Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Digimon Frontier #2 – Salvando o Mundo Digital, literalmente

05.png

 

Antes de falarmos sobre a versão de Fronteira do Mundo Digital, queria assinalar algo. Esta é a primeira temporada de Digimon a passar pouquíssimo tempo no Mundo dos Humanos (vou tentar usar este termo em vez de “Mundo Real”). Parte do primeiro episódio, o notável episódio 21 e os últimos. 

 

Isto não é necessariamente um defeito, mas existem possibilidades que se perdem. Não conhecemos as famílias nem os amigos dos Escolhidos tirando em flashbacks – algo a que havemos de regressar mais tarde – e não temos aqueles elementos de slice of life de que gostava tanto em 02 (sobretudo em miúda) e Tamers. A única altura em que o Mundo dos Humanos se torna relevante é mesmo no fim, quando os vilões já tinham destruído o Mundo Digital. Literalmente.

 

Um aspeto curioso desta versão do Mundo Digital é o Digicódigo. Essencialmente o material genético dos Digimon, dos lugares em si, do próprio corpo dos Escolhidos – sublinhe-se “corpo”. É um caso de simplicidade que funciona, de menos que é mais. Pode-se argumentar que, a partir de certa altura, o Mundo Digital de Adventure se tornou demasiado complexo – uma consequência natural de múltiplas sequelas. Cada história nova nesse universo tinha de introduzir novas regras, que levassem a novos conflitos… mas isso daria azo a um texto por si só. 

 

Os Escolhidos passam grande parte de Fronteira a capturar o Digicódigo de antagonistas e a purificá-lo. E os vilões – em particular os Cavaleiros Reais nos últimos episódios – procuram roubar esse Digicódigo para alimentar Lucemon na sua tentativa de regresso à vida. Salvar o Mundo Digital ganha um sentido literal – as ações dos vilões fazem com que a terra literalmente se desintegre debaixo dos pés do elenco. 

 

Em Fronteira, aliás, o Mundo Digital chega a ser completamente obliterado. Literalmente desaparece, todos os Digimon morrem, o que infelizmente não é tratado com a devida seriedade. É certo que, depois de derrotados os maus da fita e recuperados os dados, reconstrói-se tudo de novo, mas mesmo assim. Só temos um momento relativamente breve de desespero no último episódio… mas isso é assunto para outra parte da análise.

 

Além disso, sim, o Mundo Digital é reconstruído, todos os Digimon renascem mas… eles renascem como Bebés. Ou quanto muito no nível Infantil. Ainda levará algum tempo até as coisas regressarem à normalidade – ou talvez se estabeleça um novo normal. 

 

EBgCqQzXYAAs41M.jpeg

 

Outro elemento característico de Fronteira diz respeito aos Trailmon, cujas linhas percorrem todo o Mundo Digital. Sempre gostei de comboios e os Trailmon são engraçados. Acho fixe que a porta de entrada para o Mundo Digital seja numa estação de comboios. Gostei daquele episódio filler dedicado a uma corrida entre Trailmon – era inevitável. 

 

Não gostei tanto do outro filler que envolve um Trailmon. Para começar, surge numa altura em que o foco está no drama entre Kouji e Kouichi, em pleno Continente da Escuridão (mais sobre isso já a seguir). Se tínhamos de ter um filler nesta altura, teria de ser uma coisa leve, algo que aliviasse de uma das partes mais sombrias da temporada. 

 

O que é que os digiguionistas de Fronteira escolheram, de todos os enredos possíveis? Puseram metade do elenco a prestar cuidados paliativos a um Trailmon. Para além de deprimente, não vai a lado nenhum pois o raio do Trailmon nem sequer morre!

 

Fronteira às vezes é bizarro.

 

Em teoria, o mundo Digital de Fronteira tem zonas diferentes para cada elemento – uma zona para o fogo, a água, o vento, etc. Na prática, a ideia não tem grande expressão. Nas poucas zonas elementares que visitamos, o elemento que representam é um mero aspeto estético – se é mais do que isso, a narrativa não se foca nele. Os cenários são cenários como quaisquer outros, no geral. 

 

A única zona explorada mais a fundo é o Continente da Escuridão, mas aí temos o problema oposto: passamos demasiado tempo lá. Quase vinte episódios, sempre sob céu noturno, literalmente na sombra. Já tinha sido cansativo em Bokura No Mirai, aqui é ainda pior. 

 

06.png

 

À parte isto tudo, gostei de algumas localizações por onde a história passa, o ligeiro worldbuilding, mesmo que contribua pouco para o enredo. A escola com a professora Togemon e os bebés todos. O mercado de Akita, com cameos de múltiplos Digimon de temporadas anteriores. Os castelos de Ophanimon (incluindo a biblioteca) e Seraphimon. As luas. Este Mundo Digital tem três luas e nós visitamo-las!

 

Além de que o episódio em que eles estão presos na lua e experimentando diferentes formas de regressar à “Terra” é hilariante. Por outro lado, a pobre Della Duck demorou mais de dez anos a escapar da lua, quem ri por última aqui…?


Por falar de episódios, no próximo texto iremos analisar o enredo de Fronteira. Como o costume, obrigada pela vossa visita. Até à próxima!

Pesquisar

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Sofia

    Tudo indica que não, infelizmente.

  • O ultimo fecha a porta

    Vai haver alguma artista/banda portuguesa a atuar ...

  • Chic'Ana

    Uau!! Obrigada por estas partilhas..Eu adorava Avr...

  • Sofia

    é verdade, infelizmente. eles vêm ao NOS Alive no ...

  • Chic'Ana

    Não sabia que os Sum41 iriam dissolver a banda.. F...

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D

Segue-me no Twitter

Revista de blogues

Conversion

Em destaque no SAPO Blogs
pub