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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Ao Calhas: Mobile

Depois de várias Músicas Ao Calhas, já estava na altura de falar de uma música da minha cantora preferida, Avril Lavigne. A discografia da cantautora canadiana inclui várias faixas que dão pano para mangas pelos motivos citados AQUI e mais alguns ainda. Começarei por Mobile, do álbum Let Go, o primeiro da cantora.


 



 
 
Everything's changing!
When I turn around,
All out of my control
I'm a mobile

 
Um facto completamente irrelevante para o caso: Mobile foi a primeira música que ouvi no meu primeiro leitor de MP3, que recebi aquando do meu décimo-sexto aniversário.

 
Let Go é o meu álbum preferido de Avril Lavigne por vários motivos. Um dos quais é o facto de cada uma das músicas ser fortemente icónica, fortemente representativa da personalidade e/ou da vida da Avril. Mobile é um dos exemplos mais significativos disso.

 
O único defeito da música é a letra estar construída um pouco às três pancadas. As letras nunca foram o ponto forte da música da Avril, as suas forças residem mais nas melodias e na emoção. Isto, de resto, contradiz aqueles rumores ocasionais de que a cantora não participa na composição das suas faixas - é muito mais provável uma rapariga de dezasseis anos, saída da escola, tenha escrito esta letra do que um experiente produtor de música.

Em termos musicais, Mobile está dentro da sonoridade predominante em Let Go: guiada pela guitarra acústica, a que se juntam guitarras elétricas no refrão. A melodia é forte, contagiante, como, de resto, quase todas as músicas da Avril. A terceira parte da música, que inclui o terceiro verso, o solo de guitarra, o refrão incompleto e os "la la la"'s, é a minha preferida.




Avril criou esta música inspirando-se na grande e súbita volta que a sua vida deu quando, aos dezasseis anos, assinou o seu primeiro contrato de gravação com a Arista Records, mudando-se, consequentemente, para Nova Iorque e, mais tarde, para Los Angeles, para gravar um disco - uma mudança que ela nem sequer compreendia na sua totalidade. Ela refere-o várias vezes em entrevistas: no início da sua carreira era muito ingénua, não se apercebia da sorte que tinha por ter conseguido assinar com Anthony L.A. Reid, por ter lançado o seu álbum de estreia aos dezassete anos e por os primeiros três singles deste disco (Complicated, Sk8er Boi, I'm With You) terem sido sucessos estrondosos.
 
Toda a gente passa por uma mudança deste género na passagem para a vida adulta, por essa montanha-russa de emoções contraditórias mas poucas são tão grandes e tão precoces como aquela por que a Avril passou. E ainda a procissão ia no adro aquando da criação de Mobile. Quando Avril a compôs, pensava apenas na mudança de Napanee, a sua terra natal, para Nova Iorque e, depois, Los Angeles. Dentro de um ano ou dois, a jovem tornar-se-ia conhecida por todo o planeta, com todas as vantagens e desvantagens desse estatuto, entraria em digressão pelo Mundo inteiro, demorando algum tempo a adaptar-se a essa vida.  De certa forma, Mobile acabou por ser profética.

 

 


Foi para ilustrar um pouco isso que se gravou o "videoclipe" de Mobile. Este vídeo apareceu na Internet no início de 2011, numa altura em que surgiam várias filmagens inéditas de bastidores de entre 2002 e 2003, algumas da câmara pessoal da própria Avril (denominadas AvCam). Algumas destas imagens foram incluídas em documentários e no DVD My World, mas a larga maioria permaneceu até inédita até irem parar à Internet em 2010.

 
Segundo o vídeo acima da AvCam, a ideia era misturar imagens da "vida da Avril na estrada, fazendo e desfazendo malas", em suma, ilustrando o estilo de vida de que falei acima, com imagens da Avril cantando e tocando no meio de uma estrada - estrada que simbolizaria o caminho que a cantautora já percorrera e o caminho ainda por percorrer. O vídeo seria incluído no DVD My World.

 
Tal nunca chegou a acontecer, provavelmente por as filmagens terem ocorrido à margem da editora discográfica, tal como é assinalado neste vídeo da AvCam. Nota-se até um certo amadorismo na forma como eles arranjam o playback à última hora.
 





 
Em todo o caso, houve quem conseguisse ter acesso às filmagens há quase dois anos e montou-as, dando-lhe a forma de um videoclipe. A reação dos fãs foi muito positiva, especialmente por parte dos mais saudosistas da era Let Go. Para mim, tem um significado extra pois, tendo eu o hábito de fazer montagens de vídeos da Avril, material novo é sempre bem-vindo. Avril aparece com muito pouca maquilhagem - o que, hoje em dia, é raro - exibindo feições pueris, parecendo ter bem menos que os dezoito anos que tinha na atura. A jovem surge a chorar nalgumas cenas - não sei se foi de propósito ou não mas considero que a alternância entre lágrimas e sorrisos ilustram bem a montanha-russa emocional de que falei anteriormente. Existe, de facto, um espírito muito Let Go nestas imagens, personalidade forte, rebeldia, à mistura com alguma inocência. Gosto particularmente das imagens finais, em que ela aparece a correr, tal como, mais tarde, aconteceria em My Happy Ending, When You're Gone e Alice - estas cenas são das minhas preferidas e adoro usá-las nas minhas montagens.

 
Praticamente todas as músicas da Avril são imortais mas as músicas de Let Go têm ainda mais motivos para isso. Vejam só o testamento que estou a escrever só sobre Mobile! Outras músicas do álbum de estreia da cantautora canadiana têm tanto que se lhe diga ou ainda mais.

 
Em 2002/2003, Avril Lavigne era uma jovem cantautora, vinda de uma terra pequena, nos confins do Canadá, ainda tentando compreender e adaptar-se ao mundo onde acabara de ingressar. Hoje, dez anos, quatro álbuns, uma linha de roupas, três perfumes, uma Fundação, mais tarde, é uma mulher poderosa, perfeitamente à vontade nesse mundo. Escusado será dizer que soube ultrapassar a turbulência dos primeiros anos da sua carreira de uma forma de quem nem todas as jovens celebridades são capazes. Isso enche-me de orgulho. Avril Lavigne já percorreu muitos quilómetros ao longo da sua carreira mas a estrada continua aberta para ela. Ainda tem muitos anos de carreira pela frente, ainda tem muito que percorrer. E eu estarei lá, entre o séquito de fãs de um pouco por todo o Mundo que constantemente a empurram para diante.

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    Tudo indica que não, infelizmente.

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