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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Top 10 filmes de animação #1

Aquando do nascimento e primeira infância das pessoas da minha geração, a televisão e o cinema estavam já bem presentes no dia-a-dia. Deste modo, os desenhos animados constituíram uma porção significativa da nossa meninice. Quem de nós não se levantava absurdamente cedo aos sábados de manhã para ir ver o Buereré ou outro programa infantil do género? Pelo menos pela parte que me toca, os vários desenhos animados povoavam o meu imaginário e, tal como afirmei anteriormente, as minhas primeiras tentativas na escrita tiveram os heróis animados como personagens.
 
Deste modo, decidi compilar aqui uma lista com os dez filmes de animação que mais me marcaram, de que ainda hoje gosto. É possível, caso tenham mais ou menos a minha idade, que alguns dos vossos filmes animados preferidos estejam nesta lista. Ou talvez não. Como tudo neste blogue, as opiniões são pessoais e nem sempre cem por cento racionais. De qualquer forma, deem uma espreitadela:
 
10º) The Incredibles / Os Incríveis
 

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Uma porção significativa dos desenhos animados que via em miúda, com os meus irmãos, eram filmes da Disney. Da mesma maneira que qualquer criança, desde tempos imemoriais, gosta de ouvir a mesma história outra e outra vez, também nós gostávamos de ver os mesmos filmes repetidamente. De tal forma que agora, mesmo passados vários anos desde a última vez que vi a larga maioria deles, ainda os sei praticamente todos de cor. No entanto, da Disney, apenas alguns dos filmes "sobreviveram" ao teste do tempo, encontrando-se entre os meus preferidos.

Os Incríveis não se incluem propriamente nesta categoria pois, quando saiu o filme, já eu tinha catorze ou quinze anos. No entanto, os meus irmãos ainda eram pequenos e vi o filme algumas vezes com eles. Aquilo que gosto mais no filme é do seu relativo realismo, da sensação de que aquilo era, de certa forma, possível. Se os super-heróis existissem, eles podiam levar com um processo em cima e ter toda a opinião pública voltando-se contra eles; podiam ter admirados demasiado obcecados que, eventualmente, se voltassem contra eles; podiam constituir família como o Beto e a Helena constituíram, podiam ter uma adolescente tímida como filha e um miúdo hiperativo como filho; podiam ter uma crise de meia-idade, como a que Beto tem e por aí fora. Deste modo, qualquer um se pode identificar com as personagens e é aí que, na minha opinião, reside a força do filme.

9º) Over the Hedge / Pular a Cerca

 

O principal motivo que me levou a ver o filme foi... Avril Lavigne (grande surpresa...). Este foi o seu primeiro trabalho no mundo do cinema, ela, que há já vários anos, afirma ambicionar ser atriz principal num filme de comédia ou de drama. Nos comentários ao filme na edição em DVD, os criadores ou produtores (não me lembro ao certo) afirmaram tê-la escolhido por Avril já estar habituada a exprimir as emoções através da sua voz, na sua música. Fazê-lo dando voz a uma personagem de animação não seria muito diferente. O filme tornou-se especial para mim sobretudo por causa dela.

Em todo o caso, não deixa de ser um filme giro, à sua maneira, pela crítica à mentalidade consumista da sociedade atual, sobretudo no que toca à alimentação. E, claro, como qualquer filme de animação, tem os seus momentos de comic relief/alívio cómico.

8º) Mulan



Desde pequena, sempre adorei heroínas femininas fortes, que não se resignam à condição de mulheres, de donzelas indefesas. Daí que Mulan seja a minha "princesa da Disney" preferida: uma jovem insegura e desajeitada mas revoltada com o papel submisso das mulheres na sociedade chinesa e suficientemente corajosa para tomar atitudes que roçam a loucura: como disfarçar-se de homem para substituir o pai enfraquecido no exército, provocar uma avalanche em plena batalha nas montanhas, enfrentar pessoalmente o líder dos hunos no telhado do palácio imperial.

Tem também uma série de momentos divertidos, proporcionados, sobretudo, pelo dragãozinho Moshu, que assume o papel de guardião de Mulan. A minha parte preferida é esta:

 

 
 
7º e 6º empatados) Shrek 1 e 2

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O Shrek foi igulamente um filme marcante, pela maneira como faz uma paródia aos clichés dos filmes da Disney, sem deixar de ser ele mesmo um conto de fadas. Tem, portanto, a proeza de agradar a miúdos e graúdos. Por exemplo, quandoi o vimos pela primeira vez, os meus pais gostaram, pois não era um humor estritamente infantil, como o habitual nos filmes da Disney. Ao mesmo tempo, a minha irmã, que na altura tinha três ou quatro anos - foi uma das usas primeiras idas ao cinema - saiu de lá a imitar o Lorde Farquaad na cena em que este, no casamento, suplica a Fiona que o beije.
 

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A sequela, Shrek 2, está tão boa como o primeiro, nalguns aspetos ainda melhor. O Gato das Botas é a minha personagem preferida. Uma espécide de Zorro sob a forma felina - e eu sempre achei o Zorro extremamente sexy - mas que também é capas de fazer de gatinho fofinho para enganar os incautos. A cena em que o Shrek e os amigos assaltam o castelo para invadir a festa de noivado enquanto Fiona e o Príncipe Encantado dançam ao som de Holding Out For a Hero - música adequadíssima à situação - é a minha preferida do filme. Recordem-na vocês mesmos:


5º e 4º empatados) Toy Story 2 e 3


Ver crítica a Toy Story 3 AQUI.

Deixo o pódio para uma segunda entrada, visto que esta já vai longa e tenho muito a dizer sobre os três líderes desta lista. Mantenham-se ligados.

Toy Story 3 (2010)

 

Desde que ouvi falar de mais uma sequela para a série Toy Story que andava em pulgas para a ver. Quando era miúda, o Toy Story 2 era um dos meus filmes favoritos da Disney, sobretudo por causa das piadas (a cena que vai desde o “Aguentem-se, tropas, vou soltar-me da parede!” até “Isto é enjoo anti-gravidade e é apenas momentâneo”) ainda hoje me cai no goto. Devo dizer que o terceiro filme não desiludiu.
 
Tendo agora em conta os três filmes, chega-se à conclusão que se trata uma das melhores séries de filmes dos últimos anos, se não for a melhor. No sentido em que não cai nos erros de muitos outros filmes com sequelas. A trilogia assenta toda num tema: o medo que os brinquedos têm de ser abandonados. Os filmes vão explorando as diferentes vertentes desse medo: a rejeição em favor de um brinquedo mais sofisticado, a rejeição depois de se deixar de funcionar ou depois de os donos crescerem e não se interessarem mais por brinquedos, medo da prateleira, do sótão, da venda de garagem, da lixeira… Isto sem se repetirem entre si.
 
Outro ponto forte da sequela é não exigir a visualização prévia dos filmes anteriores para se compreender o enredo. Contudo, dá para descortinar pequenas referências aos filmes anteriores:
 
- Na sequência inicial, em que entramos na imaginação do Andy, a cena em que o Cabeça de Batata exibe o cão com escudo protetor e o Woody exibe o dinossauro que come escudos protetores é uma reedição da brincadeira do início do primeiro filme.
 
- A maneira como os três aliens com três olhos salvam os outros da incineradora faz lembrar a primeira vez em que eles aparecem, no primeiro filme e a deixa deles “Salvaste-nos a vida, estamos-te eternamente gratos já vem do segundo filme – tem graça o Cabeça de Batata devolver-lhes a deixa depois de os três o atormentarem com a frase no segundo filme.
 
- O Woody chama o cão para o ajudar a socorrer os amigos à semelhança do que acontece no segundo filme – só que, enquanto no segundo, o bicho vem a correr, todo entusiasmado, neste mal se aguenta em pé…
 
Um dos pontos fortes do filme é a dinâmica do grupo de amigos. Pessoalmente, aprecio bastante histórias  em que existe um grupo que se une contra o Mundo, que funciona como uma equipa, em que cada um usa as suas características individuais em função do coletivo, em que estes se protegem uns aos outros. Em que todos desempenham um papel, ainda que dois ou três se destaquem. Estou a lembrar-me de “Pular a Cerca”, “Perdidos”, “Roswell”, devem existir outros exemplos mas agora não me recordo. Eu própria tentei recriar uma dinâmica de grupo semelhante no meu livro. Esta dinâmica já se insinuara em Toy Story 2, mas neste ficou muito bem explorada.
 
Este filme é definitivamente mais emotivo, mais obscuro que os anteriores. Os vilões contribuem definitivamente para isso – o miúdo que destruía brinquedos e o mineiro parecem inofensivos quando comparados com o urso cor-de-rosa e respetivos cúmplices. O Nenuco, então, é particularmente sinistro. “Creepy”, como disse a minha irmã. O infantário assemelha-se muito a uma prisão, a um campo de concentração, quase. A tensão e a opressão são palpáveis. Ouvi dizer que receavam que o filme fosse classificado para maiores de 12 anos e percebe-se porquê. Lembro-me que, quando vi o filme no cinema, um miúdo pequeno começou a chorar na parte do macaco que monitoriza as câmaras de vigilância. 
 
Por fim, a cena final é bastante comovente. Quase me faz sentir culpada por não me ter ligado daquela forma aos meus brinquedos…
 
Os únicos defeitos do filme são apenas uma ou outra cena mais lugar-comum, já muito vista em outros filmes da Disney.
 
Este filme chegou a ser considerado um dos melhores de 2010 e eu tenho de concordar. Muito poucos filmes me cativaram como este, me envolveram emocionalmente como este. Um autêntica obra-prima a não perder.
 
Classificação 10/10

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