Digimon Adventure Tri - Ketsui (Determinação) #2
1) Spoilers: as entradas desta série terão inúmeras revelações sobre o enredo do primeiro e segundo filmes de Digimon Adventure Tri e, possivelmente, dos enredos de Adventure e 02. Leia por sua conta e risco.
2) Alguns conceitos próprios desta série animada têm traduções controversas - na língua portuguesa, têm mais do que uma possível. Neste texto, vou adotar as traduções com que estou mais familiarizada e/ou que considero mais adequadas.
3) Apesar de as legendas do filme usarem os nomes japoneses das Crianças Escolhidas, eu vou usar as versões americanizadas dos nomes, visto que estou mais habituada.
Nesta segunda parte (primeira parte aqui), vamos deixar as personagens um pouco de lado e passar à intriga do filme em si. São-nos dadas mais algumas pistas sobre o que se está a passar ao certo no Mundo Digimon e sobre as distorções. Daigo e Maki suspeitam que os Digimons Infetados tenham como alvo um dos companheiros dos Escolhidos – não são precisos muitos dedos de testa para se somar dois e dois e chegar logo a Meicoomon. Uma pessoa estranha que Daigo e Maki não cheguem a essa conclusão… ou será que chegam?
Entretanto, Leomon reúne-se com os Escolhidos no Mundo Real para fazer o ponto da situação. As informações dele ajudam Izzy a perceber que o que quer que esteja a infetar os Digimons está, igualmente, a provocar as distorções (impagável a reação dos Digimons dos miúdos, que debatem se devem usar repelente ou protetor solar para evitar infeções. Por outro lado, se forem como as bactérias multirresistentes, estão feitos…). A pergunta que se segue diz respeito à origem da infeção, ao primeiro Digimon Infetado – a resposta é-nos dada de maneira trágica.
Pelo meio, Izzy recebe um e-mail misterioso em digi-código. Depois de traduzido, este diz algo como “Aqueles que desejam o verdadeiro poder, devem conhecer a Escuridão e ir além”. Por alturas do fim do filme, fica claro que esta profecia, ou lá o que é, diz respeito às novas evoluções para nível Extremo/Hiper Campeão (sou a única aqui a ter um déjà-vu?), mas quando vi a profecia pela primeira vez, a minha mente saltou para Ken. Se há pessoa que conheça a escuridão e tenha ido mais além é ele. Mas antes de falarmos melhor sobre Ken – sim, vamos voltar a falar sobre Ken (*suspiro*) – digo que o significado desta profecia parece-me claro. Para os Escolhidos desbloquearem as Digievoluções para nível Extremo, terão de olhar para dentro de si mesmos, reconhecer os seus defeitos, o seu lado negro, e procurar ultrapassá-lo de uma forma ou de outra. Nada de inédito em Digimon, pelo contrário, este tem sido o seu ponto forte desde o início de Adventure. Segundo o que li na Internet, os produtores de Tri têm dado a entender que vão continuar a associar o estado psicológico das personagens às Digievoluções.
Um dos (muitos) enigmas deixados pelo filme diz respeito ao autor deste e-mail – que também foi enviado a Maki. A resposta óbvia seria Gennai, não seria a primeira vez que ele dava uma mãozinha aos Escolhidos, mas porque não assinaria o e-mail? Estou, até, a estranhar a ausência de Gennai da história de Tri mas, tendo em conta que ele pouco mais é que um deus ex-machina, não acho que isso seja mau. Por outro lado, continuo com sérias dúvidas de que ele esteja mesmo a colaborar voluntariamente com a organização para a qual Maki e Daigo trabalham.
Queria falar agora de Maki. Em Saikai ela pouco mais era que uma motorista mas, em Ketsui, conhecemo-la melhor e o seu comportamento levanta algumas suspeitas. Já referi acima da cumplicidade entre ela e Meiko. Mais tarde, é a primeira a vislumbrar e a reconhecer Ken em modo Imperador Digimon (sim…) durante o festival cultural. Pouco depois, pergunta por Meicoomon e descobre que, à semelhança dos outros Digimons, está com Izzy no seu escritório. Assim que pode, atrai Izzy para o festival… enviando-lhe uma foto de Mimi num traje reduzido de menina de claque.
Lembram-se de eu ter elogiado Saikai por ter sido discreto na parte romântica da história? Pois, Ketsui não faz o mesmo. Para além das cenas das termas de que falei, somos brincados por duas vezes com um Izzy com cara… chamemos-lhe “de apaixonado”. Uma cara que todos nós sempre quisemos ver num herói de infância... só que não. Da segunda vez em que Izzy faz essa cara, a câmara faz questão de focar o busto e as ancas de Mimi antes. Menos, digi-guionistas, menos!
Regressando a Maki, há que assinalar o calculismo e frieza dela ao usar as hormonas de um miúdo de dezasseis anos contra ele. Ela oferece-se para tomar conta dos Digimons no escritório por ele mas, por sinal, estes já não lá estavam. Tinham conseguido convencer Leomon (que fazia as vezes de baby-sitter) a levá-los ao festival – destaque para o Meicoomon fazendo olhinhos de Gato das Botas do Shrek (algo que, em retrospetiva, é perturbador). No festival (depois de o filme perder tempo mostrando os Digimons entrando num concurso de máscaras) Maki consegui, finalmente, deitar as mãos a Meicoomon. Deixa-a sozinha no pátio da escola enquanto vai buscar um petisco às tendas. Poucos minutos depois, forma-se uma nova distorção de onde surge o Imperador Digimon, que agarra Meicoomon. Ninguém acredita que isto tenha sido acidental, sobretudo depois do que acontecerá bem no cair do pano. Muitos interrogam-se o que teria acontecido se Maki tivesse encontrado os Digimons no escritório, se teria conseguido convencer Leomon, Agumon e os outros a levar Meicoomon consigo.
Uma das coisas que mais me incomodou em Saikai foi o facto de, depois de o filme começar com imagens de Davis, Yolei, Cody e Ken tombando perante Alphamon, nenhuma das outras personagens parece aperceber-se e/ou importar-se com o destino dos miúdos de 02. Agora apareceu-lhes Ken à frente de novo, em modo Imperador Digimon (depois de tudo por que ele passou para se redimir disso), acompanhado por Imperialdramon, aparentemente infetado (recordo que Imperialdramon resulta da fusão de Wormon com Veemon, o Digimon de Davis, mas deste último nem cheiro). Como é que os Escolhidos reagem, especialmente Kari e T.K.? Como se fosse um inimigo insignificante qualquer a regressar, como Etemon, não um Escolhido, um velho amigo desaparecido, que tinham ajudado a redimir, ao lado de quem tinham salvado o Mundo. Enquanto os via dizendo coisas como “Ele outra vez?”, “Que faz ele aqui?”, “Porque é que ele apareceu?”, a minha reação era esta. Eu quase gritava para o ecrã: “Alguém pergunte pelo Davis e os outros! Alguém perceba que eles estão desaparecidos!”.
Nesta altura do campeonato, já não existe explicação possível para o desconhecimento e/ou desprezo pelo destino dos miúdos de 02 (incluindo alterações de memória estilo Once Upon a Time) que não tenha buracos. É óbvio que os guionistas queriam focar-se nos protagonistas de Adventure, que lidar com oito (e agora nove) Escolhidos já é difícil, quando mais doze, mas… não existiam maneiras mais fáceis de excluí-los da história? Eu consigo arranjar algumas: os D3 deles avariados, os Digimons deles retidos no Mundo Digital, os quatro terem ido viver para outras cidades por um motivo ou outro. Pela via que tomaram, são capazes de estar a cavar um buraco da qual será difícil saírem. A boa notícia no meio disto tudo é que, depois daquele final, não vão poder adiar a questão por muito mais tempo – e, ainda assim, continuo com um feeling de que os digi-guionistas se vão enterrar ainda mais com esta história.
Mas passemos à luta em si com Imperialdramon, que se desenrola numa estranha dimensão criada pelas distorções para onde o Imperador Digimon levou Meicoomon. Este era o momento mais aguardado de todo o filme, sobretudo pelas estreias de Vikemon e Rosemon, os níveis Extremo/Hiper Campeão de Gomamon e Palmon, respetivamente). Estas estreias cumprem os requisitos que eu tinha definido? Mais ou menos. Ao contrário de muitos fãs, não achei que tenham vindo do nada, quanto mais não seja porque já tinha havido um bom desenvolvimento de Mimi e Joe – um progresso em relação a pelo menos metade das Digievoluções em 02. A epifania de Joe resulta um pouco melhor, pois ele tinha acabado de decidir lutar ao lado do seu Digimon (será daqui que vem o título Ketsui, que significa Decisão ou Determinação?). O grito de “Ike! GOMAMOOON!” forçou um bocadinho o drama, mas resultou. Teoricamente, Mimi, por esta altura, já poderia ter desbloqueado Rosemon – talvez precisasse do empurrãozinho final de Joe. Se tudo isto parece fácil comparado com Tai e Matt, que tiveram de levar com flechas? Parece. Mas sempre foi melhor que ter apenas Gennai e Azulongmon puxando uns cordelinhos.
À parte tudo isto, a batalha em si não desilude. O som do dispositivo digital ativando-se e as primeiras notas de Brave Heart emocionam e arrepiam como fazem desse o primeiro episódio de Adventure. As sequências de digievolução para os níveis Perfeito/Super Campeão e Extremo/Hiper Campeão por que ansiávamos não desapontam. Gostei em particular das Digievoluções para nível Perfeito, sobretudo de estas sempre me terem parecido apressadas em 02. Destaco os dispositivos mudando de cor e os símbolos das virtudes. Agora anseio por ver as does restantes Digimons.
Da primeira vez que vi o combate com o Imperialdramon estive sempre a beira do assento, sustendo a respiração. Há quem reclame por, agora, os Digimons nem sempre gritarem os nomes dos seus ataques, mas eu nunca achei grande piada a isso. Parece-me muito mais realista que Digimons em pleno combate poupem o fôlego para outras coisas. Como, aliás, já tinha assinalado na análise a Saikai, as lutas entre Digimons estão muito mais orgânicas.
Aparentemente, Leomon, Vikemon e Rosemon matam Imperialdramon (que, recordo, resulta da combinação de dois Digimons ligados a Escolhidos) e… nenhum dos Escolhidos se rala com isso. Por incrível que pareça, o mais estranho é o que acontece a seguir: o Imperador Digimon solta Meicoomon, assim sem mais nem menos, antes de desaparecer. Ele literalmente desvanece-se no ar. Não sabemos ao certo se aquele ela mesmo Ken ou uma cópia ou holograma ou projeção ou algo assim – ou seja, sabemos essencialmente o mesmo que sabíamos aquando dos primeiros trailers em que aparecia o Imperador Digimon. Também não sabemos se aquele era mesmo o Imperialdramon. Se for, que raio lhe aconteceu para ser infetado? Se não for, que raio era aquilo, então? Também uma projeção ou cópia? Outro Imperialdramon qualquer? Tudo isto vai dar à questão original: onde raio param Davis e os outros?
O mais chocante acontece mesmo no fim, depois de os quatro Digimons regressarem ao Mundo Real. Um pouco do nada, o dispositivo digital de Meiko enegrece, Meicoomon muda de forma (não se percebe se evolui para o nível Perfeito ou se é apenas uma nova forma) e mata Leomon. Já é uma piada recorrente em Digimon, Leomon morre sempre, mas acho que ninguém estava à espera que acontecesse desta forma… Eu confesso que, quando Meicoomon deu o golpe fatal, fiquei com a mesma cara e a mesma reação dos Escolhidos: “Que acabou de acontecer aqui?”. Com o choque, nem sequer reparei no infame sorriso de Maki, que tem deixado os fãs em polvorosa. Enquanto os Escolhidos estão ainda a tentar perceber o que aconteceu, Maki vira as costas à cena, confirma que as distorções e os Digimons Infetados começaram com Meicoomon, e começa já a pensar na próxima jogada (ela é mesmo fria!). O filme termina com este cliffhanger, com Meiko aos gritos por Meicoomon. Da primeira vez que vi Ketsui, eu rebobinei para a frente nesta altura, a ver se existiam cenas pós-créditos como em Saikai, qualquer coisa que desvendasse o mistério, mas não.
Pelas internetes fora, já há quem especule que Maki está a ser controlada pela Escuridão e tal. Não concordo. Acho que já passámos essa fase, a preto e branco. Penso que Maki, pura e simplesmente, tem os miúdos e a população humana em geral como prioridade, os Digimons são-lhe indiferentes, mesmo sacrificáveis. Daí as armas que desenvolve, daí ter facilitado a captura de Meicoomon e ter sorrido quando este atacou Leomon – foi a confirmação daquilo que ela provavelmente vinha a suspeitar por algum tempo. É também por isso que eu não acredito que o Gennai esteja a ajudá-los. Pelo menos não voluntariamente, ou está a fazê-lo sem conhecer as verdadeiras intenções da organização.
Tivemos uma resposta sobre a origem das distorções e dos Digimons Infetados, mas é uma daquelas respostas que não esclarecem nada, que criam uma infinidade de novas perguntas. Queremos saber como Meicoomon foi infetada, se ela já nasceu assim ou se foi depois (há quem especule que o Digiovo que vemos no início de Saikai era o de Meicoomon). O que nos leva de novo à pergunta: como é que Meiko se tornou uma Escolhida? Com isto tudo, talvez Alphamon não seja o verdadeiro vilão da história, talvez, em Saikai, ele estivesse a tentar eliminar a fonte dos problemas todos. Mas isso não explica o interesse de Ken (se é que era mesmo ele) em Meicoomon – ele queria também eliminar a fonte de infeção ou queria espalhá-la ainda mais?
É por estas perguntas todas que ficam por responder – e muitas delas são herdadas de Saikai – que não consigo gostar tanto Ketsui como gostei do seu antecessor. Além do mais, como fui dando a entender, as cenas de ação, de lutas entre Digimons, foram breves e só Palmon e Gomamon lutaram. Em Saikai pudemos ver todos os Digimons em pelo menos o nível Campeão, tirando Ikakumon e, apesar de ter apenas terem lidado com Kuwangamons (que é o equivalente no Mundo Digimon a lidar com uma praga de ratazanas), foi excitante – toda a equipa a lutar de novo, passados todos estes anos. Eu não me queixaria muito disso se isso significasse mais tempo para a caracterização das personagens. Não que esta não ocorra mas, lá está, há muita cena desnecessária neste filme – a visita às termas, o festival cultural, os Digimons dos Escolhidos portando-se como crianças travessas – que poderia ter sido trocada por mais tempo de antena para os combates ou para o desenvolvimento dos Escolhidos (Tai, Matt, Sora e T.K. fazem muito pouco neste filme). Por outro lado, eu não costumo criticar o CGI e outros aspetos mais técnicos (por falta de experiência, por normalmente valorizar mais o conteúdo), mas até a mim me incomodaram os ocasionais planos estáticos. Dá a ideia de que aquelas partes foram feitas um bocadinho em cima do joelho, o que dá a ideia de falta de consideração pelos fãs que aguardaram meses (ou se calhar anos) por esta série de filmes.
Admito que uma boa parte das opiniões que referi no parágrafo anterior possa mudar quando todos os filmes tiverem saído e pudermos vê-los em sequência. Por agora é desanimador termos esperado três meses por Ketsui e o filme perder tempo com fillers, fanservice desnecessário, comédia fácil e deixar quase todas as perguntas por responder. Por outro lado, à semelhança de Saikai e de, bem, Digimon em geral, é na caracterização das personagens que Digimon brilha, sendo aqui que Ketsui se redime.
Agora temos de esperar até 24 de setembro pelo próximo filme. Posso tirar um parágrafo para me queixar disso? Eu contava com um lançamento de Kokuhaku (Confissão) para julho ou agosto (desde que fosse depois do Euro 2016, por mim tudo bem). Idealmente seria à roda do Odaiba Memorial Day. Mas 24 de setembro? Seis meses depois deste? Eu até estou habituada a esperar por estas coisas – com a Seleção Nacional, que só faz jogos de longe a longe; com o drama que foram os lançamentos dos últimos dois álbuns da Avril Lavigne – mas seis meses? É muito tempo! Ninguém merece…
Bem, já que tão cedo não voltarei a escrever sobre Digimon, quero especular um bocadinho sobre Kokuhaku. Consta que se focará em Izzy e T.K., algo que muitos têm estranhado. Toda a gente esperava que T.K dividisse o protagonismo de um dos filmes com Kari mas, na minha opinião, o parzinho já é um cliché quase tão grande como a morte de Leomon. O emparelhamento entre T.K. (que pouco tem feito em Tri) e Izzy será uma novidade, poderá ser interessante. Por outro lado, isto pode significar que Sora e Kari protagonização o quarto filme. Esta é uma parelha quiçá ainda mais interessante. Foram as minhas personagens preferidas quando era mais nova (Sora em Adventure, Kari em 02), mas têm sofrido de uma gritante falta de caracterização. Quero ver o que Tri fará com elas (rezando às quatro Bestas Sagradas do Mundo Digital para que os digi-guionistas não as releguem para meros interesses amorosos…).
Por sua vez, o título Confissão é intrigante. A hipótese mais óbvia é que sejam declarações amorosas – sendo este filme protagonizado por Izzy e T.K., tais declarações serão destinadas a Mimi e a Kari. Acho, no entanto, que existem outras possibilidades mais interessantes. Em Ketsui tivemos muitos segredos, muitas verdades por encarar: as dúvidas existenciais de Tai, como Meiko se tornou uma Escolhida, as verdadeiras intenções de Maki, o que aconteceu aos miúdos de 02 (é possível que alguém saiba mais do que aparenta). Tais segredos tiveram consequências trágicas em Ketsui, talvez estes venham à luz em Kokuhaku. Ou talvez não venham e as coisas se tornem ainda mais difíceis para os nossos adorados Escolhidos. Talvez não seja por acaso que Izzy vá ser um dos protagonistas de Kokuhaku – se há Escolhido que não suporte perguntas por responder, é ele.
Um aspeto que tem intrigado em relação ao poster de Confissão é o facto de o Digimon de Izzy surgir na sua forma Extrema, HerculesKabuterimon, mas o de T.K. aparecer apenas como Patamon. Se a isto acrescentarmos o teaser em que Patamon se despede de T.K. e este grita por ele, uma pessoa começa a recordar o que aconteceu em Adventure e a temer que o jovem volte a perder o seu Digimon. Não sei se é a melhor opção ir por aí – um segundo sacrifício de Patamon terá o mesmo impacto que o primeiro? Não me importarei, contudo, se voltarem a explorar este trauma de T.K., bem como a sua intolerância para com a Escuridão – pegaram nisso em 02, mas não o concluíram como deve ser, na minha opinião.
Apesar de tudo – apesar das críticas que aponto a Ketsui, apesar de ainda termos de esperar seis meses por Kokuhaku – esta é uma ótima altura para se ser fã de Digimon (tal como é uma ótima altura para se ser fã de Pokémon). Mais de quinze anos depois, não apenas reencontramos os nossos heróis de infância, descobrimos mais sobre eles, conhecemo-los ainda melhor. Abrimos uma porta que julgámos ter ficado encerrada no final de 02. E ainda vamos no início, ainda há muito por descobrir acerca das eternas Crianças Escolhidas (Por favor! Por favor! Desenvolvam Sora e Kari como deve ser!).
Naturalmente, o próximo Odaiba Memorial Day será especial. Pelo menos é o que estão a tentar fazer no nosso país, aproveitando o “reacender da chama” (como referem na página de Facebook) que o lançamento de Tri proporcionou. Não sei muitos pormenores, mas a ideia seria fazer um encontro de fãs portugueses no dia 1 de Agosto, esse dia tão especial para a comunidade Digimon. Ainda não sei se posso ir, mas vou tentar.
Continuo um bocadinho de coração partido por Kokuhaku não sair por essa altura – nada me deixaria mais feliz do que ver o filme pela primeira vez com outros fãs no Odaiba Memorial Day (mesmo que significasse não vê-lo no próprio dia do lançamento e ter de evitar spoilers por uns dias). Há no entanto algo que bem poderia estrear nesse encontro: a dobragem portuguesa de Saikai, que está a ser realizada pelo AniMedia.
Por surpreendente que seja, inclusive para mim mesma, tendo em conta o que escrevi anteriormente sobre as dobragens portuguesas de Adventure e 02, eu fiquei entusiasmadíssima quando soube deste projeto. Foi uma daquelas coisas que eu não sabia que desejava até descobrir acerca delas – bem, cheguei a sonhar algumas vezes com uma dobragem portuguesa, logo, o meu subconsciente andou a enviar-me sinais. Já que vai ser uma realidade, espero que esta fique bem feita. E que aproveitem a minha sugestão de estreá-la no Odaiba Memorial Day em Portugal. Até lá...