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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Música 2023 #4: Ainda sobre feels

Finalmente, a última parte do balanço musical de 2023. Chegámos à secção das miscelâneas, das músicas soltas que se mantiveram na minha rotação ao longo do ano.

 

 

Uma delas, mais no início do ano, foi The Thing That Wrecks You, um dueto entre Bryan Adams e a cantora canadiana Tenille Townes. Não tenho muito a dizer sobre ela, é linda. 

 

Outra marcante foi Don’t Take the Money, do projeto Bleachers de Jack Antonoff – com Lorde contribuindo com vocais de apoio, embora não seja creditada. Existe uma versão acústica, da MTV Unplugged, em que Lorde canta mais, é um dueto como deve ser. 

 

Foi a minha irmã quem me mostrou a música. É muito gira. 

 

Outra música que comecei a ouvir mais ou menos na mesma altura foi Dreams, dos Cranberries – depois de os Paramore a terem tocado durante um dos seus concertos na Irlanda. É uma canção de amor, é fofinha – e vocês sabem que não resisto a uma boa música pop rock cantada por uma mulher. Andei viciada nela por uns tempos. 

 

Um grupo que me cativou forte este ano – e que descobri através da família HT – foi a dupla GNTK. Ainda ando a explorar a música deles, mas já houveram dois temas suficientemente marcantes para serem referidos aqui. Por sinal, são ambos duetos. 

 

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O primeiro é Raízes, uma parceria com Jéssica Cipriano. Estou chocada por esta música não ser mais conhecida. É das melhores músicas portuguesas que ouvi. 

 

A letra para começar é excelente: daquelas que nos dão vontade de ligar aos avós. A sonoridade é muito única: uma mistura de hip-hop moderno com guitarras portuguesas. Já de si fantástica. Mas existe uma versão ao vivo em que arranjaram maneira de enfiar guitarras elétricas na música, incluindo um solo. Ficou brutal.

 

Uma das melhores partes é o refrão, na voz fabulosa de Jéssica Cipriano. Voz de fadista e muito mais. Até a minha mãe ficou rendida quando ouviu a música. Existe também uma versão a solo, gravada durante o podcast Canta-me uma História de David Antunes, também excelente. 

 

Existem várias outras versões “gravadas” pela Jéssica durante esse podcast. Um dos mais célebres é de O Pastor, dos Madredeus. Também gravou um de Underneath Your Clothes, da Shakira. E também gravou um, fantástico, de In the End. Em janeiro, fui com a família HT mais próxima assistir ao Canta-me Uma História ao vivo, em Santarém. Como éramos nós, “obrigámos” Jéssica a cantar In the End. Mais tarde descobrimos que a Jéssica ficara aflita naquele momento, receava não estar à altura do desafio.

 

Não sei porquê, sinceramente. Ela arrasou. 

 

Pena a Jéssica ainda não ter música inédita em nome próprio, tirando colaborações como esta com os GNTK. Dizem-me que ela estará a tratar disso. Fico à espera – para ouvir e, depois, mostrar a toda a gente.

 

 

Regressando aos GNTK, a segunda música deles que me marcou foi Diamante, a colaboração com N Fly. Esta canção tem uma sonoridade mais familiar – pelo menos em relação à ideia que tenho da música pop portuguesa atual – mas agradável à mesma, cativante.

 

Aquilo que me cativou a sério, no entanto, foi a letra. A mensagem principal é que tanto alegrias como tristezas (talvez mesmo mais) fazem parte da vida, da natureza humana, tornam-nos mais fortes (“Um dia a sorrir, outro dia a chorar faz de mim um diamante”). Num ano de muitos feels, como já referi antes, não é de surpreender que esta letra me tenha tocado. 

 

Também já escrevi antes que não me sinto muito confortável com tristeza e outros sentimentos mais negativos – e como me senti triste ou ansiosa muitas vezes este ano, tive de aprender a lidar com isso. Ainda estou a aprender – “dá-me capacidade p’ra decifrar que quando chove nem sempre é tempestade”

 

Diamante reza mesmo que “é quando os olhos choram que mais brilham”. Soa um bocadinho a frase inspiradora do Facebook, mas percebo o sentido e vale a pena falar sobre ela. Já começa a entrar em território de romantização de tristeza. Este tem sido um tema recorrente cá no estaminé, sobretudo a propósito de Crave, dos Paramore. Mas também me pergunto se será sempre assim tão saudável. 

 

Por um lado, é perfeitamente válido ser-se otimista. Nem acho que seja mera ingenuidade. Muitas vezes, como reza Diamante, “se há portas que fecham, outras se abrirão”. Ou, como reza Bryan Adams, um otimista por natureza (como vimos antes), em Never Gonna Rain, “If there’s a heart that’s been broken, a love that’s been thrown away, it’s gonna be somebody’s treasure, someone else’s happy day”. Às vezes, coisas más dão oportunidades para coisas boas acontecerem. Podia dar exemplos disso ocorrendo na minha vida, mas nesta altura vocês já estão fartos de me ler falando sobre isso.

 

Mesmo quando isso não acontece… a tristeza é inevitável. Mais vale tentarmos tirar algum sentido disso, tirar lições, mesmo tirar alguma beleza. É o que poetas, músicas e outros artistas têm feito desde tempos imemoriais. Além disso, é da tristeza que nasce a empatia. E, conforme aprendemos com Inside Out e, uma vez mais, com o final da primeira temporada de Ted Lasso, quando lidamos com a tristeza de uma forma saudável, esta tem o potencial para nos aproximar de outras pessoas. 

 

 

@gntk_official

Porque é quando os olhos choram que mais brilham…

♬ Diamante N Fly and GNTK - GNTK

 

A questão é mesmo essa, no entanto: quando lidamos de forma saudável. Existem maneiras boas e maneiras destrutivas. Em teoria somos nós a escolher a forma como lidamos. Na prática não sei se é sempre assim. Depende de muitos fatores, cada caso é um caso.

 

E muitas vezes, há que dizê-lo, as coisas más são apenas isso. Às vezes não significam nada, não ensinam nada, não têm lado positivo. São apenas coisas que não deviam ter acontecido. Nestas alturas, há que ter compaixão com os demais e connosco mesmo.

 

É sempre bom quando músicas convidam à introspecção desta forma. Grata a Diamante por isso. Existem mais temas dos GNTK de que gosto – por exemplo, Voltas à Cabeça (quase parece uma música dos Linkin Park, misturando rock, rap e discos giratórios), Perdoa (João Correia faz sobretudo rap mas também sabe cantar, tem boa voz) e, agora mais recentemente, Amor Eterno – mas ainda preciso de passar mais tempo com elas. Vou continuar a acompanhar o trabalho desta dupla. Talvez torne a escrever sobre músicas deles cá no blogue no futuro.

 

Ainda dentro do tema dos feels, temos outra das minhas canções preferidas em 2023: What Was I Made For, de Billie Eilish, composta e gravada para o filme da Barbie (spoilers nos parágrafos abaixo). 

 

Toda a gente se lembra do fenómeno Barbenheimer no verão passado. Gostei tanto como qualquer um – a grande vantagem foi ter motivado as pessoas a irem ao cinema, nesta era pós-pandemia. Da mesma forma, gostei do filme da Barbie q.b. A parte do feminismo não me impressionou por aí além. À semelhança de muitos, achei-o básico. Ao mesmo tempo, como dizem aqui, reconheço que foi suficiente para ser banido em vários países. Ou seja, um feminismo superficial mas ainda incómodo.

 

O que, na verdade, é triste.

 

Em todo o caso, a parte humanista, existencialista, do filme foi a que mais me tocou. A protagonista sentindo emoções pela primeira vez e tendo dificuldades em lidar com isso.

 

 

A minha cena preferida em todo o filme foi a da estação de autocarros, mostrada acima. Barbie tentando ligar-se à mente da sua dona, acabando por observar várias cenas da vida humana em seu redor e as emoções associadas a elas. Reparando numa senhora de idade sentada a seu lado e achando-a linda. Fez-me pensar em mim mesma que, como tenho comentado imensas vezes, passei 2023 sentindo tudo e mais alguma coisa.

 

Ainda acontece, na verdade. Continuo a ter fases em que passo por todas as emoções do espectro em poucas horas e chegou ao fim do dia exausta. Não sei o que se passa. Foi algo dentro de mim que se quebrou no ano passado, tornando-me mais sensível a tudo? Ou eu é que sempre fui assim, apenas tenho mais consciência do que sinto?

 

Não sei. Só sei que não é fácil. Às vezes canso de me aturar a mim mesma.

 

Por outro lado, o momento com a senhora de idade também me recorda aquilo que escrevi neste infame texto sobre ver os membros restantes dos Linkin Park envelhecendo. 

 

É possível que a intenção desta última cena seja passar uma mensagem feminista. Talvez não seja “correto” da minha parte pensar em homens envelhecendo – até porque, regra geral, a sociedade lida melhor com o envelhecimento masculino. Mas, lá está, prefiro olhar para o ângulo humanista. Afinal de contas, tal como as emoções, a criatividade, o conflito, a mortalidade, as imperfeições em geral, envelhecer é humano, faz parte da vida. Daí Barbie, que (ainda) não é humana, sentir-se tão fascinada com a senhora.

 

E, no fim, Barbie escolhe precisamente ser humana, com todas as suas emoções, contradições e mortalidade. Tal como, agora que penso nisso, Ulisses no conto “A Perfeição”, de Eça de Queiroz. Vale a pena lê-lo. 

 

Dava um bom clickbait: semelhanças entre Eça de Queiroz e o filme da Barbie. 

 

 

What Was I Made For reflete, então, esse conflito. A narradora reclamando a sua humanidade, tentando adaptar-se a ela. Billie disse que, inicialmente, escreveu a letra pensando apenas na Barbie. Só depois percebeu que escrevera também sobre ela mesma. 

 

A narradora de What Was I Made For apercebe-se que os demais não a veem como humana e sim como um objeto, um símbolo em que projetam aquilo que bem entendem. A Barbie é uma boneca, um ícone – como toda a gente sabe, como o próprio filme explora. Ao mesmo tempo, Billie é um ser humano, sim, mas também é a Billie Eilish: uma estrela pop, um ícone, um produto para ser comercializado.

 

Também não surpreende que Billie tenha, inconscientemente, vertido parte de si quando a letra fala de emoções. Ela nunca escondeu o seu histórico com depressão – “When did it end? All the enjoyment”. Eu identifico-me com os versos “I’m sad again, don’t tell my boyfriend” – não querer sobrecarregar os demais, entes queridos incluídos, com as nossas tretas, deixá-los pensar que está tudo bem. Também “I think I forgot how to be happy” – acontece-me de vez em quando, demasiadas vezes, estarem a acontecer coisas boas e eu estou demasiado presa à minha cabeça para disfrutar.

 

A música termina numa nota de esperança, no entanto. A narradora apercebendo-se que poderá obter as respostas que procura. Que pode ser ela a decidir para que foi feita.

 

É uma música linda que merece toda a aclamação que tem recebido. Espero que Billie lance mais música nova a médio prazo.

 

Queria agora falar de mais música que conheci através dos Hybrid Theory – direta ou indiretamente. A sequência Du Hast, dos Rammstein, Last Resort, dos Papa Roach, e Rollin’, dos Limp Biskit, que a banda põe a tocar antes do início de cada concerto. Tola como sou, só me apercebi que eram estas três com o concerto de Gondomar – e mesmo assim só consegui confirmar a ordem no último concerto deles a que fui, em Amiais de Baixo. 

 

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Ainda assim, lembro-me de ouvir pelo menos Rollin’ no ano passado, antes do concerto no Pavilhão Atlântico. Pensei, não sei se não comentei mesmo com a minha irmã:

 

– Pois… é a mesma geração. É a minha geração.

 

Vou ser sincera, até gosto destas músicas, mas não diria que estão entre as minhas preferidas. Estão cá mais pelo sentimentalismo, pela reação pavloviana de início de concerto dos Hybrid Theory. Nem sequer sei se eles as mantiveram como introdução agora, com o novo alinhamento (estou a tentar evitar spoilers até ao meu próximo concerto deles, em Grândola... não está fácil). Não importa, ficam nesta cápsula de 2023. As novas, se houverem, ficam na de 2024.

 

Ainda em relação aos Papa Roach, esta é uma banda que tenho ouvido muito nos últimos três meses, mais coisa menos coisa, precisamente por sugestão de gente da família HT. Tenho gostado muito – a minha preferida neste momento é Scars – mas, como só comecei a ouvir perto do final do ano, já não conta para 2023. Talvez escreva sobre eles no balanço de 2024.

 

Ainda assim, comecei ouvir Leave a Light On antes, mais ou menos na altura em que foi lançada como single. Já não me lembro ao certo como é que descobri a música. Sei que foi através de um reel do Instagram – não me lembro se foi alguém da família HT a partilhá-lo, se foi o próprio Ivo, o vocalista, numa story. Mas definitivamente falámos sobre a banda no Messenger ou num grupo de WhatsApp.

 

 

Em todo o caso, como os próprios Papa Roach assinalaram aqui, acaba por ser uma sequela à já referida Last Resort (cujo narrador se debate com ideação suicida). Leave a Light On é uma mão estendida a alguém passando por essas dificuldades. De tal forma que, em outubro passado, a banda lançou-a como single, com os lucros revertendo para a campanha Talk Away the Dark, da Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio. Chegou mesmo a ser dedicada a Chester Bennington – até porque ele e o vocalista Jacoby Shaddix eram amigos e passaram por dificuldades semelhantes. 

 

É uma música linda. Gosto imenso da voz de Jacoby.

 

Na mesma linha, temos A Reason to Fight, dos Disturbed. Com uma mensagem semelhante e igualmente bonita. Também fiquei a conhecê-la através da família HT. E os Disturbed merecem a referência, depois de momentos como este e este.

 

Agora queria falar de uma música com um tom semelhante a estas, ainda que o tema seja ligeiramente diferente. One More Time dos Blink 182.

 

Mesmo sem nenhum contexto, só com a música em si, esta é de partir o coração – para depois repará-lo de novo. Sobre amizades que se desfizeram e se recompuseram após uns quantos sustos. “I know next time ain’t always gonna happen, I gotta say I love you while we’re here”. Quase nem é preciso referir que a letra foi inspirada pelo regresso dos Blink 182 como banda após anos de separação. Após a luta de Mark Hoppus contra um cancro – felizmente venceu. 

 

Note-se que temos os três membros da banda cantando à vez.

 

 

Outra música linda. Para além da beleza da letra, a instrumentação e produção simples estão perfeitas. Para mim One More Time é uma irmã de I Miss You, uma música dos Blink a que me afeiçoei na última meia dúzia de anos. 

 

Há uns tempos, a propósito de Already Over, Mike Shinoda deu uma entrevista que incluiu uma secção de perguntas e respostas rápidas. Perguntaram-lhe que música ele gostaria de ter composto. Mike respondeu precisamente com One More Time. Como eram respostas rápidas, ele não elaborou muito mas, para além de elogiar a composição e a gravação, Mike assinalou o seu impacto, o seu “lugar no mundo”. 

 

Pensemos nisto por um minuto.

 

Pois. Ainda bem que esta música não saiu uns meses antes. Teria dado cabo de mim. Mesmo agora, se for um dia errado…

 

Avancemos. Já que falamos sobre o Mike, outras músicas marcantes em 2023 foram as que ele lançou a solo: In My Head e Already Over. Desde que escrevi sobre a segunda, Mike lançou um EP no início de dezembro, intitulado The Crimson Chapter – esclarecendo aquilo que ele tinha referido acerca de “capítulos”.

 

Vou ser sincera, tirando a Already Over propriamente dita e In My Head, a única faixa de que verdadeiramente gosto é da introdução. O remix Fort Minor não é mau, admito. De qualquer forma, é admirável a maneira como Mike consegue pegar num conceito, numa ideia para uma música, e executá-la de tantas maneiras diferentes. 

 

Ele é dos músicos mais talentosos e criativos da nossa geração. Ninguém me pode dissuadir disso.

 

Por outro lado, não gosto da nova versão de fine. A original é perfeita!  Havia necessidade de andar a mexer?

 

 

Tenho também visto e ouvido as sessões que ele tem feito em diferentes países. No entanto, nenhuma teve o impacto da primeira, na Austrália. Continua a ser a minha preferida. Em todo o caso, Mike andou entretido.

 

Estava a contar que, em 2024, Mike continuasse a lançar música a solo, “capítulos”. Mas agora os Linkin Park preparam-se para lançar um álbum de êxitos, que incluiu uma inédita das sessões de One More Light, Friendly Fire, já lançada como single.

 

Fiquei contente, tal como qualquer fã. A música é linda (podia elaborar mais, mas isso foge ao assunto deste texto). Por outro lado, o timing desta música e deste álbum deixa-me intrigada – sobretudo quando, supostamente, o Mike ia continuar a lançar música a solo. Porquê agora? Significa alguma coisa? Talvez tenham gostado do sucesso de Lost e tenham querido tentar replicar. Talvez tenha sido ideia da gravadora. Talvez os Linkin Park queiram manter-se na consciência do público, porque não tencionam manter-se em pausa durante muito mais tempo…?

 

Não quero pensar muito nesta última hipótese. Em parte para não criar falsas expectativas, em parte porque, mais de seis anos depois, continuo sem saber como me sentir em relação a isso. Até porque, neste último ano, uma certa banda de tributo entrou na equação e complicou ainda mais a coisa (essa e muitas outras). 

 

A solução é a mesma de sempre: aguardar notícias, se houverem, e ir lidando com elas.

 

E como já estamos a olhar para o futuro, recordar que os Sum 41 lançam este mês o seu último álbum, Heaven :x: Hell. Já falei brevemente sobre Landmines antes. Ainda em 2023, lançaram um single da parte Hell, Rise Up. Gosto, mas confesso que ainda não lhe tenho dado muita rotação. Hei de lhe dar quando sair o álbum todo.

 

 

Os Sum vêm ao NOS Alive despedir-se de nós, no dia 13 de julho. Eu queria ir, só que demorei demasiado tempo a decidir-me. Os bilhetes para esse dia esgotaram antes que se conseguisse dizer “Os Pearl Jam também atuam no dia 13”. 

 

Não me vou queixar muito pois já vou a muitos concertos este ano. Além de que já os vi duas vezes ao vivo. Que o pessoal que lá vai se despeça deles por mim, que lhes deem um grande abraço e que peçam ao Deryck para, por amor de Deus, deixar de ter experiências de quase-morte. 

 

Pois é, já perdi a conta aos concertos a que vou este ano e/ou a que quero ir. Como já referi antes, já fui outra vez aos Hybrid Theory há um mês, em Amiais de Baixo. Vou vê-los outra vez em Grândola, a 23 de março, e também ao Rock in Rio – eles acabaram de ser anunciados para o dia 15 de junho. 

 

O Rock in Rio! Para além de ser um grande feito para eles – são a primeira banda de tributo a chegar lá – foi o festival onde vi os Linkin Park duas vezes, onde me apaixonei a sério por eles. Será um outro nível de homenagem. 

 

De caminho, vejo o resto do cartaz nesse dia.

 

E não devo ficar por aqui este ano em termos de HT. Hei de continuar a ir a concertos deles, consoante as minhas possibilidades. Talvez consiga ir a mais um no verão – ainda não tenho a certeza, mas vou tentar. Eles vão ficar fartos de mim.

 

 

Para além destes, já referi no blogue que vou ver os Delfins, com a minha tia, e que vou à Eras Tour. Também vou a uns outros quantos com parte da família HT: ao Diogo Piçarra, a 20 de abril, ao dos Anjos, a 28 de dezembro. Não conheço a discografia destes dois super bem. Um pouco melhor a dos Anjos e, mesmo assim, mais o início de carreira deles (acho que não vão tocar a versão deles de As Long As You Love Me). 

 

Mas pronto, são músicos portugueses, são simpáticos, o Diogo cantou com os Hybrid Theory no Pavilhão Atlântico, é um dos nossos. Já tenho andado a ouvir a música do Piçarra como quem estuda para um teste. Hei de fazer o mesmo com a música dos Anjos – tenho tempo até dezembro.

 

Por outro lado, os Within Temptation vão regressar a Portugal no dia 26 de novembro e vou vê-los – também com malta da família HT. A banda holandesa está numa situação semelhante aos Simple Plan e aos Sum 41, quando os vi em 2022: tenho-os negligenciado nos últimos anos. Como escrevi na altura, não gostei de Resist quando saiu. Ainda dei uma ouvidela a Entertain You, quando saiu em 2020, mas não gostei. Depois disso, nem me dei ao trabalho de ouvir as outras músicas que foram lançando.

 

No entanto, nem eu nem o pessoal da família HT quis desperdiçar a oportunidade quando esta se apresentou. Já aprendemos a nossa lição.

 

De qualquer forma, espero que os Within Temptation sigam o exemplo dos Sum 41 e dos Simple Plan e se foquem no material mais antigo. 

 

Por fim, Bryan Adams, o meu velho, vai voltar a Portugal para dois concertos: em Gondomar e cá em Lisboa, no Pavilhão Atlântico. Não estava à espera que voltasse cá tão cedo, ainda durante o ciclo de So Happy it Hurts. Mas claro que fico contente. À hora desta publicação, ainda não comprei bilhetes – a minha irmã não está a viver em Lisboa, ainda precisa que lhe aprovem as férias para estes dias – mas à partida devo estar lá. E também deve vir gente da família HT. 

 

No pouco provável caso de não estar… bem, ninguém morre por isso. Já o vi muitas vezes, a última delas há relativamente pouco tempo. Quase de certeza haverão outras oportunidades e, como dá para ver, já estou muito bem servida de concertos.

 

E isto são apenas os concertos planeados até ao momento. Poderão haver mais. Aparentemente esta é a minha vida agora. Uma parte de mim acha uma loucura. Mas a verdade é que concertos são das melhores coisas do mundo, rejuvenescem, são o meu excesso, são a melhor versão de mim mesma. E agora tenho mais gente com quem ir – gente que, por sinal, conheci graças a um tributo à banda que me ensinou a gostar de concertos. Na minha idade e depois de dois anos de pandemia, esta é a altura para a curtir, à minha maneira, enquanto posso. 

 

Algumas alegações finais sobre 2023. Como escrevi antes, foi um ano de altos e baixos mas terminou muito bem. E 2024 tem corrido mais ou menos da mesma forma. 

 

Uma coisa com que não estou muito muito satisfeita, no entanto, é com este blogue. Ficou um bocadinho negligenciado em 2023. Já sabia que seria assim, que queria dar atenção a outros projetos e que continuaria sem muito tempo para escrever. Não significa que esteja contente com isso.

 

Já o disse antes, não é pela falta de qualidade, antes pelo contrário. Nem é tanto pela pouca quantidade. É pela falta de diversidade. Tirando este balanço, só deu universo Linkin Park e universo Paramore.

 

Nem tudo foi culpa minha. Esperava já ter visto o filme de Digimon nesta altura, mas ainda não foi possível. Entretanto, anunciaram a sua exibição nos cinemas portugueses no próximo verão. Tão bom! Assim sendo, vou esperar até lá.

 

Mas assim, e como o outro texto nos meus planos é o guia para Swifties sobre os Paramore, o próximo texto que irei escrever será sobre a terceira temporada de Ted Lasso. Para variar, para exercitar músculos que não uso há algum tempo. 

 

 

É possível, no entanto, que não seja o próximo texto que publicarei. Aconteça o que acontecer, em abril terei de começar a tratar do guia para Swifties, para ver se consigo publicá-lo antes do início da Eras Tour na Europa. Ou, na pior das hipóteses, antes dos concertos em Lisboa.

 

Porque a verdade é que vou continuar a ter pouco tempo para escrever. Não me vou queixar muito porque um dos motivos pela minha falta de tempo diz respeito a todos estes concertos e outros convívios. Não me vou ralar demasiado se estes textos continuarem a vir com atraso, com semanas ou meses de intervalo – tenho outras coisas mais sérias com que me preocupar. Este blogue é um passatempo, é auto-indulgência, é algo que faço só para mim. Vocês, caros leitores, são apenas danos colaterais.

 

É estranho falar nisto nesta altura, quando já estamos em março, mas 2024 promete para mim. Já falei dos concertos todos. Também vem aí o Europeu de futebol, para o qual Portugal parte com ambições. 

 

Ao mesmo tempo, passam-se vinte anos desde 2004, um ano marcante para mim. Entre outros motivos, foi quando descobri a MTV e outros canais do género e me tornei fã de música oficialmente. Não acho que seja coincidência que muitos dos meus artistas e bandas preferidos hoje em dia tenham estado ativos em 2004 – mesmo que só tenha adotado oficialmente alguns deles anos mais tarde. Os ciclos de nostalgia seguem um período de vinte anos, vai ser excitante passar por este.

 

Mas vem aí algo ainda melhor, no próximo verão. Recebemos a notícia pouco antes do Natal: vou ser tia! O meu irmão, que vive em Zurique, vai ter uma menina! Não estava à espera, mas não podia estar mais feliz.

 

Na verdade, neste início de ano, sinto que na bolha que engloba a mim e as pessoas de quem gosto – que passou a incluir muita gente nestes últimos meses – as coisas estão estáveis, mesmo felizes. No entanto, olhando para fora, para a situação no país e no mundo em geral, só vejo tudo a piorar. Há uma estranha dissonância na minha vida. 

 

 

 

Não digo que não tenho esperanças de que as coisas melhorem, mas sinceramente já tive mais. De qualquer forma, o que me vale é que tenho as pessoas na minha bolha para tornarem tudo menos insuportável. 

 

E a minha escrita. Os meus blogues. E a minha música. Como nos anos anteriores, na verdade.

 

Como habitual, deixo-vos acima a minha playlist do ano, bem como o meu Spotify Wrapped. Obrigada, assim, por me terem acompanhado durante mais um ano. Que o resto de 2024 vos traga muitas coisas boas, tantas como, estou certa, me trará a mim. Continuem por aí. 

Músicas Não Tão Ao Calhas – Already Over

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No passado dia 6 de outubro, Mike Shinoda – fundador dos Linkin Park, homem de múltiplos ofícios artísticos e musicais e uma das minhas pessoas favoritas do mundo da música – lançou o single Already Over, uma canção a solo. 

 

Eu chamo-lhe single, mas Mike tem preferido falar de um “capítulo”. Um meio termo entre single e álbum. Algo lançado com tanta pompa e circunstância como um álbum, ou quase, mas sem correr o risco, que às vezes se corre com os álbuns, de que algumas músicas não-singles não recebam a atenção que merecem. 

 

Consigo entender a lógica. No que toca ao seu trabalho a solo, Mike sempre fez esforços nesse sentido. Veja-se Post Traumatic, em que todas as músicas (da edição-padrão) tiveram direito a videoclipe – ainda que Hold it Together só tenha chegado este ano. Julgo que Mike queira que Already Over, e quaisquer outras músicas que lançar depois, tenham cada uma uma mini-era, com uma estética própria, videoclipe (apesar de ainda não ter saído o de Already Over, à hora desta publicação) e sessões como a que fez com músicos australianos – mais sobre isso já a seguir. No fundo, dando-lhes oportunidade para causarem impacto.

 

Já se sabia há algum tempo (eu referi-o no meu texto sobre Meteora20) que Mike andava a criar música para si mesmo, depois de ter passado um par de anos, mais coisa menos coisa, compondo e produzindo para outros músicos. A certa altura, Mike terá sentido de novo o bichinho e quis criar música para si mesmo.

 

Tecnicamente, In My Head, que saiu há uns meses, é um exemplo disso, mas é um dueto com Kailee Morgue. Por sua vez, com Already Over, houve quem colocasse a hipótese de convidar alguém, mas Mike rejeitou-a e fez tudo sozinho. Compôs, produziu, tocou todos os instrumentos… e cantou. 

 

Esta será a parte mais importante de tudo: Mike cantando, cantando a sério, sem abusar do auto-tune ou de outros efeitos semelhantes, como em demasiadas músicas a solo dele. Durante muito tempo, demasiado, Mike não pareceu ter grande confiança na sua voz. Compreende-se, pelo menos em parte: qualquer um trabalhando durante tantos anos com Chester Bennington teria complexos de inferioridade. 

 

 

No entanto, Mike sempre se subvalorizou. Um dos meus aspectos preferidos dos álbuns mais recentes dos Linkin Park são as partes em que Mike e Chester harmonizam nos vocais – saudades. Mas também tivemos Sorry for Now no One More Light e Massive no Meteora20. Entretanto, descobri há pouco tempo No Roads Left, uma B-side de Minutes to Midnight que devia ter sido incluída no alinhamento principal – provavelmente o melhor desempenho vocal de Mike até ao momento.

 

Em todo o caso, no ano passado, Mike ter-se-á apercebido de que poderia aprender a cantar, desenvolver os seus dotes vocálicos e compôr música adequada à sua própria voz – tal como compõe música para as vozes de outros cantores (Chester, John Legend, Demi Lovato, etc). As expressões dele no vídeo acima enquanto explica isto dão-me vontade de rir – este totó levou décadas a descobrir que sabe cantar.

 

Dito isto, se Mike tivesse acreditado em si mesmo como cantor há coisa de vinte e cinco anos, depois de Mark Wakefield ter deixado os Xero, ele, Brad e os outros não teriam sentido a necessidade de procurarem um vocalista. Ou seja, não teriam conhecido Chester (mais sobre a génese dos Linkin Park aqui).

 

Olhemos, então, para Already Over. Confirma-se o que Mike dissera antes sobre regressar às raízes, sobre os fãs dos Linkin Park ficarem contentes. Esta é uma música rock (rock alternativo, segundo dizem), guiada pela guitarra elétrica – aparentemente a mesma de What I’ve Done. Gosto muito da bateria – Mike terá aprendido a tocá-la há pouco tempo. Diz que a editou em estúdio para soa bem… mas pergunto-me se será cem por cento verdade ou se está a ser modesto. 

 

A letra não é nada de extraordinário. Não é má, é apenas algo vaga e superficial. Basicamente sobre alguém que não tem noção do mal que faz. O narrador não sabe se é arrogância, ignorância, ilusão, uma mistura de todas. Mike deu a entender em entrevista que, na hora de escrever letras, por defeito, assume temas semi-sombrios como estes. Sempre foi assim – basta olhar na diagonal para a discografia dos Linkin Park.

 

Não é grave, mas nesse sentido perde em relação a In My Head, Happy Endings ou mesmo fine. Estas têm letras mais interessantes, mais autênticas. Pelo menos no que diz respeito a mim. 

 

 

Infelizmente, temos aqui outro exemplo de um refrão circular (que começa e acaba com o mesmo verso). Como poderão ler em textos recentes, é algo a que ganhei alergia nos últimos anos. Não chega a estragar a música, atenção, mas é a parte de que menos gosto.

 

O melhor de Already Over é mesmo o desempenho vocal de Mike. A versão de estúdio está menos produzida que outros temas (demasiados) a solo dele, mas os efeitos adicionados até são interessantes: um eco fantasmagórico no início da segunda parte, o coro no início do último refrão.

 

Ainda assim, a voz de Mike ficou ainda mais evidente nas sessões de Sydney, com músicos australianos. O vídeo foi publicado no dia 18. Aqui, a voz de Mike não teve produção nenhuma (isto é… penso eu), podemos ouvi-la em estado puro e… ficou fantástica.

 

Fico feliz por Mike ter lançado oficialmente o áudio dessas sessões. Para mim, esta é a versão definitiva de Already Over. Até porque, para além de Mike, os outros músicos fizeram um ótimo trabalho com instrumentos.

 

Uma palavra, já agora, para a apresentação de Bleed it Out que eles fizeram. Adorei. Não estava à espera de gostar tanto de ouvir uma mulher cantando as partes melódicas desta música. Bonnie Fraser, vocalista dos Stand Atlantic (já conhecia a música deles, Lavender Bones. É gira.), fez um ótimo trabalho.

 

Foi uma noite feliz, quando publicaram este vídeo.

 

 

Mike diz que virão mais sessões deste género no futuro, com músicos de diferentes partes do mundo. Se ele quiser fazer uma com músicos portugueses, eu tenho algumas sugestões… Mais sobre isso já a seguir.

 

Em suma, não sendo uma música do outro mundo, gostei de Already Over, sobretudo por causa da interpretação de Mike. Quero mais. Ele diz que virão mais músicas depois desta, mais “capítulos”. Chegou a comentar que Already Over pertence ao mesmo universo de In My Head e, curiosamente, de fine. 

 

Não referiu Happy Endings, o que faz sentido, suponho eu. Tem um tom diferente, mais leve – apesar de falar de coisas relativamente sérias, como a pandemia e a maneira como esta nos tornou menos tolerantes e pacientes (agora que penso nisso, lembra This is Why). Além disso, é uma colaboração a três. 

 

Mike irá, então, continuar em estúdio, gravando música a solo. Ou seja, para já não irá em digressão, o que dá um bocadinho de pena. Queria voltar a vê-lo ao vivo, quase uma década depois da última vez. A digressão de Post Traumatic não passou em Portugal, infelizmente. Se a próxima não passar, talvez vá vê-lo ao estrangeiro, mas obviamente preferia vê-lo por cá. Não só pela parte prática da coisa, mas também porque… quero que ele conheça os Hybrid Theory. Que faça qualquer coisa com eles (uma sessão, como a de Already Over em Sydney!) ou que, no mínimo, lhes dê a sua benção. 

 

Aqui entre nós, acho que Mike tem saudades dos palcos. Ele fez um par de aparições em concertos nos últimos meses (um com o grandson, outro com a G Flip, na Austrália) e, de ambas as vezes, pareceu estar a divertir-se à grande. Ao mesmo tempo, não me surpreende que não queria ir numa longa digressão. Post Traumatic foi difícil, como comentámos antes. Com a pandemia e tudo o resto, tem passado os últimos anos em casa e talvez lhe saiba bem. Talvez não lhe apeteça passar meses longe da mulher, Anna, e dos filhos. Não o censuro. 

 

Enfim, talvez vá daqui a um ano ou dois. Isso significa, também, que um eventual regresso dos Linkin Park, a acontecer, fica adiado durante mais uns anos. Uma pessoa vê Mike aprendendo a cantar, começa a pensar coisas… mas ainda não estou preparada para essa conversa. Neste momento estou muito feliz com os Hybrid Theory e os seus fãs. Ando a contar os dias até ir a Gondomar vê-los (à hora desta publicação, cinco semanas!). 

 

Para já chega. Não quero que os Linkin Park fiquem parados para sempre, lançando apenas reedições de álbuns anteriores, mas demos-lhe (mais) uns anos. 

 

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Não sei se cada um dos próximos capítulos da música a solo de Mike terá direito a um texto como este. Talvez escreva um texto para cada um, talvez escreva sobre dois ou três num só, quando a oportunidade surgir. Nem que seja só nos textos de fim de ano.

 

Quanto a nós, o próximo texto aqui do blogue será sobre Re: This is Why em geral e sobre a inédita Sanity em particular. Isto apesar de o texto anterior já ter sido sobre a This is Why original. Aparentemente, este ano aqui no blogue só dá Linkin Park (OK, não a banda propriamente dita mas parte do seu extenso universo) e Paramore. 

 

Olhem… c’est comme ça.

 

E em minha defesa, já Lost tinha saído no mesmo dia que This is Why e agora os Paramore lançaram um álbum de remixes no mesmo dia que Already Over. A culpa não é minha.

 

Voltamos, assim, a falar em breve. Continuem por aí. Obrigada pela vossa visita. 

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