Digimon 02 #2 - Cenários e atividades extracurriculares
Falemos um pouco dos Cenários. Não me vou alongar muito no que toca ao Mundo Digimon visto que este é o mesmo que em Adventures, expandindo-se apenas num aspeto ou outro. Por outro lado, em 02, é-nos revelado que existem outros mundos/dimensões paralelas, para além do Mundo Real e do Mundo Digital, embora só cheguem a falar de dois deles: o Mar Negro e o Mundo dos Sonhos.
De 02, eu fiquei com a ideia de que o Mar Negro é a fonte de toda a Escuridão do Mundo Digimon (e não só, suponho...). No entanto, não encontro informação oficial que confirme, preto no branco (no pun intended) esta teoria. O Mar Negro é governado por Dragomon, cujos súbditos, Divermon, se referem como o seu "deus das profundezas". De uma maneira paradoxal, Kari, a Encarnação da Luz, é particularmente vulnerável à influência deste Mundo. Por outro lado, o Mar Negro serve de catalisador à transformação de um Ken deprimido e solitário no Imperador Digimon. O Mundo dos Sonhos, por sua vez, acaba por ser a antítese do Mar Negro no sentido em que dá vida a emoções, sonhos e desejos. O Mundo Digimon acaba por ser formado a partir de elementos tanto do Mar Negro como do Mundo dos Sonhos à mistura com dados digitais, tal como já tinha explicado aqui.
Eu sei que isto parece muito vago e resumido, mas a verdade é que isto é tudo o que sabemos sobre estes mundos. O Mar Negro aparece algumas vezes ao longo de 02, mas sempre num plano secundário. No fim do episódio 13, o primeiro em que visitamos o Mar Negro, a ideia que fica é que Dragomon será um vilão futuro, que as Crianças Escolhidas terão de enfrentar depois de vencerem o Imperador Digimon. No entanto, este nunca mais é referido.
Por sua vez, o Mundo dos Sonhos só aparece no final da temporada, embora isso até faça o seu sentido: um mundo em que os desejos se tornam facilmente realidade não tem grande potencial em termos de história - pelo menos, não no universo de Digimon. Mesmo assim, sobretudo no que toca ao Mar Negro, é apenas mais um exemplo de conceitos mal-desenvolvidos em 02.
Mudando de assunto, ao contrário do que acontece em Adventure, aqui as Crianças Escolhidas (exceto Ken) não chegam a viver no Mundo Digimon, tirando durante três ou quatro episódios. As Crianças vão salvando o Mundo Digital mais ou menos em jeito de atividade extracurricular. Tal como já tinha escrito antes, eu gostava desse aspeto quando tinha doze anos. Por outro lado, este carácter um bocadinho facultativo da salvação do Mundo Digital faz-nos questionar as motivações das novas Crianças Escolhidas. Sobretudo quando Yolei - que, em muitos aspetos, é uma Mimi 2.0 - depressa revela insegurança e aversão à violência. E mesmo Cody, que chega a trocar uma visita ao Mundo Digimon por... uma aula de kendo. As primeiras Crianças Escolhidas foram, literalmente e sem cerimónias, atiradas para o Mundo Digimon. Mesmo que não quisessem fazê-lo, tiveram de lutar para sobreviverem. Desta forma, quando descobriram que o seu dever era salvar o Mundo Digital, já existia uma certa ligação àquele mundo e, de qualquer forma... salvá-lo permitir-lhes-ia regressar a casa. Aqui não existiam problemas de motivação, enquanto que, em 02, tirando T.K e Kari, a única motivação parece ser, apenas, o cliché de fazer o que está certo.
Em 02 existe, ainda, um maior enfoque nas tecnologia e informática - outro dos aspetos que mais me agradou quando tinha doze anos. Para começar, passa a ser possível entrar no Mundo Digimon a partir de um computador. Por essa altura, sempre que passava por um computador, na escola ou noutro sitio qualquer, divertia-me pensando que, enquanto outros viam meros monitores, em via passagens para o Mundo Digital. Ainda existiram ocasiões em que pegava num D3 (os dispositivos digitais em 02) imaginário, encostava-o aos monitores e exclamava para mim própria: "Porta digital aberta!".
Se a história decorresse nos dias de hoje, talvez fosse possível entrar no Mundo Digimon com maior facilidade, através de um smartphone - provavelmente com uma aplicação especial para o efeito.
Já que falo em smartphones, quero falar também dos D-Terminais - outros dispositivos usados pelas Crianças, embora não seja clara a maneira como estes foram obtidos. Numa altura em que os SMS estavam apenas a começar a estar na moda, com cada caracter pago a peso de outro, em que ter uma conta de e-mail em meu nome e só em meu nome era um dos meus maiores orgulhos (pensar que, hoje em dia, miúdos de doze anos já têm Facebook, Twitter, Instagram, etc...), eu invejava as Crianças Escolhidas por poderem trocar mensagem entre si em qualquer sítio, a qualquer hora, através de dispositivos manuais. Algo que hoje é trivial, quer com telemóveis dos mais baratos, quer com o último iPhone, que dispõe de inúmeras aplicações diferentes para o efeito.
É tudo por hoje, na próxima entrada falaremos do Enredo de 02. Continuem ligados.