Desde que ouvi falar de mais uma sequela para a série Toy Story que andava em pulgas para a ver. Quando era miúda, o Toy Story 2 era um dos meus filmes favoritos da Disney, sobretudo por causa das piadas (a cena que vai desde o “Aguentem-se, tropas, vou soltar-me da parede!” até “Isto é enjoo anti-gravidade e é apenas momentâneo”) ainda hoje me cai no goto. Devo dizer que o terceiro filme não desiludiu.
Tendo agora em conta os três filmes, chega-se à conclusão que se trata uma das melhores séries de filmes dos últimos anos, se não for a melhor. No sentido em que não cai nos erros de muitos outros filmes com sequelas. A trilogia assenta toda num tema: o medo que os brinquedos têm de ser abandonados. Os filmes vão explorando as diferentes vertentes desse medo: a rejeição em favor de um brinquedo mais sofisticado, a rejeição depois de se deixar de funcionar ou depois de os donos crescerem e não se interessarem mais por brinquedos, medo da prateleira, do sótão, da venda de garagem, da lixeira… Isto sem se repetirem entre si.
Outro ponto forte da sequela é não exigir a visualização prévia dos filmes anteriores para se compreender o enredo. Contudo, dá para descortinar pequenas referências aos filmes anteriores:
- Na sequência inicial, em que entramos na imaginação do Andy, a cena em que o Cabeça de Batata exibe o cão com escudo protetor e o Woody exibe o dinossauro que come escudos protetores é uma reedição da brincadeira do início do primeiro filme.
- A maneira como os três aliens com três olhos salvam os outros da incineradora faz lembrar a primeira vez em que eles aparecem, no primeiro filme e a deixa deles “Salvaste-nos a vida, estamos-te eternamente gratos já vem do segundo filme – tem graça o Cabeça de Batata devolver-lhes a deixa depois de os três o atormentarem com a frase no segundo filme.
- O Woody chama o cão para o ajudar a socorrer os amigos à semelhança do que acontece no segundo filme – só que, enquanto no segundo, o bicho vem a correr, todo entusiasmado, neste mal se aguenta em pé…
Um dos pontos fortes do filme é a dinâmica do grupo de amigos. Pessoalmente, aprecio bastante histórias em que existe um grupo que se une contra o Mundo, que funciona como uma equipa, em que cada um usa as suas características individuais em função do coletivo, em que estes se protegem uns aos outros. Em que todos desempenham um papel, ainda que dois ou três se destaquem. Estou a lembrar-me de “Pular a Cerca”, “Perdidos”, “Roswell”, devem existir outros exemplos mas agora não me recordo. Eu própria tentei recriar uma dinâmica de grupo semelhante no meu livro. Esta dinâmica já se insinuara em Toy Story 2, mas neste ficou muito bem explorada.
Este filme é definitivamente mais emotivo, mais obscuro que os anteriores. Os vilões contribuem definitivamente para isso – o miúdo que destruía brinquedos e o mineiro parecem inofensivos quando comparados com o urso cor-de-rosa e respetivos cúmplices. O Nenuco, então, é particularmente sinistro. “Creepy”, como disse a minha irmã. O infantário assemelha-se muito a uma prisão, a um campo de concentração, quase. A tensão e a opressão são palpáveis. Ouvi dizer que receavam que o filme fosse classificado para maiores de 12 anos e percebe-se porquê. Lembro-me que, quando vi o filme no cinema, um miúdo pequeno começou a chorar na parte do macaco que monitoriza as câmaras de vigilância.
Por fim, a cena final é bastante comovente. Quase me faz sentir culpada por não me ter ligado daquela forma aos meus brinquedos…
Os únicos defeitos do filme são apenas uma ou outra cena mais lugar-comum, já muito vista em outros filmes da Disney.
Este filme chegou a ser considerado um dos melhores de 2010 e eu tenho de concordar. Muito poucos filmes me cativaram como este, me envolveram emocionalmente como este. Um autêntica obra-prima a não perder.
Este senhor é o meu cantor masculino preferido. Conheci-o há dez anos, com o filme "Spirit", embora já conhecesse, vagamente, de algumas músicas dele. O tema principal do filme, "Here I Am", é a minha música preferida dele e ainda hoje, passada uma década, adoro esta música por vários motivos - se já tiverem espreitado o meu outro blogue, saberão já que uma das razões é o facto de a associar à Seleção Nacional - ainda me toca, não sou capaz de me cansar dela. Esta é uma crítica ao mais recente álbum dele, um álbum ao vivo.
O Bryan nunca foi muito de concertos super produzidos, o estilo dele sempre foi deixar as músicas falarem por si mesmas. E, pelo menos desde que vou seguindo a carreira dele, isso tem resultado. Quando se tem carisma, bom humor e uma carreira recheada de singles de sucesso que os fãs cantam em coro como Bryan Adams tem, não é preciso mais nada para se dar um bomespetáculo.
Ora, há cerca de um quatro anos, o Bryan decidiu levar essa máxima de "deixar as músicas falarem por si mesmas"; a outro nível e começou a dar concertos acústicos. É só ele, uma guitarra acústica, às vezes a sua harmónica, às vezes acompanhado por um pianista. Chamou a essa digressão The Bare Bones Tour precisamente porque as músicas são apresentadas no seu esqueleto mais básico, só com os instrumentos mais básicos, da maneira como foram inicialmente compostas. E há um ano, foi editado um álbum ao vivo dessa digressão, também com o título Bare Bones.
Da tracklist, fazem parte alguns dos singles mais conhecidos como (Everything I Do) I Do It ForYou e Summer of '69, à mistura com temas que não são singles - Walk On By e You'reStill Beautiful to Me - músicas que ele compôs para outras pessoas mas que, tanto quanto sei, nunca gravou em estúdio e uma inédita - I Still Miss You... A Little Bit.
No geral, todas as músicas soam bem a diferentes níveis, tirando apenas It's Only Love, que fica muito incompleta sem os acordes frenéticos e os solos de guitarra elétrica. Outras soam muito parecidas às versões originais embora algumas como You're Still Beautiful to Me ganham um novo encanto ao serem cantadas ao vivo. Outras - como Let's Make a Night to Remember e Straight From The Heart - soam bem melhor assim, acústicas. Finalmente, temos aquelas, comoSummer of '69, Heaven e Here I Am (a minha preferida dele) que soam absolutamente fantásticas em todas as versões criadas.
Um destaque para a faixa inédita I Still Miss You... A Little Bit, uma música bem humorada que, na minha opinião, parece-se com What The Hell contada do ponto de vista do namorado. O narrador queixa-se da amada que diz que o ama e tal mas que parece querer uma relação aberta e passa a vida a dormir com os amigos dele.
Para além disso, o CD tem todas as coisas boas dos álbuns ao vivo e mais algumas que só esta digressão pode ter: os aplausos, as palmas marcando a batida, o público cantando com um coro profissional, as piadas e histórias que o Bryan vai contando nos intervalos, as gargalhadas depois dessas histórias ou quando, entre outras coisas, ele se pôs a cantar com um sotaque sulista (penso eu...).
Podem ver no vídeo abaixo um exemplo das coisas que mencionei acima:
Em suma, é um álbum recomendável a fãs do cantor ou então a pessoas que queiram conhecer melhor a sua música.
Esta crítica já tinha sido publicada no Fórum Avril Portugal nas vésperas do concerto que o Bryan deu em dezembro do ano passado, a propósito dos 20 do seu álbum Waking Up The Neighbours. Depois um dia destes publico, não exatamente uma crítica mas o relato da minha experiência nesse concerto. Esta nunca a publiquei antes, aliás, nem sequer está acabada. Digo apenas que nem esse concerto, nem o que ele deu no Rock in Rio deste ano foi como acabei de descrever; tiveram a banda toda, um pouco com pena minha, pois tinha vontade de assistir ao um espectáculo Bare Bones. Contudo, como já disse acima, com banda ou sem ela, Bryan Adams tem tudo o que é preciso e ainda mais para dar alto concerto, tem tudo o que é preciso para, sempre que sobe a um palco, oferecer a cada membro da audiência (isto já é um cliché entre os fãs do Bryan mas enfim...) uma "Night to Remember".