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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Concertos #1 – Seis num ano tinha sido muito? Ah ah!

Neste último ano, ano e meio, tenho ido a muitos concertos. Mesmo muitos. Já nem conto. No ano passado dizia que 2023 tinha sido o ano dos concertos só porque tinha ido a seis – que tonta! De tal forma que, neste último ano, concertos passaram a ser a minha “cena”: aquilo pelo qual quase toda a gente na minha vida me pergunta. Isto porque, depois, publico fotografias e vídeos nas minhas redes sociais, sobretudo no Facebook e Instagram. 

 

Não que isto tenha vindo do nada. Quem acompanhe o meu blogue há algum tempo saberá que adoro concertos. Tive a sorte de, no último ano, ter podido cruzar-me com as digressões de vários nomes de peso do meu núcleo duro de músicos preferidos. Três deles no mesmo mês. Dois deles no mesmo dia. 

 

Mas os principais culpados pela minha era de ir-a-todos-os-concertos-possíveis são os amigos que fiz entre os fãs do tributo português aos Linkin Park (bem… um deles). O nosso problema é desencaminharmo-nos uns aos outros. Para concertos dos Hybrid Theory na maior parte dos casos, mas também para outros artistas ou bandas. 

 

Tenho gasto muito dinheiro em bilhetes, sim. Ninguém espera que a Eras Tour ou o Rock in Rio sejam baratos. Ao mesmo tempo, tenho ido a muitos outros a preços relativamente acessíveis ou mesmo gratuitos. Na minha busca por concertos dos HT e, mais tarde, de nomes como GNTK ou Diogo Piçarra ou outras bandas de tributo, como os Decoded ou Hybrid Park, tenho descoberto vários clubes, festas de aldeia em cantos remotos do país, festivais de música locais. Já podia ter começado a ver artistas nacionais de que gosto sem gastar muito há bastante tempo. 

 

Bem… em teoria. Na prática, nem todas estas festas são perto de Lisboa, onde vivo. Vários destes concertos são tarde – às dez, onze da noite, mesmo meia-noite ou mais tarde. Como quase nunca quero pagar alojamento, isso obriga-me a conduzir para casa a altas horas da noite. A minha primeira vez foi um grande passo para fora da minha zona de conforto – e foi apenas em Corroios, a vinte minutos de Lisboa. Hoje em dia consigo ir com relativa tranquilidade se o concerto em questão estiver a uma hora, uma hora e meia no máximo de distância – mas não adoro conduzir às duas, três da manhã. Sem companhia na viagem ou, mínimo dos mínimos, no próprio concerto, não me dou a esse trabalho. 

 

Ainda assim, fica a recomendação. Olhem à vossa volta. É bem provável que encontrem bons concertos a preços acessíveis perto de vocês.

 

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E a verdade é que… concertos fazem-me bem. Não faltam artigos por aí descrevendo os benefícios físicos e psicológicos, a oxitocina que se liberta quando cantamos em coro com outras pessoas – explicando as amizades que fiz nos últimos dois anos, e todos os artistas e bandas a quem me afeiçoei depois de os ver ao vivo. Mas a verdade é que, para mim, concertos estão entre as melhores experiências humanas. São expressões artísticas, são catarse, são comunhão, são celebração de música, de quem a cria, de vida. Quase uma experiência religiosa. 

 

Não admira que os Hybrid Theory nos tratem a nós, o grupo de fãs, por “seita”. 

 

Sinto mesmo que esta versão de mim, dos concertos – que vai a vários, que faz amizades com outros fãs, que fala tu cá tu lá com músicos, que, se for preciso, anda ao moche, que vai a listening parties (OK, só uma vez até agora), a ensaios abertos (também só uma vez até agora), que chega a subir ao palco com a banda (também só uma vez até agora) – já estava cá dentro há muitos anos. Estava só à espera das circunstâncias certas para se manifestar. Ou das pessoas certas.

 

Gosto dessa versão de mim. E, sobretudo, a Sofia de dezassete ou dezoito anos ficaria orgulhosa.

 

Estes concertos todos têm afetado os meus hábitos musicais. Por um lado, como disse Taylor Swift (embora eu já soubesse), eles ajudam a criar novas recordações em torno de músicas que muitas vezes já conhecemos há anos. Ganham uma nova vida, o universo delas e dos respectivos criadores expande. 

 

Ao mesmo tempo, concertos são uma oportunidade para conhecer música nova. Quando não conheço o artista ou banda em questão assim tão bem, nas semanas anteriores faço um esforço por me familiarizar com a respetiva discografia. Há um meme que de vez em quando aparece no meu radar que o compara a estudar para um exame. Uma pessoa tenta prever que “matéria” irá “sair”, tenta garantir que está tudo na ponta da língua no momento da verdade. 

 

Adoro a analogia, sobretudo pela parte negativa: às vezes é um frete. Regra geral, preciso de ouvir a música várias vezes antes de formar uma opinião, antes de a entranhar. E, sobretudo no ano passado, nem sempre tenho tempo. O meu percurso até ao trabalho é curto – tem muitas vantagens, atenção, a única desvantagem é que só dá para ouvir duas ou três músicas no caminho. E às vezes não me apetece estar a “estudar” para um concerto – apetece-me ouvir a minha música ou ouvir um podcast. 

 

E, claro, por muito que me esforce, às vezes a música não me cativa. Noutros casos, no entanto, descobre-se ou redescobre-se muita coisa boa, vale bem a pena. Hei de dar exemplos. 

 

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De início, planeei este texto para servir de balanço musical de 2024. Já vou um bocadinho tarde para isso. Passa a ser um apanhado de cerca de um ano e trocos de concertos – incluindo alguns de 2025. Uma espécie de ponto de situação. Vou seguir uma ordem mais ou menos cronológica – sublinhe-se o “mais ou menos”. 

 

No entanto, existem dois concertos que receberão muito mais palavras que todos os restantes. De tal forma que cada um deles terá uma publicação, uma parte deste balanço, dedicada a eles (e a um ou outro concerto relacionado). Não os vou publicar já já. Uma das partes está quase pronta, mas quero publicá-la no aniversário desse concerto. A outra ainda nem está rascunhada, ainda poderá demorar um bocado

 

Finalmente, não vou escrever muito muito sobre os concertos dos Hybrid Theory. É certo que estes lideram em termos de número de concertos a que tenho ido e vários dos momentos mais felizes dos últimos dois anos foram nesses dias (dias de HT, como gosto de dizer). Mas já tenho escrito muito sobre esses moces, não tenho assim tanto a acrescentar. Embora às vezes pareça que não, há vida para além de Hybrid Theory.

 

Só vou falar sobre dois concertos. Um deles é o Rock in Rio do ano passado. Andava com saudades do festival. Já fui muito feliz no Rock in Rio, sobretudo com a banda que os Hybrid Theory homenageiam. E a última vez que lá estivera fora em 2016. Desta vez, no entanto, a experiência do Rock in Rio em si não foi grande coisa. 

 

Não me interpretem mal. Foi um dia feliz, tão feliz como os dias de HT costumam ser – um pouco acima da média, até. Para mim, começou na Feira do Livro – Lívia Borges, parte da família, apresentou lá os seus livros A Memória e o Vazio e A Cidade das Cinzas. Encontrei-me lá com mais membros da seita e passei a maior parte do resto do dia com eles. 

 

E os Hybrid Theory deram um bom espetáculo, como dão sempre. Foi um alinhamento mais curto, só de uma hora, mas em compensação trouxeram de novo o Diogo Piçarra e o Alex D'Alva como convidados. Para mim, o ponto alto foi In the End. O Ivo veio para junto do público, como costuma fazer, e agarrou a minha mão (com alguma força). Lembrou-me, claro, quando agarrei a mão de Chester Bennington, o falecido antigo vocalista da banda original, uma década antes, também no Rock in Rio. 

 

 

Mas, lá está, foi um concerto de Hybrid Theory normal. Não foi radicalmente melhor que um concerto de festa de aldeia. Não me interpretem mal, estou certa de que para os próprios moces foi muito melhor. Mas da minha perspetiva as poucas diferenças foram os convidados, a melhor qualidade do som (e, mesmo assim, de início o microfone do Pedro não pareceu estar a funcionar muito bem), bandas mais prestigiadas atuando antes (Evanescence e Europe, por exemplo, em vez de bandas de covers locais), ter pago muito mais e… ter passado fome. 

 

Não me lembro do que comi em edições anteriores do Rock in Rio (lembro-me de, na edição de 2008,os nossos vizinhos de trás nos terem roubado as sandes que tínhamos trazido de casa, mas só isso). Nesta, no entanto, estive quase uma hora na fila para a Telepizza – antes de desistir porque os Evanescence estavam prestes a começar. A minha sorte foi ter trazido um económico no fundo da mala. Mais tarde, quando reencontrei o meu grupo, comi uma fatia da pizza que eles tinham conseguido comprar. E mesmo assim, quando cheguei a casa várias horas mais tarde, estava esfomeada. 

 

Mas também, que mais seria de esperar de um festival que negou um croquete à Sónia Tavares? 

 

Mais tarde, fiquei irritada com as declarações de Roberta Medina – quando disse, parafraseando, que as pessoas têm de se mentalizar de que não podem levar o carro para eventos destes. Por norma concordo, mas é fácil para ela falar. Ela é VIP, terá direito a estacionamento dentro do próprio recinto. Eu trouxe o meu carro de manhã para garantir um lugar recente e poder, depois, andar à vontade entre a Feira do Livro e o Parque Tejo. Não cheguei a usar o shuttle, não posso opinar (embora me recorde vagamente de as pessoas se queixarem). Mas usei o Metro, cuja estação mais próxima ficava a quarenta e cinco minutos a pé do Parque Tejo. Por sorte não estava muito calor mas podia ter estado, naquela altura do ano. 

 

Se não querem que as pessoas tragam os carros, melhorem os acessos com transportes públicos!

 

Enfim. Como disse antes, já fui muito feliz no Rock in Rio e sim, voltei a sê-lo neste dia. Mas agora só lá volto se vier um nome mesmo grande das minhas preferências. E talvez até venha… mas estou a adiantar-me.

 

 

Falemos sobre outros concertos nesse dia. Não que tenha muito a dizer. Tentei preparar-me para o concerto dos Evanescence. Talvez pudesse ter-me esforçado mais, mas também foi daqueles casos em que a música deles não me cativou. Só mesmo o primeiro álbum, Fallen, e os singles do segundo, The Open Door (que, de resto, já andavam na minha rotação há um par de anos). A banda deu prioridade ao álbum mais recente que não cheguei a ouvir – ou não me recordo de ouvir.

 

Tudo bem. Estão no seu direito. 

 

E de qualquer forma Amy Lee tem uma voz dos diabos, mesmo após mais de vinte anos de carreira.

 

Uma coisa que me irritou solenemente foram as pessoas à minha volta naquela zona. Todas feitas operadoras de câmara o concerto inteiro. Ninguém a cantar ou a interagir com a música de forma nenhuma. 

 

Eu já tolerei menos pessoas filmando concertos. Já escrevi antes sobre partilhas de vídeos com fãs que não puderam ir. Eu mesma filmei um vídeo curtinho para as histórias dos Instagrams desta vida.

 

Porém… aquilo era o Rock in Rio! O palco principal! Aquilo estava a ser filmado profissionalmente e transmitido em direto na Sic Radical! Para quê gastar energia filmando vídeos de má qualidade, a quilómetros do palco, quando havia alternativa? Assim, por pura mesquinhez, fiz questão de cantar em altos berros quando tocaram músicas como Going Under, Bring Me to Life e My Immortal – arruinando os vídeos daquela gente toda com a minha voz.

 

 

Depois dos Evanescence, fui logo para o palco Galp, para ter com o meu grupo, guardar lugar junto à grade e assistirmos ao concerto dos Europe. Foi bom, claro, apesar de eu não conhecer praticamente nada da discografia deles. Gostei de ver o vocalista Joey Tempest, no entanto – é daqueles senhores que ficam mais sexys com a idade. 

 

E, claro, The Final Countdown foi o ponto alto.

 

Deixemos agora o Rock in Rio e recuemos um par de meses e trocos, para o concerto de celebração dos quarenta anos dos Delfins. Fui com a minha tia e um amigo dela e ficámos numa das bancadas superiores do Pavilhão Atlântico. Há pouco tempo, durante o concerto dos Hybrid Theory em março, muita gente (a minha irmã incluída) se queixou da qualidade do som nessa zona do Pavilhão. Os meus pais também se queixaram quando foram lá ver a Mariza, uns meses antes. Eu neste, no entanto, não tive razões de queixa.

 

Em termos de som, isto é. Em termos de visibilidade, deixou muito a desejar. Penso que foi o primeiro concerto que vi no Pavilhão Atlântico que não tinha ecrãs gigantes. Nas bancadas mais altas só conseguíamos ver figuras minúsculas. Só fui capaz de ver o concerto como deve ser quando a RTP o transmitiu, mais tarde. 

 

Tirando isso, foi excelente. Atrevo-me a dizer que Miguel Ângelo é uma das melhores vozes masculinas do país, se não for a melhor. Voz essa que, mesmo passados quarenta anos, não perdeu a força.

 

 

Quando comprámos os bilhetes, não conhecia assim tantas músicas dos Delfins. Conhecia o álbum Saber A Mar (que, para ser justa, esteve bem representado no alinhamento), 1 Lugar Ao Sol e uns três ou quatro dos êxitos mais óbvios. Este foi daqueles concertos para os quais precisei de estudar – e foi um dos em que mais recompensou fazê-lo.

 

O público esteve ótimo durante todo o concerto mas, para mim, o ponto alto foi Aquele Inverno. Uma música que, lá está, não me lembrava de ter ouvido antes de comprar os bilhetes. É extraordinária, no entanto: uma letra sobre temas bem reais e um refrão irresistível. As nossas vozes fizeram eco nas paredes do Pavilhão Atlântico, quando a banda voltou os microfones para nós.

 

Naturalmente, outros destaques foram as minhas velhas favoritas: Canção do Engate, 1 Lugar Ao Sol, A Cor Azul. Gostei muito no geral. Hei de repetir quando houver nova oportunidade. 

 

Entretanto, eu e a minha tia voltámos a ver o Miguel Ângelo em concerto – desta feita com os Resistência, no início deste ano. Voltámos a cantar Aquele Inverno, 1 Lugar Ao Sol, Nasce Selvagem – entre muitas outras, claro. Ao que parece, vai passar a ser hábito: concertos de Ano Novo. A minha tia já me convenceu a comprar bilhetes para o do próximo ano – e desta vez vamos arrastar a minha irmã e o namorado dela connosco.

 

Só para verem que existe alguma componente genética no meu vício. 

 

Duas semanas depois dos Delfins, fui ver o Diogo Piçarra ao Campo Pequeno – uma noite de meninas do grupo HT. Vi-o pela segunda vez no ano seis meses depois, em Tomar. 

 

Minto: tecnicamente vi-o um total de quatro vezes em 2024. Duas vezes em nome próprio, duas vezes como convidado em concerto alheio: com os Hybrid Theory, no Rock in Rio e, claro, no dos Anjos.

 

 

Também “tive” de estudar para o primeiro concerto. Acho que, antes de comprar bilhete, a única música do Diogo que ouvia com alguma regularidade era Trevo (Tu) – que ainda adoro. Conhecia mais algumas de ouvir na rádio. Na preparação para o concerto, fui mais atraída pelo álbum mais recente, SNTMTL. 

 

Para começar, por exemplo, Amor de Ferro (um dueto com Pedro Abrunhosa) tem um saborzinho especial por ter saído no mesmo dia que Friendly Fire. E é uma bela música por si mesma. Deu-me um gozo particular gritar “COMO É QUE NÃO VÊÊÊÊS?” em ambos os concertos. Também gosto muito de Sorriso – que funciona muito bem como encerramento de concerto. Neste momento, no entanto, acho que a minha preferida é Há Sempre Uma Música. 

 

Nos últimos tempos tenho dado rotação ao último EP do Piçarra, Chuva. Desde o início que acho piada ao nome das músicas, ordenadas de modo a contarem uma história. A de que gosto mais é Continuo de Pé.

 

Uma das melhores partes de ambos os concertos foram os gémeos dançarinos que partilham o palco com o Diogo. Regra geral, não costumo ligar a dançarinos, mas não há como ignorar o Joel e o Josué. Metade do espetáculo vem deles. Tive a sorte de tirar foto com eles em Tomar.

 

E com o próprio Diogo também. Pelos vistos músicos algarvios que são simpáticos comigo são uma das minhas muitas fraquezas. Prometi-lhe que voltaria a vê-lo assim que pudesse – e vou cumprir a promessa, muito em breve.

 

Antes de seguir em frente, queria só assinalar que houve um casal que ficou noivo à frente do Diogo, em Tomar. As maiores felicidades para eles.

 

                               

 

Falemos agora sobre os GNTK. Já tinha escrito sobre eles no ano passado. Descobri entretanto que “GNTK” vem de “genetik” que, por sua vez, alude à mistura de géneros musicais. A música deles tem uma base de rap/hip-hop, mas usa elementos de vários géneros. Por exemplo, Raízes tem fato e guitarra portuguesa. Voltas À Cabeça tem guitarra elétrica e discos giratórios. Riqueza tem saxofone. E estes são apenas alguns exemplos. 

 

Não admira que tenha descoberto este projeto através dos meus “amigos dos Linkin Park” (outro nome para a família HT). Aliás, já que falamos de nomes, a nossa alcunha para os GNTK é “os russos” porque a sigla faz lembrar KGB (aqui entre nós, não acho que seja assim tão parecida, mas pronto, a alcunha ficou). 

 

E a verdade é que, apesar de não dizer que não gosto de nenhuma música de rap ou hip-hop, tendo a preferir quando este é misturado com outros géneros musicais.

 

Tive a oportunidade de vê-los duas vezes até agora: em agosto do ano passado e em janeiro deste ano. Condições climatéricas absolutamente díspares.  Em Amor, estava de calções. Em Ortigosa, estava com três camadas no tronco, duas nas pernas, e descobri que não dá para bater palmas com luvas. 

 

Não será por acaso que a maior das festas de aldeia decorrem no verão.

 

Não tenho muito a dizer sobre os concertos em si. As músicas dos GNTK funcionam muito bem no palco, ganham uma nova intensidade. Raízes, por exemplo, com mais guitarra elétrica, é um dos pontos altos. Gosto das posturas em palco, não só do rapper/vocalista João Correia, mas também dos colegas Marcelo Barroso e Cláudia Brito. Esta última tem uma voz lindíssima. E em ambos os concertos pudemos conhecê-los e tirar fotografia com eles. 

 

Hei de voltar a vê-los quando tiver nova oportunidade. Em princípio a próxima será em Carnide (no distrito de Leiria).

 

 

Queria agora falar sobre o Rockin’1000 – que se realizou pela primeira vez em Portugal a 14 de setembro do ano passado, em Leiria, e eu estive lá. Para quem não sabe, o Rockin’1000 é uma banda de mil músicos – a maior banda do mundo, composta por centenas de vocalistas, guitarristas, tecladistas, baixistas e bateristas (muitos “istas”. Mil “istas”.). Ao longo da última década, têm dado concertos em diferentes cidades no mundo, tocando temas clássicos do rock. Consta que o primeiro de todos foi em Cesena, na Itália – mil músicos tocando Learn to Fly dos Foo Fighters, como forma de convencer a banda a dar um concerto na cidade (resultou). 

 

Fui a esse concerto porque o JLee, o fundador do grupo de fãs dos HT, foi um dos mil – um dos bateristas. Foi uma experiência muito gira. Mil músicos ao mesmo tempo é outra coisa, diferente de tudo. Até havia um maestro! Não estava à espera, mas adorei o pormenor. 

 

Nas semanas seguintes, andei a “estudar” as músicas que iam tocar. Vários temas que já conhecia, outros que conhecia mais ou menos, outros que não conhecia de todo. Das últimas duas categorias, não houve nenhuma música que tenha passado a ouvir regularmente ou que me tenha cativado para além de “é um clássico”. As únicas exceções são Knights of Cydonia, dos Muse – e mesmo assim, muito mais ou menos – mas sobretudo a música mais importante de todas: Learn to Fly. 

 

Das que mais me marcaram nesta noite foram Numb e sobretudo Don’t Look Back in Anger, por ter um vínculo emocional com ambas – sobretudo tendo em conta que os Linkin Park tinham acabado de regressar, com tudo o que isso implicou (mais sobre essa mixórdia de emoções aqui). 

 

Um dos pontos altos foi Seven Nation Army. Só mesmo porque os músicos pareceram estar a divertir-se ainda mais do que noutras músicas. E Seven Nation Army pertence às multidões, aos estádios, tal como explicam aqui

 

Na verdade, o melhor do Rockin’1000 foram mesmo os músicos – o JLee em particular, claro, mas não só – todos contentes, vivendo um sonho. O entusiasmo era contagiante.

 

O reverso da medalha é que… eles foram explorados. Os bilhetes não são baratos (e eles estavam a vender pão com chouriço a nove euros dentro do estádio. Essa ficou-me atravessada). Mas, tanto quanto sei, os músicos não receberam um cêntimo. Estamos a falar de músicos que vieram dos quatro cantos do país e mesmo do estrangeiro para Leiria – com os próprios instrumentos a reboque. Tiveram de tirar dias de férias para os ensaios, arranjar alojamento – isto para não falar do tempo que terão dedicado a ensaios a solo nos meses anteriores. 

 

 

A organização do Rockin’1000 não podia ter pago ajudas de custo às pessoas que fizeram o espetáculo? Para onde foi o dinheiro dos bilhetes?

 

Outra coisa que me incomodou – bem menos – foi a ausência de músicas cantadas por mulheres. Não havia espaço para Joan Jett? Blondie? Heart? Alanis Morissette? The Cranberries? Já nem falo de Avril Lavigne ou Paramore…

 

Numb dos Linkin Park conta?

 

Ao menos no concerto deste ano um dos convidados será Mariza Liz. Já é qualquer coisa. Não é suficiente, mas já é qualquer coisa. 

 

Este ano vai voltar a haver Rockin’1000, no mesmo sítio. O JLee vai lá estar outra vez e eu vou também. Os bilhetes já estão comprados. 

 

No final de setembro do ano passado, os GNR tocaram na Feira da Luz. Pertíssimo da minha casa, quase dava para ir a pé, entrada livre – uma raridade. Os GNR são uma das minhas bandas portuguesas preferidas, andava há anos para vê-los ao vivo. Quando surgiu esta oportunidade, naturalmente, aproveitei.

 

                                        

 

Infelizmente, não me pareceu que houvessem muitos fãs “a sério” do GNR no concerto. Pelo menos não na zona onde estava. Mas havia pelo menos um senhor – na casa dos cinquenta ou sessenta anos – super entusiasmado, aos saltos, como se tivesse a minha idade, ou menos. 

 

Como se fosse um membro do grupo HT. Só espero chegar à idade dele ainda capaz de me divertir assim.

 

O concerto em si foi giro, mas Rui Reininho é meio chanfrado. Tem a mania de mudar (ou de se esquecer?) as letras e mesmo as melodias das músicas. Todos os músicos o fazem até certo ponto, não é nada de inédito, mas o Reininho exagera. Uma pessoa quer cantar e atrapalha-se toda – quando, ainda por cima, havia pouca gente à minha volta cantando em coro comigo. 

 

Mas pronto. Diverti-me. Deu para riscar da bucket list. Mas espero vir a ter oportunidade de vê-los num concerto “a sério”, com mais fãs. 

 

Vou agora saltar quase dois meses até ao concerto de Bryan Adams – o meu sexto. Quando escrevi este texto, não sabia que os bilhetes já tinham esgotado. Por um lado, estava à espera que a minha irmã confirmasse que podia ver. Por outro lado, não estava à espera que esgotasse tão depressa. Isso não tinha acontecido com o concerto de 2022 – mas não me devia ter surpreendido tanto. O outro concerto decorreu na reta final da pandemia. Ficámos até aos últimos dias sem ter a certeza absoluta de que o concerto não seria cancelado – terá havido muita gente que não quis arriscar.

 

A realidade é outra em 2024/2025, no entanto. Agora não dá para esperar. Estava mais ou menos resignada depois de perder o primeiro comboio. Felizmente abriram segundas datas, a segunda de Lisboa a um domingo. A minha irmã não trabalha aos fins de semana, não precisava de me preocupar com ela. Aí saltei logo – comprei bilhete para mim, para a minha irmã e para o namorado e ainda arranjei maneira de desencaminhar uma amiga da família HT. 

 

   
 
 
 
 
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Tecnicamente duas, mas a outra comprou bilhete para o primeiro concerto antes de nós. 

 

Desta feita, fiquei com a minha amiga num sítio diferente do costume: no meio, perto da grade. A minha irmã e o namorado ficaram mais afastados, perto do sítio onde ficámos em concertos anteriores. Adiantando-me um pouco, durante o concerto, tinha o Bryan a poucos metros de mim. E foram várias as ocasiões em que as câmaras se voltaram para o público e eu me vi a mim mesma no ecrã gigante. 

 

Um pormenor que quero deixar registado em ata: enquanto esperávamos pelo início do concerto, um rapaz ao pé de nós matou o tempo vendo o filme Spirit no telemóvel – a maneira correta de esperar por Bryan Adams. E eu consegui ir espreitando.

 

Como tecnicamente esta era ainda a digressão de So Happy it Hurts, estava com receio que este concerto fosse muito parecido com o de 2022 – que, por sua vez, já tinha sido parecido com o de 2019. Estava enganada. Foi bastante diferente.

 

Começando logo pelo carro voador no início – que tinha uma câmara, acho eu. Para além disso, uma das maiores diferenças foi a constituição da banda: só quatro membros. Às vezes tínhamos Bryan no baixo e Keith Scott (um septuagenário!) como única guitarra. Às vezes Bryan pegava na guitarra e a música era tocada sem baixo. 

 

É uma escolha. Sempre é melhor que manter apenas uma guitarra para todas as músicas, como acontece, por exemplo, no DVD Live in Slane Castle. Há canções em que isso não funciona de todo – o exemplo mas óbvio é It’s Only Love. Continuo a achar que era mais fácil manter a banda de cinco elementos, mas isto sou eu.

 

Tivemos várias surpresas no alinhamento. Uma delas, das mais agradáveis, foi Take Me Back – uma pérola escondida, uma das primeiras sobre a qual escrevi. Por outro lado, tocou a versão do DVD Live in Lisbon de Heaven – a minha versão preferida. 

 

                                           

 

Aliás, no início de 2024, Bryan lançou o áudio completo desse DVD nos Spotifys desta vida. Uma jogada inesperada e, sinceramente algo confusa, mas que adorei.

 

Por outro lado, Bryan voltou a tocar Tonight, pela terceira vez consecutiva comigo lá. Não me queixo. Tocou outras favoritas minhas, como Cloud Number 9 e Back to You, os êxitos todos. Incluiu um  medley de It’s Only Love com The Best e What’s Love Got to Do With It, em homenagem a Tina Turner (uma rainha que deixou saudades).

 

Alguns reparos: eu teria trocado Always Have Always Will por These Are the Moments That Make Up My Life. E a inclusão de uma versão de Can’t Take My Eyes Off You irritou-me – se calhar mais do que devia. A verdade é que não gosto da música e, por amor de Deus, o homem ia quase em quarenta e cinco anos de carreira (...como assim, quarenta e cinco anos de carreira?!?), dezasseis álbuns (...por acaso não tenho a certeza do número) e precisa de incluir covers num alinhamento? 

 

Mas pronto, são coisas menores. E mesmo passados mais de vinte anos desde a primeira vez, mesmo sendo a versão Bare Bones pela quarta vez consecutiva, não me canso de cantar Here I Am em todos os concertos de Bryan.

 

Esta é que nunca pode sair do alinhamento.

 

Tenho andado convencida de que Bryan voltará a Portugal em breve. Este ano acho que já não dá, talvez no próximo…? Bryan vai lançar o seu próximo álbum Rolling With the Punches, no final de agosto – até estou surpreendida por não sair mais cedo. Não ando muito impressionada pelas músicas que saíram até agora. Neste momento, a de que gosto mais é da mais recente, Never Ever Let You Go. 

 

Também não estou à espera de grande coisa do álbum novo. São só mesmo desculpas para continuar em digressão. Conforme alguns fãs têm comentado, de um dia para o outro a digressão mudou de nome mas, tirando a inclusão de um par de músicas novas, não mudou mais nada. Mas não deixa de ser um bom concerto, por isso, quem se rala? 

 

Eu fico à espera. Enquanto puder, enquanto Bryan não se fartar, eu não me farto.

 

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Passamos, agora, de um repetente a uma estreia – outro nome grande que desejava ver ao vivo há mais de uma década. É engraçado, os Within Temptation atuaram quase no mesmo sítio – na Sala Tejo em vez da sala principal – e nos dois dias a seguir ao segundo do Bryan, mas foi bastante diferente. A minha companhia era diferente – amigos da família HT (aliás, o concerto foi no segundo aniversário do grupo), mas não a mesma que viera comigo no domingo anterior – e, claro, a audiência de Bryan Adams não é bem a mesma dos Within Temptation. 

 

Apesar de os conhecer há muitos anos, este foi um dos concertos para os quais precisei de estudar. Só mesmo o álbum mais recente, Bleed Out, que motivara a digressão. Não detesto o álbum, gosto mais do que do Resist, fiquei a gostar um bocadinho mais depois do concerto… mas a verdade é que raramente tenho vontade de o ouvir. 

 

O concerto teve duas bandas de abertura, os Blind8 e os Annisokay. Não foram maus, sempre entretiveram. Tivemos dois destaques óbvios: quando a própria Sharon den Adel subiu ao palco para cantar Labyrinth com os Blind8 – de t-shirt e calças de fato de treino, algo que não estava no meu cartão de bingo. 

 

Sabendo que, a seguir, Sharon teve de se enviar num corpete e num vestido, não a posso censurar. 

 

O outro momento de destaque foi quando os Annisokay tocaram uma versão de One Step Closer. Uma homenagem ao falecido Chester Bennington, conforme explicaram, mas talvez também tenham adivinhado que havia gente no público que se conhecera graças a uma certa banda e ao seu tributo português. Eu e o meu grupinho naturalmente virámos Linkin Park no vídeo de Two Faced.

 

Nove em cada dez vezes que parte da família HT se reúne, mesmo sem ser para concertos, acabamos a cantar músicas dos Linkin Park. Muitas vezes nem é por iniciativa nossa.

 

Quanto aos Within Temptation em si, foi um bom concerto. O alinhamento deixou um pouco a desejar. Tinha esperanças de que tocassem Somewhere, mas sabia que era pouco provável. Mas não estava à espera que deixassem Memories ou What Have You Done de fora. 

 

Ainda assim, tivemos melhor alinhamento que a noite anterior. Na véspera houvera All I Need e Mother Earth. Nós tivemos Angels e Ice Queen, de que gosto muito mais. 

 

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Por fim, tivemos o privilégio de ter Tarja em palco e as duas rainhas cantando Paradise (What About Us?). Aliás, a Sharon é incrível. Linda, enérgica, interage bem com o público, uma voz fabulosa que não falha. Nem mesmo quando não pára quieta em palco.

 

Podem crer que fiz por acompanhar Sharon nos vocais, mesmo nos mais agudos. Sobretudo nos mais agudos, como precisamente Angels e Ice Queen. Era aquilo com que sonhei durante os anos à espera desta oportunidade. E aqui entre nós, quem é que se pode chamar a si mesmo fã de Within Temptation sem sequer tentar cantar com Sharon num concerto?

 

Por outro lado, o guitarrista Rudd Jolie estava do nosso lado. Também fartou-se de se meter com o público.

 

Em suma, gostei muito, espero voltar a vê-los. Mas de preferência numa digressão diferente, com outro alinhamento. 

 

Finalmente, um mês depois, mais coisa menos coisa, voltei ao Pavilhão Atlântico – à sala principal. Desta vez fui quem foi desencaminhada – para ver os Anjos. Em jeito de comemoração dos vinte e cinco anos de carreira, a dupla deu um concerto em conjunto com a Banda Sinfónica da GNR e a Banda Sinfónica da PSP. Os lucros reverteram para a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica. Consta que se acumulou um cachê bem simpático. 

 

Tinha passado o mês anterior a estudar a discografia dos Anjos – recordando algumas que ouvia quando tinha dez, onze anos, no primeiro CD deles ao vivo. Outras que me recordava vagamente de anos posteriores, de ouvir na rádio ou em novelas. Descobri algumas que não conhecia. São melhores do que me recordava.

 

Foi um concerto com lugares sentados mas, desta vez, deu jeito – eu estava doente. O que, mesmo assim, não me impediu de dançar e em geral divertir-me.

 

                                     

 

Não que tenha muito a dizer sobre o concerto. Não adorei que tivessem despachado os primeiros êxitos – Perdoa, Quero Voltar, Ficarei – logo no início. Eram as músicas com maior valor nostálgico para mim. E nem sequer tocaram Numa Noite ao Luar, uma das minhas preferidas. 

 

Tirando isso, foi um bom concerto, com vários convidados. Tenho estado à espera que transmitam a gravação. À hora que publico, ainda nada. Pergunto-me se isso se deve ao processo entre eles e a Joana Marques. Talvez estejam à espera que a popularidade dos Anjos melhore.

 

Entretanto, hei de ser de novo arrastada para eles muito em breve. Desta feita será na Chamusca, nas festas da semana da Ascenção e convidaram o Diogo Piçarra. E estou certa de que haverão mais concertos depois deste. 

 

E ficamos por aqui hoje. Obrigada pela visita. Encontramo-nos de novo daqui a dez dias e picos para a segunda parte deste balanço. 

Top 10 música portuguesa #1

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Uma falha aqui do estaminé é não falarmos o suficiente sobre música portuguesa. Para além de não dar o devido apoio à produção nacional, uma grande fatia da música que oiço é de artistas ou bandas do nosso retângulo à beira-mar plantado. Já estava na altura de isso se refletir aqui no blogue.

 

Antes dos meus doze anos, a maior parte da música que ouvia era portuguesa. Não sei se o meu caso é único e/ou se isso ainda acontece hoje mas, a partir de certa altura, a mensagem que me chegava era que o que era “fixe” era ouvir música em inglês. Estava também numa altura em que já sabia inglês suficiente para compreender as letras, pelo menos em parte.

 

Ainda assim, a música portuguesa esteve sempre presente, mesmo que apenas através da rádio. Quando comecei a usar o Spotify aqui há uns anos – que facilita imenso o acesso a música – passei a  ouvir artistas e bandas portuguesas muito mais ativamente. Aliás, por norma faço um esforço por ter todos os dias um Daily Mix todo em português de Portugal (o que às vezes é difícil, o algoritmo é teimoso...). A minha lógica é que, como estes músicos têm uma audiência bem menor que os músicos anglo-saxónicos, precisam mais das minhas reproduções.

 

Assim, hoje vou deixar-vos o meu top 10 de música portuguesa. Bem, mais ou menos. Não é um top 10 rigoroso por dois motivos. Para tornar o texto mais interessante, não vou repetir artistas ou bandas e não vou incluir músicas que já abordei aqui no blogue. Porto Côvo, por exemplo, ocuparia um dos lugares cimeiros, mas, como já teve direito ao seu próprio texto, incluí-la neste seria redundante. Desse modo, pensem nisto não como um top 10 e sim em dez músicas portuguesas que estão entre as minhas preferidas.

 

E talvez um dia escreva uma segunda parte, com outras dez músicas. 

 

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Olhando para esta lista, uma coisa que se destaca é que… estas músicas são antigas. A mais recente tem vinte anos. 

 

Isto tem duas explicações. Em primeiro lugar, como verão já de seguida, quase todas estas canções têm uma história pessoal associada e/ou descobri quando era miúda. Em segundo lugar, muitas destas músicas têm sobrevivido ao teste do tempo, ainda hoje passam nas rádios. Ainda por cima, a rádio que mais oiço neste momento é a m80. 

 

Não significa que não haja música portuguesa após o início dos anos 2000 de que eu goste. Eu aliás ando a gostar de ouvir a Bárbara Tinoco e também as músicas Talvez de Carolina de Deus e Mais ou Menos de Rita Rocha. Se sempre escrever uma sequela a este texto, hei de incluir músicas mais recentes.

 

Como o costume, tinha muito sobre que escrever. Assim, este top 10 virá em duas partes. Deixo o pódio para amanhã ou depois.

 

Assim, sem mais delongas, começamos por…

 

10) Anjos – As Long As You Love Me

 

No início dos anos 2000, tive uma fase em que gostava muito dos Anjos. Não durou muito, mas ainda hoje gosto de músicas como Ficarei, Quero Voltar e Perdoa. São um par simpático. 

 

 

Penso que foi no Natal de 2000 que me ofereceram o CD Anjos ao vivo, lançado no mesmo ano. Apesar de ser um álbum ao vivo, a primeira faixa foi gravada em estúdio. É o tema Quando Fores Grande, que os Anjos lançaram a propósito de uma campanha conjunta com a Swatch – também me ofereceram o relógio, se não me engano em conjunto com o CD. Era uma campanha para a construção de uma escola em Timor-Leste, que estava a libertar-se da ocupação indonésia.

 

Saudades desses tempos antes do 11 de setembro, em que parecia que o mundo estava a evoluir para melhor. Sublinhe-se o “parecia”.

 

O videoclipe de Quando Fores Grande dá-me vontade de rir, um bocadinho. É tão… final dos anos 90, início dos anos 2000. Aquela coreografia, as dançarinas com o estômago à mostra…

 

Mas não é de Quando Fores Grande que quero falar, é sobre outra música de Anjos Ao Vivo. A versão que a dupla cantou em palco do grande êxito dos Backstreet Boys, As Long As You Love Me. 

 

Eu fiquei obcecada por este cover. Lembro-me de dançar ao som desta música na minha sala, quando tinha onze ou doze anos. Mesmo anos mais tarde, já depois de me ter cansado das outras músicas dos Anjos, fui mantendo esta música no meu leitor de mp3 (“ripada” do CD). Tive uma fase em que a troquei pela versão original, mas acabei por regressar à versão dos Anjos.

 

 

Uma grande parte da qualidade vem da versão original, claro, com a sua letra romântica e melodia açucarada. Ainda assim, acho que a versão dos Anjos tem um instrumental mais… orgânico, menos produzido, com uma emotividade diferente – nem que seja só por ter sido gravada ao vivo.

 

Ou talvez seja apenas a nostalgia a falar.

 

A música está apenas em décimo lugar precisamente porque está cá quase só por motivos sentimentais. Além disso, não é uma música original, é uma versão de uma música estrangeira – quase nem conta como música portuguesa. Mas eu tinha de incluí-la aqui, porque foi mesmo muito marcante. 

 

9) Rádio Macau – Amanhã é Sempre Longe Demais

 

Esta é uma obsessão recente. Não é propriamente uma canção que adore há muito tempo ou que tenha um grande valor sentimental, como a maior parte dos itens desta lista. Nem sequer tenho muito a dizer sobre ela. Mas gosto imenso de Amanhã é Sempre Longe Demais. 

 

 

A letra não é má. Dois amantes que se despedem depois de uma noite passada juntos e já sentem saudades um do outro. A minha parte preferida da canção é o instrumental. Não percebo como conseguiram aquele efeito “metálico” no acompanhamento (teclado? sintetizadores?), mas eu adoro. 

 

Também adoro a interpretação em tom grave de Xana, a vocalista dos Rádio Macau. Outras versões desta música, como a dos Resistência, acrescentam vocais mais agudos ao refrão e, a meu ver, não ficam tão bem. Nem todas as canções precisam de refrões bombásticos. Outro pormenor na versão original que resultou muito bem são os coros masculinos nos últimos refrões. 

 

Como disse acima, de todas as músicas nesta lista, Amanhã É Sempre Longe Demais será a canção de menor valor sentimental para mim. Se tivesse escrito este texto há dois anos (ou se o escrevesse daqui a dois anos), talvez esta música não estivesse incluída. Ainda assim, Amanhã É Sempre Longe Demais é uma música muito bonita por si mesma, merece todos os elogios. Mesmo que a minha obsessão arrefeça daqui a uns tempos, não me vou arrepender de ter escrito sobre ela. 

 

8) Xutos & Pontapés – À Minha Maneira

 

Tive algumas dificuldades em escolher uma música dos Xutos & Pontapés para esta lista. Gosto de várias músicas deles, mas daí a escolher uma favorita… Estive quase para não incluir nenhuma canção deles nesta lista, mas… são os Xutos!

 

Acabei por escolher À Minha Maneira, da minha playlist da Seleção (mais sobre isso adiante). Não diria que é a minha preferida dos Xutos, mas andará lá perto. 

 

 

Para mim, a música vale sobretudo pela letra – ainda que seja uma mensagem simples, que se explica a si mesma. A minha parte preferida é o refrão, sobretudo os versos "E as forças que me empurram, e os murros que me esmurram, só me farão lutar…" – a forma como se destacam do resto da música, tomando um carácter vagamente atmosférico, mesmo místico, para depois mudar para um tom mais eufórico em "À minha maneira (à minha maneira), à minha maneira!“. 

 

Em 2009, Cristiano Ronaldo usou esta música na sua apresentação no Real Madrid. Há coisa de dez anos, li uma entrevista ao Tim (no jornal Record?) em que este dizia que aprovava a escolha. Mais: Tim achava que a canção condizia bem com a personalidade e a história de vida de Ronaldo. 

 

Como alguém que acompanha a carreira do madeirense desde os seus tempos no Sporting, eu concordo. A determinação em ser o melhor, a sua teimosia, uma certa mesquinhez ao usar as críticas como motivação – há quem lhe atribua a frase “Your love makes me strong, your hate makes me unstoppable”.

 

Isso resultou bem durante a larga maioria dos vinte anos de Ronaldo como profissional. Infelizmente, neste verão vimos o reverso da medalha. Ele queria sair do Manchester United mas, numa altura em que ele está em fim de carreira e ninguém quer montar uma equipa em torno dele (outras pessoas na Internet podem explicar melhor a questão), a sua teimosia e orgulho jogaram contra ele e Ronaldo ficou muito mal na fotografia. 

 

Em todo o caso, é por causa disto que À Minha Maneira tem feito parte da minha playlist da Seleção Portuguesa. Mesmo que a maneira de Ronaldo esteja a voltar-se contra ele mesmo, a mim recorda-me – e perdoem-me por estar a falar disto outra vez a final do Euro 2016. Penso que já o referi algures nas internetes, mas na minha opinião uma das coisas que fez com que ganhássemos foi o facto de toda a equipa ter adotado a maneira de Ronaldo. Depois de um campeonato inteiro lidando com críticas (algumas justas, outras não), quase todo o mundo futebolístico contra nós, culminando com a lesão de Ronaldo, a resposta dos portugueses foi unirem-se contra tudo e contra todos. O resto é História. 

 

 

Esta não é a única canção neste texto que pertence à minha playlist da Seleção. Quando adiciono músicas a essa lista, às vezes estas ganham um lugar especial no meu coração. E como é da Seleção Portuguesa que estamos a falar, tendo a favorecer músicas cantadas em português.

 

Mais exemplos disso já a seguir. 

 

7) Pedro Abrunhosa – Eu Não Sei Quem te Perdeu

 

Neste momento, Eu Não Sei Quem te Perdeu é a minha canção preferida de Pedro Abrunhosa. Possui um tom intimista, só com piano e uma voz enrouquecida. Na minha opinião, a voz de Abrunhosa adequa-se a este género de baladas suaves, como Tudo o Que Eu te Dou e Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar. Não acho que resulte tão bem quando ele eleva a voz – embora até goste de algumas dessas músicas, como Vamos Fazer o Que Ainda Não Foi Feito. 

 

A letra não é má, mas não é nada por aí além. Ao menos não entra nos mesmos territórios bizarros de músicas como Momento ou Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar. Em todo o caso, condiz com a “vibe”, explora o lado romântico do tom intimista do instrumental. 

 

Aliás, gosto mais dessa “vibe”, do “mood” de Eu Não Sei Quem te Perdeu do que da letra em si. Tudo por causa do último filme de Digimon Adventure Tri.

 

Eu sei, eu sei. Passo a explicar. 

 

 

Isto ocorreu há pouco mais de quatro anos, durante o verão de 2018. Lembro-me perfeitamente: estava de férias no Algarve e estava a escrever a análise a Bokura No Mirai. Numa das tardes estava na varanda do meu apartamento de férias, passando o rascunho a computador e ouvindo música no Spotify. Quando estava na parte referente à cena em que o Yamato chora nos braços do Gabumon, calhou tocar Eu Não Sei Quem te Perdeu. 

 

Logo aí achei que a música se adequava àquele momento. Lá está, não pela letra. Aquela não é uma cena romântica, mas é uma cena de vulnerabilidade, de ternura, algo que Eu Não Sei Quem te Perdeu ilustra muito bem com o seu instrumental e o seu tom intimista.

 

Não me interpretem mal, esta é uma canção lindíssima por si só. Merece todos os elogios. No entanto, para mim tem este significado extra de estar associada a um dos melhores momentos de Tri. Sempre que oiço Eu Não Sei Quem te Perdeu, lembro-me do Yamato e do Gabumon… e tento não pensar no que acontece em Kizuna

 

Já que falo nesse filme, lembrete rápido que Digimon Adventure A Última Evolução Kizuna encontra-se neste momento em exibição nos cinemas, dobrado em português de Portugal. Não percam!

 

6) Diva – Mariana 

 

Esta é uma canção que eu estou genuinamente surpreendida por não ser mais popular hoje em dia. No que toca aos Diva, a canção Amor Errante tem mais rotação. É uma música bonita, não me interpretem mal, mas… Mariana é muito melhor! Sou a única a achá-lo? 

 

 

 

Mariana é uma música caída do céu. O instrumental contribui muito para esse efeito, com a percussão, os sintetizadores, a linda harmónica, o baixo e as notas de guitarra elétrica. E, claro, a linda interpretação da vocalista Natália Casanova, absolutamente angelical, uns agudos impressionantes. Eu bem tento atingir essas notas e não consigo… 

 

Por outro lado, os últimos "la la la la" são uma das partes que mais gosto da canção. 

 

A letra é simples mas bonita, falando sobre saudade – um tema muito português. Aliás, servia para fado. Não há por aí ninguém que queira fazer esse cover? 

 

Não preciso de dizer mais nada. Oiçam Mariana e deixem-na falar por si. 

 

5) Sara Tavares – Chamar a Música

 

De todas as canções nesta lista, Chamar a Música será a primeira que conheci. As minhas primeiras recordações dela serão de quando tinha quatro ou cinco anos – acho que na altura estava em todo o lado. Ao pesquisar para este texto, descobri que foi a candidata portuguesa para a edição de 1994 do Festival da Canção – a cronologia bate certo com as minhas recordações.

 

Eu, aliás, só agora é que descobri que a música original é da Sara Tavares. Nos últimos anos andava a ouvir a versão que está disponível no Spotify, cantada por Teresa Radamanto. Eu pensava que era a versão original – não é muito diferente da de Sara Tavares, condizia com as minhas recordações, nunca tinha pensado muito nisso. Daquilo que consegui pesquisar (que não é muito), esta é uma versão gravada em 2009, a propósito do programa da RTP “A Melhor Canção de Sempre”. O objetivo era escolher a melhor candidata portuguesa ao Festival da Canção até à data.

 

 

A versão de Teresa Radamanto é bonita, mas eu gosto mais da versão da Sara Tavares. Estou zangada por não estar disponível no Spotify. Ainda assim, a interpretação de Sara não é o único ponto forte da canção. A letra, da autoria de Rosa Lobato Faria, é provavelmente a melhor de todas as canções desta lista – é um poema, mais do que qualquer outra. Também gosto do acompanhamento musical – é típico das power ballads dos anos 90, não é?

 

Na altura, a música atingiu um respeitável oitavo lugar no Festival da Canção. Está nesta lista por sentimentalismo, mas Chamar a Música é genuinamente uma canção linda. Outra que merecia mais atenção nos dias de hoje. 



4) Delfins – 1 Lugar ao Sol

 

Os Delfins são uma banda que sempre apreciei, de forma intermitente. Quando tinha oito anos, mais coisa menos coisa, andei obcecada com o álbum Saber Amar, lançado um par de anos antes. Os meus tios tinham o CD e eu, com a falta de noção típica de uma menina de oito anos, convenci-os a oferecerem um exemplar ao meu pai no seu aniversário.

 

Ao fim de algum tempo fartei-me, mas o álbum foi marcante. Aqui entre nós, o azul é hoje a minha cor preferida pelo menos em parte por causa da canção A Cor Azul. Mesmo hoje, passados estes anos todos, ando a ouvir algumas das músicas e ainda gosto delas. Temas como Não Vou Ficar, Num Sonho Teu e o tema-título Saber Amar. 

 

Esta última é uma canção super alegre mas que, inesperadamente, encerra algumas verdades. “Contra as armas do ciúme, tão mortais, a submissão às vezes é um abrigo”, “Todas as formas de se controlar alguém só trazem um amor vazio”. O Miguel Ângelo não quer fazer um workshop?

 

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Ora, a música de que vamos falar não pertence ao álbum Saber Amar. 1 Lugar Ao Sol é daquelas músicas que sempre estiveram lá, que ia ouvindo de vez em quando na rádio sem lhe dar muita atenção. No verão de 2019, no entanto, a música cativou-me e tenho andado obcecada com ela nessa altura. 

 

A letra não é nada de especial – basicamente sobre lutar por sonhos. É daquelas letras que são suficientemente sólidas para dar alguma mensagem à música e, ao mesmo tempo, suficientemente vagas para o ouvinte fazer as suas próprias interpretações.

 

Naturalmente, acrescentei-a à minha playlist da Seleção Nacional. 

 

1 Lugar ao Sol, na verdade, tem sido a minha música preferida nessa playlist nos últimos anos. Ainda há relativamente pouco tempo usei-a numa story. Antes disso, durante os play-offs do Mundial 2022, ia cantando a terceira parte de 1 Lugar Ao Sol para mim mesma, como se fosse uma oração.

 

Hão de reparar que, na story, usei a versão ao vivo da música. O que me leva a algo que me tem feito alguma confusão: as inúmeras versões que existem de 1 Lugar Ao Sol.

 

Aparentemente, a primeira foi lançada no álbum U Outro Lado Existe, de 1988. Só fiquei a conhecê-la há pouco tempo, está no Spotify. Não é má, mas nota-se muito que é um produto dos anos 80, não necessariamente no bom sentido.

 

 

Talvez por isso, os Delfins regravaram a música no mesmo ano, juntamente com outros dois temas –  Sombra de uma Flor e 1 Só Céu – num EP que também se chamou 1 Lugar Ao Sol. Esta versão da música foi lançada como single e, segundo a Wikipédia, passou várias semanas nos lugares cimeiros das tabelas musicais. Ainda hoje tem bastante rotação nas rádios – na m80, pelo menos. Mais tarde, foi incluída no álbum Best Of: O Caminho da Felicidade, editado em 1995.

 

Existe uma outra versão de estúdio de 1 Lugar Ao Sol. Esta foi gravada para o segundo volume d’O Caminho da Felicidade, editado em 2013. Pouco menos de uma década depois, foi usada no genérico de Dancin’ Days, uma novela de 2013, fruto de uma parceria entre a SIC e a Globo.

 

Eu diria que esta é a versão mais “pesada” de 1 Lugar Ao Sol, no sentido em se guia mais pelas guitarras, quando comparada com outras versões. Não deixa de ser um tema pop rock, claro.

 

Existem ainda outras versões de 1 Lugar Ao Sol e iremos falar sobre elas. A versão em que me quero focar, a que figura neste top, é a do EP de 1988 e que foi lançada como single. Na minha opinião, tem o arranjo mais intemporal e mais adequado à letra sonhadora. É um tema pop rock à mesma mas mais despojado, com mais sintetizadores, vocais um pouco mais suaves, um carácter mais atmosférico. 

 

 

Em todas as versões de 1 Lugar Ao Sol, a terceira parte da música é a minha preferida. Nesta, no entanto, está num nível absolutamente estratosférico. Tudo por causa do solo de baixo de Rui Fadigas. Esta sequência é pura perfeição musical. 

 

Para grande frustração minha, esta versão de 1 Lugar Ao Sol foi retirada do Spotify algures entre 2020 e 2011. (É por estas e por outras que me recuso a aderir ao Premium, tirando durante promoções e outros eventos especiais). Tenho-a substituído pela versão dos Resistência e pela versão ao vivo. A primeira é uma versão acústica – foi a minha mais tocada no Spotify no ano passado

 

A segunda pertence ao álbum “25 Anos, 25 Êxitos… 1 Abraço” (adoro o título). Gosto da maneira como começa, só com notas de guitarra, para depois explodir com mais guitarras, o baixo, o piano, a bateria. 

 

Ainda assim, continuo a preferir a versão do EP. Fico à espera que um dia regresse ao Spotify. Tenho uma relação relativamente curta com 1 Lugar Ao Sol quando comparada com outras canções nesta lista, mas para mim é uma das melhores da música portuguesa.

 

 

E por hoje ficamos por aqui. Deixo as três líderes de tabela para a segunda parte. Como sempre, obrigada pela vossa visita.

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