Última parte da crítica a The Hunting Party, dos Linkin Park. Podem ler as três primeiras partes aqui, aqui e aqui.
"We are not satisfied
We are hungry
Hungry for the visceral
Cathartic
Inspired
Defiant
We are not heroes
Or anti-heroes
We carry only the flag
That is our own
Now is not the time
To look back and see
If anyone is following
Now is the time to
charge forward
Into the unknown"
The Hunting Party é, definitivamente, um dos álbuns mais pesados e roqueiros da banda, se não for o mais pesado. As guitarras e, sobretudo, a bateria são senhoras e rainhas pela primeira vez em muito tempo na discografia da banda, a primeira, em particular, enlouquece com frequência ao longo do álbum. Já aqui tinha referido que eles estão a tentar resgatar o rock, mas Mike, em declarações posteriores, afirmou mesmo que a mensagem de The Hunting Party vai além disso. Os Linkin Park não se limitam a ser agressivos na sonoridade, eles afirmam-se agressivos na atitude, no modo de vida, pro-ativos, carnívoros, caçadores, eles vão atrás daquilo que querem, em oposição a uma certa cultura de passividade predominante na sociedade atual. Daí o titulo The Hunting Party.
Não tenho gostado, por outro lado, da direção que algumas das declarações de Mike tomaram. Segundo ele, a banda queria fazer uma espécie de regresso à adolescência, à altura em que rejeitavam teimosamente qualquer sonoridade que passasse num anúncio publicitário ou de que os seus pais gostassem, no fundo, que fosse "mainstream". Admito que muito boa gente possa identificar-se com essa filosofia, eu no entanto acho que é infantil e mesmo, sendo eles uma banda de sucesso, hipócrita. Vou supor, por isso, que eles tenham falado disso apenas do ponto de vista de nostalgia.
Todo o conceito de resgatar o rock, mesmo dos carnívoros e caçadores, é interessante mas acaba por não se refletir diretamente nas letras das músicas, tirando o rap de Guilty All the Same, e mesmo assim. Uma incoerência sem grande importância, mas real. As temáticas são praticamente todas Linkin Park, com o tema da guerra e tudo o que com ela se relaciona a predominar - o que confere consistência ao álbum em termos de conceito. Por outro lado, The Hunting Party não repete o erro de alguns dos seus antecessores ao não incluir faixas demasiado parecidas umas com as outras, pelo menos não ao ponto de se confundirem.
Considero The Hunting Party um bom álbum, sólido, não por ser mais parecido com The Hybrid Theory e Meteora que com A Thousand Suns ou Living Things, como a maior parte dos fãs, mas sim porque, dentro do seu estilo, está bem feito. Ao contrário de muito boa gente, não acho que os três álbuns da banda tenham sido um erro, muito menos Living Things.
Devo confessar, aliás, que gosto mais de Living Things do que de The Hunting Party. Não por achar que LT é melhor, porque não é (tem, também, as suas imperfeições), é uma questão de preferência pessoal. Living Things tem um equilíbrio perfeito entre o rock e o eletrónico, entre a emoção e a agressividade, tem mais diversidade que The Hunting Party. No entanto, tudo isto não é defeito, é feitio. Os Linkin Park não queriam fazer um Living Things 2.0, queriam fazer um disco mais rock que eletrónico, agressivo, macho. E como o fizeram bem, não se pode criticar.
Por outro lado, eu fico sempre algo desconfortável quando um artista ou banda adota um estilo num trabalho novo que rompe com o estilo de discos anteriores. Dá a sensação - sobretudo em conjunto com algumas declarações aquando do lançamento dos álbuns em questão - de que estão a renegar os trabalhos anteriores. Mesmo depois de testemunhar mudanças do género em... bem, praticamente todos os cantores ou bandas que acompanho, de falar várias vezes neste assunto aqui no blogue, frequentemente contrariando-me a mim própria, ainda não decidi em que circunstâncias gosto que os artistas mantenham o estilo que os caracteriza ou se prefiro que eles procurem evoluir.
Pelo menos em relação a The Hunting Part e aos Linkin Park , não tenho nada de negativo a assinalar, tirando um pormenor ou outro. A banda fez um bom álbum, ao seu nível, não desiludiu. Não se podia exigir mais.
Não posso deixar de falar do concerto do Rock in Rio, a que assisti ao vivo e... na primeira fila. Não exatamente à frente do palco, mais à direita, um local que as câmaras não captavam mas, de qualquer forma, bem melhor do que me atrevia a sonhar - até porque só conseguimos arranjá-lo não muito antes do início da atuação dos Linkin Park. (Não vou dizer como é que conseguimos este lugar, pois tenciono voltar a usar este truque quando surgir a oportunidade) Se tivesse sabido antes, teria levado qualquer coisa, um cartaz, uma bandeira, um cachecol, qualquer coisa que pudesse oferecer-lhes atirando para o palco. Fiz questão de ficar mesmo junto à grade, pedi à minha irmã e aos amigos dela, com quem fui ao concerto, para se juntarem a mim, mas eles quiseram ficar mais atrás, alegando que se via melhor. Mais tarde arrepender-se-iam.
Quanto ao concerto em si, devo dizer que fiquei algo desiludida em alguns aspetos, começando pela setlist. Achei interessantes as misturas de músicas e as longas introduções instrumentais - um elemento que, mais tarde, predominaria no álbum novo - mas as faixas incompletas (algumas das quais das minhas preferidas) irritaram-e. De Crawling, por exemplo, só tivemos direito ao refrão.
Por outro lado, gostei da inclusão na música original do refrão de Numb/Encore.
Outro aspeto que desiludiu foi a falta de contacto com o público, em comparação com as atuações anteriores no Rock in Rio. Sobretudo agora em que eu estava na fila da frente e tudo. Depois de nas duas edições anteriores Mike ter ido ao público em In the End e daquele cachecol do F.C. Porto do concerto de 2012, o concerto deste ando foi definitivamente um desapontamento. Nesse aspeto, o concerto de há dois anos foi melhor, até porque a setlist incluia mais das faixas favoritas dos fãs.
No entanto, por muitas críticas que lhe façamos, nenhum concerto é mau quando é com um cantor ou banda de que realmente gostamos. E eu fiz por aproveitar aquele concerto ao máximo. Portei-me como uma autêntica metaleira, dando headbangs como nunca na minha vida, saltando, batendo palmas, cantando em altos berros. Fiquei de bangover durante dois ou três dias. Eles chegaram a cantar mesmo à minha frente, o Mike uma vez, o Chester três vezes (de uma das vezes meteu piada ver o Chester com um pé em cima de um caixote do lixo e um segurança segurando esse mesmo caixote...). Julgo que chegaram a olhar para mim. Na altura, fiz gestos pedindo que viessem para ao pé do público. Hoje vejo que teria sido melhor ter-lhes soprado beijos ou feito vénias. Mas quando estas coisas acontecem, não há muito tempo para pensar.
O melhor foi mesmo no final, nas despedidas, quando o Chester saltou do palco para contactar com o público do meu lado. Chegou a ir abraçar-se a uma miúda em lágrimas, mesmo na ponta da fila. Passou rapidamente pela zona onde eu estava, dando-me tempo para lhe agarrar a mão durante dois segundos, se tanto. As pulseiras dele arranharam-me os dedos. Meio minuto depois, em completo modo fangirl, gabava-me:
- Eu toquei na mão do Chester!
A minha irmã, naturalmente, ficou com vontade de me matar mas, em minha defesa, eu bem insisti que ela viesse para ao pé de mim.
Coisas de fangirl à parte, já aqui tinha falado de como tenho vindo a admirar muito Chester Bennington ao longo dos últimos anos, sobretudo tendo em conta o seu passado complicado. Hoje sinto-me grata por ele ter sobrevivido a todas essas dificuldades, tendo sido capaz de me proporcionar, juntamente com os companheiros de banda, mais uma noite inesquecível, bem como os álbuns dos Linkin Park e Dead By Sunrise.
Entretanto, Bryan Adams anunciou que se prepara para lançar ao longo dos próximos meses nada mais nada menos que três álbuns. Um de covers e uma única música inédita, intitulado Tracks of My Years, com edição prevista para o próximo mês, cuja capa é apresentada em cima (por favor, ignorem o cabelo...). O segundo álbum será uma reedição de Reckless, para comemorar os trinta anos de lançamento, com músicas extra - suponho que saia em novembro, à volta do dia 5, a data do lançamento do álbum original. Por fim, algures em 2015, lançará um disco de originais.
Não deixarei de falar desses trabalhos à medida que forem sendo editados - tenho aliás uma série de notas sobre Reckless, redigidas ainda antes de saber da edição especial, que pensava utilizar para escrever uma entrada a propósito do aniversário deste álbum. Anseio sobretudo pelo álbum de originais, o primeiro desde 11 em 2008. Durante algum tempo pensei que Bryan não tornaria a lançar um CD de músicas inéditas. Ele não precisa, não tem nada a provar, e agora dá demasiado trabalho em termos de marketing e promoção lançar álbuns de originais - e ele nunca foi adepto de entrevistas. Ele podia perfeitamente continuar em modo de celebração de carreira, lançando faixas inéditas aqui e ali, dando concertos Bare Bones ou de banda completa, e, pelo menos ao longo dos próximos anos, continuaria a arrastar multidões atrás de si sem grandes dificuldades. Mas se Bryan quer lançar um décimo-segundo álbum, eu não me queixo, até aprecio. Entre outras coisas porque, em princípio, associado a esse álbum virá um concerto em território português - mas sobre isso falarei melhor em caso de confirmação.
Estas foram as primeiras entradas após uma ausência prolongada. Queria ver se, nos próximos tempos, conseguia escrever alguns textos que ando a adiar há semanas, ou mesmo meses, mas a minha vida anda complicada, às vezes falta-me a vontade de escrever. Talvez as publicações voltem a ter alguma regularidade quando as coisas melhorarem, mas não estou em condições de prometer nada. Vou fazer por insistir na escrita, que às vezes é a única coisa que faz sentido na minha vida. Foi sempre assim. Até lá...
Na passada segunda-feira, dia 5 de maio, a banda norte-americana Linkin Park lançou Until It's Gone, o segundo avanço do seu sexto álbum de estúdio, The Hunting Party (tal como eu calculava que fariam mais ou menos nesta altura). Depois de o primeiro single, Guilty All the Same, se destacar pela sonoridade crua e metaleira, em Until It's Gone são resgatados alguns dos elementos que caracterizaram os últimos trabalhos da banda. No entanto, não se deixa de notar uma partida relativamente a Living Things, uma base bem mais rock.
"'Cause finding what you got sometimes
Means finding it alone"
Vou começar pelo menos bom da música, que é a letra. Esta encaixa-se no que é típico dos Linkin Park; no entanto torna-se demasiado repetitiva, acabando por se tornar irritante. Martela vezes sem conta a frase-feita "you don't know what you've got until it's gone" e o (escasso) resto da letra gira em torno disso. O que é pena, porque alguns versos da segunda estância tinham potencial para ir além do chavão, dar um pouco mais de profundidade à música, se as ideias latentes tivessem sido desenvolvidas. É a segunda vez num curto espaço de tempo que as letras da banda caem na armadilha dos clichés, das frases-feitas, espero que isto não esteja a constituir-se um hábito.
O arranjo musical é, de longe, o ponto forte de Until It's Gone. Em ritmo midtempo, a faixa abre com uma sequência eletrónica, que se torna a marca identificativa de Until It's Gone. Não faltam guitarras elétricas, com o respetivo solo, que se misturam com órgãos de igreja e um som que se assemelha ao repicar de sinos. A maior surpresa reside nos coros suave. Todos estes elementos conjugados conferem a Until It's Gone um carácter em simultâneo épico e dramático. Não me lembro de os Linkin Park alguma vez terem lançado uma música assim - talvez o tenham feito em A Thousand Suns, não estou tão familiarizada com ese álbum. Possui, contudo, alguns ecos de Powerless.
A única falha da sonoridade de Until it's Gone diz respeito aos perfeitamente desnecessários efeitos na voz de Chester.
Conforme já foi dado a entender anteriormente, Until It's Gone diverge de Guilty All the Same e mesmo daquilo que tem sido descrito como o estilo de The Hunting Party. Calculo que a música tenha sido incluída no álbum de propósito para servir de single radiofónico. Porque, sejamos sinceros, por muito que eles queiram salvar o rock, não vão conseguir fazê-lo se o álbum não for ouvido por ninguém a não ser os fãs da banda e/ou do estilo musical. O tema até se encaixa na premissa de que já falei aqui no blogue: a ideia em que os produtores musicais parecem acreditar, de que, hoje em dia, os apreciadores de música só conseguem decorar três versos por música no máximo.
Não digo que o desejo deles de terem tempo de antena seja uma coisa má, atenção. Numa altura em que, no meu estágio, temos a Rádio Comercial ligada o dia todo (acreditem, não é pêra doce), seria agradável ouvir Until It's Gone por entre os temas que, não sendo maus, se tornam cansativos de tanto serem martelados repetidamente sob a forma de ondas hertzianas. O meu problema com esta música é que, na minha opinião, Until It's Gone tinha potencial para ser algo extraordinário, ao nível dos melhores temas dos Linkin Park - e chegou a parecer-mo da primeira vez que a ouvi - mas, por causa da letra pouco imaginativa, contenta-se em ser apenas "boa".
Espero, sinceramente, que isso não seja a regra no resto de The Hunting Party porque, depois de Living Things, tenho a fasquia alta. O mesmo se passa com o concerto do Rock in Rio, dia 30 deste mês, que espero tão bom como os das edições de 2008 e 2014. Sei que estou a ser exigente, mas temos pena. Foram os Linkin Park que me habituaram mal.
Na semana passada, a banda californiana Linkin Park lançou, algo inesperadamente, o primeiro single do seu sexto álbum de estúdio, ainda sem título, de edição prevista para junho. A música chama-se Guilty All the Same e conta com a participação do rapper Rakim.
"You want to point your finger
But there's no one else to blame"
O que se destaca mais em Guilty All the Same (por algum motivo, ando a dizer na minha cabeça Guilty All the Way... enfim) é a sua sonoridade. Depois de dois álbuns com uma forte componente eletrónica, e em diametral oposição ao forte dubstep de A Light that Never Comes, o novo single dos Linkin Park tem um som rock muito pesado, cru, visceral, metaleiro - o mais parecido com isto que conheço são certas músicas dos Sum 41, em particular do seu último álbum. Guilty All the Same possui longas sequências instrumentais, incluindo uma introdução de minuto e meio. É dominada por guitarras elétricas, com destaque para a sequência de abertura e encerramento, que se torna a imagem de marca da música, e um riff que mimetiza a melodia. Possui, ainda, uma bateria que não se contenta com o papel hoje em dia reservado aos sintetizadores, que repetem o mesmo padrão de batida do princípio ao fim, com poucas variações. Ainda se ouve piano, primeiramente na já referida introdução de minuto e meio, imitando a sequência de marca da musica; é ouvido, depois disso, no apoio às estâncias.
Nesta música tão pesada, a melodia revela-se surpreendentemente cativante, em particular nas estâncias. Nada a apontar à interpretação de Chester Bennington, embora ele pudesse ter complementado a música com um dos seus icónicos gritos. Talvez receassem que a música ficasse demasiado pesada. No entanto, não me custa imaginar o Chester apimentando a interpretação ao vivo de Guilty All the Same dessa forma muito sua.
Sobre a letra, não há muito a dizer. Aborda um tema tipicamente Linkin Park, com críticas a pessoas que julgam que sabem tudo, que têm sempre razão, que encontram defeitos em tudo exceptuando elas mesmas. Não é particularmente original nem memorável, mas não é má. É definitivamente melhor que A Light that Never Comes. Eu até gosto da estrutura das estâncias.
A terceira parte da música, com o rap, é a de que gosto menos. Na minha opinião, falta energia à interpretação de Rakim, esta não condiz com o carácter da música. Bastava, pura e simplesmente, o tom subir uma oitava. Não sou capaz de compreender esta participação especial, tirando o facto de Mike Shinoda - o habitual rapper dos Linkin Park - ter afirmado ser grande fã de Rakim, mas eu penso que Mike faria melhor trabalho. A letra do rap traça críticas ao capitalismo, à indústria musical, mas, mais uma vez, nada de particularmente memorável ou fora do vulgar.
Segundo declarações de Chester e Mike, a sonoridade do álbum novo estará dentro deste estilo, que penso ser o mais pesado de sempre da banda, mais pesado ainda que os primeiros álbuns. Mike afirmou que queria "preencher um vazio" existente na rádio dos dias de hoje. Eu pergunto-me se a intenção dos Linkin Park será, realmente, ressuscitarem o estilo musical. A ser verdade, será de louvar, estarão a fazer um favor a inúmeras bandas de rock que não conseguem, ou não querem, adaptar-se ao eletro-pop da rádio atual. Esperemos é que sejam bem sucedidos, o que não está garantido. Uma coisa é agradarem aos fãs hardcore, que nunca alinharam muito no estilo dos últimos álbuns. Outra coisa é a reação do mundo da música geral a este estilo pouco radiofónico.
Intenções nobres à parte, visto que o álbum só sairá em junho, ou mesmo depois (espero não ter uma nova situação à Avril Lavigne, o álbum), talvez se lance um segundo single em finais de abril, inícios de maio. Talvez, à semelhança do que aconteceu em 2012, apresentem uma ou outra música inédita no concerto do Rock in Rio, a que vou assistir.
Guilty All the Same não teve, para mim, o mesmo impacto que Burn it Down teve quando saiu. Acho até que gosto mais de A Light that Never Comes, apesar de ser mais imperfeita - coisas incompreensíveis. O que não me impede de gostar muito de Guilty All the Same, de ansiar pelo resto do álbum. Quer-me parecer que, com os Linkin Park e Hydra, dos Within Temptation, 2014 será o ano do metal para mim. Vai ser engraçado.
Neste momento, encontro-me em estágio, pelo que tenho menos tempo aqui para o blogue. No entanto, vou tentar não deixá-lo ao abandono durante demasiado tempo. Não deixem de visitá-lo, de vez em quando.
Os Within Temptation são uma banda holandesa que conheci melhor este ano e que se tornou uma das minhas preferidas. Julgo que o seu estilo é chamado "gothic-metal"; embora também tenha ouvido falar de outros rótulos.
Um aparte só para professar que não acho graça nenhuma a estes rótulos. Para além de, muitas vezes, não serem esclarecedoras em relação à sonoridade - alguém vai ter de me explicar um dia destes o que é alternative rock, power punk, emo-core, nu-metal, christian rock, etc - são limitativos. Apresentam uma banda, colam a expressão punk pop ou christian metal e se, nos álbuns seguintes, a banda tenta criar um som que fuja a esse rótulo, atira-se tudo ao ar. Antigamente pensava que isso só acontecia com a Avril Lavigne - a transição do Under My Skin para o The Best Damn Thing ainda hoje está atravessada na garganta de muitos fãs - agora vejo que é com praticamente todos os cantores e bandas. Os Linkin Park, os Green Day, os Sum 41, até estes, os Within Temptation! Por isso é que eu prefiro, na maior parte dos casos, definir as sonoridades pelos cantores e bandas que as costumam adotar, pelos instrumentos musicais e por nomes mais genéricos como, pura e simplesmente, "rock" ou "pop" ou "rap".
Mas regressemos aos Within Temptation. Trocado por miúdos, eles misturam rock com a sonoridade de orquestras sinfónicas e instrumentos célticos criando um som que serviria perfeitamente de banda sonora a filmes/séries/livros de ação e, em particular, de fantasia medieval. Isto constitui ao mesmo tempo um ponto forte e um ponto fraco pois não é música dodia a dia, com que qualquer um se possa identificar. Contudo, para mim, constitui grande fonte de inspiração para a minha escrita.
Este é o CD mais recente deles, que foi lançado juntamente com uma banda desenhada e uma série de curtas-metragens e, no fundo, serve de banda sonora a uma história protagonizada por Sinéad - algo que faz sentido, tendo em conta aquilo que mencionei acima e que para mim, como escritora, é muito interessante. Neste álbum, os Within Temptation adotaram uma sonoridade mais "moderna", digamos assim, um pouco mais na corrente da música atual. Nota-se, até, no videoclipe do single Sinéad, que eles estão atentos às tendências da música atual. Isso para mim é o maior defeito do álbum, o facto de terem perdido um pouco a influência céltica/medieval que marcou, por exemplo, o álbum The Silent Force (que possui músicas como Memories e que, para mim, é o melhor álbum da banda).
Em todo o caso, não deixa de ficar bem claro que é um CD dos Within Temptation. O mais importante, aquilo que os distingue de outros artistas, o carácter épico, inspirador, das músicas continua lá. A diferença é que agora, em vez da fantasia medieval, temos uma história de açãocontemporânea, estilo Sobrenatural. As minhas músicas preferidas são os singles A Shot In The Dark e Faster, pelo tom combativo. E já tinha mencionado Iron na crítica a Living Things dos Linkin Park. Outro destaque é a balada Utopia, a mais conhecida (penso eu), apesar de a sonoridade fugir um pouco ao estilo habitual deles.
The Unforgiving é, deste modo, um álbum a recomendar, sobretudo aos amantes do rock e àqueles que procuram uma alternativa à cansativa música da moda. Julgo também que, quem gosta de Evanescence, há de gostar de Within Temptation.