Na passada sexta-feira, dia 27 de agosto, a banda canadiana Simple Plan lançou um novo single, retirado do seu quinto álbum de estúdio, ainda sem título, ainda sem data de lançamento, ainda inacabado ao que parece. A canção, chamada Boom, não era totalmente desconhecida dos fãs, visto que já tinha sido apresentada ao vivo no fim do ano passado, sob a forma acústica. Aparentemente, Saturday foi apenas um single promocional (que alívio!), Boom é o verdadeiro primeiro single, veio com videoclipe e tudo.
Como poderão ler aqui, o avanço anterior deste álbum desconhecido, Saturday, desiludiu-me. No entanto, como já gostava da versão acústica de Boom, era altamente provável que fosse gostar da versão de estúdio. E foi o que aconteceu.
Ainda não sei de qual versão gosto mais, se da acústica, se da com banda completa. De qualquer forma, em ambas o ponto forte é a letra: faz-me lembrar Still Into You no sentido em que fala de um amor que tem resistido ao tempo e a um mundo imperfeito. A minha parte favorita da letra é o refrão: o verso em que o narrador compara a amada a uma canção preferida é uma das coisas mais românticas que já ouvi. Encontrar alguém que nos emocione continuamente, que nos console, que nos faça sentir vivos da maneira como só as músicas da nossa vida conseguem (efeitos que, de resto, já foram muito bem descritos em This Song Saved My Life) é algo a que todos nós devemos aspirar.
Tirando a parte dos "Boom!", se calhar, a versão acústica seria mais adequada à letra romântica. Na versão de estúdio, a letra perde-se um pouco no meio das guitarras barulhentas e bateria frenética, da sonoridade explosiva a condizer com o título. Uma pessoa comum que oiça esta música da rádio há de reparar mais depressa nos "Boom! Boom-boom-boom-boom-boom-boom-boom..." do que na metáfora que descrevi no parágrafo anterior. É óbvio que os "Boom!" foram colocados precisamente para isso, para chamar a atenção. O próprio Pierre Bouvier, o vocalista, disse qualquer coisa como:
- A partir de agora, as pessoas vão falar desta música como "aquela dos Simple Plan com os Boom-boom-boom".
O grande mérito de Boom é, assim, conjugar potencial radiofónico e para concertos ao vivo com alguma substância - ficando a anos-luz da fraquíssima Saturday. Ainda é muito cedo para decidir se Boom arranjará lugar entre as minhas preferidas dos Simple Plan, mas já se tornou uma das minhas favoritas deste ano.
OK, eu sei que temos tido poucos singles dos meus artistas preferidos em 2015, mas mesmo assim...
Este tem sido um ano fraquinho em termos de música nova dos meus artistas preferidos. Por esta altura, há um ano, já tinha dois álbuns novos - três, se contarmos com Ghost Stories, dos Coldplay. Este ano, apenas conta Fly, de Avril Lavigne. No entanto, isto está prestes a mudar pois, a médio prazo, poderemos contar com material novo sobre o qual eu possa escrever. Uma parte desse material dirá respeito ao quinto álbum de estúdio da banda canadiana Simple Plan. Ainda não tem título, nem data de lançamento, mas o primeiro single, Saturday,foi lançado há poucos dias.
"You and me, baby,
Nothing but Netflix"
Eu aguardava este álbum e este primeiro single com interesse pois, além de estar ansiosa por música nova, gostei imenso do EP que lançaram há pouco mais de ano e meio, Get Your Heart On - The Second Coming. No entanto, quando cliquei no play para a primeira audição e levei com uns gritos de "S! A! T-U-R! D-A-Y!", a minha reação foi:
- ...a sério?
Este espírito manteve-se ao longo dos três minutos certinhos que dura a faixa - três minutos de clichés de músicas de borga, alguns que já vêm da década passada. Acho que não existe um único verso nesta letra que não seja uma paráfrase de algo que já tenha ouvido noutro lugar. Por exemplo, a única frase mais batida que "let's get epic" é "legen... wait for it... dary!". Outro exemplo diz respeito a frases como "We can go get drunk, stayin' up all night" parecem recicladas de Outta My System - uma música com um tema não assim tão diferente, mas muito melhor conseguida em quase todos os aspetos.
Eu poderia deixar passar a letra pouco original se a melodia e o tratamento musical a redimissem. Infelizmente, não é isso que acontece. Não desgosto da melodia mas também esta me parece reciclada de outras músicas dos Simple Plan. Tal como dei a entender antes, não achei piada ao S-A-T-U-R-D-A-Y - se o facto de eles estarem a soletrar uma palavra numa canção já é suficientemente cliché, o facto de usarem vozes de crianças no coro não faz nada pela originalidade da faixa. A batida é vulgaríssima. O solo de teclados tem o seu interesse. Em termos musicais, em suma, Saturday parece um genérico de uma série do Disney Channel - o que é estranho para um tema de fala de apanhar uma piela e desmaiar no próprio vomitado.
Resumindo e concluindo, Saturday é uma desilusão. Qualquer um percebe que esta é uma tentativa de criar um êxito radiofónico - não posso censurá-los por quererem ter sucesso comercial, sobretudo com a pressão que as editoras discográficas exercem sobre os artistas. Eu sei que eles conseguem melhor do que isto - a canção "Boom", que só conhecemos de uma atuação acústica do ano passado, é mil vezes superior com o seu tratamento acústico e áudio amador, do que Saturday com uma produção completa. É por isso que dou à banda o benefício da dúvida no que toca ao seu próximo álbum.
De qualquer forma, um dia destes torno a ouvir os álbuns antigos dos Simple Plan. Talvez até escreva sobre eles.
Entretanto, não devemos ficar por aqui em termos de música nova. Bryan Adams deixou pistas relativamente a um novo single e ao tal novo álbum de originais que eu espero há quase um ano (a fotografia acima é um screenshot do videoclipe). Também a Avril tem andado a brincar com a ideia de um single novo em breve. E ainda estou à espera que os Sum 41 digam alguma coisa sobre um possível álbum novo.
Quanto a nós, tenho várias entradas em processo de planeamento, uma já meio rascunhada. Fazendo um esforço para as publicar o mais cedo possível...
Última parte da crítica a The Hunting Party, dos Linkin Park. Podem ler as três primeiras partes aqui, aqui e aqui.
"We are not satisfied
We are hungry
Hungry for the visceral
Cathartic
Inspired
Defiant
We are not heroes
Or anti-heroes
We carry only the flag
That is our own
Now is not the time
To look back and see
If anyone is following
Now is the time to
charge forward
Into the unknown"
The Hunting Party é, definitivamente, um dos álbuns mais pesados e roqueiros da banda, se não for o mais pesado. As guitarras e, sobretudo, a bateria são senhoras e rainhas pela primeira vez em muito tempo na discografia da banda, a primeira, em particular, enlouquece com frequência ao longo do álbum. Já aqui tinha referido que eles estão a tentar resgatar o rock, mas Mike, em declarações posteriores, afirmou mesmo que a mensagem de The Hunting Party vai além disso. Os Linkin Park não se limitam a ser agressivos na sonoridade, eles afirmam-se agressivos na atitude, no modo de vida, pro-ativos, carnívoros, caçadores, eles vão atrás daquilo que querem, em oposição a uma certa cultura de passividade predominante na sociedade atual. Daí o titulo The Hunting Party.
Não tenho gostado, por outro lado, da direção que algumas das declarações de Mike tomaram. Segundo ele, a banda queria fazer uma espécie de regresso à adolescência, à altura em que rejeitavam teimosamente qualquer sonoridade que passasse num anúncio publicitário ou de que os seus pais gostassem, no fundo, que fosse "mainstream". Admito que muito boa gente possa identificar-se com essa filosofia, eu no entanto acho que é infantil e mesmo, sendo eles uma banda de sucesso, hipócrita. Vou supor, por isso, que eles tenham falado disso apenas do ponto de vista de nostalgia.
Todo o conceito de resgatar o rock, mesmo dos carnívoros e caçadores, é interessante mas acaba por não se refletir diretamente nas letras das músicas, tirando o rap de Guilty All the Same, e mesmo assim. Uma incoerência sem grande importância, mas real. As temáticas são praticamente todas Linkin Park, com o tema da guerra e tudo o que com ela se relaciona a predominar - o que confere consistência ao álbum em termos de conceito. Por outro lado, The Hunting Party não repete o erro de alguns dos seus antecessores ao não incluir faixas demasiado parecidas umas com as outras, pelo menos não ao ponto de se confundirem.
Considero The Hunting Party um bom álbum, sólido, não por ser mais parecido com The Hybrid Theory e Meteora que com A Thousand Suns ou Living Things, como a maior parte dos fãs, mas sim porque, dentro do seu estilo, está bem feito. Ao contrário de muito boa gente, não acho que os três álbuns da banda tenham sido um erro, muito menos Living Things.
Devo confessar, aliás, que gosto mais de Living Things do que de The Hunting Party. Não por achar que LT é melhor, porque não é (tem, também, as suas imperfeições), é uma questão de preferência pessoal. Living Things tem um equilíbrio perfeito entre o rock e o eletrónico, entre a emoção e a agressividade, tem mais diversidade que The Hunting Party. No entanto, tudo isto não é defeito, é feitio. Os Linkin Park não queriam fazer um Living Things 2.0, queriam fazer um disco mais rock que eletrónico, agressivo, macho. E como o fizeram bem, não se pode criticar.
Por outro lado, eu fico sempre algo desconfortável quando um artista ou banda adota um estilo num trabalho novo que rompe com o estilo de discos anteriores. Dá a sensação - sobretudo em conjunto com algumas declarações aquando do lançamento dos álbuns em questão - de que estão a renegar os trabalhos anteriores. Mesmo depois de testemunhar mudanças do género em... bem, praticamente todos os cantores ou bandas que acompanho, de falar várias vezes neste assunto aqui no blogue, frequentemente contrariando-me a mim própria, ainda não decidi em que circunstâncias gosto que os artistas mantenham o estilo que os caracteriza ou se prefiro que eles procurem evoluir.
Pelo menos em relação a The Hunting Part e aos Linkin Park , não tenho nada de negativo a assinalar, tirando um pormenor ou outro. A banda fez um bom álbum, ao seu nível, não desiludiu. Não se podia exigir mais.
Não posso deixar de falar do concerto do Rock in Rio, a que assisti ao vivo e... na primeira fila. Não exatamente à frente do palco, mais à direita, um local que as câmaras não captavam mas, de qualquer forma, bem melhor do que me atrevia a sonhar - até porque só conseguimos arranjá-lo não muito antes do início da atuação dos Linkin Park. (Não vou dizer como é que conseguimos este lugar, pois tenciono voltar a usar este truque quando surgir a oportunidade) Se tivesse sabido antes, teria levado qualquer coisa, um cartaz, uma bandeira, um cachecol, qualquer coisa que pudesse oferecer-lhes atirando para o palco. Fiz questão de ficar mesmo junto à grade, pedi à minha irmã e aos amigos dela, com quem fui ao concerto, para se juntarem a mim, mas eles quiseram ficar mais atrás, alegando que se via melhor. Mais tarde arrepender-se-iam.
Quanto ao concerto em si, devo dizer que fiquei algo desiludida em alguns aspetos, começando pela setlist. Achei interessantes as misturas de músicas e as longas introduções instrumentais - um elemento que, mais tarde, predominaria no álbum novo - mas as faixas incompletas (algumas das quais das minhas preferidas) irritaram-e. De Crawling, por exemplo, só tivemos direito ao refrão.
Por outro lado, gostei da inclusão na música original do refrão de Numb/Encore.
Outro aspeto que desiludiu foi a falta de contacto com o público, em comparação com as atuações anteriores no Rock in Rio. Sobretudo agora em que eu estava na fila da frente e tudo. Depois de nas duas edições anteriores Mike ter ido ao público em In the End e daquele cachecol do F.C. Porto do concerto de 2012, o concerto deste ando foi definitivamente um desapontamento. Nesse aspeto, o concerto de há dois anos foi melhor, até porque a setlist incluia mais das faixas favoritas dos fãs.
No entanto, por muitas críticas que lhe façamos, nenhum concerto é mau quando é com um cantor ou banda de que realmente gostamos. E eu fiz por aproveitar aquele concerto ao máximo. Portei-me como uma autêntica metaleira, dando headbangs como nunca na minha vida, saltando, batendo palmas, cantando em altos berros. Fiquei de bangover durante dois ou três dias. Eles chegaram a cantar mesmo à minha frente, o Mike uma vez, o Chester três vezes (de uma das vezes meteu piada ver o Chester com um pé em cima de um caixote do lixo e um segurança segurando esse mesmo caixote...). Julgo que chegaram a olhar para mim. Na altura, fiz gestos pedindo que viessem para ao pé do público. Hoje vejo que teria sido melhor ter-lhes soprado beijos ou feito vénias. Mas quando estas coisas acontecem, não há muito tempo para pensar.
O melhor foi mesmo no final, nas despedidas, quando o Chester saltou do palco para contactar com o público do meu lado. Chegou a ir abraçar-se a uma miúda em lágrimas, mesmo na ponta da fila. Passou rapidamente pela zona onde eu estava, dando-me tempo para lhe agarrar a mão durante dois segundos, se tanto. As pulseiras dele arranharam-me os dedos. Meio minuto depois, em completo modo fangirl, gabava-me:
- Eu toquei na mão do Chester!
A minha irmã, naturalmente, ficou com vontade de me matar mas, em minha defesa, eu bem insisti que ela viesse para ao pé de mim.
Coisas de fangirl à parte, já aqui tinha falado de como tenho vindo a admirar muito Chester Bennington ao longo dos últimos anos, sobretudo tendo em conta o seu passado complicado. Hoje sinto-me grata por ele ter sobrevivido a todas essas dificuldades, tendo sido capaz de me proporcionar, juntamente com os companheiros de banda, mais uma noite inesquecível, bem como os álbuns dos Linkin Park e Dead By Sunrise.
Entretanto, Bryan Adams anunciou que se prepara para lançar ao longo dos próximos meses nada mais nada menos que três álbuns. Um de covers e uma única música inédita, intitulado Tracks of My Years, com edição prevista para o próximo mês, cuja capa é apresentada em cima (por favor, ignorem o cabelo...). O segundo álbum será uma reedição de Reckless, para comemorar os trinta anos de lançamento, com músicas extra - suponho que saia em novembro, à volta do dia 5, a data do lançamento do álbum original. Por fim, algures em 2015, lançará um disco de originais.
Não deixarei de falar desses trabalhos à medida que forem sendo editados - tenho aliás uma série de notas sobre Reckless, redigidas ainda antes de saber da edição especial, que pensava utilizar para escrever uma entrada a propósito do aniversário deste álbum. Anseio sobretudo pelo álbum de originais, o primeiro desde 11 em 2008. Durante algum tempo pensei que Bryan não tornaria a lançar um CD de músicas inéditas. Ele não precisa, não tem nada a provar, e agora dá demasiado trabalho em termos de marketing e promoção lançar álbuns de originais - e ele nunca foi adepto de entrevistas. Ele podia perfeitamente continuar em modo de celebração de carreira, lançando faixas inéditas aqui e ali, dando concertos Bare Bones ou de banda completa, e, pelo menos ao longo dos próximos anos, continuaria a arrastar multidões atrás de si sem grandes dificuldades. Mas se Bryan quer lançar um décimo-segundo álbum, eu não me queixo, até aprecio. Entre outras coisas porque, em princípio, associado a esse álbum virá um concerto em território português - mas sobre isso falarei melhor em caso de confirmação.
Estas foram as primeiras entradas após uma ausência prolongada. Queria ver se, nos próximos tempos, conseguia escrever alguns textos que ando a adiar há semanas, ou mesmo meses, mas a minha vida anda complicada, às vezes falta-me a vontade de escrever. Talvez as publicações voltem a ter alguma regularidade quando as coisas melhorarem, mas não estou em condições de prometer nada. Vou fazer por insistir na escrita, que às vezes é a única coisa que faz sentido na minha vida. Foi sempre assim. Até lá...
Na semana passada, a banda californiana Linkin Park lançou, algo inesperadamente, o primeiro single do seu sexto álbum de estúdio, ainda sem título, de edição prevista para junho. A música chama-se Guilty All the Same e conta com a participação do rapper Rakim.
"You want to point your finger
But there's no one else to blame"
O que se destaca mais em Guilty All the Same (por algum motivo, ando a dizer na minha cabeça Guilty All the Way... enfim) é a sua sonoridade. Depois de dois álbuns com uma forte componente eletrónica, e em diametral oposição ao forte dubstep de A Light that Never Comes, o novo single dos Linkin Park tem um som rock muito pesado, cru, visceral, metaleiro - o mais parecido com isto que conheço são certas músicas dos Sum 41, em particular do seu último álbum. Guilty All the Same possui longas sequências instrumentais, incluindo uma introdução de minuto e meio. É dominada por guitarras elétricas, com destaque para a sequência de abertura e encerramento, que se torna a imagem de marca da música, e um riff que mimetiza a melodia. Possui, ainda, uma bateria que não se contenta com o papel hoje em dia reservado aos sintetizadores, que repetem o mesmo padrão de batida do princípio ao fim, com poucas variações. Ainda se ouve piano, primeiramente na já referida introdução de minuto e meio, imitando a sequência de marca da musica; é ouvido, depois disso, no apoio às estâncias.
Nesta música tão pesada, a melodia revela-se surpreendentemente cativante, em particular nas estâncias. Nada a apontar à interpretação de Chester Bennington, embora ele pudesse ter complementado a música com um dos seus icónicos gritos. Talvez receassem que a música ficasse demasiado pesada. No entanto, não me custa imaginar o Chester apimentando a interpretação ao vivo de Guilty All the Same dessa forma muito sua.
Sobre a letra, não há muito a dizer. Aborda um tema tipicamente Linkin Park, com críticas a pessoas que julgam que sabem tudo, que têm sempre razão, que encontram defeitos em tudo exceptuando elas mesmas. Não é particularmente original nem memorável, mas não é má. É definitivamente melhor que A Light that Never Comes. Eu até gosto da estrutura das estâncias.
A terceira parte da música, com o rap, é a de que gosto menos. Na minha opinião, falta energia à interpretação de Rakim, esta não condiz com o carácter da música. Bastava, pura e simplesmente, o tom subir uma oitava. Não sou capaz de compreender esta participação especial, tirando o facto de Mike Shinoda - o habitual rapper dos Linkin Park - ter afirmado ser grande fã de Rakim, mas eu penso que Mike faria melhor trabalho. A letra do rap traça críticas ao capitalismo, à indústria musical, mas, mais uma vez, nada de particularmente memorável ou fora do vulgar.
Segundo declarações de Chester e Mike, a sonoridade do álbum novo estará dentro deste estilo, que penso ser o mais pesado de sempre da banda, mais pesado ainda que os primeiros álbuns. Mike afirmou que queria "preencher um vazio" existente na rádio dos dias de hoje. Eu pergunto-me se a intenção dos Linkin Park será, realmente, ressuscitarem o estilo musical. A ser verdade, será de louvar, estarão a fazer um favor a inúmeras bandas de rock que não conseguem, ou não querem, adaptar-se ao eletro-pop da rádio atual. Esperemos é que sejam bem sucedidos, o que não está garantido. Uma coisa é agradarem aos fãs hardcore, que nunca alinharam muito no estilo dos últimos álbuns. Outra coisa é a reação do mundo da música geral a este estilo pouco radiofónico.
Intenções nobres à parte, visto que o álbum só sairá em junho, ou mesmo depois (espero não ter uma nova situação à Avril Lavigne, o álbum), talvez se lance um segundo single em finais de abril, inícios de maio. Talvez, à semelhança do que aconteceu em 2012, apresentem uma ou outra música inédita no concerto do Rock in Rio, a que vou assistir.
Guilty All the Same não teve, para mim, o mesmo impacto que Burn it Down teve quando saiu. Acho até que gosto mais de A Light that Never Comes, apesar de ser mais imperfeita - coisas incompreensíveis. O que não me impede de gostar muito de Guilty All the Same, de ansiar pelo resto do álbum. Quer-me parecer que, com os Linkin Park e Hydra, dos Within Temptation, 2014 será o ano do metal para mim. Vai ser engraçado.
Neste momento, encontro-me em estágio, pelo que tenho menos tempo aqui para o blogue. No entanto, vou tentar não deixá-lo ao abandono durante demasiado tempo. Não deixem de visitá-lo, de vez em quando.
Hoje quero falar de duas das canções mais complexas e intrigantes que ouvi nos últimos anos: Let the Flames Begin, editada em Riot!, o segundo álbum dos Paramore, e a sua sequela Part II, editada no álbum mais recente da banda, homónimo. Não são músicas de que se goste à primeira, sobretudo Let the Flames Begin. Já antes referi aqui que essa demorou algum tempo a entranhar-se em mim, que estava com dificuldades em compreendê-la, tanto essa como Part II. Só agora, cerca de um ano depois de começar a ouvi-la com regularidade, julgo compreender a mensagem das músicas, de certa forma. E partilho, aqui, as minhas conclusões.
Let the Flames Begin tem uma sonoridade mais crua, mais pesada, quando comparada com a sua sequela. Destacam-se os riffs de guitarra, a bateria forte. A versão de estúdio peca por ter poucas sequências instrumentais - tal, felizmente, é corrigido na versão ao vivo da música. Destaco a sequência final, que encerra a música com um toque misterioso. A melodia transmite muito bem as emoções da letra. O refrão, contudo, soa algo forçado.
A letra, em conjunto com a melodia, possui múltiplas camadas, transmite diversas emoções ao mesmo tempo: desilusão, desalento, dor, resistência, desafio, revolta. Reflete sobre a condição humana, os seus defeitos e fragilidades, contrastando com a arrogância inerente a quem, muitas vezes, se julga invulnerável, imortal. Tal como assinalei anteriormente, existem momentos em que a música soa a um grito de guerra, outros em que se assemelha a uma oração, outros em que soa extremamente triste. O verso "Reaching as I sink down into light", por exemplo, parte-me o coração. E se esta mistura de emoções dá um carácter muito próprio a Let the Flames Begin, também a torna demasiado vaga, com alguma falta de coesão.
Existem muitas situações às quais a letra de Let the Flames Begin se aplicaria. Há quem se recorde do 11 de setembro ou do Holocausto. Eu, tanto em relação a Let the Flames Begin como a Part II, lembro-me dos Jogos da Fome pois, para além, obviamente, da metáfora do fogo, a série de livros e filmes gira, precisamente, à volta do lado mais negro da condição humana. No que diz respeito à prequela, esta reflete melhor os dois primeiros livros da trilogia, o carácter rebelde e revolucionário da mesma.
A versão desta faixa ao vivo difere significativamente da versão de estúdio. O áudio com qualidade desta versão encontra-se disponível no CD/DVD The Final Riot. Há nesta faixa um maior destaque dos instrumentos (as guitarras, o baixo, as baterias). Além disso, a música surge com uma estância adicional, um outro, vulgarmente denominado Oh Father. Neste torna-se muito mais claro o lado religioso da banda, sobretudo por, nesta parte, Hayley se ajoelhar no palco e/ou deitar-se virada para o céu enquanto canta. Tudo isto reforça a multiplicidade de facetas em Let the Flames Begin pois, se os instrumentos descontrolados e os frequentes headbangs proporcionam um momento muito rock 'n' roll, intenso e poderoso, a emotividade e o dramatismo do desempenho vocal de Hayley partem o coração. Não é de surpreender, por isso, que Let the Flames Begin seja uma das favoritas nos concertos, tanto para os fãs como para os próprios membros da banda.
"Fighting on my own, in a war that's already been won"
Part II é uma sequela a Let the Flames Begin mas, como não se limita a repetir a melodia e instrumental da sua prequela, possui o seu próprio carácter e funcionaria perfeitamente bem como uma música independente, incluindo no contexto do quarto álbum da banda. Tem, de facto, uma sonoridade ligeramente mais eletrónica, sem deixar de dar espaço às guitarras, ao baixo e à bateria ara brilharem, em particular na fantástica terceira parte da música. O refrão surge, além disso, muito mais forte, muito mais espontâneo que em Let the Flames Begin.
A letra de Part II assenta numa premissa semelhante à da sua prequela - o lado mais negro da condição humana - mas explora-o de uma maneira diferente. Se Let the Flames Begin se centra mais nos defeitos da sociedade e da espécie humana em geral, Part II é mais introspetiva, de certa forma. O sujeito narrativo reflete sobre o seu próprio lado negro, os seus próprios defeitos, os seus próprios traumas - daí que, tal como mencionei recentemente, tenha encontrado em Tell Me Why dos Within Temptation algumas semelhanças com Part II. Os Paramore têm afirmado que esta música, à semelhança de Now, reflete a parte mais sombria de toda a crise que a banda atravessou nos anos que se seguiram à deserção dos irmãos Farro. A mim, faz-me pensar em stress pós-traumático, em sequelas de batalhas e, de certa forma, em procura de algum tipo de redenção. Nesse aspeto, é igualmente aplicável aos Jogos da Fome, nomeadamente aos traumas que se vão acumulando em Katniss, produto de tudo por que passa. A emoção em Part II não é tão crua como em Let the Flames Begin, mas não deixa de estar presente, apresentando-se, aliás, de uma forma mais coesa.
Em todo o caso, tanto em Part II como em Let the Flames Begin (sobretudo no que toca à versão ao vivo), a resposta ao lado negro mencionado é a mesma: a fé. Tal fica claro nos respetivos outros. O de Part II tem, assim, uma mensagem semelhante a Oh Father, embora a emoção seja diferente. Se Oh Fater dá dramatismo ao encerramento de Let the Flams Begin, Part II termina numa nota muito misteriosa, reforçada pelo instrumental (praticamente só a dramática bateria) e pela interpretação de Hayley.
Não sou capaz de escolher entre Let the Flames Begin e Part II. Ambas as músicas funcionam bem isoladamente e, ao mesmo tempo, complementam-se uma à outra. Ambas são faixas marcantes para os fãs mais hardcore. Pela parte que me toca, como já vai sendo costume com músicas assim, o conceito destas faixas ajudar-me-à na escrita. Entretanto, estou curiosa relativamente ao tratamento que estas músicas receberão nos próximos anos ao vivo, nomeadamente após os próximos álbuns da banda. Uma possibilidade interessante seria um medley de ambas.
Esta é a minha interpretação do significado destas músicas. É uma possível, não é necessariamente a correta ou a mais correta, na Internet é possível encontrar outras. E mesmo estas minhas conclusões podem perfeitamente mudar ou expandir-se com o tempo.
Mesmo tendo passado um ano desde que oiço Let the Flames Begin e Part II regularmente, mesmo depois de ter aqui tentado esmiuçá-las para o blogue, estas músicas continuam a mexer comigo de uma forma estranha, que não sou capaz de compreender na totalidade. Em particular Let the Flames Begin. Tal ficou mais claro após montar os AMVs que incluo nesta entrada. Isso ou as emoções dos filmes que usei misturaram-se com as emoções das faixas, de tal forma que já não me é possível dissociar uma coisa da outra. De qualquer forma, tudo isto contribui para o enriquecimento das músicas. Estas facetas ainda inexplicáveis de Let the Flames Begin e Part II apenas contribuem para que as músicas nunca me sejam indiferentes, que me mantenham intrigada por muitos anos ainda.
Um dia destes ainda queria falar de uma última música dos Paramore (última, salvo seja), mas não para já. Depois de várias entradas sobre a banda no último ano, ano e meio, vou parar por uns tempos a seguir a essa. A menos, naturalmente, que eles lancem música nova - pouco provável, pelo menos para já. Entretanto, tenho já outra entrada em rascunho, para publicar assim que possível. Mantenham-se ligados.