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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Não Tão Ao Calhas – Sanity

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No passado dia 6 de outubro, os Paramore lançaram Re: This is Why, um álbum de remixes das músicas de This is Why, editado em fevereiro deste ano. Este é essencialmente o Reanimation dos Paramore. Os membros da banda enviaram as faixas a músicos que os influenciaram e/ou com quem se dão bem para eles as reinterpretarem como melhor entendessem. O álbum inclui também uma canção inédita chamada Sanity.

 

Nunca esperei uma destas da parte dos Paramore. Não é algo que eu necessariamente desejasse. No entanto, até foi uma surpresa agradável, algo diferente e interessante.

 

Gosto da maior parte das novas versões, em geral. Por sinal, aquelas de que menos gosto são das canções de que menos gosto no álbum original: Running Out of Time (ainda por cima são duas) e Big Man Little Dignity. Imenso respeito por Zane Lowe, mas o remix dele é exatamente do género de que nunca gostei. O outro, de Panda Bear, não é tão mau. A letra tem os seus momentos. Mesmo assim… ficou secante.

 

Quanto ao de Big Man Little Dignity, basicamente apenas mudaram o acompanhamento. Não ficou bem, na minha opinião. Como disse antes, não gosto muito da versão original, mas o acompanhamento até tem partes bonitas. O remix nem isso tem. 

 

Acho que os outros ficaram melhores. O de The News, com as Linda Lindas, não ficou radicalmente diferente, mas as vozes adicionadas deram um tom reacionário à música, à riot grrrl. O remix de Figure 8 ficou bastante diferente – Bartees Strange transformou-a essencialmente numa música da Lorde, com voz masculina. 

 

You First também ficou fixe. Como vimos antes, a música original é sobre conflito entre o lado bom e o lado mau de uma pessoa. Nesta reinterpretação, a letra toma a perspetiva do lado mau. Por sua vez, Crave e Thick Skull são covers, basicamente. São interessantes, gosto em particular do primeiro, mas as versões originais são melhores.

 

 

A minha preferida, no entanto, é a nova versão de Liar. Esta é a única que, na minha opinião, rivaliza com a versão original.

 

Como comentámos antes, a Liar original é uma balada acústica com elementos atmosféricos. O que Romy e a co-produtora Francine Perry fizeram foi essencialmente transformar Liar numa balada atmosférica com elementos acústicos. Não contrasta com a interpretação vocal de Hayley Williams – pelo contrário, até a favorece. Romy também acrescentou versos da sua autoria, também eles dentro do tema de relutância em relação ao amor. Ficou linda.

 

Continuo a gostar imenso da Liar original. Ainda agora saiu um episódio do podcast Song Exploder em que os Paramore falam dela. Não a trocaria pelo remix. Mas é a melhor de todas as reinterpretações.

 

Pergunto-me os Paramore tocarão algumas destas novas versões ao vivo, em concertos futuros. Talvez as toquem com os respetivos músicos. 

 

Mas o principal tema deste texto é mesmo Sanity. Não sem antes explicar o contexto, a sua backstory. A música foi referida pela primeira vez em 2018, num artigo que Hayley escreveu para a Paper Magazine sobre os seus problemas de saúde mental. Na altura, Hayley encontrara pouco antes uma nota no seu telemóvel com os versos da primeira estância de Sanity – e quase chorara. 

 

Supostamente, estes versos foram escritos algures no fim do ciclo do Self-Titled. Antes de o piano ter caído em cima de Hayley, antes de a batata quente lhe ter rebentado nas mãos. Por outras palavras, antes de Jeremy Davies ter deixado os Paramore de forma litigiosa e antes de o, na altura, noivo de Hayley a ter traído, supostamente – os dois eventos que terão desencadeado o episódio depressivo que inspirou a larga maioria de After Laughter. Segundo Hayley, estes versos foram o primeiro indício trágico do que aí viria, o primeiro sinal do seu subconsciente de que algo não estava bem.

 

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É interessante ler este artigo hoje, depois da era Petals For Armor. Em 2018, Hayley estava ainda no início da sua jornada, mas já falava de ignorar sinais do seu subconsciente, de reprimir partes de si mesma, as partes de si que escrevem as letras. Ela mesma deu o exemplo: escrevendo a letra de Forgiveness sobre não conseguir perdoar, mas indo para a frente com o casamento. 

 

Nunca esperei que os Paramore lançassem a música. Quando escreveu o artigo, Hayley disse que não chegaram a terminar a música e eu nunca mais pensei nela. Assumi que nunca tinham ido além desses versos. Foi, assim, uma surpresa quando o título Sanity apareceu no alinhamento de Re: This is Why. Tal como muitos fãs, associei-a de imediato ao versos do artigo de 2018. E tínhamos razão.

 

Não se sabe ao certo quando é que Sanity foi composta na sua totalidade, mas parece ter sido gravada durante os trabalhos de This is Why. Sim, a música tem imensas semelhanças com o estilo de After Laughter, nomeadamente o ritmo dançante e alegre enquanto se canta sobre temas sérios. Mas a produção é menos polida, mais industrial, indiciando o estilo de This is Why. Sanity, no entanto, não se encaixa das temáticas do sexto álbum dos Paramore, daí ter sido deixada de fora. Já acho estranho, aliás, terem-na incluído em Re: This is Why – mais sobre isso já a seguir. Hayley disse que tinham Sanity pendurada há muito tempo até terem encontrado “um lar” para ela.

 

A letra de Sanity parece falar, assim, de alguém que se encontra à beira do precipício, a sentir o escuro a chamá-la, à beira de perder o controlo. Nunca sofri de depressão, mas acho que sei o que é isto. 

 

No one’s home but the void is loud, echoes around my empty house”. Às vezes fico presa à minha própria cabeça, sobretudo se estou sozinha. Se não tenho cuidado comigo mesma, começo a catastrofizar, a pensar em todas as maneiras, reais ou imaginárias, em como estou a falhar na vida. 

 

 

Synapses are slowing down” parece aludir a um sintoma muito comum na depressão: falta de energia. A mim, às vezes acontece-me quando estou muito ansiosa, por paradoxal que pareça: ficar sem energia, ficar com sono. Passei um dia assim há coisa de mês e meio… não foi divertido. 

 

Felizmente passou, resolveu-se. Se fosse mais grave, teria pedido ajuda. 

 

Por outro lado, a segunda estância – “levity, fill me up, let me flow. I’ll let you take care of me, you can help me let go” – descreve bem o conceito do álbum e da era After Laughter: leviandade, músicas alegres sobre assuntos muito sombrios, auto-depreciação. A forma que Hayley e o resto dos Paramore arranjaram para lidar, na altura. 

 

Foi a forma mais saudável? Discutível. A curto/médio prazo terá ajudado e sempre resultou num excelente álbum. Mas, tal como já foi comentado cá no blogue, a certa altura Hayley teve de parar e enfrentar estes problemas como deve ser.

 

A terceira parte da música – “Finally I have arrived”. Suponho que seja sobre o momento em que finalmente o piano lhe cai em cima, em que finalmente é atingida pela depressão. E é um lugar sem calor, sem vida – “and there is nothing to see”, “and there is nothing to breathe”

 

É uma música muito interessante, mesmo ignorando o contexto. O único problema é que acho que não faz sentido no contexto de This is Why. Na minha opinião, os Paramore deviam tê-la guardado para uma reedição de After Laughter – num aniversário ou assim. 

 

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No entanto, não me vou queixar por os Paramore não terem querido esperar tanto tempo para partilharem esta música connosco. Sempre me deu algo sobre que escrever.

 

Tal como já tínhamos referido depois de falarmos sobre This is Why, a esta hora os Paramore estarão em estúdio – pelo menos até aos seus concertos na Austrália. Alguns fãs especularam sobre uma edição Deluxe de This is Why, com faixas extra gravadas agora. Depois de Re: This is Why, no entanto, acho pouco provável. Mais provável lançarem um EP ou mesmo um novo álbum. Continuamos à espera.

 

Antes de terminarmos, queria só deixar uma nota rápida sobre o recente single dos Sum 41, Landmines. O primeiro de Heaven :x: Hell, finalmente. Corrijam-me se estiver enganada, mas é a primeira vez em imenso tempo que eles lançam uma música neste estilo mais pop punk, não é? A última vez foi em 2007, com Underclass Hero, não foi?

 

Não é a sonoridade mais original, admito. Sobretudo com aqueles “whoa!” depois do refrão. Mas gosto à mesma.

 

Os Sum 41 anunciaram há uns meses que irão dissolver a banda no próximo ano, após o ciclo deste álbum. Na altura fiquei triste, claro, mas – indo por aí outra vez – depois do que aconteceu com Chester Bennington e os Linkin Park, não é isto que me vai tirar o sono. Desde que esteja toda a gente viva e a dar-se bem com os colegas, não me queixo. O importante é ter saúde.

 

Eu já tinha aprendido essa lição, mas Deus Nosso Senhor mesmo assim sentiu necessidade de reforçar essa ideia. 

 

 

Para começar, Dave Brownsound Baks, o guitarrista, teve de lidar com um tumor maligno – que felizmente foi removido antes que pusesse causar estragos. 

 

Mais tarde, em setembro, Deryck Whibley, o vocalista, apanhou Covid e acabou por evoluír para uma pneumonia. Chegou a falar-se em insuficiência cardíaca e eu assustei-me. “Deryck, não te atrevas…” Talvez tenha sido exagero da minha parte, talvez estivesse escaldada e com medo de água fria. Mas, em minha defera, este não foi o primeiro susto que Deryck que nos pregou.

 

Felizmente tudo se resolveu, os Sum 41 já atuaram no festival When We Were Young e tudo. Diz que Heaven :x: Hell sai na próxima primavera. Ficamos à espera.

 

Não sei quando é que volto a publicar aqui no blogue. À hora desta publicação, The Beginning, o filme de Digimon 02, sequela a Kizuna, estará prestes a sair nos Estados Unidos. Devo conseguir vê-lo em breve. Será um novo desafio para o meu coração, que tem passado por muito este ano… Por outro lado, vai ser bom mudar um pouco o registo aqui no blogue. Ainda não sei quando conseguirei publicar a eventual análise a esse filme – antes do fim do ano será difícil. Provavelmente, terei de interromper para escrever o balanço de fim de ano – este deverá ser mais curto. 

 

Logo se vê.

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Deem uma espreitadela à página de Facebook deste blogue. Continuem por aí. 

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