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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Homeland/Segurança Nacional - segunda temporada

AVISO: Esta entrada contém informações relevantes sobre o enredo de Homeland/Segurança Nacional, pelo que só é aconselhável lê-la caso tenham visto a segunda temporada da série - incluindo o último episódio.
 
 
Depois de uma excelente primeira temporada, as expectativas estavam elevadas para a segunda temporada de Homeland/Segurança Nacional, como podem ver na entrada que publiquei sobre a série AQUI. Agora, que a segunda temporada já acabou, posso dizer que Homeland não desiludiu, que, aliás, é a melhor coisa que passou pela televisão nestes últimos tempos. E as pessoas começam agora a reparar nisso. 
 
Os pontos fortes da primeira temporada são trazidos para a segunda, alguns dos quais com direito a desenvolvimento. Temos Brody agora candidato a vice-presidente dos Estados Unidos, mas à beira de perder o controlo quando se vê obrigado a ter um papel mais ativo nas atividades terroristas de Abu Nazir - a cena do "para quê matar um homem quando se pode matar uma ideia" nunca foi muito credível. Agora percebeu-se que a intenção era infiltrar Brody no topo da hierarquia política.
 
Entretanto, a CIA descobre, finalmente, que Carrie tivera razão desde o primeiro momento, em relação a Brody. O episódio em que este é confrontado e interrogado - Q&A - é o melhor de toda a temporada: intenso, sufocante mas também comovente, deixa-nos pregados ao assento enquanto toda a duplicidade de Brody é desmontada.
 
 
Aqui vira a maré, Brody começa a trabalhar como agente duplo (agente duplo é como quem diz... nesta altura ele já é mais agente triplo ou quádruplo). Algo arriscado, visto que Brody é um homem extremamente desequilibrado, consumido pela quantidade crescente de segredos que é obrigado a manter, pelos papéis que tem de representar, pelos efeitos que a sua duplicidade exerce na sua família. Só mesmo uma pessoa igualmente disfuncional é capaz de o compreender, de o ajudar a conservar a sua sanidade mental - Carrie. Ela, apesar de, supostamente, a sua doença bipolar estar sob controlo, parece sempre à beira de um surto psicótico. E este relacionamento, por um lado retorcido, por outro lado tocante, é o grande motor da segunda temporada de Homeland. Já havíamos tido direito a um cheirinho deste romance na primeira temporada, os guionistas quiseram desenvolvê-lo nesta e fizeram-no bem, na minha opinião. "Amor em tempos de terrorismo", como li na Correio TV de há cerca de duas semanas.
 
Outro ponto forte de Homeland é a dúvida constante, que nunca se dilui, nem mesmo quando Brody começa a trabalhar para a CIA. Estará Brody realmente do lado da CIA ou continuará leal a Nazir? Será que Nazir, Roya e os outros terroristas acreditam em Brody ou desconfiam que ele passou para o lado do inimigo? Estará Carrie de facto apaixonada por Brody ou estará apenas a usá-lo, a mantê-lo sob controlo, para que a CIA chegue a Nazir?

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O último episódio, The Choice, acaba por desiludir um pouco, ao perder demasiado tempo com o relacionamento de Carrie e Brody, agora sem impedimentos - o que lhe retira interesse - e com o arco narrativo dos planos para silenciar Brody, que não dão em nada. Não que seja completamente mau, a parte do atentado esclarece algumas incongruências que se vinham acumulando ao longo da temporada: o vídeo de Brody encontrado por Carrie e Saul em Beirute parece caído do céu - agora percebe-se que a organização terrorista se apoderou do vídeo, gravado aquando do atentado do fim da primeira temporada, para usá-lo contra Brody à primeira oportunidade; o rapto de Brody e consequente reunião com Nazir revelam-se anticlimáticas, o desmantelamento da rede terrorista em solo americano e, mais tarde, a morte de Nazir correm demasiado bem - agora percebe-se que foi tudo planeado por Nazir. Como disse acima, não está totalmente mau mas podia ter sido feito de outra forma, cortando-se na parte do relacionamento estabilizado e no potencial silenciamento de Brody e investindo-se mais na parte do atentado e de tudo o que a ele levou.

Em todo o caso, o final da segunda temporada deixa boas premissas para a terceira: será necessário reorganizar a CIA - estou particularmente curiosa em relação à liderança de Saul, se ele se mantiver como líder - desvendar o atentado e Carrie terá a tarefa adicional de limpar o nome de Brody - algo que será difícil pois a armadilha que lhe foi montada foi trabalho de mestre.

 
Quero, sobretudo, ver se Homeland conseguirá manter o nível de qualidade destas duas primeiras temporadas, sobretudo agora que a série começa a ganhar popularidade, como já mencionei acima. Tenho medo que lhe aconteça o que aconteceu a How I Met Your Mother, por exemplo. Durante os primeiros três, quatro, vá lá, cinco anos, foi muito bem feita mas começou a descarrilar na sexta temporada, mais ou menos na altura em que se tornou a série da moda.

Homeland tem tido, até agora, uma (outra) coisa boa que é o facto de não enrolar. Pode, aliás, parecer, às vezes, que a ação se desenrola demasiado depressa mas, tendo em conta o desequilíbrio das duas personagens principais, tal acaba por ser inevitável. E, de qualquer forma, acho-o preferível, depois de não sei quantas séries arrastando enredos interminavelmente, episódio atrás de episódio, temporada atrás de temporada. Como tal, não me parece que Homeland dure muito mais temporadas sem perder qualidade. No entanto, já merece créditos por estes ótimos dois primeiros anos. Espero é que os guionistas e/ou produtores saibam gerir tudo isto de modo a que esta atinja aquilo que, hoje em dia, é cada vez mais raro numa série: manter-se  acima da média no que toca à qualidade desde o episódio piloto até ao último dos últimos.

O Sobrevivente - Planetas Homólogos

 
Uma vez que faz hoje um ano desde o lançamento oficial do meu primeiro livro, O Sobrevivente, julgo que é altura de, finalmente, falar sobre ele aqui no blogue. Não que nunca o tenha feito. Se repararem nas minhas outras entradas, em várias delas faço referência à minha escrita. Mas nesta falarei exclusivamente sobre o processo de criação da minha obra. Este, "oficialmente", começou em inícios de 2010 mas, na verdade, sinto que o tenho criado ao longo de toda a minha vida e só há quase três anos é que comecei a deitá-lo cá para fora.
 
Toda a minha vida adorei livros, eu e os meus dois irmãos mais novos, muito por influência dos nossos pais. É uma coisa quase inata. Ainda mal sabíamos andar e já íamos à estante dos policiais da minha mãe. É claro que na altura era para rasgá-los, não exatamente para lê-los... O meu pai ainda hoje nos lê livros em voz alta. Nós, os cinco, adoramos ler. Mas apenas a mim me calhou gostar de escrever. 

Escrever sempre foi, de resto, a minha atividade preferida, quase desde que aprendi a fazê-lo. Lembro-me de ter começado quando devia ter uns sete ou oito anos. Ou nove. Como já referi em entradas anteriores, comecei por escrever histórias com personagens de desenhos animados, como o Bugs Bunny ou o Rato Mickey e respetiva companhia. Foi algo que nunca deixei de fazer ao longo dos anos. Escrevia historietas de vários tipos, algumas fanfics before-it-was-cool (antes de ser fixe, de estar na moda); experimentei escrever poemas mas não tinha jeito; tive um diário durante vários anos; e, nesta altura, já saberão do meu primeiro blogue, O Meu Clube é a Seleção.


 
 
A ficção sempre foi aquilo que mais me atraiu. Ainda no outro dia estava a folhear um dos meus diários e encontrei uma passagem referente à altura em que me apercebi disso, há cerca de seis anos: "Deu-me um prazer infinito escrever a história. Criar as personagens, definir-lhes a personalidade, jogar com os seus pensamentos e emoções, com o medo, a coragem, a angústia, a cumplicidade, a determinação, motivados pela aventura... E como se fosse uma private joke dos escritores." Na altura, escrevia já as histórias que me serviriam de base a "Planetas Homólogos", a saga que começa com "O Sobrevivente".

Olhando para trás, reparo que os melhores períodos da minha vida têm sido aqueles em que criava ficção a um ritmo frenético. Ao mesmo tempo, aqueles períodos em que me sentia mais vazia correspondem a altura em que escrevia menos, em particular ficção. Com poucas exceções, só este género de escrita me preenche por completo.

E há já muitos anos que pouquíssimas coisas são melhores do que estar ao computador, passando a limpo o rascunho de uma qualquer história que estivesse a escrever na altura, ao som da minha música.
 
Já tinha feito algumas tentativas de escrever algo para publicar, mas não funcionaram. Demorei algum tempo a perceber porquê: eram demasiado impessoais. Para aquilo resultar, teria de torná-lo pessoal, de amar as personagens, de verter a minha personalidade, as minhas crenças, as minhas ideias, na história. Se não significar nada para mim, a minha escrita nunca passaria da mediania. Ou mesmo da mediocridade. Falo por experiência.
 
 
O que nos leva às minhas fontes de inspiração. Já falei de muitas delas em entradas anteriores. A inspiração pode vir de qualquer lado e de diferentes alturas da minha vida. Em termos de livros, destacaria a série Harry Potter e o Ciclo da Herança, de que falei AQUI
 
Outra fonte de inspiração é a música, como já devem ter percebido a partir das várias entradas deste blogue dedicadas ao tema. Existem músicas que me deram ideias (não dou exemplos por serem spoilers). Músicas que descobri e que calharam descrever bem uma determinada personagem (Guardian, de Alanis Morissette; Into The Fire, de Bryan Adams), um determinado sentimento (Keep Holding On, de Avril Lavigne) ou um determinado acontecimento, sobre o qual já tinha escrito, se não nesta história em particular, nas histórias que serviram de base (New Divide, dos Linkin Park). Músicas que ouvi numa altura em que trabalhava numa determinada parte, que me ajudaram na escrita da mesma (Faster, de Within Temptatin) ou cujo espírito se entrelaçou com o espírito da história (How Do Ya Feel Tonight, de Bryan Adams). Alguns dos capítulos do livro, bem como dos próximos, abrem com citações e a larga maioria delas são versos de músicas, como as que citei. 
 
Também me inspiro a partir de filmes, séries, coisas que me aconteceram, as minas próprias crenças e dúvidas. Obtenho inclusivamente inspiração a partir dos meus estudos - isso foi particularmente importante na definição do conceito-base da história. Como já afirmei NESTA ENTRADA, tudo isto pode não ser suficiente para tornar a história original mas torna-a algo que só eu poderia contar.
 
Isso transforma-se numa faca de dois gumes, é claro. Billie Joe Armstrong, dos Green Day, à sua maneira irreverente, definiu na perfeição esse sentimento: um misto de orgasmo e ataque de pânico. Uma pessoa sente-se entusiasmada por realizar o seu sonho, orgulhosa quando as pessoas lhe dão os parabéns e elogiam o seu livro e, ao mesmo tempo, sente-se aflita pois todo o seu eu está ali, escarrapachado nas suas páginas, disponível para qualquer um ler, à mercê da troça e da crítica de toda a gente. Dias antes do lançamento oficial estive com vómitos - algo que, segundo o meu pai, acontece a mim e à minha mãe quando nos stressamos a sério. Não é fácil, digam o que disserem. 
 
 
 
Esta parte da entrada tem imensos spoilers, por isso, caso não tenham lido o livro, aconselho-vos a saltar estes parágrafos.
 
Antes de começar a delinear a história sabia o que queria fazer. Queria criar algo que misturasse aventura, ação, romance, alguma fantasia e/ou ficção científica, lá está, estilo Harry Potter ou Ciclo da Herança. As personagens surgiram-me primeiro, adaptadas de histórias anteriores. O conceito demorou-me um pouco mais. Na altura - relembrando: inícios de 2010 - estavam muito na moda os vampiros e tinha acabado de sair o filme Avatar. Os vampiros não me diziam muito mas não nego que o Avatar me tenha influenciado, embora não saiba dizer se consciente ou inconscientemente. Queria criar as minhas próprias criaturas sobrenaturais.
 

 

 

 

 

Lembro-me razoavelmente do dia em que defini, finalmente, o conceito-base da história e certos pormenores do enredo, do momento em que tive a epifania - durante uma aula teórica - e até do raciocínio que a ela levou. Acima, estão algumas das digitalizações das notas que tomei na altura. Lembro-me de estar a ouvir a versão dos Full Blown Rose de In The Air Tonight - a versão que aparece em Tru Calling. Lembro-me de estar a pensar no Digimon, no conceito dos mundos/dimensões/realidades alternativas, de acabar por decidir criar um conceito misto de outro planeta e respetivos habitantes, com portais de acesso espalhados um pouco por todo o planeta Terra. Batizei o planeta de Minerva visto ser a única figura mitológica greco-romana de que me lembrava que não tinha dado nome a um planeta. Chamei nervianos aos habitantes. 
 
Nesta parte entra o meu curso. Visto que, naquela altura, andava a estudar a bioquímica do ADN e tudo o que a ele está ligado, decidi fazer uma analogia com os cromossomas homólogos. Daí que os portais se chamem "pontos de quiasma", que a troca de habitantes entre ambos os planetas se designe "crossing over", que a saga se chame "Planetas Homólogos".
 
Como forma de imortalizar esse dia, 22 de março de 2010, decidi torná-lo no dia de aniversário de Alex, a minha personagem masculina principal.

 

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Fim dos spoilers

Comecei a escrever o primeiro capítulo no dia seguinte - bem, em rigor, não comecei pois já tinha um esboço. O que fiz foi escrevê-lo tendo em conta o conceito recém-criado. Foi nesse dia, também, que ouvi How Do Ya Feel Tonight pela primeira vez, a música que acabou por se tornar a faixa-tema da saga (mais pormenores AQUI).
 
Escrevi este livro sem grande planeamento, exceto no início de cada capítulo, deixando que a história se contasse a si mesma. Só quando ia mais ou menos a meio é que defini o esqueleto básico do que restava, bem como dos outros livros da série: quatro no total. Agora já não faço isso, já não parto às escuras para a escrita mas também não planeio tudo ao pormenor. Não sou capaz de fazê-lo, há coisas que só surgem durante a escrita propriamente dita. Só dessa fora consigo sentir a alma do livro.
 
Mas também me acontece o contrário, também me acontece bloquear quando tento ir às cegas. Foi o que me aconteceu no meu terceiro livro. Mas já lá vamos. Nesse aspeto, ESTA ENTRADA do blogue da escritora de fantasia Rachel Aaron foi uma ajuda valiosa. Esta e outras semelhantes do blogue dela. Só é pena que os livros dela não estejam a venda no nosso País, já que os textos dela me têm ajudado tanto. Além de que fiquei curiosa em relação aos livros dela.
 
 
 
Como já afirmei anteriormente, "O Sobrevivente" é o primeiro livro de uma série de quatro. O seu objetivo principal é quase só o de apresentar as personagens, o conceito. De certa forma, a história a sério começa no segundo livro, chamado "O Tsunami". Este já está escrito mas ainda está em bruto, falta-lhe ser editado. Na verdade, acabei de escrevê-lo há cerca de ano e meio mas tenho adiado o processo de edição pois as atenções estavam, na altura, todas voltadas para o lançamento de "O Sobrevivente". Posso desde já adiantar que "O Tsunami" está melhor que o seu antecessor, mais tenso, mais emotivo, com um enredo mais complexo. Estou bastante orgulhosa dele. Ainda não dei a ler a ninguém, tirando a minha irmã e mesmo ela não chegou a acabá-lo. Quero editá-lo primeiro, mas estou ansiosa por ouvir a opinião da minha mãe, do meu irmão e, depois de publicado, das outras pessoas. 
 
Neste momento, encontro-me a escrever o terceiro livro. Como já tinha mencionado no verão passado (ver AQUI), este está a custar-me mais. Enquanto os dois primeiros foram escritos em cerca de seis ou sete meses - lembro-me que, no início de "O Sobrevivente", escrevia um capítulo por semana - ando há mais de um ano a trabalhar neste. Tive vários bloqueios. Por exemplo, reescrevi várias vezes os primeiros capítulos - tanto "O Sobrevivente" como "O Tsunami" têm um bom primeiro capítulo, se tivesse seguido o plano inicial, a história teria demorado demasiado tempo a começar. Admito que aquele misto de entusiasmo e ansiedade ao lançamento de "O Sobrevivente", em particular, a parte da ansiedade, tenham contribuído grandemente para tais bloqueios. 
 
 
 
 
Outro fator terá sido, pelo menos inicialmente, a falta de planeamento, como referi anteriormente. No início, sabia como o livro começava e como acabava. Levei algum tempo a preencher o grande buraco no meio. Só consegui acabar de fazê-lo há poucos meses, depois de ter tido tempo de me organizar, durante o verão. Assim que tal buraco ficou preenchido, consegui retomar o ritmo de escrita dos dois primeiros livros. Só me falta escrever o fim. Ao longo das últimas semanas, fui passando a computador todos os rascunhos que fui escrevendo desde o início do ano, em particular nos últimos meses - cem páginas, no total! - de modo a montar o puzzle, dar coesão à história e descobrir como encerrá-la devidamente. No verão achava o livro não teria grande força por si só mas acho que consegui dar a volta ao texto - literalmente e não só. No processo da escrita, consegui descobrir a alma do livro, já antes mencionada, arranjar maneira de ligá-lo ao livro seguinte. Pode não ficar tão bom como "O Tsunami" mas andará perto, pelo menos em termos de tensão e emotividade. Conto acabar de escrevê-lo dentro de um mês ou dois. E depois começar o quarto e último livro.
 
Nem sempre tem sido fácil esta jornada. Não falo apenas na dualidade orgasmo/ataque de pânico de que falei acima. Tenho plena consciência de que os meus livros não são perfeitos, antes pelo contrário. Existem muitas coisas que gostaria de mudar em "O Sobrevivente" e angustia-me já não poder fazê-lo. Tenho consciência de algumas das fraquezas da minha história, mas temo não estar a conseguir vê-las todas. Nos últimos dois anos habituei-me a ler críticas de livros, filmes, séries, etc - uma das coisas que me levou a criar este blogue. E se isso me permite aprender com os erros alheios, também me faz pensar no que diriam os críticos sobre o meu livro. Interrogar-me se este será pior do que a noção que tenho dele, se estarei a criar estereótipos em vez de personagens, se a minha história será previsível, cheia de clichés, se o meu livro será, pura e simplesmente, patético. Se teria feito melhor se nunca o tivesse publicado.
 
Em suma, muitas vezes sinto-me uma criança brincando aos escritores.

 

 
Não é o suficiente para me fazer parar de escrever, de criar ficção. Não é por teimosia, é porque já está tão enraizado em mim que se tornou quase uma necessidade fisiológica, como já mencionei anteriormente, como  o são a comida, a bebida, o sexo, o sono, etc. A minha mãe disse-me uma vez que admira a minha persistência por ter escrito um livro do princípio ao fim, mas para mim não se trata disso. Isto não me é um esforço, não é trabalho, antes pelo contrário. É ócio. É como ver televisão, estar no Facebook, jogar videojogos. É algo que me serve de consolo, que me ajuda tantas vezes a manter a sanidade mental. Acaba por se tornar um vício. Com a vantagem de, ao contrário do álcool e das drogas, não me dar cabo do fígado e estar a criar algo relativamente útil.
 
Pelo menos é o que digo a mim mesma.
 
De qualquer forma, a escrita - de ficção e não só - já se enraizou de tal forma na minha personalidade que, se não fosse escritora, não seria a mesma pessoa. Seria ainda mais insignificante, mais patética, do que sou atualmente. Além de que a escrita já me levou mais longe do que tudo o resto - não muito, mas o suficiente para me fazer sentir que, em quase vinte e três anos de respiração individual, já fiz alguma coisa nesta vida, por pequena que seja.
 
Como podem ver, desistir da escrita ou mesmo fazer apenas uma pausa, por curta que seja, não é opção.
Ainda não sei o que escreverei depois de terminar esta história. Tenho uma ou duas ideias muito vagas. O problema é que sinto que os "Planetas Homólogos" são a história que estava destinada a escrever, a história que esteve dentro de mim a vida inteira mas que só comecei a deitar cá para fora em 2010. E tendo em conta o que disse anteriormente, que a minha ficção só funciona quando amo as personagens, quando amo a história, tenho algum receio de não conseguir amar outras histórias, outras personagens, da maneira que amo estas.
 
Visto que ainda estou longe de terminar esta história, não terei de me preocupar com isso tão cedo. Nos próximos tempos, continuarei a trabalhar nela. Ao mesmo tempo, vou lendo livros, vendo séries e filmes, ouvindo música, falando sobre algumas dessas obras aqui no blogue, de modo a encontrar fontes de inspiração.
 
Mesmo que nunca seja uma escritora de sucesso, que não consiga vender muitos livros, que nunca realize os meus sonhos mais irrealistas - com ver os meus livros adaptados ao cinema - mesmo que nem sequer consiga publicar mais nenhum livro, ninguém será capaz de roubar o prazer destas epifanias criativas, dos impulsos febris de escrita, de escrevinhar até sentir a mão dorida, gastando bics atrás de bics, de passar horas e horas ao computador, convertendo o texto manuscrito em texto digital. Enquanto for capaz de escrever, quer seja ficção, quer seja nos meus blogues, de desfrutar tudo o que a isso está associado, nunca serei um fracasso como escritora, pois uma grande parte de mim viverá para sempre nos meus textos.

Podem adquirir o livro AQUI.

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Homeland/Segurança Nacional

AVISO: Esta entrada inclui informações relevantes sobre o enredo da série pelo que só é aconselhável lê-la caso tenha visto a primeira temporada de Homeland/Segurança Nacional.
 

 

Visto que hoje estreia na FOX a segunda temporada de Homeland/Segurança Nacional, quis escrever sobre aquela que considero, até ao momento, a série mais bem feita dos últimos anos.
 
Na verdade, não tenho muito a dizer em termos de crítica que já não tenha sido dito antes, sobretudo depois de outro blogueiro o ter feito de forma primorosa, como poderão ver AQUI. Limitar-me-ei, por isso, a fornecer a minha visão pessoal da série.
 
Uma das coisas de que mais gosto em Homeland é o facto de me recordar  24 - aliás, um dos atuais produtores também trabalhou na série protagonizada por Kiefer Sutherland - e as questões que debatia: intolerância religiosa, o choque entre os princípios idealistas e a segurança nacional. Homeland aborda estes temas de forma ainda mais brilhante pois, aqui, praticamente todas as personagens são muito humanas, com virtudes e defeitos, sem pretos e brancos. Isto desde as personagens principais àquelas que apenas participam em um ou dois episódios.
 
Há uns anos, li uma entrevista de Kiefer Sutherland em que este opinava que 24 devia ser mais explícita. Homeland não tem esse problema. Admito que não estava habituada a isso, que demorei algum tempo a adaptar-me. Ainda me questiono se algumas cenas de sexo são absolutamente necessárias. No entanto, faz tudo sentido dentro do contexto. Não se trata de sexo e violência gratuitos, como em Spartacus.
 
Engraçado é ver as legendas da FOX para disfarçar a linguagem violenta. O exemplo mais ridículo é uma deixa que, traduzida literalmente, daria: "Não consegues f*der a tua mulher" mas cuja respetiva legenda é "Não consegues fazer amor com a tua mulher". Tudo a ver...
 
A primeira temporada teve vários episódios marcantes mas, para mim, o mais marcante foi o último. De cortar a respiração, em particular durante a cena em que Brody fala com a filha ao telemóvel. A maneira pueril, crua, como Dana pede ao pai para voltar para casa é de partir o coração. E, obviamente, resulta. 
 
 
 
A premissa com que a primeira temporada é encerrada, "Porquê matar um homem quando se pode matar uma ideia?" deixou-me um pouco de pé atrás. Dá a entender que Brody adotará, na segunda temporada, uma atitude mais diplomática, mais pacifista. É um exemplo bonito, quem me dera que a Al-Qaeda adotasse esta metodologia de matar ideias em vez de pessoas. Mas não sei se funcionará em termos de ficção. 
 
A série - uma das preferidas de Barack Obama - foi uma das grandes vencedoras dos Emmys deste ano, merecidamente e sem surpresas. Daí que, depois de a FOX a ter relegado para segundo plano no ano passado - chegando mesmo, na reta final, a despachá-la com dois episódios por semana e dando maior protagonismo a produções como Spartacus e Walking Dead. Séries bem inferiores mas, pelos vistos, generosamente patrocinadas - esta temporada, Segurança Nacional seja exibida apenas uma semana após a exibição nos Estados Unidos. Tanto quanto sei, tal honra só foi concedida a Lost. Estou ansiosa por ver Homeland. Será refrescante ter episódios novos de uma boa série, numa altura em que, como afirmei anteriormente, é cada vez mais difícil fazê-lo. Espero, por isso, que Homeland se mantenha no topo da qualidade por muitos mais anos. Mas, para já, veremos se consegue fazê-lo nesta sua segunda temporada.

Análise à segunda temporada

Sobrenatural

 
Esta série centra-se em Dean e Sam Wincheste, dois irmãos que se dedicam à caça de criaturas sobrenaturais como forma de esclarecerem e vingarem o assassinato da mãe quando ambos eram crianças pequenas. Como podem calcular, é sobretudo uma série de ação e terror, embora às vezes apareçam alguns elementos de comédia negra e outros momentos mais dramáticos.
 
Esta é uma daquelas séries que já sigo há alguns anos. Ou melhor, segui-a mais ou menos fielmente enquanto passava na televisão. As cinco primeiras temporadas foram exibidas até 2010; tanto quanto sei, a sexta temporada só começou a passar na AXN Black recentemente. Por isso, estive uns bons dois anos sem ver Sobrenatural. Só agora me encontro a ver a sexta temporada. 
 
As duas primeiras épocas assentam essencialmente no modelo da criatura da semana, tornando os episódios  relativamente isoláveis. O que não surpreende se tivermos em conta que o conceito inicial da série consistia em reportagens sobre fenómenos sobrenaturais.
 
A partir da terceira e, sobretudo, da quarta temporada, a série começa a focar-se mais no enredo. É aqui que começam a prevalecer elementos da mitologia cristã: anjos, demónios, Céu, Inferno, Apocalipse, entre outros.
 
 
Sim, eu usei a expressão "mitologia cristã". Sejamos racionais, a única diferença entre a mitologia egípcia, a mitologia greco-romana é que estas últimas foram extintas, enquanto que o Cristianismo conseguiu disseminar-se.
 
Eu digo isto mas, por outro lado, inicialmente, a maneira como usaram estes elementos cristãos incomodou-me, apesar de não ser religiosa. Como o facto de terem retratado os anjos de uma forma bem diferente das criaturas bondosas e inocentes que eu tinha na ideia antes disso. Imagino o que não terão pensado eventuais católicos praticantes...
 
A propósito, uma coisa que me tem surpreendido é o facto de, tanto quanto sei, a Igreja Católica não se ter pronunciado sobre tudo isto. Quer dizer, criticam o Pokémon, um desenho animado infantil, mas não dizem nada sobre uma série que retrata alguns dos anjos como seres tão cruéis como demónios... 
 
Encerremos este aparte e regressemos a Sobrenatural em si. À semelhança, um pouco, do que aconteceu com Tru Calling, também Sobrenatural me ajudou na minha escrita ao abordar, várias vezes, o preço a pagar pelo heroísmo, as vantagens e as desvantagens de tal estilo de vida, a felicidade pessoal versus os benifícios para o coletivo, uma vida perigosa mas interessante versus uma vida segura mas aborrecida. Além disso, tenho uma afinidade especial para com Chuck, o profeta - se estiverem familiarizados com o papel dele no meio de tudo aquilo, saberão porquê.
 
Até ao momento, a quinta temporada é a minha preferida, pela maneira como praticamente todos os arcos narrativos desaguam naturalmente no confronto Miguel versus Lúcifer, usando os irmãos como recetáculos, respondendo a perguntas antigas. Finalmente, conhecemos o objetivo do demónio de olhos amarelos (eu sei que ele tem um nome mas, de momento, não me recordo) com aquelas crianças que escolheu: desencadear o Apocalipse e encontrar o recetáculo perfeito para Lúcifer. E já antes de notava a afinidade Dean para com os anjos e a afinidade de Sam para com os demónios. Era para aquilo que a série caminhava. Cheguei a achar que aquela seria a última temporada, pela maneira como quase todas as pontas ficam atadas no último episódio.
 
Devia ter sido assim. Ainda não acabei de ver a sexta temporada mas estou quase e, até agora, não estou a gostar muito. Os episódios em si continuam interessantes, no entanto, o enredo está demasiado rebuscado. Não é de admirar, tendo em conta o que mencionei acima sobre todos os arcos narrativos ficarem encerrados no final da quinta temporada. Atiraram demasiadas linhas narrativas: a guerra civil dos anjos, a tentativa de conquista do Purgatório pelos demónios, a mãe de todas as criaturas... Começam a chegar à altura em que já não sabem o que inventar mais.
 

 

Um exemplo é a "ressurreição" de Sam, deixando a alma pelo caminho. É já um grande cliché da série, como podem ver acima, a forma como os irmãos arranjam sempre maneira de regressar dos mortos, criando mais problemas do que aqueles que resolvem no processo. E, como todos os clichés, a partir de uma certa altura, uma pessoa deixa de ter pachorra, sobretudo quando se tornam tão fracos como este Sam Sem Alma...
 
Faz-me imensa confusão pensar que, na exibição americana, já houve sétima temporada e já se preparam para uma oitava. Se já se começam a notar alguns sinais de desgaste nesta sétima temporada - embora apenas no enredo, no restante Sobrenatural ainda conserva os seus pontos fortes - estou a tentar imaginar o estado da coisa nas próximas... Só espero que não cometam o erro que outros cometeram, que outros estão a cometer, que não deixem a série degradar-se muito mais, que saibam quando terminar. Porque Sobrenatural têm se conseguido manter no restrito lote das boas séries, na minha opinião, e quero que continue assim durante mais algum tempo.
 

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