Harry Potter faria hoje 35 anos...
...e a sua autora, J.K.Rowling, faz 50 anos. Vou comemorar essa data com a tag Harry Potter.
Antes de responder às perguntas, quero só deixar um aviso: estes livros são o mais perto que tenho de uma Bíblia. Marcaram profundamente a minha infância e adolescência, são uma das inspirações mais importantes na minha escrita. Assim sendo, vejo-os sempre de forma muito enviesada. Só muito recentemente é que comecei a admitir algumas falhas - e, mesmo assim, considero que pouco maculam a qualidade dos livros. Não esperem, por isso, uma análise cem por cento racional nas respostas às perguntas.
Dito isto, passemos à primeira questão...
1) Qual é o teu livro preferido?
O meu livro preferido tem mudado com o tempo. Houve uma altura em que diria A Ordem da Fénix, sobretudo pelo carácter mais político - com a manipulação da opinião pública contra Harry e Dumbledore, o regime ditatorial imposto em Hogwarts pela odiosa Professora Umbridge, o grupo rebelde criado por Harry.
Mais tarde, sobretudo no rescaldo da publicação do sétimo livro, considerava Os Talismãs da Morte como o meu preferido, por ter uma narrativa diferente da dos restantes, com mais ação - que, nos livros anteriores, se limitava aos últimos capítulos e pouco mais.
Hoje, o meu preferido é O Cálice de Fogo. A intriga é uma das melhores elaboradas em toda a série, pela maneira como é montada a conspiração que levará ao renascimento de Lord Voldemort. É também o livro que marca o amadurecimento do tom da série que, até ao momento, fora razoavelmente juvenil e, agora, adquiria um carácter bem mais sombrio.
2) Qual é o teu filme preferido?
Ao contrário de muitos fãs, eu não gosto particularmente dos filmes de Harry Potter. Isto deve-se mais ao facto de, pela altura em que estes saíam, eu já tinha lido os respetivos livros pelo menos umas setecentas vezes, ao ponto de saber algumas passagens de cor e salteado. Estando eu tão presa à narrativa dos livros, nunca consegui apreciar devidamente os filmes por eles mesmos - sobretudo porque, na sua maioria, simplificam demasiado enredos que, nos livros, são muito complexos.
Em todo o caso, considero A Pedra Filosofal como o meu preferido - afinal, a história é a mais simples. Em segundo lugar, está a segunda parte de Os Talismãs da Morte.
3) Qual é o livro de que menos gostas?
É evidente que não há nenhum livro na série de que eu não goste. Dito isto, aquele que gosto menos é O Príncipe Misterioso. Nota-se muito que é a preparação para o livro final: limita-se a fornecer informação sobre Voldemort e a matar Dumbledore. A caça ao Horcrux revela-se anticlimática por não dar em quase nada. Pelo meio, perde-se imenso tempo com paixonetas e dramas adolescentes - realistas, mas desnecessárias.
4) Qual é o filme de que menos gostas?
Por sinal, o meu livro preferido deu origem ao filme de que menos gosto. Tal como referi na primeira pergunta, O Cálice de Fogo tem uma das intrigas mais complexas da série - admito que seja um livro difícil de converter a filme e que tenham necessidade de simplificar a história. No entanto, irrita-me particularmente a redução dos alunos de Beauxbatons e Durmstrang a estereótipos. Também não gosto do foco excessivo no Baile de Natal.
5) Que cenas dos livros ou dos filmes te fizeram chorar?
Em oposição que muitas vezes leio na Internet, não sou pessoa de chorar por cada cena ficcional com um bocadinho mais de emoção que a média. Conseguiria contar com uma mão as vezes que chorei com uma música, com algo que vi no cinema, na televisão ou que li num livro. No entanto, ainda são muitas as vezes em que me aproximo disso.
No caso dos livros, comovi-me com o célebre capítulo d'Os Talismãs da Morte, "A História do Príncipe" e com o capítulo que se seguiu, "Outra vez a Floresta". Nos filmes, quase chorei ao ver Amos Diggory chorando sobre o cadáver do filho, Cédric, n'O Cálice de Fogo. E com a cena abaixo:
6) Que personagem namorarias?
Nunca tinha pensado nisto antes de ver esta pergunta. Nunca senti nenhuma afinidade romântica particular por nenhuma das personagens. Mas, se tivesse de escolher, optaria por um dos gémeos Weasley. Gosto de pessoas com bom humor, que não se levam demasiado a sério, que não têm medo de fugir às regras quando necessário e que não virem a cara à luta.
7) Qual é a tua personagem preferida?
Também nunca tinha escolhido uma antes, mas opto por Ginny Weasley, uma das que mais evolui ao longo dos livros. Inicialmente, Ginny é apresentada como uma menina tímida (pelo menos na presença de Harry), quase que uma fan girl do nosso protagonista. Com o tempo (e, conforme se descobre mais tarde, com uma ajudinha de Hermione), vai revelando uma personalidade forte, corajosa, astuta, quase tão rebelde como a dos gémeos Fred e George. É a única que consegue fazer frente a Harry quando este deixa o seu mau génio levar a melhor sobre si - ou, como dizem os fãs, quando Harry entra em modo Caps Lock.
Fiquei um pouco chateada quando, há cerca de um ano, J.K. Rowling confessou que se arrepende de não ter casado Harry com Hermione. Ainda que eu também tenha algumas reservas relativamente ao casal Ron e Hermione, não acredito que o potencial casal Harry e Hermione funcionasse - sobretudo, porque Hermione não consegue chamar Harry à razão quando este tem uma das suas fúrias, ao contrário de Ginny. Admito, no entanto, que a atração de Harry pela irmã de Ron se desenvolveu de uma forma algo repentina, gostava de ter visto sinais mais claros antes. E, claro, gostava que Ginny tivesse tido um papel um pouquinho mais proeminente nos livros.
8) Qual é a personagem que mais detestas?
A que mais detesto é Rita Skeeter. Esta é a personificação dos Correios da Manhã desta vida, de tudo o que está errado com a Comunicação Social: sensacionalismo, notícias enviesadas, mesmo inventadas, invasão de privacidade. Deu-me imenso gozo ver Hermione fazendo-lhe frente.
9) Qual é a tua citação dos livros/filmes preferida?
Vou escolher duas de livros diferentes, mas com um significado similar e que resumem na perfeição a mensagem do franchise: "são as nossas escolhas que determinam quem somos, mais do que as nossas capacidades" e "importante não é aquilo que se nasce e sim aquilo em que se torna". Por outras palavras, são as nossas ações, as nossas escolhas, que mostram a nossa verdadeira identidade. Não é uma mensagem tão invulgar quanto isso - Once Upon a Time costuma bater em teclas semelhantes - e é parecida com a que pretendo transmitir nos meus livros.
10) O que seria o teu Patronus?
Quando era mais jovem, eu achava que o meu Patronus seria uma águia ou um falcão - sobretudo por causa do Birdramon, o Digimon de Sora, a minha personagem preferida do elenco quando era mais nova. Outra alternativa possível seria o meu Pokémon lendário preferido, Suicune.
Não sei se é suposto um Patronus assumir a forma de um Pokémon ou de um Digimon. E mesmo assim, a hipótese de um Digimon, sobretudo um ligado a uma Criança Escolhida, não me parece assim tão descabida. Conforme explicarei noutra entrada, estes Digimon já são guardiões por si só. Além disso, para que atinjam um certo grau de evolução, as respetivas Crianças Escolhidas precisam de invocar a sua maior força (coragem, amizade, esperança, amor...). Acaba por não ser muito diferente daquilo que é necessário para invocar um Patronus.
11) Se pudesses ter um dos Talismãs da Morte, qual seria? O Manto da Invisibilidade, a Varinha de Sabugueiro ou a Pedra da Ressurreição?
Se houvesse magia no mundo real, eu provavelmente manter-me-ia o mais possível afastada dela. Pelo mesmo motivo que eu nunca arranjarei uma arma para defesa pessoal, mesmo que um dia a lei o permita: por recear que se vire contra mim. Deste modo, nestas coisas, escolho sempre a opção que considero mais segura. Não a Varinha, porque, lá está, podiam tentar roubar-ma. A Pedra da Ressurreição é cativante, mas trazer os mortos à vida não é saudável. Por tudo isso, escolheria o Manto da Invisibilidade - algo que, mesmo assim, me daria imenso jeito.
12) Em que equipa ficarias?
Fiz o teste no Pottermore duas vezes. De uma vez calhou-me Hufflepuff, de outra Ravenclaw. Faz sentido: dificilmente ficaria nos Gryffindor nem nos Slytherin pois não sou particularmente corajosa nem ambiciosa. Considero-me mais inteligente que a média, daí que me tenha calhado Ravenclaw. Mesmo assim, sou acima de tudo uma pessoa pacata, coraçãozinho de manteiga, dou-me bem com toda a gente, daí que tenha aptidão para os Hufflepuff, mesmo não sendo a equipa mais popular. O vídeo abaixo ajuda:
13) Se pudesses conhecer alguém do elenco, quem escolherias?
Emma Watson, definitivamente.
14) Qual é o teu vilão preferido?
Bellatrix Lestrange. Para além de ser deliciosamente psicótica, eu sempre a respeitei de uma maneira retorcida, já mesmo n'O Cálice de Fogo, por ser Devoradora da Morte por convicção e férrea lealdade a Voldemort - ao contrário dos Malfoys, que só o foram pelo prestígio e, assim que deixaram de estar do lado dos "vencedores", renegaram tudo.
Por outro lado, aquando do sexto/sétimo livro, comecei a simpatizar com Narcissa Malfoy, pelos momentos em que agiu por amor ao filho.
15) Qual é o teu professor preferido?
A Professora McGonagall. Ao início era o estereótipo da professora severa e intransigente, mas cedo começa a revelar um lado mais suave e, mais tarde, um lado mais rebelde. Toda a gente adora, por exemplo, as suas épicas discussões com a Professora Umbridge.
16) Qual seria a tua disciplina preferida?
Em consonância com a minha área - Farmácia - e como as aulas de laboratório sempre foram as minhas preferidas, direi Poções.
17) Qual seria a tua profissão no mundo da magia?
Em linha com o que disse na pergunta anterior, provavelmente seria fabricante de poções, ou trabalharia num boticário, ou mesmo no Hospital de São Mungo - talvez tivessem funcionários especializados em poções medicinais.
18) Em que posição jogarias no Quidditch?
Não faço a mínima ideia, pois sempre fui péssima em desportos. Pela lógica de o-menos-capaz-vai-para-a-baliza, eu seria, provavelmente, keeper.
19) Se pudesses ressuscitar alguma personagem, quem escolherias?
Sirius Black. Foi, no mínimo, cruel oferecerem a Harry uma figura parental suplementar apenas para lha tirarem dois anos mais tarde. Compreendo que a ideia era Harry vencer Voldemort sozinho, sem a proteção de ninguém, mas não deixa de ser cruel.
20) Que achaste do final?
Gostei, mas achei demasiado apressado. Na Batalha de Hogwarts morrem várias pessoas, personagens importantes, mortes dolorosas, que deixam sequelas. No entanto, não vemos nada disso, não testemunhamos o rescaldo dessas perdas, as inevitáveis sequelas psicológicas, o stress pós-traumático. Saltamos dezanove anos no tempo quase de imediato, para uma altura em que está tudo cor-de-rosa. O livro podia ter tido mais um capítulo só para mostrar, ainda que brevemente, as personagens lidando com as perdas e ultrapassando-as - seria mais realista.
21) O que significa o franchise para ti?
Tal como disse antes, os livros de Harry Potter marcaram a minha infância e adolescência. Sinto, inclusivamente que cresci com Harry, Ron e Hermione - tinha dez ou onze anos quando li o primeiro livro pela primeira vez (a mesma idade com que se começam os estudos em Hogwarts) e tinha dezassete (a mesma idade que os protagonistas) quando saiu o último. Apesar de ser uma história de fantasia, ensinou-me imenso sobre o mundo real e influenciou muitas das minhas crenças atuais - algo que deve ser sempre um dos principais objetivos da literatura, embora eu não desvalorize o entretenimento. Tal como disse antes, esta série é de caras uma das minhas maiores inspirações nos meus próprios livros. E, tal como referi anteriormente, uma das minhas principais metas como escritora é que os meus livros (ou, pelo menos, a minha primeira série) tenham no mínimo uma fração desta capacidade de fazer os leitores refletirem.
Dito isto, apesar de a comunidade de fãs continuar muito ativa, mesmo passados estes anos todos, para mim o franchise já me deu o que tinha a dar. Depois de muitos anos de obsessão saudável - recordo que li o primeiro livro pela primeira vez há quase quinze anos - é natural que o entusiasmo arrefeça, que os interesses mudem. Foi o que aconteceu comigo. O(s) filme(s) baseado(s) em Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los pouco me cativam. Os contos que J.K.Rowling vai lançando, revelando detalhes da vida das personagens pós-Os Talismãs da Morte têm a sua graça, mas ao mesmo tempo chateiam-me um bocadinho, por irem roubando espaço à nossa imaginação.
Em todo o caso, estes livros encontrar-se-ão para sempre entre os meus preferidos e, quando tiver filhos, lê-los-ei para eles. Ou melhor, ler-lhes-ei apenas o brilhante primeiro capítulo d'A Pedra Filosofal. Foi o que o meu pai fez comigo, quando eu recebi o livro de presente mas não tinha grande vontade de lê-lo. Ouvi-o a ler em voz alta para o meu irmão, que na altura só tinha seis ou sete anos, ainda mal sabia ler. Quando chegou ao fim do capítulo, eu estava, naturalmente, em pulgas por saber o que ia acontecer ao Harry. Desse modo, peguei no livro, comecei a ler a partir do segundo capítulo. O resto é uma história semelhante à de milhões de pessoas em todo o mundo.
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