jogo. Só depois do último ginásio é que combatemos com Pokémon acima dos trinta e poucos e os Pokémon da Elite 4 só vão até ao nível cinquenta. Mesmo depois da Elite 4, os líderes de ginásio em Kanto, exceptuando o último, voltam a só ter Pokémon entre os nível quarenta e cinquenta. Tudo isso dá um ar de estagnação e facilitismo desnecessário a uns jogos tão bem feitos noutros aspetos. Confesso, aliás, que esses jogos me deixaram enviesada e ainda hoje estranho quando, noutros jogos, encontro ginásios em nível quarenta ou cinquenta.
Chegamos, então, à música. Na minha modesta opinião, os jogos Gold, Silver e Crystal possuem a melhor banda sonora de toda a franquia, explorando a fundo as capacidades do sistema 8-bit. Seria, aliás, capaz de escrever uma entrada à parte, com a mesma extensão que esta, até agora, só sobre a música da segunda geração. Em primeiro lugar, estes são capazes de ser os únicos jogos em que gosto dos temas de todas as cidades - e, tendo em conta que estes jogos incluem duas regiões, isso é notável. O de New Bark Town, a primeira cidade, por exemplo, parece incluir uma flauta verdadeira e é muito reconfortante - adequado àquela que é a nossa casa no jogo. O tema de Violet City e de Olivine City deixa qualquer um alegre. De tantas vezes apanhar o Magnet Train para ir de Johto a Kanto e vice-versa, o tema de Goldenrod City faz-me pensar em comboios. Os temas das cidades em Kanto, aliás, são, naturalmente, remixes dos temas da primeira geração e, na sua maioria, considero-os melhores. Gosto imenso do tema de Vermilion City, por exemplo: ganhou um carácter mais sereno, bem adequado a uma cidade portuária. Outro de que gosto muito é o de Lavender Town: é o antídoto perfeito para a versão sinistra da primeira geração. Nestes jogos, a música é triste mas também reconfortante, agridoce - assinalando, no meu ver, o facto de o drama com a mãe do Cubone e o Team Rocket já ter sido resolvido há algum tempo e a paz ter regressado à cidade.
No entanto, no que toca a cidades, o meu tema preferido é o de Ecruteak Town. Possui um carácter ao mesmo tempo exótico e triste, o que combina bem com as lendas da cidade: fascinantes mas trágicas. A versão que gravaram para a série animada, com orquestra completa, é lindíssima. É pelas histórias e pela música que Ecruteak é a minha cidade preferida de todos os jogos da franquia.
Os temas das routes estão ao nível de temas homólogos de outros jogos, mas, tendo eu gostado tanto dos jogos da segunda geração, esses temas - como o da route 29, da route 30, da route 32, da route 38 (como passava muitas vezes por esta route quando andava à caça do Raikou, do Entei ou do Suicune - na Silver - este tema ficou-me associado a isso). Um dos melhores de toda a franquia, contudo, é o da route 26. Esta route é aquela que une Johto a Kanto. Fãs destes jogos, como, eu recordarão para sempre o momento em que, depois de cruzarmos o lago que vai de New Bark Town a esta route pela primeira vez,no preciso momento em que chegamos a terra e esta música começa a tocar, um NPC (non-playable characters, ou seja, personagens no jogo não controladas pelo jogador) dirige-se automaticamente a nós e diz: "Hey! Do you know what you just did? You took your first steps into KANTO!". Não há como não ficar entusiasmado. Esta música encontra-se, portanto, associada a euforia e triunfo - até porque, nesta altura do jogo, já derrotámos os oito ginásios de Johto e vamos a caminho da Elite 4, logo, a confiança está em alta. Esta também tem uma versão gravada para a série animada, que tenho ouvido enquanto jogo Pokémon Go. Por sua vez, em Kanto, gosto imenso do remix que fizeram para o meu tema preferido na primeira geração: The Road to Cerulean City.
Por fim, queria referir o tema dos créditos finais (que passam depois de se vencer a Elite 4 e de se vencer Red). O que é fascinante é que existe uma versão deste tema para a série animada que, ao contrário dos casos que referi até agora, tem uma emotividade completamente diferente. A versão do jogo é um tema muito alegre, festivo. A versão para a série animada dá-me vontade de chorar. É extremamente agridoce, dá mesmo a sensação de fim de história, em que as coisas não voltarão a ser o mesmo. E a verdade é que, com a terceira geração, houve muita coisa que não voltou a ser o mesmo... mas isso é conversa para a próxima entrada.
Em suma, é uma mistura de sentimentalismo e aspetos mais objetivos que fazem da segunda geração a minha preferida.
Pokémon preferidos:
Espeon e Umbreon
Já tinha dito no texto anterior que as Eeveelutions em geral encontram-se entre os meus Pokémon preferidos e como tudo isso começou. Agora vou contar a sequela dessa história. Nesta geração, obtém-se um Eevee relativamente cedo no jogo. Quando joguei a versão Silver pela primeira vez, tinha-se passado relativamente pouco tempo desde o meu episódio com o Vaporeon. Logo, quando arranjei um Eevee, fiquei contente e conservei-o na equipa até que arranjasse uma pedra para evoluí-lo. O jogo ia prosseguindo e eu, claro, não encontrei pedra nenhuma, mas não tirei o Eevee da equipa (na altura, não tinha bem a noção dos ataques que ele não ia aprendendo ao mantê-lo por evoluir). Até que um dia, ou melhor uma noite - lembro-me perfeitamente das circunstâncias: estava já em Kanto, defrontando a Erika, em Celadon - o Eevee começou a evoluir. Eu desatei a chamar pelo meu irmão:
- Mano, o Eevee 'tá a evoluir, o Eevee 'tá a evoluir, 'tá a evoluir para Umbreon, 'tá a evoluir para Umbreon!
Só mais tarde percebi como funcionavam aquelas evoluções - maximizando a felicidade/amizade do Eevee. Se essa se maximizar durante o dia, evolui para Espeon. Se se maximizar durante a noite, evolui para Umbreon. Depois disso, naturalmente não descansei enquanto não arranjei um Espeon. Mesmo assim, esse meu primeiro Umbreon tornou-se uma das estrelas da minha equipa nesse jogo. Acho que não chegou a aprender nenhum ataque do tipo Negro, mas ensinei-lhe o Zap Cannon e o Iron Tail. Eu, pelo menos, considerava-o um adversário de respeito e orgulhava-me dele.
Não que goste menos do Espeon. Para começar, na minha opinião, é o mais bonito das Eeveelutions, tirando apenas o Vaporeon. Gosto mais de usá-lo em combate do que o Umbreon, hoje em dia - por o Espeon ser mais ofensivo e ter um conjunto de ataques interessante. Umbreon é ótimo em termos defensivos, é um tanque, mas não aprende ataques de jeito para fazer muito mais do que engonhar em combate. De qualquer forma, acho que o Espeon e o Umbreon funcionam bem como um par, como antíteses um do outro - sobretudo tendo em conta que, tal como referi antes, eles representam a dualidade sol/lua, conceito que dá título aos próximos jogos.
Quagsire
Desde que voltei a jogar Pokémon com frequência, nos últimos anos, tenho vindo a desenvolver um maior apreço pelos Pokémon do tipo Terra. Estes são eficazes contra o tipo Elétrico, Fogo, Veneno, Rocha e Ferro, o que os torna muito úteis. Combinamos o tipo Terra com o tipo Água e, para além das eficácias todas, só ficamos com uma fraqueza: o tipo Erva. Este, por sua vez, tem uma infinidade de fraquezas, todos terão na equipa pelo menos um Pokémon capaz de resolver o problema. Foi por isso que o Quagsire que usei em Heart Gold fez com que a espécie subisse imenso na minha consideração. Também gosto do seu desenho.
Mareep, Flaafy e Ampharos
Tal como no caso acima, este foi um gosto que se desenvolveu nos últimos anos. Para começar, sempre gostei dos "grunhidos" do Mareep e da Flaafy: os "méééé" muito fofos. Quase tenho pena de os evoluir para Ampharos. Digo "quase" porque Ampharos é atualmente o meu Pokémon Elétrico preferido. Atrevo-me a dizer, aliás, que, neste momento, é um dos melhores do tipo Elétrico. Pode aprender ataques variados, o que lhe confere uma enorme versatilidade. Teve a sorte, também, de ganhar uma Mega Evolução que lhe dá um Special Attack absurdo. Usei dois nos meus recentes jogos na Heart Gold e na White 2 (este último foi já transferido para os nossos jogos da sexta geração) e só me trouxe benefícios.
Pokémon de que menos gosto:
Wobbuffet
Este é um daqueles Pokémon que só existe para chatear. Tem HP que nunca mais acaba, apenas aprende o Counter, o Mirror Coat (ataques que pegam nos últimos sofridos pelo Pokémon e devolvem-nos com juros ao adversário), e o Destiny Bond (que leva o seu adversário consigo, caso o Wobbuffet seja derrotado nessa jogada) e tem como abilidade o Shadow Tag, que impede o adversário de fugir ou de trocar de Pokémon. Se tiverem o azar de se cruzar com um Wobbuffet nos vossos jogos, preparem-se para perder anos de vida e sanidade mental.
Pichu, Cleffa e Igglybuff
Ao contrário de muitos fãs, eu não tenho nada contra os Pokémon bebé por princípio. Podem não ser os mais úteis em combate - longe disso, por norma - mas ao menos derretem-nos o coração com a sua fofura. A sério, quem consegue resistir ao Togepi? Dito isto tudo, o Pichu, a Cleffa e o Igglybuff não precisavam de existir. São as pré-evoluções do Pikachu, da Clefairy e do Jigglypuff, respetivamente, Pokémon que já se destacavam por serem amorosos. As suas pré-evoluções não acrescentam absolutamente nada, nem sequer são mais fofinhos que as suas evoluções - pelo contrário, são versões mais deslavadas de três dos Pokémon mais adoráveis de toda a franquia. Como dizia o outro, não havia necessidade...
A primeira geração de jogos Pokémon compreende as versões Green (exclusiva do Japão), Red, Blue e Yellow. Em fevereiro, comemoraram-se vinte anos desde o lançamento dos primeiros jogos. Estes estabeleceram a fórmula: três Pokémon iniciais (designados entre os fãs por starters); pelo menos um rival; uma região para explorar; oito líderes de ginásio a vencer de modo a obter a qualificação para a Liga Pokémon; uma organização criminosa, com o respetivo líder, para o jogador derrotar; a Liga Pokémon, constituída pela Elite 4 e um Campeão. Até os Pokémon, nas gerações seguintes, acabarão por seguir a fórmula definida por estes jogos: para além dos starters, temos sempre, perto do início do jogo, um Pokémon Voador, um do tipo Normal (geralmente pouco útil), uma ou duas linhas evolutivas de Insectos. Mais tarde no jogo, encontramos um chamado "clone do Pikachu": um Pokémon do tipo Elétrico, fofinho, mas pouco brilhante em termos de stats, um Pokémon inspirado em gatos, outro em cães e, claro, os Lendários.
Agora com Pokémon Go, tenho reparado que os primeiros 151 Pokémon possuem um charme muito próprio, que Pokémon de outras gerações não têm. Pode ser mera nostalgia, o facto de terem sido os primeiros (não tinham Pokémon anteriores com quem competir, ao contrário dos seus sucessores). Pode ser a simplicidade dos desenhos, em contraste com a complexidade dos designs de muitos Pokémon mais recentes. Não que essa simplicidade seja sempre uma virtude: vários Pokémon da primeira geração acabam por ser parecidos entre si (Rhydon parece-se imenso com Nidoking/Nidoqueen; Gastly e Cloyster têm praticamente a mesma cara); Ekans e Arbok pouco diferem de cobras normais; Grimer e Muk são meras massas disformes. Mas é inegável que os Pokémon da primeira geração têm um je ne sais quoi que os demais Pokémon não têm.
Os primeiros jogos foram um sucesso estrondoso quando foram lançados, como é do conhecimento geral, mas estes jogos possuem uma série de defeitos e glitches que só se tornam mais óbvios com o tempo. Não que isso não seja de esperar nos primeiros jogos de uma longa série. Os tipos diferentes de Pokémon tem vários desequilíbrios, com o Psíquico a ser o mais gritante. Em teoria, o tipo Psíquico seria vulnerável a Inseto e Fantasma. Na prática, o tipo Insecto demoraria várias gerações a ganhar ataques decentes; por um glitch, os ataques do tipo Fantasma não tinham efeito em Pokémon do tipo Psíquico e, mesmo sem este erro, os únicos Fantasmas da primeira geração eram também do tipo Veneno, que é vulnerável ao ataques Psíquicos. Existem outras coisas que funcionavam mal nestes jogos, aparentemente pequenas, mas que tornavam tudo mais complicado, sem necessidade: o facto de termos de abrir uma série de menus para usar HMs ou montar na bicicleta; o facto de o tema musical da bicicleta se sobrepor a todos os outros; o espaço limitado para itens; o facto de estes itens não estarem compartimentados (não imaginam a quantidade de Master Balls que eu e os meus irmãos perdermos, ao a selecionarmos por engano durante um combate); os sprites de vários Pokémon eram francamente feios (e os da versão Green, japonesa, eram piores), entre outras coisas.
De uma maneira paradoxal, os erros do jogo podem constituir um dos seus maiores apelos, para quem saiba manipulá-los a seu favor. O glitch que permite aos jogadores capturar um Mew de nível sete é um exemplo. No meu caso, o glitch que eu explorei foi o MissingNo. Em miúda, este fascinava-me e assustava-me ao mesmo tempo, pelas histórias que ouvia sobre os erros que poderia provocar ao jogo. Por esse motivo, nunca o capturei. No entanto, pura e simplesmente derrotá-lo permite multiplicar certos itens e eu abusei dessa possibilidade para obter infinitas Master Balls e Rare Candies. Acho que nunca joguei um único jogo em Red ou Blue em que não usei Rare Candies para fazer doping aos meus Pokémon, por pouco que tenha sido. Eis o meu mea culpa: eu fazia batota.
Existem muitos outros glitches que podem ser explorados, incluindo um que envolve Bulbasaurs explosivos, atravessar paredes, uma maneira de vencer o jogo em tempo recorde e uma cidade inteira toda desconjuntada, já denominada entre os fãs por Glitch City. Podem descobrir mais sobre este lado secreto dos jogos da primeira geração nestes vídeos.
Mas não é só de erros e glitches que são feitos estes jogos. Também são feitos de personagens e falas memoráveis: como o Professor Oak, que não se lembra do nome do neto; o velhote maldisposto por não ter bebido café (sim, eu sei que nos jogos originais eles está embriagado mas - falo por experiência - abstinência de cafeína também pode ser incapacitante), o treinador que gosta de calções ("Hi!I like shorts! They're confy and easy to wear!"). Mas penso que a personagem mais popular desta geração, e de quem os fãs têm mais saudades, é o rival, conhecido na comunidade por Blue Oak, ou Gary Oak, o seu homólogo na série animada. Numa altura em que os rivais nos jogos Pokémon são cada vez mais amigáveis (e mais fáceis...), muitos de nós suspiram por um adversário como Blue: que aparece para nos desafiar quando menos esperamos (com um tema inconfundível) , está sempre vários passos à nossa frente, trata-nos com arrogância e desdém. Não que gostemos, propriamente, de ser tratados assim, antes porque sabe muito melhor quando conseguimos vencê-lo. Não é por acaso que, para muitos, o melhor combate da série animada seja aqule que opõe Ash e Gary, em plena Liga Pokémon (em Johto). Depois de ser várias vezes tratado abaixo de cão por Gary - ainda que este vá melhorando com o tempo - Ash finalmente vence o seu rival e a audiência não podia ficar mais feliz. É como...
Bem, é como Portugal conquistar o Europeu à França. Agora que penso nisso, em termos de futebol, a França tem sido do Gary Oak da Seleção Portuguesa: sempre vários passos à nossa frente, de todas as vezes que nos cruzamos com eles em campeonatos de seleções; sempre tratando-nos com desdém; incrivelmente satisfatório finalmente vencê-los, na sua própria casa, arrebatando-lhes a Taça no processo.
(Por favor, não levem a mal eu estar sempre a falar do Euro 2016. Estive anos e anos à espera que Portugal ganhasse um título. Agora que finalmente o conseguiu, quero "dizê-lo cantando a toda a gente", celebrá-lo ao máximo. Até ao próximo Europeu, pelo menos. Esta não vai ser a última referência ao Euro 2016 nesta série de textos, sequer.)
Duvido que a Nintendo volte a criar um rival assim, contudo. Também admito que Blue é demasiado estereotipado e íamos cansar-nos depressa se todos os rivais fossem como ele. E nem todos os rivais amigáveis são desinteressantes... mas falaremos deles em textos futuros.
Para além destas personagens, a primeira geração não oferece muito em termos de enredo e história, tirando os confrontos com o Team Rocket. Esta é a organização criminosa original e, com uma única exceção, considero-a a mais consistente em termos de motivação. Enquanto outras organizações em jogos futuros têm objetivos muito complexos e um bocadinho parvos, por vezes, o Team Rocket é pura e simplesmente uma sociedade de ladrões com traços de Máfia. Não será por acaso que o seu líder se chama Giovanni. Já que falo dele, mencionar rapidamente que o líder do Team Rocket foi, durante muitos anos, o melhor vilão da franquia, na minha opinião - sobretudo pela maneira como o retrataram na série animada: o patrão de Jessie, James e Meowth, escondido por sombras nas suas primeiras aparições, financiando a criação de Mewtwo, entre outras coisas. Nos jogos da primeira geração, os Rockets são responsáveis pela morte da mãe do Cubone, cujo fantasma assombra Lavander Town, pelo Game Corner de Celadon e pelo assalto à Silph Company, em Saffron City - nada de muito excitante, tirando o primeiro caso. A história da mãe do Cubone é apenas uma de várias que contribui para que Lavender Town seja uma das cidades preferidas de toda a franquia como tema de lendas urbanas. Tirando isso e algumas pistas sobre as origens de Mewtwo, não temos muito mais em termos de enredo nestes jogos.
Quem dê uma olhadela aos meus blogues perceberá que a música é um denominador comum a quase todas as minhas paixões. Pokémon não é exceção. Considero mesmo as bandas sonoras como uma parte essencial da experiência dos jogos, ajudando a definir a emotividade de cada momento: seja ele familiar e reconfortante, inocente, misterioso, sinistro, intenso, super intenso, solene, eufórico, triunfante. Acredito, aliás, que a música composta por Junichi Masuda (não sei se ele ainda é o actual compositor) contribuiu para o sucesso dos jogos. Assim sendo, todos os textos desta série incluirão uma secção dedicada às bandas sonoras.
Sendo estes os jogos originais, era natural que os seus temas se tornassem icónicos. Alguns deles - como o tema de abertura (e de toda a franquia, na verdade), o dos Centros Pokémon, dos ginásios, da evolução, entre outros - regressariam em todas, ou quase todas as gerações seguintes, com as suas próprias variações. Pessoalmente, nesta geração o meu tema preferido é o intitulado The Road to Cerulean City from Mt. Moon. Ainda gosto mais da versão gravada para a série animada, com orquestra completa - tenho-a colocado a tocar enquanto jogo Pokémon Go. Estas e outras. Acho, de resto, incrível que Masuda tenha conseguido criar temas tão variados, com tanto carácter, com as limitações do sistema 8-bit.
Em suma, os jogos da primeira geração causaram um grande impacto aquando do seu lançamento, merecidamente, ainda que tenham sido construídos em alicerces frágeis e o tempo não tem sido meigo para com eles. No entanto, quase todos os defeitos que apontemos a Red e Blue podem ser justificados pelo facto de terem sido os primeiros jogos. Os criadores estavam a criar tudo do zero, às cegas, ainda sem saber ao certo o que resultava ou não. E, se a franquia conseguiu ter tanto sucesso nessa altura, lançar várias sequelas, sobreviver vinte anos e continuar popular, esses jogos originais fizeram alguma coisa bem. Mais: podem passar mais vinte anos, podem lançar mais dez gerações de jogos e eu suspeito que uma grande parte da comunidade de fãs da franquia continuará a manter Kanto e os primeiros 151 Pokémon no coração.
Irei terminar cada um dos textos desta série com os Pokémon de que mais gosto e menos gosto de cada geração. O número poderá variar, mas vou tentar limitá-los a três. Assim, sem mais de longas...
Pokémon preferidos:
Eevee e Vaporeon
Esta vem com uma história da primeira vez que joguei um jogo Pokémon - a versão Blue - até ao fim. Tinha onze anos. Nessa altura, já tinha descoberto o Missigno mas acho que ainda não o tinha usado para multiplicar Rare Candies ou, se tinha, tinha-os usado muito pouco - lembro-me de ter vários Pokémon em nível 51 quando cheguei à Elite 4, era óbvio que não estava a aproveitar-me dos infinitos Rare Candies! A Elite 4 estava a correr-me bem (mais ou menos: aquele Aerodactyl do Lance, com o seu Hiper Beam, ainda assustou...), até chegar ao Blastoise de nível 65 do rival. Consegui reduzi-lo a mais ou menos 1 HP mas ele, de repente, desata a usar Hydro Pumps, cada um deles abatendo os meus Pokémon com um só golpe. No fim, só me restava um Vaporeon, um dos tais de nível 51. Ao contrário dos meus outros Pokémon, o Vaporeon sobreviveu ao Hydro Pump (claro que um Pokémon de Água vai resistir a ataques do tipo Água mas eu ainda era muito verde nestas coisas, naquela altura) e, com um Surf, derrotou o Blastoise e ganhou-me o título de campeã. Eu fiquei histérica na altura e de imediato fiz de Vaporeon o meu Pokémon preferido, estatuto que mantém até hoje. Tal fez com que olhasse para o Eevee e para outras Eeveelutions de outra maneira - mais sobre isso adiante. Também ajuda o facto de o Eevee ser um dos Pokémon mais queridos de sempre.
Charizard
Yep. Sou uma dessas pessoas nada fixes que gosta do Charizard, que escolhe quase sempre o Charmander. Pior ainda, muita dessa afeição ao Charizard deriva da série animada. Mas eu avisei que sou sentimental. Todos concordam, mesmo assim, que o relacionamento entre Ash e Charizard é um dos mais interessantes. Ash resgata-o, ainda sob a forma de Charmander, depois de o teu treinador original o ter abandonado, quase lhe provocando a morte. No início, os dois dão-se bem. No entanto, Charmander evoluiu para Charmeleon e depois para Charizard antes que Ash estivesse preparado para isso e o Pokémon deixa de lhe obedecer. Especula-se se esta rebeldia de Charizard é inspirada na mecânica dos jogos, em que um Pokémon obtido por troca deixa de obedecer a partir de um certo nível, a menos que o jogador já tenha conquistado um determinado número de crachás de ginásio - se, de uma maneira semelhante, Charizard considera que Ash não é suficientemente competente como treinador para merecer obediência. Ash demora imenso tempo a ganhar controlo sobre Charizard e paga caro por isso. Consegue, finalmente, renovar o laço com Charizard depois de, como já tinha referido antes, passar a noite inteira a cuidar dele após Charizard se ferir num combate. Depois disso torna-se, inquestionavelmente um dos melhores Pokémon de Ash, tendo protagonizado alguns dos melhores combates da série animada: o já referido com Gary, contra o seu Blastoise; contra o Blaziken de Harrison; contra o Articuno de Noland.
Eu concordo que o Charizard foi sempre muito sobrevalorizado e que a própria franquia o tem favorecido descaradamente em relação a outros Pokémon (ele precisava mesmo de duas Mega Evoluções?). O Venusaur e o Blastoise em nada são inferiores a Charizard, na minha opinião. No entanto, continuo a gostar imenso de Charizard por ser a estrela da equipa de Ash.
Pokémon de que menos gosto:
Jynx
Este Pokémon sempre causou muita controvérsia por, alegadamente, ter sido baseado num estereótipo racista. A Game Freak acabou por lhe mudar a cor da pele de negro para roxo, mas o desenho Jynx continua a causar-me impressão. Com os seus olhos, boca e seios exagerados, parece-me uma caricatura às mulheres, negras e não só. Não gosto mesmo nada.
Grimer e Muk
Já os tinha referido quando falei dos desenhos pouco inspirados de certos Pokémon desta geração. Estes Pokémon são constituídos por poluentes tóxicos, encontrados em esgotos industriais, que tornam a terra estéril à sua passagem. Não me atrai em nada.
Podem não acreditar, mas eu já contava escrever uma série de textos sobre Pokémon há umas semanas, mesmo meses. Em ano de vigésimo aniversário, a poucos meses do lançamento dos jogos Pokémon Sun&Moon, após alguns meses de atividade reduzida aqui no blogue, com a necessidade de ter algo que me entretivesse e consolasse no muito provável caso de Portugal ser expulso do Europeu (acabou por não ser preciso...), esta parecia-me uma boa altura para escrever sobre os jogos Pokémon. Até porque, até ao momento, só falei da franquia a propósito dos filmes e da série animada. Mesmo durante o Europeu, quando tinha tempo, ia pesquisando e planeando os textos que se seguirão.
No entanto, esta passou de uma altura boa para uma altura excelente para se escrever sobre Pokémon, já que a a aplicação Pokémon Go foi lançada em Portugal há poucas semanas e, contra todas as expectativas (sobretudo as minhas), foi um sucesso estrondoso, fazendo com que a franquia voltasse a estar na moda, cerca de quinze anos depois da última vez.
Hei de falar sobre Pokémon Go mais à frente nesta série de textos, mas passo desde já a adiantar que, embora ansiasse por este jogo, nunca pensei que tivesse este impacto. Nem nos meus sonhos mais irrealistas. Mas, já que ressuscitou a popularidade da franquia, ao que parece, não podia estar mais feliz.
Nesta série de textos vou falar de cada uma das gerações de jogos Pokémon, daquilo que considero os seus pontos fortes e fracos, o impacto que teve em mim. Conforme, de resto, já é hábito aqui no blogue, não vou ser propriamente isenta, muitas das minhas opiniões serão influenciadas por sentimentalismo e nostalgia. Mais: devo avisar que não experienciei todos os jogos da mesma maneira e isso afetou, naturalmente, a minha percepção. Joguei os jogos das primeiras três gerações mais ou menos à medida que estes iam sendo lançados, numa altura em que a Internet ainda não era o que era hoje. Tudo o que sabíamos sobre Pokémon descobríamos nós mesmos, através da série animada (que está longe de ser uma boa fonte de informação. À semelhança de muitos, durante muito tempo pensei que os Pokémon do tipo Elétrico eram ineficazes contra os de tipo Rocha), de amigos (lembro-me de perguntar a imensas pessoas como se chegava ao Articuno no Pokémon Blue e de chatear um amigo meu até à exaustão para que ele me explicasse como se evoluía um Nidorino para Nidoking) ou de revistas especializadas.
Depois de FireRed, passei muitos anos sem jogar nenhum jogo novo e nem sequer me atualizei em relação à franquia até 2012. Só quando descobri várias comunidades de fãs online, sobretudo no YouTube, é que me fui informando, gradualmente, sobre os jogos da quarta e da quinta geração e assistindo ao início da sexta. Só nessa altura é que percebi que não sabia quase nada sobre os aspetos mais técnicos dos jogos. Metade dos meus conhecimentos sobre as efetividades e as fraquezas de cada tipo estavam erradas (continuo a achar que tinha mais lógica Gelo ser eficaz contra Água). Não sabia o que eram os stats e, de início, achava que "E.V." era uma abreviatura para Eevee.
Ainda assim, só há dois anos depois voltei a jogar eu mesma, sozinha - antes disso, assistia a infinitos playthroughs no YouTube, via a minha irmã jogar, dava-lhe uma mãozinha de vez em quando. Como em tudo na vida, fazer é completamente diferente de ver fazer. De qualquer forma, quando joguei os jogos da quarta, quinta e sexta geração eu mesma pela primeira vez, já tinha imensa informação de anos vendo pessoas diferentes jogando. Se, mesmo assim, tinha alguma dúvida, tinha o Bulbapedia, o Serebii e uma infinidade de outros recursos online. Não é a mesma coisa que jogar completamente, ou quase, às cegas - é um dos motivos pelos quais anseio tanto por Sun&Moon. Em todo o caso, posso dizer que joguei eu mesma pelo menos uma vez todos os jogos (no caso de jogos a pares, como por exemplo Red&Blue, joguei pelo menos um deles. Mais especificando, joguei Blue, Silver, Sapphire, FireRed, Pearl, Black, White 2 e X), tirando a versão Yellow (não acabei) e OmegaRuby/Alpha Sapphire (embora tenha ajudado a minha irmã).
Por fim, quero deixar bem claro que sou uma jogadora casual. Não estou particularmente interessada na chamada parte competitiva do jogo. Já percebo muito mais da parte técnica do jogo. Tenho em conta os stats, as natures e afins na hora de escolher que Pokémon quero na minha equipa. Já sei o que são E.V.s e I.V.s (bem, mais ou menos...), já aprendi a fazer E.V. training e já vou conseguindo manipular os I.V.s e os Egg Moves na hora de, como diz a minha irmã, "pôr ovinhos". No entanto, continuo a tomar decisões com base no sentimentalismo e/ou no gozo que me dá. Como, por exemplo, pôr ovinhos até ter um Tyrantrum que conhece os ataques Poison Fang, Ice Fang, Thunder Fang e Fire Fang. Estou aqui para me divertir. Não que criar uma equipa de Pokémon perfeitos em termos de E.V.s e I.V.s, com um conjunto de ataques letal, de modo a dizimar adversários em competições não possa ser divertido, mas não é a minha prioridade.
Dito isto tudo, na próxima entrada começarei a falar da primeira geração de jogos Pokémon. Vou tentar não demorar demasiado tempo a publicar estes textos, mas não posso prometer nada, pois tenho muito a dizer sobre o assunto. Continuem desse lado.