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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Avril Lavigne (2013) #1

 
Depois de muitas falsas partidas, não sei quantos adiamentos, o quinto álbum de Avril Lavigne, homónimo, é hoje, finalmente, editado. Depois de 9 de abril, 5 de novembro torna, novamente, a ser um dia marcante, não apenas por este álbum, mas também por ser o aniversário do meu cantor preferido e, também, por hoje ser lançado o videoclipe de Daydreaming, uma das músicas mais marcantes do último álbum dos Paramore. Quem precisa de Natal depois disto?
 
Regressando a "Avril Lavigne", eis, então, a crítica que ando a prometer desde... bem, praticamente desde que inaugurei aqui o blogue, altura em que já circulavam rumores sobre um quinto disco. Podem, portanto, ver há quanto tempo estamos à espera de "Avril Lavigne" - e, mesmo assim, esperámos bem mais por Goodbye Lullaby. Não é facil ser fã da Avril...
 
Bem, deixemos estas divagações de lado, passemos ao que interessa. Tal como já fiz com Paramore, falarei de cada música por ordem crescente de preferência (embora esta classificação seja provisória). Comecemos, então, por...
 
Hello Kitty
 
 
"Meow!"

O título da música devia ter-nos preparado para uma coisa destas mas não preparou: fomos todos apanhados de surpresa e não necessariamente pela positiva. Tal como já afirmei aqui no blogue, a Avril tinha dito que era uma faixa mais para o eletrónico - eu, contudo, não estava à espera que fosse completamente dubstep, algo que nunca esperei ouvir da Avril. Há um ou dois anos, teria reagido de maneira pior a esta faixa - no entanto, depois de Stay the Night e de A Light that Never Comes (AQUI), o dubstep não me choca tanto.

No entanto, mais do que a sonoridade, mais do que a interpretação que nos recorda Ke$ha - cantora que Avril já referiu como uma das suas preferências - é a letra que se destaca pela negativa. Do mais fútil que há, infantil, chegando a assumir contornos de fantasia lésbica. As palavras em japonês são atiradas ao calhas - a tradução é "vocês são o máximo" ("you rock"), "obrigado", "fofinho". Só mesmo para se dizer que ela cantou em japonês - e tanto isso como os leves ecos do K-Pop (é assim que se chama?) são uma clara piscadela de olho ao mercado oriental que tanto a adora.

Na verdade, ando a reagir da maneira como reagi ao lançamento de Girlfriend - inicialmente como choque, achando que ela se desviou demasiado do seu estilo habitual mas sem deixar de gostar da música. Um guilty pleasure, no fundo. Com Girlfriend, acabei por que habituar à música sem que esta se tornasse uma das minhas preferidas. E, para o melhor e para o pior, Girlfriend tornou-se o single de maior sucesso da Avril.
Hello Kitty tem, de facto, momentos engraçados. Até gosto do refrão: "Come come, kitty kitty, you're so pretty pretty". Tem a sua graça dizer, assim do nada, "Mina saiko, arigato! Ka-ka-ka-kawai!" E o "Meow!" atirado lá pelo meio parte tudo. Foi, também, hilariante ver as caras da minha irmã enquanto esta ouvia Hello Kitty pela primeira vez - ficando, segundo ela, traumatizada.
 
No entanto, ainda não sou capaz de cantar versos como: "Let's play truth or dare now, we can roll around in our underwear". Nem garanto que alguma vez seja. Tenho limites... por enquanto.
 
Here's to Never Growing Up
 
 
"Say, won't you say forever
Stay, if you stay forever
Hey, we can stay forever young"

Depois de ter ouvido o resto do quinto álbum, não concordo com a escolha de Here's to Never Growing Up para primeiro single - mais sobre isso à frente. Vejo, também, que o álbum tem várias músicas parecidas, tanto em termos de mensagem como de sonoridade. Destaque para o pós-refrão destas, em que o título da música é repetido, juntamente com "Hey!"'s ou "Oh!"'s  ou outro monossílabo semelhante - um truque óbvio para prender as faixas ao ouvido e facilitar a adesão do público durante os concertos.

O videoclipe de Here's to Never Growing Up, ironicamente, apresenta, de certa forma, o mesmo ponto fraco que a faixa que apresenta: a ausência de novidade. As cenas da atuação no baile de finalistas não trazem nada de memorável. Cenas de destruição de todo o cenário estão mais do que batidas nos videoclipes da Avril: neste não possuem motivo aparente, não estão inseridas numa história de qualquer tipo e nem sequer vêm com um elemento cómico, como em Complicated. A edição do vídeo também desiludiu - sobretudo tendo em conta que Shane Drake, responsável por edições ótimas, como em Smile e Monster, participou na realização - com câmaras lentas mal executadas e que nem sequer são compatíveis com a música. O único aspeto positivo foi a Avril aparecer com o visual da era Let Go, emocionando muitos dos fãs mais antigos mas nem mesmo isso salva aquele que considero um dos vídeos mais fracos da sua carreira.
 
Sippin' On Sunshine
 


"Boy, you get me so high
Buzzing like a bee hive..."
 
Conduzida por notas permanentes de piano e linhas de baixo (ou de guitarra elétrica grave), Sippin' On Sunshine asemelha-se, em termos de sonoridade a Here's to Never Growing Up, tento também a já referida estrutura de refrão. Em termos de letra, é ao mesmo tempo uma música de verão e de amor - um hino de lua-de-mel, no fundo, talvez o hino da lua-de-mel Chavril, rica em vitamina D. À parte isso, a faixa não desperta grande interesse.

Rock N Roll



"I am the motherfucking princess
You still love it!"

Continuo a gostar imenso de Rock N Roll. Mesmo sendo uma Smile 2.0, com a mesma estrutura de Here's to Never Growing Up e letra também bastante similar, continua a ser uma faixa incrivelmente contagiante, mais contagiante que o primeiro single deste álbum.

O videoclipe acerta precisamente naquilo em que o vídeo de Here's to Never Growing Up falha: em vez de mais do mesmo, temos um videoclipe diferente de tudo o que Avril tinha feito até ao mmomento, sem se deixar de notar o seu toque. Sob o formato de banda desenhada animada, temos uma história de ação e comédia, pós-apocalíptica, em que Avril é uma heroína de ação - confesso que desejava vê-la representando um papel destes há algum tempo. Com Billy Zane e Danica McKellar como convidados especiais, com referências várias à cultura pop, incluindo a The Wonder Years, série que deu a fama a Danica, o vídeo tem enredo suficiente para fazer algum sentido mas que, claramente, não se leva demasiado a sério. Como resultado, temos um videoclipe inesquecível, pelos melhores motivos.

Referir também que o bearshark/tubaurso, vilão neste video, está em vias de tornar-se a nova mascote da Avril.

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