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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Séries 2013-2014 #1

Depois de ter falado mais exaustivamente sobre Once Upon a Time, queria agora falar rapidamente sobre as séries que vi ao longo do último ano. Isto numa altura em que já não falta muito para estas recomeçarem - se já não tiverem recomeçado à altura da publicação deste texto. Para evitar outra entrada demasiado grande, vou dividir este texto em duas partes. Publico a segunda entrada assim que puder.
 
Alerta Spoiler: Este texto pode conter revelações do enredo das séries abordadas. Logo, se estiverem a pensar ver uma delas, ou se ainda não têm os episódios em dia, sintam-se à vontade para saltar a respetiva análise.
 

 

Visto que tinha falado dela quando falei do segundo ano de OUaT, achei por bem tornar a falar deste spin-off agora. Eu tinha grandes expectativas para esta Once Upon a Time in Wonderland, mas a série acabou por se revelar um desapontamento logo nos primeiros episódios. A história de amor que guia a narrativa pareceu-me demasiado lamechas para o meu gosto. Os elementos típicos do País das Maravilhas, tal como o conhecemos há gerações, eram quase inexistentes. A Rainha Vermelha era uma imitação barata da inagualável Evil Queen de OUaT, uma mera menina mimada com uma permanente duckface. Desisti da série quando, a dez minutos do terceiro episódio, me deu o sono, parei para dormir uma sesta e nunca mais peguei naquilo - até porque tal ocorreu na altura em que saiu o CD da Avril Lavigne e eu tinha um exame na semana seguinte, logo, tinha mais em que pensar. 
 
Não fiquei surpreendida quando a série não foi renovada para uma segunda temporada. Os administradores do canal que a transmitia mostraram-se arrependidos de não terem seguido o plano inicial, que era um modelo de meia temporada para preencher o hiato de OUaT. Contudo, julgo que nem mesmo assim a história me cativaria. Parece, também, que uma das personagens, o Valete de Copas, vai integrar o elenco da série-mãe. Em todo o caso, este spin-off foi uma aposta falhada. Acontece.

 

Esta é uma série que descobri há cerca de um ano, enquanto fazia zapping e dei com um dos primeiros episódios no AXN. Julgo que é uma das séries da moda pois ambos os meus irmãos começaram a vê-la igualmente este ano, em momentos diferentes, sem serem influenciados por mim. Nunca fui particularmente fã de super-heróis, não sou capaz de identificar muitas das referências que a série faz a essa mitologia. No entanto, um dos pontos fortes de Arrow é, precisamente, a capacidade de apelar a pessoas como eu, o facto de não precisarmos de saber muito sobre super-heróis para apreciarmos a série. No meu caso particular, gosto de Arrow por, para além de ser diferente daquilo que estou habituada em séries, ter um tema e um tom parecido com o dos meus livros - embora, por vezes tenha a sensação de que Arrow se perde em lugares-comuns.

A série tem algumas incoerências: a primeira temporada foi mais consistente que a segunda, talvez por ter um enredo mais linear: Oliver tinha uma lista deixada pelo pai de alvos a abater e bastou ir seguindo essa lista para chegar ao vilão principal. No segundo ano, o rumo não estava tão bem definido e, embora até tenha tido um bom começo, a série ressentiu-se disso. Há personagens melhor construídas do que outras (Lauren, por exemplo, é demasiado Lois Lane para o meu gosto e Thea tem demasiados momentos de menina mimada. Por sua vez, Felicity é deliciosa, não é por acaso que é a favorita dos fãs). Tais falhas não impedem que Arrow, para mim, se eleve acima da média.

Este ano estreia-se um spin-off  de Arroe, centrado em Flash, que já fizera uma aparição na segunda temporada. Não estou com grande vontade de vê-la, vou ler primeiro algumas críticas, pedir opiniões sobre o piloto antes de decidir que a vejo ou não. Por outro lado, as pistas que têm saído sobre a terceira temporada de Arrow têm-me agradado. A ver se a série consegue manter a qualidade e, de preferência, se conseguirá recuperar o nível do primeiro ano.

 

Esta é uma série que já sigo há alguns anos mas nunca calhou falar sobre ela aqui. Durante algum tempo, ia assistindo à emissão da FOX Life, que se encontrava um ano atrasada relativamente à emissão americana. Este ano - que foi particularmente marcante, por sinal - finalmente apanhei o ritmo. The Good Wife sempre me atraiu pelas personagens interessantes e bem construídas, bem como pelas interpretações sublimes. A protagonista destaca-se, tanto pela evolução (passa de dona de casa submissa e humilhada pelo marido a uma mulher forte, bem mais cínica, líder de uma firma de advogados, afastando de vez o rótulo de "coitadinha"), como pelo desempenho da atriz que lhe dá vida, Julianna Margulies, que de resto já ganhou pelo menos dois prémios Emmy graças a Alicia.

Gostei muito dos primeiros dois anos da série, do terceiro e do quarto nem tanto. O relacionamento entre Alicia e Will é um dos pilares da série mas a mim confunde-me. Durante a terceira temporada, segundo o que eu percebi, a ligação é mostrada com algo meramente causal, sem grande componente emotiva, mas depois disso todos agem como se tivesse sido uma grande história de amor. Esse é, provavelmente, o aspeto de que menos gosto na série. Por sua vez, conforme já disse acima, o quinto ano foi particularmente intenso, com Alicia criando a sua própria firma de advogados e a morte (algo rebuscada) de Will. O sexto ano começa amanhã e, pelos trailers, promete ser interessante. Espero que cumpra tais promessas e que mantenha o nível que, até agora, não tem sido nada mau.

Uma coisa devo confessar, contudo: por muito que goste da série, esta fez com que me apercebesse que não gostaria nada de seguir uma carreira na área do Direito ou da Política. Não tenho perfil para alinhar em jogos como aqueles, lidar com tantas áreas cinzentas. E se o sistema americano é um pouco melhor que o português, eu vejo o Jon Stewart e, para ser sincera, acho que os políticos americanos são ainda piores que os nossos, o que é dizer alguma coisa. Prefiro mil vezes ser farmacêutica e escritora (não necessariamente por essa ordem) que me parecem profissões mais honestas. 

Músicas Ao Calhas - Nothing I've Ever Know

Alerta Spoiler: este texto contém revelações sobre o enredo do filme de animação Spirit: Stallion of the Cimmarron, bem como do livro A Herança, de Christopher Paolini, pelo que só é aconselhável lê-lo caso tenha esteja familiarizado com ambas as obras.



"I found myself somewhere I never thought I'd be"

Já anteriormente falei aqui no blogue do filme de animação Spirit, bem como da sua banda sonora. Hoje quero falar-vos de mais uma faixa dessa banda sonora, chamada Nothing I've Ever Know, uma música de amor. É uma faixa que conheço há quase onze anos, de que sempre gostei imenso, mas cujo significado só compreendi há menos de dois anos.

Em termos musicais, encaixa no resto da banda sonora do filme, se bem que possua as suas particularidades. É uma balada conduzida por notas de guitarra acústica, que funcionam quase como uma segunda voz. Até ao primeiro refrão, a música resume-se, praticamente, à voz e à guitarra. Por altura do refrão, aparecem acordes de guitarra acústica. No início da segunda estância, junta-se a bateria suave e o arranjo de violinos, inicialmente discretos, tornando-se mais intensos no segundo refrão, no auge emotivo. Tal como toda a banda sonora do filme, esta faixa é uma autêntica obra de arte musical.

A condizer com a beleza da música, está a sua letra. De uma maneira simples, esta conta a história de alguém que foi apanhado de surpresa pelo amor, que provavelmente está a lidar com ele pela primeira vez, e vê toda a sua vida, todo o seu ser, alterados por causa disso.

Tal como praticamente todas as músicas da banda sonora do filme, Nothing I've Ever Known descreve bem a situação de Spirit, o protagonista equino, num determinado momento da película. Praticamente desde que nascera, tudo o que Spirit amara e desejara fora a sua terra natal. Tudo o que fizera ao longo do filme, desde que fora capturado pelos colonizadores americanos, fora tentar, com todas as suas forças, regressar a casa. Nada mais lhe interessava. Só que, agora, estava a apaixonar-se por Rain, a égua do índio que o resgatara dos colonizadores - o que, pela primeira vez, lhe dava um motivo para ficar. A narração de Matt Damn resume bem a situação de Spirit, aliás: "Pela primeira vez na minha vida, o meu coração estava dividido."

No final do filme, após uma série de peripécias, Rain opta por ir viver com Spirit, na terra natal deste - um final feliz para a história mas deve ter sido também difícil para a égua deixar para trás o seu lar e o seu dono por amor.

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Existe outra história ficcional a que Nothing I've Ever Known se pode aplicar, de que já falei aqui no blogue - a história de Murtagh e Nasuada do livro A Herança, de Christopher Paolini. Já falei nesta entrada sobre o papel que esta história de amor teve no desenlace da saga - quero desenvolver esse assunto um pouco mais. Murtagh habituara-se, desde criança, a proteger a sua própria vida a todo o custo contra um mundo que sempre o usara ou desprezara, em que muito poucas pessoas se importavam verdadeiramente com ele. Murtagh colocava-se sempre a si mesmo em primeiro lugar (e, mais tarde, o seu dragão) pois tudo o que alguma vez possuíra na vida era ele mesmo.

Tudo isso muda quando se apaixona por Nasuada, prisioneira de Galbatorix. Tal afeição dá-lhe, pela primeira vez na sua vida, um motivo para se sacrificar, para pôr as necessidades de outros acima das suas. Isto altera-o de tal forma que o liberta da escravidão de Galbatorix, permitindo-lhe fazer o correto.

Já tive casos de personagens surpreendidas e alteradas pelo amor em histórias minhas e, agora, ando a desenvolver uma história semelhante no meu quarto livro. Neste caso, a personagem em questão também se altera ao apaixonar-se mas não se sentirá tão dividido pois, apesar de inicialmente não saber lidar com ele, perceberá depressa que o amor o tornará uma pessoa melhor.

Tal como ficou aqui demonstrado, o amor pode ser assim, violento ao ponto de nos fazer rever as nossas convicções, de nos sujeitarmos a coisas que, se calhar, antes consideraríamos impensáveis. É por isso que, apesar de durante muito tempo ter desejado apaixonar-me a sério, tal como toda a gente deseja, hoje tenho algum receio de que isso aconteça. É certo que tenho explorado paixões dessas na minha escrita, que estas histórias de que falei têm, à sua maneira, finais felizes. Mas, na vida real, o que acontece quando fazemos coisas apenas por amor e, depois, o romance acaba ou a paixão arrefece?



Passando à frente dessa questão, é engraçada a maneira como as músicas vão ganhando novos significados com o tempo, tal como aconteceu com Nothing I've Ever Known. É algo que me acontece com alguma frequência, sobretudo desde que tenho aqui o Álbum. Existem mesmo casos de músicas que continuam a ganhar novos significados, mesmo depois de eu ter escrito sobre elas, ao ponto de ter vontade de reescrever essas entradas. Tal como existem casos em que passo a gostar ainda mais das músicas depois de as ter esmiuçado aqui no blogue.

O pior é que, quase um ano depois de Músicas Ao Calhas, começo a ficar sem ideias. É por isso que não tenho escrito tão frequentemente aqui no blogue. Por isso e porque, neste momento, ando concentrada na escrita do meu quarto livro. No entanto, não devo ficar demasiado tempo sem escrever aqui para o Álbum visto que se aproxima música nova. Podem, por isso, continuar por aí...

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