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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Digimon Frontier #8 – Alienação parental e outras coisas adequadas ao público-alvo

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Conforme temos vindo a assinalar ao longo desta análise, a maior parte dos miúdos de Fronteira não têm passados particularmente dramáticos, em contraste com temporadas anteriores. Kouji é uma exceção, como vimos antes, com uma história mais complicada. Mas mesmo assim, apesar das semelhanças com a história de Juri, resolve-se com relativa facilidade quando Kouji decide aceitar a madrasta.

 

E depois, decorridos três quartos da temporada, surge Kouichi, o irmão gémeo idêntico perdido de Kouji e o herói de Digimon com um dos passados mais sombrios até ao momento. 

 

Não fui a única a achar isto bizarro, pois não?

 

Isto é basicamente uma versão (ainda mais) retorcida do enredo de Pai Para Mim… Mãe para ti/The Parent Trap. Os pais de Kouji e Kouichi separaram-se quando os filhos eram muito pequenos. Cada progenitor ficou com um dos irmãos e estes cresceram ignorando a existência um do outro.

 

Mesmo sem contarmos as particulares deste caso específico, penso que todos concordamos que separar gémeos à força é uma crueldade. Eu até gosto do Pai Para Mim… Mãe Para Ti – a cena em que Hallie reencontra a mãe ainda hoje me traz lágrimas aos olhos – mas, se pensarmos nas premissas do filme durante mais do que uns minutos, tudo se torna menos fofinho. Que tipo de pessoas separam irmãs gémeas e nem sequer as informam da existência uma da outra? Que tipo de pessoas permitem que uma das filhas seja criada a um oceano de distância, sem qualquer contacto?

 

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É daquelas coisas que até são românticas em ficção – um gémeo que não sabíamos que tínhamos, um pai ou mãe desaparecidos que reentram nas nossas vidas – mas que na vida real têm repercussões graves. Como o ato de separar gémeos deliberadamente. Há estudos que comprovam que gémeos começam a interagir logo dentro do útero, logo a partir das catorze semanas de gestação – sobretudo se estivermos a falar de gémeos idênticos, já que partilham o saco amniótico. 

 

Tendo isto em conta, calcula-se que a separação de gémeos à nascença ou de tenra idade seja traumática para as crianças. Pela lógica deverá ser assim… mas nas minhas pesquisas sobre o assunto não encontrei nenhum artigo sobre o impacto psicológico da separação nos próprios gémeos. Tirando este e mesmo assim. A maior parte dos artigos que encontrei foca-se no facto de estes gémeos separados apresentarem muitas semelhanças entre si, apesar de não terem crescido um com o outro – uma demonstração do peso da genética.

 

Encontrei mais informações sobre o impacto da morte de um gémeo à nascença no gémeo que sobrevive. Infelizmente tivemos um exemplo conhecido disso há pouco tempo. Estudos demonstraram que os irmãos sobreviventes apresentam um risco maior de desenvolverem problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade – mesmo quando não sabem que perderam um irmão gémeo. 

 

Pode-se deduzir a partir destes dados que os efeitos de uma separação à nascença ou na primeira infância serão semelhantes. Pode-se argumentar que, pelo menos em parte, é daí que virá a personalidade mais emo de Kouji, as suas tendências anti-sociais e sobretudo a sensação de que algo não bate certo na sua família. E, claro, a afinidade de Kouichi para a escuridão, como veremos já a seguir. 

 

Isto tudo já de si é cruel. Ainda se torna mais cruel quando consideramos o resto: o pai dos gémeos não só aceitou abdicar de um dos filhos (isto se não tiver sido dele que partiu a iniciativa) como ainda mentiu a Kouji durante toda a sua vida. Não só ao não esconder-lhe a existência de um irmão mas também ao dizer-lhe que a mãe biológica tinha morrido. A sua insistência em que Kouji trate a sua segunda mulher por mãe ganha contornos (ainda mais) mesquinhos: é como se ele quisesse apagar a ex-mulher (e indiretamente Kouichi) da existência.

 

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Que tipo de monstro faz isso?

 

Eu uso o termo “alienação parental”, mas nem sequer sei se esta é a designação correta. Também não sei até que ponto a situação seria realista. Acho que, mesmo dentro do universo, mesmo sem a intervenção de Kouichi e/ou Ophanimon, Kouji descobria a verdade mais cedo ou mais tarde.

 

Depois temos a questão da pensão de alimentos. Em flashbacks vemos que a mãe dos gémeos tem dificuldades económicas, mantém-se num emprego fisicamente exigente para sustentar Kouichi. Isto dá a entender que o pai dos gémeos não lhe dá apoio monetário nenhum – ou, se dá, este é claramente insuficiente. Outra pedra para lhe atirarmos. 

 

Havemos de regressar ao tema da família dos gémeos mais à frente. Eu no título refiro o público-alvo de Fronteira mas a verdade é que duvido que uma criança visse a situação da maneira que eu vejo. Provavelmente pensa apenas algo tipo “Que fixe, o Kouji tem um irmão gémeo perdido!”. Um adulto é que não conseguirá evitar pensar nas implicações todas. 

 

Um pouco antes dos eventos de Fronteira, Kouichi descobre a verdade da boca da sua avó, literalmente no seu leito de morte. A partir desta altura, o jovem começa a fazer stalking a Kouji e ao seu núcleo familiar, tentando juntar coragem para se apresentar ao irmão. Nós na audiência sabemos que, mesmo antes de saber a verdade sobre o irmão e a mãe biológica, a vida familiar de Kouji não era perfeita. No entanto, visto de fora por Kouichi, ele, o pai, a madrasta e o pastor-alemão (que eu aprovo) parecem uma família feliz. Kouichi sente afeição a Kouji, mas ao mesmo tempo sente raiva, a ele e ao pai, por terem uma vida desafogada enquanto ele e a mãe passam por dificuldades.

 

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O dia em que os eventos de Fronteira começam é outra ocasião em que Kouichi faz stalking a Kouji. Da primeira vez que vemos Kouichi no comboio, no episódio 21 (aquele em que Takuya regressa ao Mundo dos Humanos e ao passado), eu imaginei um cenário diferente. Kouji saberia perfeitamente que tinha um irmão mas estava a fugir dele e mentira quando lhe perguntaram se tinha irmãos.

 

Também poderia ter sido interessante.

 

Depois de não ter conseguido entrar no elevador onde Kouji e Takuya tinham entrado, Kouichi vai pelas escadas mas dá uma queda feia. Quando volta a si encontra-se no Mundo Digital, numa estranha dimensão de trevas – chega a perguntar-se se morreu e aquilo é o Além (...mais sobre isso adiante). É aqui que Cherubimon o encontra. Este aproveita-se das emoções mais negativas de Kouichi em relação à sua família para assumir o controlo sobre a sua mente e impôr-lhe o Espírito da Escuridão – ao ponto de o jovem se esquecer de quem é, só começando a lembrar-se mais tarde, quando se cruzou com Kouji. 

 

Pergunto-me se Cherubimon se identificou com os sentimentos de solidão, abandono e rejeição de Kouichi, daí tê-lo escolhido para marioneta. Teria sido interessante se Fronteira tivesse ido por aí. 

 

Este é um caso excecional nos Espíritos Digitais dos Guerreiros Lendários. Em vez de se limitar a representar um elemento (ou possivelmente uma zona do Mundo Digital), este tem características parecidas com os Cartões e/ou virtudes  (virtudes é como quem diz…) do universo de Adventure – no sentido em que exploram uma faceta da personalidade de Kouichi. 

 

Neste caso em particular, Fronteira brinca com o tropo do gémeo bom e o gémeo mau – e devia tê-lo explorado melhor. É engraçado porque, à primeira vista, se me dissessem que um dos gémeos teria o Espírito da Luz e o outro o Espírito da Escuridão, eu atribuiria a Luz a Kouichi, que tem um temperamento mais gentil que o irmão. É um caso curioso de yin e yang, de gémeos semelhantes nalgumas coisas e diferentes noutras. 

 

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Eu gostava de explorar esta ideia mais a fundo, mas a caracterização de Kouichi é escassa, deixa-me com pouco com que trabalhar. 

 

Não é a primeira vez que Digimon explora a ideia de luz e escuridão como dois lados da mesma moeda. E também a ideia de usar a escuridão para fazer o bem – veja-se o Ken de 02, que usou a sua afinidade com o Mar Negro para ajudar os heróis a derrotarem o Demon. Kouichi passa por um desenvolvimento semelhante ao reconhecer o seu lado sombrio e ao usá-lo para desbloquear as digievoluções corretas do Espírito da Escuridão e fazer frente a Cherubimon.

 

Infelizmente, depois de ser libertado da influência de Cherubimon, Kouichi tem pouco que fazer. Isso em parte é um efeito secundário do Takuya-e-Kouji-mais-quatro, mas também Kouichi interage pouco com os outros tirando o irmão, não altera as dinâmicas do grupo.

 

O “problema” é que Kouichi é facilmente perdoado. O que faz sentido, atenção! Ao contrário de Ken e Oikawa em 02, o jovem não tinha controlo quase nenhum sobre as suas ações quando estava sob influência do Cherubimon, nem sequer se lembrava de quem era. Não precisou de ser perdoado individualmente por cada um dos outros Escolhidos, ao contrário de Ken. O que é uma pena no sentido em que se perdeu uma oportunidade para desenvolver os outros – e para desenvolver Kouichi. 

 

Na verdade, Kouichi ainda é um dos não-Takuya-ou-Kouji que mais tem para fazer, por pouco que seja, durante o arco dos Cavaleiros Reais. Conforme já referi antes, o jovem traz ao de cima a faceta mais calorosa de Kouji. Mas, mais importante, Kouichi começa a reparar que, nas inúmeras vezes que os Cavaleiros Reais derrotam os heróis, surgem anéis de DigiCódigo à volta de cada um dos miúdos… exceto Kouichi.

 

Eventualmente, Kouichi suspeita que poderá estar morto no Mundo dos Humanos, tendo vindo ao Mundo Digital apenas em espírito. O jovem procura guardar segredo, sobretudo de Kouji – que ainda por cima começa a falar sobre passarem tempo um com o outro depois de salvarem o Mundo Digital.

 

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É uma situação dolorosa, talvez um pouco sombria demais para o que Fronteira estabelecera até ao momento. Dito isto, é uma das melhores partes do arco dos Cavaleiros Reais. Fronteira fez um bom trabalho com esta linha narrativa.

 

Kouichi a certa altura desabafa com Bokomon e Neemon. O primeiro, alguns episódios mais tarde, dá com a língua nos dentes ao resto do grupo, quando os gémeos estão a ter uma conversa a sós. Kouji suspeita que algo está errado, mas fica completamente às escuras até ao último momento. Só descobre a verdade na pior altura possível: em pleno combate com Lucemon, depois de o Louwemon levar com um ataque, quando tentava escudar os amigos. 

 

Imenso respeito a Kouichi por esta, por ter conseguido usar a situação a seu favor – de novo as semelhanças com Ken. Ao sacrificar-se e ao entregar os seus espíritos ao irmão, permitiu aos amigos desbloquearem Susanoomon. 

 

Kouichi só volta a ser mencionado dois episódios mais tarde, na segunda metade do último episódio. O que é um pouco estranho, mesmo frio. Parece que os miúdos ultrapassaram a perda muito depressa. 

 

Só depois de Lucemon ter sido finalmente derrotado, de os miúdos se terem despedido do Mundo Digital, de Bokomon e dos outros, quando já estão a meio caminho do Mundo dos Humanos, é que o espírito do Louwemon revela que Kouichi ainda está vivo. 

 

Assim, mal chegam ao Mundo dos Humanos, os miúdos correm para o local onde Kouichi tinha caído pelas escadas abaixo. O jovem já lá não estava, já tinha sido levado para o hospital. Aqui os médicos tentavam reanimar Kouichi, sem grande sucesso. Os miúdos irrompem pela sala de tratamento (ou bloco operatório?), Kouji à frente. A lágrima deste, bem como a luz dos dispositivos digitais regredindo à forma de telemóveis, chegam para trazer Kouichi de volta à vida e aos braços do irmão.

 

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É um momento lindíssimo, um dos melhores de Fronteira, acho que ninguém discorda. Dito isto, o Dr. Mike podia encher um vídeo inteiro só com as imprecisões médicas nos dois ou três minutos que a cena dura. 

 

Para começar, como é que Kouichi teve uma paragem cardíaca após uma queda? A minha irmã médica confirmou-me que isso é impossível. Só se ele tivesse partido uma costela e esta lhe tivesse lacerado o coração. Além de que Fronteira comete o erro comum em ficção de usar o desfibrilhador num caso de paragem cardíaca. Só se usa o desfibrilhador quando o coração está em fibrilhação o que também não aconteceria após uma queda. 

 

Além disso, como é que cinco crianças conseguem entrar numa sala de tratamento sem que ninguém as impeça? Como é que conseguem permanecer junto à cama de Kouichi tempo suficiente para o milagre acontecer sem que ninguém intervenha?

 

Eu podia continuar mas pronto, estamos a falar de uma história para crianças. E, como disse acima, foi um momento bonito. 

 

Pergunto-me se Kouji se cruzou com a mãe biológica no hospital, durante o internamento de Kouichi (mesmo depois do milagre, ele deve ter ficado internado durante algum tempo para observação). Pena não termos visto esse reencontro.

 

O que nos leva ao epílogo de Fronteira. Não ao estilo de 02, ao estilo de Tamers, mostrando o futuro próximo do elenco. Pegando de novo da história da família dos gémeos, descobrimos que, no pós-Fronteira, Kouji reencontrou a mãe biológica e estabeleceu uma relação com ela (bem como com o irmão), mas considera a madrasta a sua verdadeira mãe. Por seu lado, a mãe dos gémeos está mais feliz agora – pelo menos é o que Kouichi acha.

 

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Pois bem, eu tenho algumas dúvidas. Ou, na melhor das hipóteses, não nos estão a contar a história toda. Se antes dos eventos de Fronteira Kouji hesitava em aceitar a madrasta, a sua aventura no Mundo Digital deveria ter exacerbado essas dúvidas. Não que o contrário não seja credível – talvez Kouji ache que a madrasta não é cúmplice nas mentiras do pai. E talvez a afeição que nutre por ela tenha nascido de forma natural, independente das pressões do pai. Mesmo assim, acham mesmo que Kouji aceitou bem o facto de toda a sua vida ter sido uma mentira até aos eventos de Fronteira?

 

É possível que o pai tenha caído em si, tenha pedido desculpa à ex-mulher e aos filhos pelo mal que fez e começado a pagar a pensão de alimentos, melhorando significativamente a qualidade de vida da mãe dos gémeos. Mas isto são especulações minhas, eu tentando ter boa vontade para com os digiguionistas em vez de assumir que é apenas mais escrita. O texto dá pouco em que me basear. A ideia com que fico é que os digiguionistas criaram esta situação familiar mas não pensaram nas implicações. Como tal, esta foi uma conclusão insatisfatória para esta linha narrativa. 

 

No geral, Kouichi até é das personagens mais complexas e interessantes em Fronteira. E ainda assim acho pouco. Queria mais caracterização dele para além do facto de ter sido a marioneta de Cherubimon, a relação com Kouji e a sua experiência de quase-morte. Mas lá está, ninguém neste elenco teve grande desenvolvimento, porque seria Kouichi uma exceção?

 

Uma palavra breve para o epílogo. Não adoro pois é um exemplo de explicar em vez de mostrar (uma adaptação da expressão anglo-saxónica “show, don’t tell”), dizendo-nos diretamente que os miúdos mudaram, evoluíram, em vez de o vermos diretamente. No caso de Tomoki, dos gémeos e de Takuya até certo ponto, aceita-se até certo ponto pois já tínhamos visto sinais do desenvolvimento deles. No entanto, nos casos de Izumi e Junpei não resulta – nunca chegámos a ver exemplos daquilo que referem.

 

Por outro lado, este é o final mais feliz a ocorrer em Digimon até ao momento. Ninguém morreu (embora Kouichi tenha ficado perto), para começar. Além disso, é mais fácil a este elenco deixar o Mundo Digital pois não têm de deixar companheiros Digimon para trás. Só mesmo Bokomon, Neemon e as formas Infantis dos três Anjos, mas quem terá saudades deles, sobretudo Bokomon? Os miúdos de Fronteira nem sequer mantém os dispositivos digitais, mas não estou a vê-los com grande vontade de regressar ao Mundo Digital. Não tanto como os miúdos do universo de Adventure ou de Tamers, pelo menos. 

 

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No geral, as falhas que apontei aqui não chegam para estragar este final emocionante. O caminho até aqui deixou muito a desejar, mas no fim os digiguionistas acertaram no essencial. Dou-lhes crédito por isso. E os miúdos de Fronteira mereceram esta vitória. 

 

Nós, no entanto, ainda não terminámos. Ainda falta uma publicação para falarmos de música, dobragens, entre outras coisas. Continuem por aí.

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