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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Ao Calhas - Nobody's Home e similares

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Quero introduzir aqui uma pequena variante dentro da rubrica Música Ao Calhas. Conforme já afirmei nesta entrada, a cantautora Avril Lavigne e respetiva discografia são o termo de comparação com que analiso praticamente todos os artistas e respetivos trabalhos musicais. De tal forma que acabo por rotular certas músicas de acordo com o tema de Avril Lavigne que me recordam: Nobody's Fool, Naked, Innocence, When You're Gone, Goodbye, I Will Be, etc. Tenciono, então, escrever algumas entradas de Músicas Ao Calhas sobre algumas dessas faixas-rótulo, bem como sobre músicas que a elas se assemelham. Começo hoje por Nobody's Home.



"She's fallen from grace
She's all over the place"

Nobody's Home foi o terceiro single e Under My Skin, o segundo álbum de estúdio de Avril Lavigne, Este é o álbum mais pesado da cantora, tanto em termos de sonoridade - dos quatro, é o disco mais rock, chega a ter influências góticas - como em termos de letras, por vezes exagerando no dramatismo.

Nobody's Home é razoavelmente representativa do espírito de Under My Skin. Resultou de uma colaboração entre Avril e Ben Moody, ex-Evanescence. A cantora escreveu a letra pensando numa antiga colega de escola que optou por maus caminhos. A letra - tanto desta faixa como das outras faixas de que falarei nesta entrada - fala de uma personagem feminina maltratada pela vida, marginalizada, perdida em vários aspetos. Na minha mente, assume a forma de uma sem-abrigo toxicodependente, que se prostitui para sobreviver e arranjar dinheiro para a droga. Mas também podia ser uma adolescente grávida, repudiada pela família. Nestas coisas, apenas somos limitados pela nossa imaginação.

Na verdade, Nobody's Home recorda-me o livro A Lua de Joana, de Maria Teresa Maia Gonzalez. Para aqueles que não o leram, é constituído por cartas de Joana, a personagem principal, destinadas a Marta, a melhor amiga que morreu devido à droga. A própria Joana acaba por se tornar também toxicodependente e, no fim, morre da mesma forma. Não se pode dizer que Joana tenha sido marginalizada, mas esta sente-se sozinha, ignorada pela família, em particular após a morte da avó. Na última carta do livro, antes de morrer, chega, curiosamente, a usar a expressão "Não está ninguém em casa". Devem, de resto, existir imensos casos semelhantes aos descritos, tanto no livro como na música - deve ser daí que vem o verso "She's all over the place"



No entanto, apesar de este conceito ser interessante, foi, na minha opinião, mal aproveitado, pelo menos no que toca à letra. demasiado simplista, fraca, sobretudo se compararmos com Everything Burns e Stand in the Rain - de que falarei mais à frente. Infelizmente, existem demasiados exemplos de letras fracas no trabalho musical da Avril - se em Sk8er Boi isso faz parte da graça da música, a maior parte dos temas saem enfraquecidos pela letra, em diferentes graus. Nobody's Home é um bom exemplo disso. Pelo menos nesse aspeto, acho que se desperdiçou uma oportunidade.

A força de Avril reside, de resto, nas melodias, na interpretação vocal, no tratamento dos instrumentos. Toda essa parte musical está bem construída em Nobody's Home: temos uma balada rock, dramática, algo gótica, conduzida pela guitarra acústica, sendo acompanhada por guitarras elétricas e violinos, estes últimos mais evidentes na parte final da faixa.

Em algumas apresentações ao vivo - como a mostrada acima - a música aparece com um arranjo diferente mas que funciona. Começa apenas com guitarra acústica e voz até ao fim do terceiro verso - o momento do cúmulo dramático - altura em que "explodem" as guitarras elétricas e a bateria.


O videoclipe de Nobody's Home é um dos mais interessantes da carreira de Avril. Aqui, a cantora desempenha o papel da personagem que descreve na música: uma jovem sem-abrigo que vive nas ruas, à margem da sociedade, desprezada por todos. As cenas da vida da jovem - dormindo no chão, tocando guitarra na rua, tentando lavar-se numa casa de banho pública, procurando abrigo da chuva em carros estacionados - alternam com cenas de Avril cantando acompanhada por uma orquestra, tratadas de modo a  assemelharem-se a um filme antigo. Existe uma versão alternativa desse videoclipe, em que estas cenas surgem a cores e em que, em adição às cenas listadas em cima, Avril aparece vageando num supermercado, sorrindo a uma criança no colo de uma senhora que, ao reparar na atenção da jovem, afasta-se olhando-a de lado - uma cena que, no meu ponto de vista, reforça a ideia de marginalização.


"Burn it all down 'cause my anger raise 'till everything burns!
Watching it all fade away..."

Ben Moody trabalhou noutra música muito parecida com Nobody's Home. Trata-se de Everything Burns, que integra a banda sonora do filme Quarteto Fantástico. Curiosamente, o plano inicial era Avril cantá-la, juntamente com Ben, algo que não chegou a acontecer - e que não lamento pois, provavelmente, traria demasiados ecos de Nobody's Home. Estou até convencida que uma das músicas inspirou a outra - as semelhanças entre ambas as faixas são demasiadas para ser coincidência. Em todo o caso, Anastacia foi bem escolhida e, com a sua voz poderosa, pôde espelhar a sua personalidade na canção, dando um verdadeiro espetáculo.
 
Conforme afirmei antes, Everything Burns tem várias semelhanças com Nobody's Home. Começando pela temática, que é essencialmente a mesma - a letra está um pouco melhor mas não muito - acrescentando referências a dor recalcada, reprimida, que se vai acumulando até transbordar, até "explodir". Em termos de tratamento musical, também não difere muito de Nobody's Home: também é guiada pela guitarra elétrica de Ben Moody, sendo acompanhada por violinos e algumas notas de piano. Destaque para o fim do segundo refrão, em que a música "explode" - como na versão ao vivo de Nobody's Home - refletindo bem o conflito descrito pela música. 

Destas três músicas, a minha favorita é Stand in the Rain, por Superchick, uma banda do chamado christian rock, de que sei muito pouco. Descobri-a em montagens de vídeos da Avril Lavigne - e, como podem ver, eu mesma montei um vídeo da música - em 2009. Foi depois de a ouvir que me apercebi das fraquezas de Nobody's Home, em particular em termos de letra. A de Stand in the Rain descreve uma situação semelhante às descritas em Nobody's Home e Everything Burns mas fá-lo de uma forma bem melhor, acrescentando uma mensagem de força e coragem, como forma de não se deixar afogar pela dor.

Stand in the Rain também se destaca das outras pela parte musical: conduzida por arpejos de guitarra, a que se juntam guitarras elétricas distorcidas e pesadas, notas de piano suaves e violinos frenéticos, dando uma nota dramática à faixa. Destaque para os solos após o segundo e o terceiro refrões, bem como para a sequência de piano no desfecho da música.


Há pouco mais de uma semana, Avril anunciou no Twitter o nome do primeiro single do seu próximo álbum. Nós, os fãs, assumimos que isso significa que o disco está, finalmente, pronto a ser editado. Aposto em maio ou junho para o lançamento. Quanto ao primeiro single, Here's to Never Growing Up, devemos ouvi-lo pela primeira vez algures nas próximas semanas - e mesmo só com o nome tenho já vários tópicos que planeio abordar quando escrever sobre a música. As próximas semanas, em particular após o lançamento de Here's to Never Growing, serão muito entusiasmantes, à medida que as informações sobre o álbum forem sendo reveladas. Já está a ser divertido acompanhar esse processo em relação ao álbum dos Paramore, quando for o álbum da Avril sê-lo-á ainda melhor. Nessa altura, talvez publique algumas entradas de antecipação ao álbum.

Uma vez que a médio prazo teremos bastante Avril aqui no blogue, nos próximos tempos vou evitar publicar sobre o tema - a menos que Here's to Never Growing Up seja lançada nos próximos dias. Tenho até várias entradas planeadas sobre outros cantores e músicas e tenciono tê-las publicadas em breve. Mantenham-se ligados. 

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