Sobre a terceira temporada de Ted Lasso #1
Na última meia dúzia de anos, ou mais, tenho andado algo enjoada de séries. Tenho visto relativamente poucas e geralmente não me interesso por aí além nas mesmas. Acompanhei The Crown praticamente do princípio ao fim, tenho visto Bridgerton, vi algumas temporadas de Virgin River até me fartar, algumas minisséries como Queen’s Gambit. Nunca deixei de ver Anatomia de Grey, mas o meu interesse é tão pouco que eu me esqueço do que acontece entre episódios. Não decorei o nome de nenhuma personagem nova desde para aí 2017.
Recentemente até me tenho aberto um pouco mais. No verão vi a primeira temporada de Why Women Kill e adorei. E há uns meses vi Only Murders in the Building.
No entanto, mesmo quando gosto, não tenho vontade de escrever sobre elas. Era algo que fazia há dez anos, sobretudo sobre Once Upon a Time – ainda hoje são dos textos que recebem mais visitas. Mas a verdade é que ver uma série com lentes de análise muitas vezes estraga a experiência. E nos últimos anos não quis fazê-lo.
Não estava nos meus planos fazê-lo com Ted Lasso, a minha série preferida dos últimos anos. Nunca me deu vontade de escrever sobre as primeiras duas temporadas – tirando o texto sobre She’s a Rainbow. São demasiado boas. Quando é assim, muitas vezes não é estimulante escrever sobre elas. Quase só elogios quando, ainda por cima, outros já os fizeram e eu não tenho muito a acrescentar.
Nesse aspeto, a terceira temporada é perfeita como tema de análise. Não sendo má, teve falhas que necessitam de ser discutidas. Está ali no ponto: nem demasiado boa para ser só elogios, nem tão má que se torna deprimente escrever sobre ela. Aliás, tinha mais a dizer sobre esta temporada do que pensava – assim, esta análise virá dividida em três partes. Esta é a primeira, a próxima virá amanhã ou depois.
Obviamente, este texto terá spoilers para toda a série de Ted Lasso (isto é… para as três primeiras temporadas. É possível que no futuro a história continue). Leiam por vossa conta e risco.
Sem mais delongas, comecemos pelo princípio. No início da temporada, o Richmond acaba de subir à Premier League, mas os prognósticos não lhes são favoráveis. Sobretudo em comparação com os do West Ham, clube recém-comprado por Rupert, o ex-marido de Rebecca que, ainda por cima, desviara Nate da equipa técnica do Richmond. Nate, esse, que deixara o clube após um desentendimento feio com Ted.
Naturalmente, toda a gente no clube está afetada pela situação: jogadores, equipa técnica, dirigentes, cada um à sua maneira.
Começando por Rebecca. A história dela teve altos e baixos mas até começa numa situação interessante: levando a peito a má imprensa que o Richmond anda a receber. A dona do clube já há muito que desistira de destruir o Richmond por dentro, mas continua com vontade de se vingar do ex-marido – que, juntamente com Nate, aproveita todas as ocasiões para rebaixar o antigo clube publicamente. E Ted, ainda por cima, está numa fase algo apática no que toca ao seu papel como treinador – um estado de espírito que o acompanhará por toda a temporada, em graus diferentes.
Na verdade, isto podia ter sido melhor explorado (habituem-se a esta ideia, pois vai voltar a surgir umas quantas vezes nesta análise, sob formas diferentes). Rebecca podia ter pressionado Ted um pouco além do aceitável – precisamente por causa da sua obsessão em levar a melhor sobre Rupert e por achar que Ted não está a levar o seu trabalho suficientemente a sério. Podia inclusivamente considerar que a equipa dependia demasiado de Nate.
Há até um momento, num dos primeiros episódios da temporada, em que Higgins sugere, a medo, despedirem Ted. Rebecca rejeita a ideia de imediato, mas esse podia ter sido um desenvolvimento interessante. Afinal de contas, Rebecca contratara Ted pelos motivos errados. A médio/longo prazo acabou por resultar. Mas qualquer adepto de futebol sabe que, mesmo com os melhores treinadores, todos os ciclos têm um fim. Ted acabou por sair pelo próprio pé, como veremos mais tarde, e nem sequer foi por as coisas terem corrido mal – pelo contrário, deixou o Richmond após um feito histórico. Se as circunstâncias fossem outras, no entanto, poderia ser necessário rescindir com ele. E suspeito que Rebecca, com demasiados sentimentos de culpa, adiaria a decisão inevitável até ao infinito.
Dizia eu que este aspeto da história de Rebecca no início da terceira temporada até era interessante, ainda que não suficientemente bem explorado. O que acontece a seguir nem interessante é, só é parvo. Falo da consulta com a vidente. Mesmo quando vi esse episódio pela primeira vez, sabia que, na melhor das hipóteses, era uma maneira preguiçosa de indiciar eventos futuros.
O pior é que Ted Lasso nem sequer foi a lado nenhum com as pistas deixadas pela vidente, tirando uma ou outra. Trouxeram de volta um tipo com quem Rebecca saíra uma ou duas vezes na segunda temporada e de quem ninguém queria saber. A pista relacionada com Sam também não deu em nada – eles não retomaram a relação. Eu até gostava deles como casal, mas foi melhor assim. Finalmente, a previsão de que Rebecca se tornaria mãe só fez que se perdesse tempo. Mostram-na consultando um especialista de fertilidade, aparentemente recebendo más notícias e nunca mais voltam a pegar no assunto.
É certo que o vaticínio acaba por apontar na direção do interesse romântico de Rebecca e respetiva filha. Mas podiam perfeitamente tê-los introduzido na história sem as pistas parvas da vidente.
O tal interesse romântico é-nos apresentado no episódio Sunflowers. Antes de falarmos dele, queria só assinalar que este é um dos meus episódios preferidos nesta temporada.
Para começar é como se fosse um episódio de férias: o elenco num cenário e em situações diferentes das habituais. Neste caso, temos os jogadores e equipa técnica passando uma noite de folga em Amesterdão, após um jogo particular com o Ajax. Numa nota pessoal, este episódio saiu quando estava a passar uns dias em Zurique, na Suíça, onde vive o meu irmão, entre dois concertos muito emotivos. Assim, quando vi Sunflowers pela primeira vez, revi-me nessa emoção de estar num país estrangeiro, longe da minha vida real.
Em segundo lugar, o episódio segue várias linhas narrativas, mostrando as diferentes formas como o elenco passa essa noite. Algumas delas, não sendo muito relevantes em termos de enredo ou caracterização, sempre dão para entreter. Outras, como a de Rebecca, são marcantes, funcionando quase como um ponto de viragem.
O interesse romântico é um piloto holandês (embora a profissão dele só seja revelada mais tarde), que dá abrigo a Rebecca durante uma noite na sua casa-barco após esta cair num canal. Os dois não trocam nomes, mas Rebecca toma duche, muda de roupa, ele lava-lhe as roupas molhadas. Os dois conversam, jantam, cantam, dançam, mas não vão além de um beijo, na manhã seguinte.
Alguns fãs detestam o piloto e esta parte da história – gente que queria ver Rebecca envolvendo-se com Ted, suspeito eu. Eu gosto. É um daqueles tropos de histórias de viagens: um romance de férias, um caso de uma única noite. Dois desconhecidos que não sentem a necessidade de manter as aparências do quotidiano. Podemos ver um lado diferente de Rebecca, com alguém que não conhecia a sua versão habitual: a dona do Richmond, a ex de Rupert. Ela nem sequer está vestida nem maquilhada como costuma.
Adiantando-me um pouco, supostamente o piloto holandês será o final feliz de Rebecca, a filha deste confirmando a profecia da outra. Se parte de um episódio e uma breve cena no final chegam para dar credibilidade a este desfecho? Não. Nesse aspeto, concordo com as críticas. Por outro lado, nada nos garante que aquilo resultará a longo prazo. Se forem para a frente com uma nova temporada de Ted Lasso, os guionistas poderão desenvolver a história ou ir numa direção diferente.
Regressando à rivalidade com Rupert, recuando alguns episódios, mesmo com a raiva alimentando várias das suas ações, Rebecca começa a reparar em sinais de alarme na relação do ex com Bex, a nova esposa. Mandando bocas discretas sobre Rupert e, mais grave, Rupert metendo-se com uma das suas assistentes. Depois de testemunhar esta última cena, na conversa seguinte com Rupert – depois de uma derrota feia do Richmond aos pés do West Ham, note-se – Rebecca roga-lhe que pense na esposa e na filha.
Esta é uma viragem interessante na linha narrativa: o momento em que Rebecca começa a olhar além do seu rancor pessoal e a perceber que não é a única vítima de Rupert. Infelizmente, uma vez mais, a série não faz mais nada com isto. Quando Rebecca e Rupert se reencontram, já se passaram vários episódios, já muita coisa aconteceu entretanto – Nate já se demitira e Rupert trocara de assistente.
O reencontro dá-se a propósito de uma reunião com Edwin Afuko. Um dos antagonistas da série que já me tinha irritado no final da segunda temporada e que, na terceira, está muito pior. Um autêntico vilão de desenhos animados – acho que nem a Sofia de oito anos lhe acharia piada. Afuko convida meia dúzia de donos de clubes para criarem o equivalente à Super Liga que se tentou criar há uns anos, na vida real.
Não percebo a lógica de convidarem Rebecca e o Richmond para essa liga, no entanto. O Richmond é um clube pequeno, vindo da segunda divisão mas que agora estava a lutar pelo título – o literal oposto das intenções da Super Liga. Talvez Rebecca só tenha sido convidada graças a Rupert… Mas Rupert é dono do West Ham, que também não é propriamente um tubarão do futebol. Pelo menos não na vida real.
Em todo o caso, sempre dá uma oportunidade a Rebecca para fazer um manifesto anti-Super Liga (e anti-capitalismo no futebol em geral). Tem razão em tudo o que diz.
Se me permitem o aparte, qualquer adepto da modalidade já terá reparado nas inúmeras decisões movidas a dinheiro que têm dado cabo do futebol. Calendários sobrecarregados que deixam os jogadores exaustos e levam a exibições paupérrimas – veja-se o que aconteceu no Euro 2024. Transmissões de jogos reféns de múltiplos canais pagos – ainda sou do tempo em que passavam pelo menos um jogo da liga portuguesa por jornada em sinal aberto. Sportswashing – um Mundial no Catar, outro na Arábia Saudita, Cristiano Ronaldo mudando-se para este último país, arrastando outros talentos consigo, tentando vender o país como uma grande potência do futebol. Mesmo a ideia da Super Liga ainda sobrevive. Tenho medo que, mais cedo ou mais tarde, se torne realidade.
A maneira como Ted Lasso passa a mensagem deixa muito a desejar, no entanto. Subtileza zero, para começar. Afuko diz com todas as letras que o objetivo dele é ganhar dinheiro. Depois disso, Rebecca discursa literalmente ao som de violinos. É quase como se a série estivesse a fazer uma caricatura de si mesma – ou seja, dá tiros nos próprios pés no que toca à mensagem que quer transmitir. Faz com que a audiência não a leve a sério.
A melhor parte do discurso é a história sobre Rupert em criança. Pela primeira vez, vemos um indício da cumplicidade que ambos partilhavam, vemos porque é que Rebecca outrora se apaixonou por ele. Ao mesmo tempo, a história serve para humanizar Rupert de novo aos olhos de Rebecca, para que esta perca o medo que tem dele, o rancor. E quando Rupert tenta beijá-la e esta recusa, Rebecca percebe o quão patético ele é, na verdade. Perdoa-o finalmente, não porque o quer de volta ou sequer porque Rupert o mereça, mas pela sua própria paz de espírito (mais sobre isso adiante). Depois desta, Rebecca deixa de se mover por raiva a Rupert e sim por amor ao Richmond.
Diria que o arco pessoal de Rebecca termina aqui. No penúltimo episódio, recebe uma visita de Bex e da antiga assistente de Rupert. Descobrimos mais tarde que a primeira pede o divórcio e a segunda mete um processo por assédio. A opinião pública volta-se finalmente contra Rupert.
Uma vez mais, isto podia ter sido melhor explorado. Podíamos ter visto Rebecca tomando as duas debaixo da sua asa, aconselhando-as, trocando desabafos sobre Rupert, talvez esfregando a verdade na cara de um ou dois jornalistas.
Depois disto, Rebecca passa o último episódio ruminando a ideia de vender o Richmond – em parte porque, nesta altura, Ted pedira demissão e Rebecca não queria continuar no clube sem ele. Acaba por decidir vender quarenta e nove por cento das ações – devolvendo o futebol ao povo, mas mantendo-se como acionista maioritária. Pelo meio, ela e Keeley pensam em criar uma equipa de futebol feminino para o Richmond.
E foi esta a história de Rebecca. Não foi das piores da temporada, mas podia ter sido bem melhor.
Por sua vez, Roy teve uma temporada… interessante. Com coisas boas, outras… mais ou menos.
Comecemos pelo início. A segunda temporada terminou com Keeley e Roy numa fase tremida do seu relacionamento. A carreira de Keeley descolando e Roy não sabendo bem como lidar. Na cena final, ele sugere irem de férias juntos e ela recusa. Assim, não é grande surpresa quando descobrimos que os dois se separaram entre temporadas.
Uma das críticas mais frequentes a esta temporada diz respeito à mania de vários momentos-chave ocorrerem fora do ecrã. Em cerca de, vá lá, setenta por cento dos casos concordo com as críticas. Será um daqueles casos em que os guionistas querem tanto “subverter as expectativas” que acabam por dar tiros nos pés.
Existem momentos, no entanto, em que até resulta. Por exemplo, no caso da separação de Roy e Keeley achei aceitável – porque da última vez que tínhamos estado com eles, a coisa já estava tremida. Não foi um choque assim tão grande.
Ainda assim, a situação ficou demasiado vaga, sobretudo do lado de Keeley. Não se percebe como é que esta se sente em relação à separação.
O fim do relacionamento, no entanto, sempre dá origem a algumas cenas notáveis: entre as melhores de toda a temporada, quiçá de toda a série. Uma delas é quando o plantel do Richmond descobre acerca da separação – ao mesmo tempo que descobrem acerca do livro de Trent Crint e da possível contratação de Zava (mais sobre estes dois desenvolvimentos mais à frente). Outra cena, anterior a esta – em que Jamie Tartt descobre – não sendo necessariamente melhor, é mais interessante. Sobretudo porque a história de Jamie e Roy foi uma das melhores da temporada.
A primeira reação de Jamie é de preocupação para com Roy – o que é notável, tendo em conta que, na cronologia da série, isto decorre relativamente pouco tempo depois de Jamie se ter declarado a Keeley e de ter pedido desculpa a Roy por isso. O texto não o refere, mas é plausível que Jamie tenha querido retribuir o célebre abraço que Roy lhe dera na temporada anterior, depois do confronto de Jamie com o seu pai.
Roy infelizmente não reage da melhor maneira. É uma coisa muito humana, sobretudo quando falamos de alguém tão orgulhoso como o antigo médio. Às vezes é mais fácil ser a pessoa que consola do que a pessoa a precisar de consolo. Nesta fase, Roy ainda não estava preparado para assumir vulnerabilidades, muito menos com Jamie.
E, num exemplo de Ted Lasso no seu melhor, a cena vale pela comédia que não boicota a sinceridade do momento.
Não podemos continuar a falar de Roy e Jamie, no entanto, sem falar de Zava. Vou dizê-lo desde já: não gostei da personagem. Admito que uma parte disso seja pessoal. Zava terá sido inspirado, em particular, em Zlatan Ibrahimovic e, em geral, por futebolistas talentosos mas egocêntricos, caprichosos, que obrigam tudo e todos a girar à volta deles. Os demais aceitam porque estas vedetas carregam as respetivas equipas às costas.
Lembrou-me alguém.
A sério. Na preparação para este texto há uns meses (ando com pouco tempo aqui para o blogue, OK?!?), revi a cena em que Roy instrui os jogadores para passarem todas as bolas para o Zava. Chega a dizer:
– Todos os penáltis são cobrados pelo Zava, todos os livres são batidos pelo Zava, todos os cantos vão para o Zava.
Eu tive flashbacks do Euro 2024 e de uma das maiores controvérsias em torno da participação portuguesa na prova.
Deixando isso de lado, Zava é uma personagem muito unidimensional, um plot device que nem sequer foi bem aproveitado. Para começar, não percebi se era suposto gostarmos dele ou não. Por um lado, sim, é o arquétipo da estrela arrogante e algo chanfrada. Com uma única exceção, tem todo o Richmond a venerá-lo, até mesmo Roy – um bocadinho menos que o resto do clube, mas mesmo assim roça o out of character. Por outro lado, Zava tem momentos que apelam à simpatia da audiência: quando dá destaque ao roupeiro Will ou quando diz que só tem olhos para a esposa.
Gostava que tivesse ficado mais claro que Zava não se encaixava no Richmond, que não fazia verdadeiramente parte do grupo. Daí, por exemplo, não ter alinhado na onda de fúria da equipa contra Nate e o West Ham (mais sobre isso mais tarde). Gostava que tivesse sido esse o motivo pelo qual ele deixou o clube a meio da época – ou pelo menos um motivo melhor que, literalmente, “Ah, fartei-me do futebol, vou plantar abacates”.
Queria sobretudo que a contratação de Zava tivesse sido usada como um reflexo das inseguranças de Rebecca e/ou Ted e/ou de todo o Richmond. Um Pokémon Lendário capturado antes da Elite 4 para não termos de treinar o resto da equipa. A antítese da filosofia futebolística que o Richmond adotaria mais à frente na temporada.
Acredito que essa terá sido a intenção dos guionistas com Zava. Explica, aliás, o discurso de Ted no final do quinto episódio, depois da saída da vedeta e depois de mais uma derrota perante o Manchester City. A equipa tinha colocado toda a sua fé em Zava, tal como tinha feito com o cartaz com “Believe” (Acreditar). O primeiro passo para darem a volta à situação era, precisamente, voltarem a acreditar em si mesmos, sem necessitar de elementos externos.
No entanto, da maneira como estas ideias foram executadas, Zava apenas serviu para motivar a história de Jamie. Recuando um pouco, Jamie é o único no clube que não se deixa encantar por Zava. Em parte por motivos legítimos, em parte por inveja. Nesta altura, Roy já começava a irritar-se com algumas atitudes da vedeta e reparara no efeito que estas estavam a ter em Jamie. Assim, no final do terceiro episódio, oferece-se para treinar Jamie pessoalmente, ajudando-o a tornar-se melhor do que Zava.
A série chama-lhe “treinar”, mas não percebo muito bem que treinos são aqueles. Só vemos Jamie e Roy basicamente fazendo jogging. Não percebo em que é que isso ajuda – tirando na resistência ou na velocidade. Mas pronto, não é nada que prejudique a história. Até porque esta linha narrativa nos proporciona alguns dos melhores momentos da temporada.
Um deles decorre no sexto episódio – o tal que decorre em Amesterdão, já depois de Zava ter deixado o clube – quando Jamie ensina Roy a andar de bicicleta. É uma cena deliciosa – lembro-me de sorrir que nem uma parva, no sofá do meu irmão, quando vi este episódio pela primeira vez. Faz todo o sentido para as personagens e é hilariante. Além de que é precedida e antecedida de momentos de vulnerabilidade de ambas as partes. Roy sobre o motivo pelo qual nunca aprendeu a andar de bicicleta e sobre o novo interesse romântico de Keeley; Jamie sobre a sua primeira visita a Amesterdão, com o seu pai.
O jovem continua a crescer como jogador nos episódios seguintes, sendo recompensado com uma Convocatória para a seleção inglesa (breve aparte só para referir que fiquei muito contente por Ted Lasso ter finalmente incluído seleções na história). Escolheu o mesmo número de camisola que o colega e amigo Sam Obisanya, que falhara a Convocatória para a seleção nigeriana (mais sobre isso já a seguir). E ainda foi à festinha de Dia do Tio organizada por Phoebe.
Esta é outra falha da terceira temporada de Ted Lasso: pouca Phoebe. E só agora, a dois episódios do fim, é que conhecemos a mãe dela – a irmã de Roy. Tecnicamente já a tínhamos conhecido na temporada anterior – foi a médica que tratou a Dra. Sharon após o seu acidente de bicicleta. Alguns fãs já tinham adivinhado a sua identidade, mas só ficou confirmado na sua segunda aparição.
Nesta fase já dava para perceber que Roy e Jamie se tinham afeiçoado um ao outro – daí o convite de Phoebe. Ambos o negam, mas depois Jamie oferece a Roy uma camisola da seleção inglesa no Mundial 2014, campeonato em que Roy participou, com uma troca de letra marota no nome. Roy fica visivelmente comovido.
E por agora ficamos por aqui. Ainda não acabámos de falar sobre Roy e Jamie. Na próxima parte vamos falar de Keeley e a história dela cruza-se algumas vezes com a dos dois, que funcionam como interesses românticos. Continuem desse lado.