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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Não Tão Ao Calhas – She Couldn't

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O primeiro álbum de estúdio dos Linkin Park, Hybrid Theory, vai completar vinte anos desde a sua edição a 24 de outubro. Para assinalar este marco, a banda vai lançar uma edição especial que inclui, mas não se limita a, um livro de fotografias inéditas, transmissões em vídeo de concertos, demos de canções conhecidas, faixas inéditas. Em jeito de aperitivo para o que aí vem, a banda lançou uma dessas faixas, She Couldn’t, na passada quinta-feira, dia 13 de agosto.

 

She Couldn’t foi uma das primeiras canções que os Linkin Park compuseram já com o falecido Chester Bennington na banda. O primeiro vocalista da versão beta da banda, chamada Xero, era Mark Wakefield, que chegou a colaborar na composição de canções como Runaway e A Place for My Head. Aparentemente, She Couldn't foi posta de parte relativamente cedo – nem sequer faz parte do EP Hybrid Theory. 

 

No verão de 2009, alguém pôs à venda no eBay um CD com demos dos Linkin Park, incluindo esta canção. Consta que era uma versão de fraca qualidade, cheia de estática.

 

Confesso que, até agora, nunca me tinha interessado muito muito por material suplementar dos Linkin Park. Nem mesmo por álbuns de remixes, como Reanimation e Collision Course, tirando um caso ou outro, como New Divide e A Light that Never Comes. Os álbuns de estúdio sempre foram o meu maior ponto de interesse. Só há relativamente pouco tempo é que conheci My December e há ainda menos High Voltage. Ainda assim, já tinha dado com o título She Couldn’t algumas vezes no Twitter.

 

Imagino a alegria para esses fãs poderem ouvir a música com boa qualidade ao fim de onze anos. 

 

 

Boa qualidade é como quem diz… continua a ser uma demo, a qualidade não é espetacular. A voz de Chester soa um pouco baixa no início das estâncias. Para este lançamento, eles pegaram naquilo que tinham e melhoraram o mais que puderam. No entanto, como referido acima, She Couldn’t deve ter sido descartada numa fase precoce do processo, a banda nunca se deu ao trabalho de gravar uma versão melhor. Não podiam regravar os vocais agora por… motivos óbvios.

 

She Couldn’t é uma música muito suave. Não tem guitarras pesadas, ao contrário de todo o Hybrid Theory. A instrumentação consiste essencialmente em sintetizadores, baixo, notas discretas de guitarra, Joe Hahn arranhando discos. É uma faixa longa, com cinco minutos de duração, foca-se no instrumental. Soa a música de fundo no bom sentido: ajuda a criar uma atmosfera particular, um “mood”, com o seu tom melancólico, muito Linkin Park.

 

A voz de Chester nem sempre se ouve bem, como comentei acima, mas mesmo assim ele teve oportunidade de exibir os seus dotes vocálicos nalguns momentos, sobretudo durante a segunda estância. A música repete várias vezes um excerto da música de The High & Mighty, B-Boy Document 99 – é uma das imagens de marca de She Couldn’t (ao ponto de se tornar um bocadinho repetitiva). Temos alguns versos de rap de Mike Shinoda no mesmo tom do sample – de tal forma que, no início, não percebi que era um sample, pensava que era a voz do Mike, talvez com alguns efeitos.

 

O narrador de She Couldn’t está a consolar uma pessoa, um amigo, que perdeu alguém, uma “ela”. Não se percebe ao certo como ou porque se deu a perda. Partes da letra dão a entender que ela morreu – "The sunlight's shinning on her now", "The sunlight's crying for her now". Outras partes não encaixam bem na teoria, nomeadamente os sentimentos de culpa do amigo do narrador. A menos que tenha sido suicídio…

 

O mais certo é eles terem sabido desde o início que a relação não podia durar muito. Numa determinada data, ela teria de ir para outro lugar, por compromissos profissionais ou assim. Talvez isto tenha sido um romance de verão que se tornou mais intenso do que o esperado. 

 

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Em todo o caso, o narrador de She Couldn't estende uma mão ao seu amigo, ao ouvinte. A propósito do lançamento desta música, Mike referiu que She Couldn't funcionou como um indício de direções futuras da banda, do seu lado mais gentil. "O verso 'You're not alone' cantado suavemente lembra-me que, apesar de nos termos estreado com uma canção que grita 'Shut up!' (cala-te), aquilo que a maior parte dos fãs acabaram por descobrir foi que empatia e comunidade eram também uma parte integral do ADN dos Linkin Park."

 

Essa empatia e comunidade são aquilo que nos tem sustentado nestes últimos três anos. 

 

Em suma, não estando entre as melhores dos Linkin Park, She Couldn't é uma música gira, uma pérola escondida que nos permite imaginar um álbum de estreia diferente. 

 

Se foi bem excluída de Hybrid Theory? Sim e não. Por um lado, o álbum padrão é intenso, é rápido, mesmo os momentos mais pausados, como Crawling e Pushing Me Away têm guitarras pesadas. Nesse sentido, She Couldn't seria um grande outlier.

 

Por outro lado, tal como referi acima, a música tem aquele tom melancólico que caracteriza o estilo dos Linkin Park, sobretudo em início de carreira. Se o Hybrid Theory fosse diferente, um pouco mais variado, incluísse músicas mais calmas como My December (uma faixa com algumas parecenças com esta), She Couldn't teria de ser uma delas. 

 

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Hei de voltar a esta questão em breve. Tenho estado a trabalhar numa análise a Hybrid Theory, para ser publicada no dia 24 de outubro – o dia do vigésimo aniversário. Sim, ainda faltam dois meses, mas vocês sabem que eu trabalho devagar. Ainda por cima, em setembro e outubro vamos ter um total de cinco jogos da Seleção. Haverão alturas em que estarei ocupada com o meu outro blogue. Por um lado vai ser bom, estou cheia de saudades da Turma das Quinas. Por outro, este blogue será um bocadinho prejudicado. É melhor adiantar trabalho. 

 

De qualquer forma, fico contente por já termos She Couldn't. Deu-me uma desculpa para não deixar o estaminé ao abandono durante demasiado tempo, para deixar um cheirinho da análise maior, ao álbum inteiro. 

 

A minha ideia será focar-me mais no alinhamento padrão de Hybrid Theory, visto serem essas as músicas que conheço melhor. No entanto, como a edição especial será editada a 9 de outubro, devo incluir algumas impressões sobre as inéditas que lançarem. Nada de muito detalhado, em princípio.

 

Em relação aqui ao blogue, para que este não fique parado durante muito tempo, estou a pensar fazer algo que não faço há muito tempo: responder a uma tag. A última que fiz foi esta. Só para variar um bocadinho. 

 

Uma vez mais, obrigada por lerem. Até à próxima!

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