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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Música 2023 #4: Ainda sobre feels

Finalmente, a última parte do balanço musical de 2023. Chegámos à secção das miscelâneas, das músicas soltas que se mantiveram na minha rotação ao longo do ano.

 

 

Uma delas, mais no início do ano, foi The Thing That Wrecks You, um dueto entre Bryan Adams e a cantora canadiana Tenille Townes. Não tenho muito a dizer sobre ela, é linda. 

 

Outra marcante foi Don’t Take the Money, do projeto Bleachers de Jack Antonoff – com Lorde contribuindo com vocais de apoio, embora não seja creditada. Existe uma versão acústica, da MTV Unplugged, em que Lorde canta mais, é um dueto como deve ser. 

 

Foi a minha irmã quem me mostrou a música. É muito gira. 

 

Outra música que comecei a ouvir mais ou menos na mesma altura foi Dreams, dos Cranberries – depois de os Paramore a terem tocado durante um dos seus concertos na Irlanda. É uma canção de amor, é fofinha – e vocês sabem que não resisto a uma boa música pop rock cantada por uma mulher. Andei viciada nela por uns tempos. 

 

Um grupo que me cativou forte este ano – e que descobri através da família HT – foi a dupla GNTK. Ainda ando a explorar a música deles, mas já houveram dois temas suficientemente marcantes para serem referidos aqui. Por sinal, são ambos duetos. 

 

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O primeiro é Raízes, uma parceria com Jéssica Cipriano. Estou chocada por esta música não ser mais conhecida. É das melhores músicas portuguesas que ouvi. 

 

A letra para começar é excelente: daquelas que nos dão vontade de ligar aos avós. A sonoridade é muito única: uma mistura de hip-hop moderno com guitarras portuguesas. Já de si fantástica. Mas existe uma versão ao vivo em que arranjaram maneira de enfiar guitarras elétricas na música, incluindo um solo. Ficou brutal.

 

Uma das melhores partes é o refrão, na voz fabulosa de Jéssica Cipriano. Voz de fadista e muito mais. Até a minha mãe ficou rendida quando ouviu a música. Existe também uma versão a solo, gravada durante o podcast Canta-me uma História de David Antunes, também excelente. 

 

Existem várias outras versões “gravadas” pela Jéssica durante esse podcast. Um dos mais célebres é de O Pastor, dos Madredeus. Também gravou um de Underneath Your Clothes, da Shakira. E também gravou um, fantástico, de In the End. Em janeiro, fui com a família HT mais próxima assistir ao Canta-me Uma História ao vivo, em Santarém. Como éramos nós, “obrigámos” Jéssica a cantar In the End. Mais tarde descobrimos que a Jéssica ficara aflita naquele momento, receava não estar à altura do desafio.

 

Não sei porquê, sinceramente. Ela arrasou. 

 

Pena a Jéssica ainda não ter música inédita em nome próprio, tirando colaborações como esta com os GNTK. Dizem-me que ela estará a tratar disso. Fico à espera – para ouvir e, depois, mostrar a toda a gente.

 

 

Regressando aos GNTK, a segunda música deles que me marcou foi Diamante, a colaboração com N Fly. Esta canção tem uma sonoridade mais familiar – pelo menos em relação à ideia que tenho da música pop portuguesa atual – mas agradável à mesma, cativante.

 

Aquilo que me cativou a sério, no entanto, foi a letra. A mensagem principal é que tanto alegrias como tristezas (talvez mesmo mais) fazem parte da vida, da natureza humana, tornam-nos mais fortes (“Um dia a sorrir, outro dia a chorar faz de mim um diamante”). Num ano de muitos feels, como já referi antes, não é de surpreender que esta letra me tenha tocado. 

 

Também já escrevi antes que não me sinto muito confortável com tristeza e outros sentimentos mais negativos – e como me senti triste ou ansiosa muitas vezes este ano, tive de aprender a lidar com isso. Ainda estou a aprender – “dá-me capacidade p’ra decifrar que quando chove nem sempre é tempestade”

 

Diamante reza mesmo que “é quando os olhos choram que mais brilham”. Soa um bocadinho a frase inspiradora do Facebook, mas percebo o sentido e vale a pena falar sobre ela. Já começa a entrar em território de romantização de tristeza. Este tem sido um tema recorrente cá no estaminé, sobretudo a propósito de Crave, dos Paramore. Mas também me pergunto se será sempre assim tão saudável. 

 

Por um lado, é perfeitamente válido ser-se otimista. Nem acho que seja mera ingenuidade. Muitas vezes, como reza Diamante, “se há portas que fecham, outras se abrirão”. Ou, como reza Bryan Adams, um otimista por natureza (como vimos antes), em Never Gonna Rain, “If there’s a heart that’s been broken, a love that’s been thrown away, it’s gonna be somebody’s treasure, someone else’s happy day”. Às vezes, coisas más dão oportunidades para coisas boas acontecerem. Podia dar exemplos disso ocorrendo na minha vida, mas nesta altura vocês já estão fartos de me ler falando sobre isso.

 

Mesmo quando isso não acontece… a tristeza é inevitável. Mais vale tentarmos tirar algum sentido disso, tirar lições, mesmo tirar alguma beleza. É o que poetas, músicas e outros artistas têm feito desde tempos imemoriais. Além disso, é da tristeza que nasce a empatia. E, conforme aprendemos com Inside Out e, uma vez mais, com o final da primeira temporada de Ted Lasso, quando lidamos com a tristeza de uma forma saudável, esta tem o potencial para nos aproximar de outras pessoas. 

 

 

@gntk_official

Porque é quando os olhos choram que mais brilham…

♬ Diamante N Fly and GNTK - GNTK

 

A questão é mesmo essa, no entanto: quando lidamos de forma saudável. Existem maneiras boas e maneiras destrutivas. Em teoria somos nós a escolher a forma como lidamos. Na prática não sei se é sempre assim. Depende de muitos fatores, cada caso é um caso.

 

E muitas vezes, há que dizê-lo, as coisas más são apenas isso. Às vezes não significam nada, não ensinam nada, não têm lado positivo. São apenas coisas que não deviam ter acontecido. Nestas alturas, há que ter compaixão com os demais e connosco mesmo.

 

É sempre bom quando músicas convidam à introspecção desta forma. Grata a Diamante por isso. Existem mais temas dos GNTK de que gosto – por exemplo, Voltas à Cabeça (quase parece uma música dos Linkin Park, misturando rock, rap e discos giratórios), Perdoa (João Correia faz sobretudo rap mas também sabe cantar, tem boa voz) e, agora mais recentemente, Amor Eterno – mas ainda preciso de passar mais tempo com elas. Vou continuar a acompanhar o trabalho desta dupla. Talvez torne a escrever sobre músicas deles cá no blogue no futuro.

 

Ainda dentro do tema dos feels, temos outra das minhas canções preferidas em 2023: What Was I Made For, de Billie Eilish, composta e gravada para o filme da Barbie (spoilers nos parágrafos abaixo). 

 

Toda a gente se lembra do fenómeno Barbenheimer no verão passado. Gostei tanto como qualquer um – a grande vantagem foi ter motivado as pessoas a irem ao cinema, nesta era pós-pandemia. Da mesma forma, gostei do filme da Barbie q.b. A parte do feminismo não me impressionou por aí além. À semelhança de muitos, achei-o básico. Ao mesmo tempo, como dizem aqui, reconheço que foi suficiente para ser banido em vários países. Ou seja, um feminismo superficial mas ainda incómodo.

 

O que, na verdade, é triste.

 

Em todo o caso, a parte humanista, existencialista, do filme foi a que mais me tocou. A protagonista sentindo emoções pela primeira vez e tendo dificuldades em lidar com isso.

 

 

A minha cena preferida em todo o filme foi a da estação de autocarros, mostrada acima. Barbie tentando ligar-se à mente da sua dona, acabando por observar várias cenas da vida humana em seu redor e as emoções associadas a elas. Reparando numa senhora de idade sentada a seu lado e achando-a linda. Fez-me pensar em mim mesma que, como tenho comentado imensas vezes, passei 2023 sentindo tudo e mais alguma coisa.

 

Ainda acontece, na verdade. Continuo a ter fases em que passo por todas as emoções do espectro em poucas horas e chegou ao fim do dia exausta. Não sei o que se passa. Foi algo dentro de mim que se quebrou no ano passado, tornando-me mais sensível a tudo? Ou eu é que sempre fui assim, apenas tenho mais consciência do que sinto?

 

Não sei. Só sei que não é fácil. Às vezes canso de me aturar a mim mesma.

 

Por outro lado, o momento com a senhora de idade também me recorda aquilo que escrevi neste infame texto sobre ver os membros restantes dos Linkin Park envelhecendo. 

 

É possível que a intenção desta última cena seja passar uma mensagem feminista. Talvez não seja “correto” da minha parte pensar em homens envelhecendo – até porque, regra geral, a sociedade lida melhor com o envelhecimento masculino. Mas, lá está, prefiro olhar para o ângulo humanista. Afinal de contas, tal como as emoções, a criatividade, o conflito, a mortalidade, as imperfeições em geral, envelhecer é humano, faz parte da vida. Daí Barbie, que (ainda) não é humana, sentir-se tão fascinada com a senhora.

 

E, no fim, Barbie escolhe precisamente ser humana, com todas as suas emoções, contradições e mortalidade. Tal como, agora que penso nisso, Ulisses no conto “A Perfeição”, de Eça de Queiroz. Vale a pena lê-lo. 

 

Dava um bom clickbait: semelhanças entre Eça de Queiroz e o filme da Barbie. 

 

 

What Was I Made For reflete, então, esse conflito. A narradora reclamando a sua humanidade, tentando adaptar-se a ela. Billie disse que, inicialmente, escreveu a letra pensando apenas na Barbie. Só depois percebeu que escrevera também sobre ela mesma. 

 

A narradora de What Was I Made For apercebe-se que os demais não a veem como humana e sim como um objeto, um símbolo em que projetam aquilo que bem entendem. A Barbie é uma boneca, um ícone – como toda a gente sabe, como o próprio filme explora. Ao mesmo tempo, Billie é um ser humano, sim, mas também é a Billie Eilish: uma estrela pop, um ícone, um produto para ser comercializado.

 

Também não surpreende que Billie tenha, inconscientemente, vertido parte de si quando a letra fala de emoções. Ela nunca escondeu o seu histórico com depressão – “When did it end? All the enjoyment”. Eu identifico-me com os versos “I’m sad again, don’t tell my boyfriend” – não querer sobrecarregar os demais, entes queridos incluídos, com as nossas tretas, deixá-los pensar que está tudo bem. Também “I think I forgot how to be happy” – acontece-me de vez em quando, demasiadas vezes, estarem a acontecer coisas boas e eu estou demasiado presa à minha cabeça para disfrutar.

 

A música termina numa nota de esperança, no entanto. A narradora apercebendo-se que poderá obter as respostas que procura. Que pode ser ela a decidir para que foi feita.

 

É uma música linda que merece toda a aclamação que tem recebido. Espero que Billie lance mais música nova a médio prazo.

 

Queria agora falar de mais música que conheci através dos Hybrid Theory – direta ou indiretamente. A sequência Du Hast, dos Rammstein, Last Resort, dos Papa Roach, e Rollin’, dos Limp Biskit, que a banda põe a tocar antes do início de cada concerto. Tola como sou, só me apercebi que eram estas três com o concerto de Gondomar – e mesmo assim só consegui confirmar a ordem no último concerto deles a que fui, em Amiais de Baixo. 

 

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Ainda assim, lembro-me de ouvir pelo menos Rollin’ no ano passado, antes do concerto no Pavilhão Atlântico. Pensei, não sei se não comentei mesmo com a minha irmã:

 

– Pois… é a mesma geração. É a minha geração.

 

Vou ser sincera, até gosto destas músicas, mas não diria que estão entre as minhas preferidas. Estão cá mais pelo sentimentalismo, pela reação pavloviana de início de concerto dos Hybrid Theory. Nem sequer sei se eles as mantiveram como introdução agora, com o novo alinhamento (estou a tentar evitar spoilers até ao meu próximo concerto deles, em Grândola... não está fácil). Não importa, ficam nesta cápsula de 2023. As novas, se houverem, ficam na de 2024.

 

Ainda em relação aos Papa Roach, esta é uma banda que tenho ouvido muito nos últimos três meses, mais coisa menos coisa, precisamente por sugestão de gente da família HT. Tenho gostado muito – a minha preferida neste momento é Scars – mas, como só comecei a ouvir perto do final do ano, já não conta para 2023. Talvez escreva sobre eles no balanço de 2024.

 

Ainda assim, comecei ouvir Leave a Light On antes, mais ou menos na altura em que foi lançada como single. Já não me lembro ao certo como é que descobri a música. Sei que foi através de um reel do Instagram – não me lembro se foi alguém da família HT a partilhá-lo, se foi o próprio Ivo, o vocalista, numa story. Mas definitivamente falámos sobre a banda no Messenger ou num grupo de WhatsApp.

 

 

Em todo o caso, como os próprios Papa Roach assinalaram aqui, acaba por ser uma sequela à já referida Last Resort (cujo narrador se debate com ideação suicida). Leave a Light On é uma mão estendida a alguém passando por essas dificuldades. De tal forma que, em outubro passado, a banda lançou-a como single, com os lucros revertendo para a campanha Talk Away the Dark, da Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio. Chegou mesmo a ser dedicada a Chester Bennington – até porque ele e o vocalista Jacoby Shaddix eram amigos e passaram por dificuldades semelhantes. 

 

É uma música linda. Gosto imenso da voz de Jacoby.

 

Na mesma linha, temos A Reason to Fight, dos Disturbed. Com uma mensagem semelhante e igualmente bonita. Também fiquei a conhecê-la através da família HT. E os Disturbed merecem a referência, depois de momentos como este e este.

 

Agora queria falar de uma música com um tom semelhante a estas, ainda que o tema seja ligeiramente diferente. One More Time dos Blink 182.

 

Mesmo sem nenhum contexto, só com a música em si, esta é de partir o coração – para depois repará-lo de novo. Sobre amizades que se desfizeram e se recompuseram após uns quantos sustos. “I know next time ain’t always gonna happen, I gotta say I love you while we’re here”. Quase nem é preciso referir que a letra foi inspirada pelo regresso dos Blink 182 como banda após anos de separação. Após a luta de Mark Hoppus contra um cancro – felizmente venceu. 

 

Note-se que temos os três membros da banda cantando à vez.

 

 

Outra música linda. Para além da beleza da letra, a instrumentação e produção simples estão perfeitas. Para mim One More Time é uma irmã de I Miss You, uma música dos Blink a que me afeiçoei na última meia dúzia de anos. 

 

Há uns tempos, a propósito de Already Over, Mike Shinoda deu uma entrevista que incluiu uma secção de perguntas e respostas rápidas. Perguntaram-lhe que música ele gostaria de ter composto. Mike respondeu precisamente com One More Time. Como eram respostas rápidas, ele não elaborou muito mas, para além de elogiar a composição e a gravação, Mike assinalou o seu impacto, o seu “lugar no mundo”. 

 

Pensemos nisto por um minuto.

 

Pois. Ainda bem que esta música não saiu uns meses antes. Teria dado cabo de mim. Mesmo agora, se for um dia errado…

 

Avancemos. Já que falamos sobre o Mike, outras músicas marcantes em 2023 foram as que ele lançou a solo: In My Head e Already Over. Desde que escrevi sobre a segunda, Mike lançou um EP no início de dezembro, intitulado The Crimson Chapter – esclarecendo aquilo que ele tinha referido acerca de “capítulos”.

 

Vou ser sincera, tirando a Already Over propriamente dita e In My Head, a única faixa de que verdadeiramente gosto é da introdução. O remix Fort Minor não é mau, admito. De qualquer forma, é admirável a maneira como Mike consegue pegar num conceito, numa ideia para uma música, e executá-la de tantas maneiras diferentes. 

 

Ele é dos músicos mais talentosos e criativos da nossa geração. Ninguém me pode dissuadir disso.

 

Por outro lado, não gosto da nova versão de fine. A original é perfeita!  Havia necessidade de andar a mexer?

 

 

Tenho também visto e ouvido as sessões que ele tem feito em diferentes países. No entanto, nenhuma teve o impacto da primeira, na Austrália. Continua a ser a minha preferida. Em todo o caso, Mike andou entretido.

 

Estava a contar que, em 2024, Mike continuasse a lançar música a solo, “capítulos”. Mas agora os Linkin Park preparam-se para lançar um álbum de êxitos, que incluiu uma inédita das sessões de One More Light, Friendly Fire, já lançada como single.

 

Fiquei contente, tal como qualquer fã. A música é linda (podia elaborar mais, mas isso foge ao assunto deste texto). Por outro lado, o timing desta música e deste álbum deixa-me intrigada – sobretudo quando, supostamente, o Mike ia continuar a lançar música a solo. Porquê agora? Significa alguma coisa? Talvez tenham gostado do sucesso de Lost e tenham querido tentar replicar. Talvez tenha sido ideia da gravadora. Talvez os Linkin Park queiram manter-se na consciência do público, porque não tencionam manter-se em pausa durante muito mais tempo…?

 

Não quero pensar muito nesta última hipótese. Em parte para não criar falsas expectativas, em parte porque, mais de seis anos depois, continuo sem saber como me sentir em relação a isso. Até porque, neste último ano, uma certa banda de tributo entrou na equação e complicou ainda mais a coisa (essa e muitas outras). 

 

A solução é a mesma de sempre: aguardar notícias, se houverem, e ir lidando com elas.

 

E como já estamos a olhar para o futuro, recordar que os Sum 41 lançam este mês o seu último álbum, Heaven :x: Hell. Já falei brevemente sobre Landmines antes. Ainda em 2023, lançaram um single da parte Hell, Rise Up. Gosto, mas confesso que ainda não lhe tenho dado muita rotação. Hei de lhe dar quando sair o álbum todo.

 

 

Os Sum vêm ao NOS Alive despedir-se de nós, no dia 13 de julho. Eu queria ir, só que demorei demasiado tempo a decidir-me. Os bilhetes para esse dia esgotaram antes que se conseguisse dizer “Os Pearl Jam também atuam no dia 13”. 

 

Não me vou queixar muito pois já vou a muitos concertos este ano. Além de que já os vi duas vezes ao vivo. Que o pessoal que lá vai se despeça deles por mim, que lhes deem um grande abraço e que peçam ao Deryck para, por amor de Deus, deixar de ter experiências de quase-morte. 

 

Pois é, já perdi a conta aos concertos a que vou este ano e/ou a que quero ir. Como já referi antes, já fui outra vez aos Hybrid Theory há um mês, em Amiais de Baixo. Vou vê-los outra vez em Grândola, a 23 de março, e também ao Rock in Rio – eles acabaram de ser anunciados para o dia 15 de junho. 

 

O Rock in Rio! Para além de ser um grande feito para eles – são a primeira banda de tributo a chegar lá – foi o festival onde vi os Linkin Park duas vezes, onde me apaixonei a sério por eles. Será um outro nível de homenagem. 

 

De caminho, vejo o resto do cartaz nesse dia.

 

E não devo ficar por aqui este ano em termos de HT. Hei de continuar a ir a concertos deles, consoante as minhas possibilidades. Talvez consiga ir a mais um no verão – ainda não tenho a certeza, mas vou tentar. Eles vão ficar fartos de mim.

 

 

Para além destes, já referi no blogue que vou ver os Delfins, com a minha tia, e que vou à Eras Tour. Também vou a uns outros quantos com parte da família HT: ao Diogo Piçarra, a 20 de abril, ao dos Anjos, a 28 de dezembro. Não conheço a discografia destes dois super bem. Um pouco melhor a dos Anjos e, mesmo assim, mais o início de carreira deles (acho que não vão tocar a versão deles de As Long As You Love Me). 

 

Mas pronto, são músicos portugueses, são simpáticos, o Diogo cantou com os Hybrid Theory no Pavilhão Atlântico, é um dos nossos. Já tenho andado a ouvir a música do Piçarra como quem estuda para um teste. Hei de fazer o mesmo com a música dos Anjos – tenho tempo até dezembro.

 

Por outro lado, os Within Temptation vão regressar a Portugal no dia 26 de novembro e vou vê-los – também com malta da família HT. A banda holandesa está numa situação semelhante aos Simple Plan e aos Sum 41, quando os vi em 2022: tenho-os negligenciado nos últimos anos. Como escrevi na altura, não gostei de Resist quando saiu. Ainda dei uma ouvidela a Entertain You, quando saiu em 2020, mas não gostei. Depois disso, nem me dei ao trabalho de ouvir as outras músicas que foram lançando.

 

No entanto, nem eu nem o pessoal da família HT quis desperdiçar a oportunidade quando esta se apresentou. Já aprendemos a nossa lição.

 

De qualquer forma, espero que os Within Temptation sigam o exemplo dos Sum 41 e dos Simple Plan e se foquem no material mais antigo. 

 

Por fim, Bryan Adams, o meu velho, vai voltar a Portugal para dois concertos: em Gondomar e cá em Lisboa, no Pavilhão Atlântico. Não estava à espera que voltasse cá tão cedo, ainda durante o ciclo de So Happy it Hurts. Mas claro que fico contente. À hora desta publicação, ainda não comprei bilhetes – a minha irmã não está a viver em Lisboa, ainda precisa que lhe aprovem as férias para estes dias – mas à partida devo estar lá. E também deve vir gente da família HT. 

 

No pouco provável caso de não estar… bem, ninguém morre por isso. Já o vi muitas vezes, a última delas há relativamente pouco tempo. Quase de certeza haverão outras oportunidades e, como dá para ver, já estou muito bem servida de concertos.

 

E isto são apenas os concertos planeados até ao momento. Poderão haver mais. Aparentemente esta é a minha vida agora. Uma parte de mim acha uma loucura. Mas a verdade é que concertos são das melhores coisas do mundo, rejuvenescem, são o meu excesso, são a melhor versão de mim mesma. E agora tenho mais gente com quem ir – gente que, por sinal, conheci graças a um tributo à banda que me ensinou a gostar de concertos. Na minha idade e depois de dois anos de pandemia, esta é a altura para a curtir, à minha maneira, enquanto posso. 

 

Algumas alegações finais sobre 2023. Como escrevi antes, foi um ano de altos e baixos mas terminou muito bem. E 2024 tem corrido mais ou menos da mesma forma. 

 

Uma coisa com que não estou muito muito satisfeita, no entanto, é com este blogue. Ficou um bocadinho negligenciado em 2023. Já sabia que seria assim, que queria dar atenção a outros projetos e que continuaria sem muito tempo para escrever. Não significa que esteja contente com isso.

 

Já o disse antes, não é pela falta de qualidade, antes pelo contrário. Nem é tanto pela pouca quantidade. É pela falta de diversidade. Tirando este balanço, só deu universo Linkin Park e universo Paramore.

 

Nem tudo foi culpa minha. Esperava já ter visto o filme de Digimon nesta altura, mas ainda não foi possível. Entretanto, anunciaram a sua exibição nos cinemas portugueses no próximo verão. Tão bom! Assim sendo, vou esperar até lá.

 

Mas assim, e como o outro texto nos meus planos é o guia para Swifties sobre os Paramore, o próximo texto que irei escrever será sobre a terceira temporada de Ted Lasso. Para variar, para exercitar músculos que não uso há algum tempo. 

 

 

É possível, no entanto, que não seja o próximo texto que publicarei. Aconteça o que acontecer, em abril terei de começar a tratar do guia para Swifties, para ver se consigo publicá-lo antes do início da Eras Tour na Europa. Ou, na pior das hipóteses, antes dos concertos em Lisboa.

 

Porque a verdade é que vou continuar a ter pouco tempo para escrever. Não me vou queixar muito porque um dos motivos pela minha falta de tempo diz respeito a todos estes concertos e outros convívios. Não me vou ralar demasiado se estes textos continuarem a vir com atraso, com semanas ou meses de intervalo – tenho outras coisas mais sérias com que me preocupar. Este blogue é um passatempo, é auto-indulgência, é algo que faço só para mim. Vocês, caros leitores, são apenas danos colaterais.

 

É estranho falar nisto nesta altura, quando já estamos em março, mas 2024 promete para mim. Já falei dos concertos todos. Também vem aí o Europeu de futebol, para o qual Portugal parte com ambições. 

 

Ao mesmo tempo, passam-se vinte anos desde 2004, um ano marcante para mim. Entre outros motivos, foi quando descobri a MTV e outros canais do género e me tornei fã de música oficialmente. Não acho que seja coincidência que muitos dos meus artistas e bandas preferidos hoje em dia tenham estado ativos em 2004 – mesmo que só tenha adotado oficialmente alguns deles anos mais tarde. Os ciclos de nostalgia seguem um período de vinte anos, vai ser excitante passar por este.

 

Mas vem aí algo ainda melhor, no próximo verão. Recebemos a notícia pouco antes do Natal: vou ser tia! O meu irmão, que vive em Zurique, vai ter uma menina! Não estava à espera, mas não podia estar mais feliz.

 

Na verdade, neste início de ano, sinto que na bolha que engloba a mim e as pessoas de quem gosto – que passou a incluir muita gente nestes últimos meses – as coisas estão estáveis, mesmo felizes. No entanto, olhando para fora, para a situação no país e no mundo em geral, só vejo tudo a piorar. Há uma estranha dissonância na minha vida. 

 

 

 

Não digo que não tenho esperanças de que as coisas melhorem, mas sinceramente já tive mais. De qualquer forma, o que me vale é que tenho as pessoas na minha bolha para tornarem tudo menos insuportável. 

 

E a minha escrita. Os meus blogues. E a minha música. Como nos anos anteriores, na verdade.

 

Como habitual, deixo-vos acima a minha playlist do ano, bem como o meu Spotify Wrapped. Obrigada, assim, por me terem acompanhado durante mais um ano. Que o resto de 2024 vos traga muitas coisas boas, tantas como, estou certa, me trará a mim. Continuem por aí. 

Música 2021 #6: Quando ela eleva a voz...

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Chegámos ao último texto desta série. Hoje falamos de outra artista que vem em seguimento do ano passado – e também do ano anterior, na verdade. É a primeira vez que dedico um texto inteiro a Billie Eilish. O próximo passo será analisar uma música a fundo ou mesmo um álbum. Mas acho que ainda não estou nessa fase.

 

Muitos consideram Happier than Ever um dos melhores álbuns de 2021. Eu concordo. Aliás, este é um daqueles casos em que outros já fizeram todos os elogios que Billie merece. Vou apenas deixar algumas impressões pessoais e falar sobre as minhas músicas preferidas.

 

Já o tinha referido de passagem na minha análise a Solar Power de Lorde, mas ela e Billie entram em territórios semelhantes nos álbuns que lançaram este verão. Envelhecimento e mortalidade e, sobretudo, o peso da fama em geral. Ao contrário de Lorde, Billie consegue abordar este tema com mais tacto, mais noção que a cantora neozelandesa. Mesmo quando se queixa de stalkers, não perde de vista temas mais universais como juízos de valor sobre aparência, romance, desejo e relações falhadas. 

 

Uma das minhas preferidas é Billie Bossa Nova. Como diz o título, é uma homenagem ao género musical natural do Brasil. É muito gira. A instrumentação e o estilo vocal de Billie combinam bem com a letra sexy.

 

Halley’s Comet foi das primeiras a cativar-me. É habitual comigo, vou sempre para a canção de amor. É uma música lenta, guiada pelo órgão, acompanhada por notas de guitarra e percussão leve. intimista, com um carácter vagamente jazz.

 

Aquilo que The Man with the Axe de Lorde devia ter sido.

 

 

NDA é fixe, com aquela batida, as notas de teclado, os vocais distorcidos no refrão, a maneira como transita para Therefore I Am. Outra das minhas preferidas é OverHeated. Adoro a instrumentação – uma expansão de Not My Responsability, tanto em termos de som como de letra. Estas duas músicas mostram o lado mais “badass” de Billie.

 

Se querem conhecer o lado mais vulnerável, oiçam Male Fantasy. Esta foi outra das primeiras a cativar-me, quase sem eu ter dado por isso. É a mais triste do álbum, quase só guitarra e voz.

 

A letra é algo confusa. Cheguei a pensar que tinha sido escrita da perspectiva de um homem. Oficialmente não é, mas funcionaria bem se o fosse. O facto de ser a última do álbum é um bocadinho triste – depois de várias músicas lançando veneno ao antigo namorado, Happier than Ever encerra com Billie admitindo que não consegue odiá-lo, nem seguir em frente. 

 

Falta só falar sobre a favorita de toda a gente: o tema-título. Happier than Ever começa simples, acústica, não muito diferente de Male Fantasy ou Your Power. Mas não se mantém assim. 

 

Não sei se fui a única a passar por isso, mas eu precisei de tempo para me habituar ao estilo vocal de Billie. Queixava a quem me quisesse ouvir (ou seja, à minha irmã) que ela canta demasiado baixinho, que eu tinha de aumentar o volume para entendê-la. 

 

Mas acabei por me habituar e hoje até gosto. Em todo o caso, nos primeiros dias após a edição deste álbum, a minha irmã disse-me para ouvir esta música, pois Billie “não cantava baixinho”. E de facto não canta, tirando na primeira parte. Billie eleva a voz pela primeira vez e quando o faz… parte a louça toda, como disseram na Blitz. 

 

 

É de facto uma gloriosa explosão de guitarras, bateria e gritos. A própria Billie confessou que foi catártico poder deitar tudo aquilo cá para fora. Calculo. E finalmente vemos as influências de Avril Lavigne na música de Billie – isto é uma energia muito à Losing Grip, muito à Under My Skin. Billie tem de fazer um álbum inteiro de rock!

 

E chegámos ao fim da minha retrospetiva musical. Só fica a faltar escrever sobre Avril Lavigne e Bryan Adams, mas escrevi sobre ambos há pouco tempo, serve como retrospetiva – e como especulação para 2022. 

 

Demorou um bocadinho, mas acabei por gostar deste modelo de uma publicação por artista. Deixo aqui o meu Spotify Wrapped, a mini-análise que lhe fiz e a habitual playlist com as músicas abordadas nesta retrospetiva.

 

Houveram períodos este ano em que deixei este blogue um pouco ao abandono. Nalguns casos foi por estar ocupada com o meu outro blogue, mas noutros foi por estar a trabalhar… noutro projeto. Não vou dizer o que é – ainda estou muito no início, ainda devo demorar. Mas é possível que torne a fazer pequenas pausas aqui no blogue para escrever para esse projeto. 

 

E por falar em projetos… ainda não concluí a minha segunda maratona de Digimon Frontier. Ando a arrastá-la desde o verão. Será em parte por culpa minha. Por outro lado… quando foi com Tamers, a minha segunda maratona durou apenas um mês, se tanto. Tirem as vossas próprias conclusões.

 

Ainda assim, talvez isto seja Deus escrevendo direito por linhas tortas. Em abril deste ano teremos o vigésimo aniversário da estreia de Fronteira. O melhor que tenho a fazer, se calhar, é publicar a análise na mesma altura e aproveitar o interesse aumentado. 

 

 

Em todo o caso, vou tentar não adiar muito mais. Até porque terei de gerir com três álbuns dos meus artistas preferidos prestes a sair do forno. 

 

2021 não foi um ano fácil para mim. Nalguns aspetos foi pior que 2020. 2020 foi pior a nível coletivo, 2021 foi pior a nível pessoal. Não vou partilhar todos os motivos, apenas alguns. Só consegui tirar férias em outubro. A Seleção, um grande fator para a minha felicidade, teve um ano péssimo, como expliquei aqui

 

Além disso, descobri numas análises da medicina do trabalho que tenho colesterol elevado. Não muito, apenas 200, está ali mesmo no limite. Mas também tenho alterações nas enzimas hepáticas, o que poderá significar fígado gordo. 

 

E eu que achava que não comia muito mal! Não sou muito de comer fast-food e até gosto de fruta e vegetais – sopa, salada, etc. Talvez haja uma componente genética. Dito isto, a minha fraqueza são os hidratos de carbono: pão, massas, arroz, bolachas. E o chocolate ocasional.

 

Como não quero começar a tomar estatinas aos quase trinta e dois anos, tive de fazer mudanças na minha dieta e estilo de vida. Passei a ir mais vezes à natação – pelo menos duas vezes por semana – e comecei a cortar nos hidratos. Trocando os pães com manteiga e bolachas por fruta, comendo mais devagar para ficar saciada mais depressa, sobretudo ao jantar.

 

Não que consiga ser muito rigorosa. Dezembro, então, com as festas, foi uma desgraça. Mas continua a ser melhor que antes.

 

 

Talvez isto seja uma coisa boa a longo prazo, mas para já conto como uma coisa má. É stressante estar sempre atenta ao que posso ou não posso comer. Em restaurantes, então, é raro existirem pratos saudáveis – de que eu goste, pelo menos. 

 

Entretanto, descobri gente com a minha idade, e até mais nova, também com colesterol. Alguns com níveis mais altos do que eu até! Como o Doctor Mike, do vídeo acima – nunca pensei. 

 

Fica aqui o conselho: vigiem o vosso colesterol, mesmo que se achem demasiado novos para isso. É mais fácil lidar com isso aos vinte, trinta anos do que mais tarde. 

 

Espero, então, que 2022 seja melhor. Que seja o ano em que o Covid se transforme numa mera gripezinha e que possamos voltar à normalidade. Obrigada por terem estado comigo mais um ano. Até à próxima!

Petals For Armor: Self-Serenades e Música 2020

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No passado dia 18 de dezembro, Hayley Williams lançou o EP Petals For Armor: Self-Serenades. Segundo declarações da própria, este EP reflete, pelo menos em parte, os largos meses que Hayley passou em casa, com apenas a sua guitarra por companhia – bem, a sua guitarra e o seu cãozinho, Alf. O EP consiste em versões acústicas de Simmer e Why We Ever – originalmente lançadas no álbum Petals For Armor – e uma única faixa inédita, Find Me Here…

 

...e, aqui entre nós, soube-me a pouco. 

 

Find Me Here é uma faixa com menos de dois minutos de duração, que mais parece um interlúdio (semelhante aos do Self-Titled) do que uma canção a sério. Admito que eu estava com expectativas muito altas. O EP foi anunciado há cerca de dois meses e, desde então, criei um hype exagerado em torno de Find Me Here – ainda que apenas para mim mesma. Andava há semanas a planear a minha escrita já a contar com a análise a essa canção. 

 

Assim, quando ouvi a música pela primeira vez, a minha primeira reação foi:

 

– …só isto?

 

Mesmo deixando de lado as minhas expectativas defraudadas, continuo a achar a canção curta demais. Sobretudo porque o minuto e cinquenta segundos, mais coisa menos coisa, de Find Me Here é lindo! Eu queria mais! 

 

 

Find Me Here é um pequeno número acústico, só mesmo guitarra e voz. Não é difícil imaginar Hayley tocando isto sentada no seu jardim com a sua guitarra. Gosto dos vocais – não percebo se são um efeito qualquer que fizeram à voz de Hayley, ou se temos duas faixas de vocal, uma mais grave do que a outra. Em todo o caso, ficou bem.

 

A música e, por conseguinte, a letra são curtas mas passam a mensagem de forma eficaz. Quando uma pessoa passa por um mau bocado, ou lida com uma crise, regra geral, é importante ter um ente querido por perto, por motivos óbvios. No entanto, existem certos problemas, certas crises, que uma pessoa tem de resolver sozinha. Pessoas amadas não podem ajudar, podem até ser prejudiciais ao processo.

 

É sobre isso que Find Me Here fala. A narradora vai dar espaço ao ser amado para resolver o que tiver a resolver, mas vai deixar uma porta aberta para quando o ente querido voltar. Se quiser.

 

É demasiado curta, podia ter tido uma segunda estância, mas é uma canção bonita. Ficaria bem como encerramento de um álbum. Estará a encerrar a era Petals For Armor? Ou apenas 2020? 

 

Umas palavras para as versões acústicas de Simmer e Why We Ever. Nenhuma delas está ao nível das versões do álbum, a meu ver – a força das canções parte muito da instrumentação e, no caso de Simmer, daquela hipnótica interpretação vocal.

 

Ainda assim, gosto da Simmer acústica, ainda que não tanto como da versão original. Este arranjo dá um carácter completamente diferente à música. O refrão fala sobre o dilema entre raiva e piedade – a versão acústica parece adotar a piedade, enquanto a versão do álbum se inclina mais para a ira. 

 

 

A versão acústica de Why We Ever, no entanto, não me diz muito. Não foi só a instrumentação a mudar, a melodia também sofreu alterações, ficando irreconhecível. Não gosto muito do resultado final.

 

Na verdade, noutras circunstâncias, nem teria escrito sobre este EP. No entanto, como o final do ano se aproxima a passos largos, quero aproveitar a boleia e fazer a minha costumeira retrospetiva musical.

 

2020 não foi um mau ano em termos de música, mas a pandemia mudou muita coisa. Antes os artistas e bandas lançavam álbuns depois de semanas de singles e hype – ou então lançavam-nos de surpresa, de um dia para o outro. Depois do lançamento, continuavam a lançar singles, atuavam nas televisões e, ao fim de algum tempo, partiam em digressão. 

 

Com o Coronavírus, no entanto, parece que os ciclos terminam abruptamente com o lançamento do álbum. Não é possível dar concertos e mesmo videoclipes e apresentações das músicas são arriscadas. Aconteceu com Petals For Armor, aconteceu com o aniversário de Hybrid Theory – várias entrevistas nas semanas anteriores, grande excitação, grande antecipação. Mas depois de o álbum sair, parou tudo. No caso de Petals For Armor, só agora há pouco tempo – talvez por causa do Self Serenades – é que tivemos coisas como a sessão do Tiny Desk. 

 

Tem sido frustrante, sim. Mas continuamos a ter o que mais importa: a música em si.

 

Nesse aspeto, 2020 para mim pertenceu a Hayley Williams. O ano musical começou e terminou com ela. Abriu com o lançamento de Simmer, em janeiro, encerrou-se agora com o Self Serenades. 

 

 

Custa a acreditar que foi ainda este ano que ouvimos Simmer pela primeira vez, que saiu a primeira parte de Petals For Armor. Adorei escrever o texto sobre Simmer e Leave it Alone, bem como a análise ao álbum completo, mais tarde. Quer a solo quer com os Paramore, a música que Hayley compôs tem esta capacidade, praticamente única, de me levar à introspeção – o que é excelente para a escrita. Nos primeiros meses da pandemia, com o confinamento e o cancelamento de quase tudo o que dava alegria às nossas vidas, o lançamento pouco convencional da segunda parte de Petals For Armor foi um excelente consolo. 

 

Para o melhor e para o pior, este álbum ficará para sempre associado ao Coronavírus – não sei se teria conseguido manter a sanidade sem ele, sobretudo nos primeiros meses. Talvez tivesse sido sempre esse o desígnio. Em todo o caso,  com tanta música extraordinária – Simmer, Cinnamon, Sudden Desire, Dead Horse, Over Yet, Roses/Violet/Lotus/Iris, Pure Love, Sugar on the Rim, Crystal Clear… – deu para provar que Hayley é excelente, quer numa banda, quer em nome próprio.

 

2020 também ficou marcado pelos Linkin Park – pela análise a One More Light em maio, mas sobretudo pelo vigésimo aniversário de Hybrid Theory. Esse foi outro texto que me entreteve durante meses, com pesquisas e rascunhos que me levaram aos primórdios dos Linkin Park enquanto banda. Serviu para fazer uma renovação de votos, para cimentá-los como a minha banda preferida, a par dos Paramore – mesmo que o futuro deles continue incerto.

 

O nome mais surpreendente no meu ano musical é Taylor Swift. Surpreendente é como quem diz… como escrevi antes, era apenas uma questão de tempo. 

 

Ainda assim, Taylor foi um pouco mais prevalente nas minhas audições este ano. Tive fases de obsessão com diferentes músicas dela. Perto do início do ano era Red – por ter um bocadinho a ver com um texto que escrevi no meu outro blogue. Durante um par de semanas em julho foi All Too Well, quando escrevi sobre ela. Na semana seguinte foi Cornelia Street. Na semana seguinte foi Call it What You Want. Entre outras. 

 

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Pelo meio, Taylor lançou folklore. Concordo com a opinião popular – este álbum é uma obra-prima. Eu ainda estava – ainda estou – a digeri-lo quando saiu evermore.

 

Se esta pandemia trouxe alguma coisa de bom às nossas vidas foram estes dois álbuns. Acho que ninguém discorda.

 

Ainda não processei estes álbuns por completo, sobretudo o evermore. Taylor continuará, por isso, a ser relevante para mim em 2021. Não tenciono analisar álbuns inteiros aqui no blogue, pelo menos não por enquanto. Sou ainda uma fã demasiado casual – existe muita gente por aí melhor habilitada do que eu para criar conteúdo sobre Taylor. 

 

Mas posso escrever mais textos de Músicas Ao Calhas, se me apetecer. Já tenho uma segunda canção de Taylor que tenciono analisar, mais cedo ou mais tarde.

 

Tenho também ouvido Billie Eilish, tal como já fizera no ano anterior. A minha irmã também gosta da música dela, o que é sempre fixe. Gosto imenso de Ocean Eyes, mas se tivesse de escolher neste momento, diria que a minha preferida é Everything I Wanted – é a sua Leave Out All the Rest. Uma vez mais, ainda sou uma fã muito casual – por agora. 

 

 

 

Deixo aqui a playlist com as músicas que mais ouvi no Spotify. Se bem que o tenha usado menos que o costume este ano – só nos primeiros dois ou três meses do ano e agora, nas últimas semanas, aproveitando a promoção de três meses pelo preço de um. E aparentemente o mês de dezembro não entra para estas contas. Não é a primeira vez que digo que o Spotify não é a minha única fonte de música – oiço CDs no meu carro e ficheiros mp3 no meu telemóvel.

 

A verdade é que nem todas as músicas que me ajudaram a sobreviver a 2020 estão no Spotify. Bright não está, o cover de Crawling, dos Bad Wolves, não está e, tal como me queixo há anos, a música de Digimon não está. 

 

Mesmo não tendo escrito sobre Digimon aqui no blogue este ano, mesmo não tendo havido encontro no Odaiba Memorial Day, a música de Digimon volta a ocupar um lugar de destaque na minha retrospetiva musical, sobretudo durante o verão. Vi Frontier pela primeira – e até agora única – vez e acrescentei vários temas às minhas listas (em 2021 irei ver a dobragem portuguesa, já tomando notas para analisá-la no blogue). No que toca a Adventure 2020, até agora, só este tema foi digno de se juntar à lista. 

 

Na verdade, nas últimas semanas deixei de ter vontade de ouvir música de Digimon. Um dia destes explico.

 

E foi isto 2020 em termos de música para mim. Foi um ano da desgraça em muitos aspetos, mas, como acabámos de ver, não foi assim tão mau em termos musicais. Tirando a parte dos concertos cancelados.

 

Aliás, tive a sorte de ir a um concerto há pouco tempo – o concerto acústico do Rui Veloso no Campo Pequeno. Não foi exatamente a experiência completa de um concerto, tal como gosto. Nunca fui que andar ao moche, mas confesso que sempre gostei da parte mais “suja” de música ao vivo: de suar por todos os poros, de estar rodeada de gente a suar por todos os poros, de ter de me sentar no chão, de ficar com a garganta crua de tanto cantar e gritar, de ficar com dores por todo o lado durante dias, de precisar de tomar um duche ao chegar a casa. 

 

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Em comparação, o concerto do Rui Veloso foi muito certinho, muito sossegado. Estávamos todos sentados, todos de máscara. Não podia ser de outra maneira, claro. O mais radical que aconteceu foi as nossas máscaras terem ficado inutilizadas depois de termos cantado o Anel de Rubi em coro.

 

Soube-me bem à mesma. Serviu para matar o bichinho, para estar de novo em sintonia com uma multidão, passados estes meses todos (que mais parecem anos).

 

Já que falo sobre isso, o concerto de Avril Lavigne em Zurique tinha sido remarcado para fevereiro de 2021, mas vai ser adiado outra vez – bem como o resto da digressão. Triste, mas já se calculava. Há quem diga que só se realizarão em 2022.

 

Se algum dia conseguir ver a mulher ao vivo até vou achar que é mentira.

 

Entretanto, Avril tem passado as últimas semanas em estúdio. Anunciou música nova para janeiro de 2021, até andei algo entusiasmada por uns dias – dez anos depois de What the Hell no dia de Ano Novo e toda a espera por Goodbye Lullaby… Depois de um ano como 2020 saberia bem.

 

Mas não, será um dueto com Mod Sun (não sei quem é…) para o álbum dele. Bem, era bom demais. Não sei ainda se escrevo sobre Flames (o nome da música) quando sair – logo decido. 

 

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Em todo o caso, é possível que Avril esteja já a preparar o seu próximo álbum. Pode ser que saia já em 2021 mas, conhecendo eu os ritmos dela, o mais certo é só sair daqui a dois anos. Cepticismo à parte, talvez ela queira esperar até ao fim da pandemia, para poder ir em digressão depois de editar o álbum.

 

Eu pelo menos não estou com grande pressa. Em primeiro porque Head Above Water só saiu há dois anos (embora pareça mais). Em segundo porque, depois desse álbum, estou com menos entusiasmo do que o costume. 

 

Talvez não seja má ideia ter as expectativas baixas.

 

No que toca a Lorde, no entanto, ninguém tem expectativas baixas. O terceiro álbum da neozelandesa tem estado no formo há algum tempo e quer-me parecer que será em 2021 que este será, finalmente, editado. Há cerca de um mês, Ella escreveu um texto sobre uma viagem que fez à Antártica em inícios de 2019, que alegadamente inspirou-a para voltar ao estúdio depois de Melodrama.

 

A viagem ocorreu há quase dois anos e agora é que Lorde fala dela? Não deve ser coincidência. Aposto que será uma questão de meses.

 

Não gostava de estar no lugar de Ella, para ser sincera. Ter de compôr um álbum digno de suceder a Pure Heroine e Melodrama? Eu entrava em parafuso. 

 

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Talvez devêssemos todos baixar um bocadinho as expectativas, não sermos demasiado duros se este terceiro álbum não conseguir chegar ao nível dos antecessores. Parecendo que não, Lorde é humana. 

 

Dito isto… não se admirem se Ella conseguir arrebatar-nos de novo com o seu terceiro álbum. Se existe artista capaz de um hat-trick, essa é Lorde.

 

Não me parece que hajam mais artistas do meu nicho preparando-se para lançar música em 2021, pelo menos que eu saiba. Ainda assim, da maneira como as coisas estão, tudo pode acontecer. Logo se vê.

 

E era isto que tinha para dizer. Que as vacinas funcionem e que possamos voltar em breve a jantaradas com amigos e família, a viajar sem restrições, a concertos com moche, a jogos de futebol, a Raids presenciais, a encontros no Odaiba Memorial Day. Boas entradas num ano melhor do que este. Vemo-nos em 2021!

 

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