Nunca pensei que viria a escrever um texto como este. Pelo menos não tão cedo.
Na passada quinta-feira, Chester Bennington, vocalista dos Linkin Park, foi encontrado morto em sua casa. Tudo indica que se suicidou por enforcamento.
Basta dar uma olhadela rápida a este blogue para perceberem que os Linkin Park são uma das minhas bandas preferidas. Tornei-me fã há dez anos e conto vários episódios marcantes relacionados com a banda e com Chester.
Um dos maiores foi o Rock in Rio de 2008. Foi o segundo concerto a que fui mas o primeiro que apreciei verdadeiramente. Em que senti pela primeira vez a magia de cantar em plenos pulmões, em coro com milhares de pessoas, canções que, normalmente, cantarolava baixinho enquanto as ouvia no meu MP3. Nessa noite senti-me integrada como nunca sentira antes, unida pela música à banda e àqueles noventa milhares de pessoas. O Chester, perto do fim do concerto, diria que poucas cidades amavam música tanto quanto Lisboa – eu sei que ele provavelmente dizia o mesmo em todos os concertos. Mas, na altura, eufórica como me sentia, acreditei.
Foi uma das melhores noites da minha vida. No ano que se seguiu, mais coisa menos coisa, tive muitos dias tristes, muitas noites de insónias, em que me consolava recordando este concerto.
Tive a oportunidade de voltar a vê-los ao vivo em 2014, também no Rock in Rio – e de escrever sobre isso. Como poderão ler, foi a noite em que mais perto estive dele, fisicamente. Cheguei a tocar-lhe na mão.
Tenho muitas outras recordações, para além destas: ver o vídeo de Breaking the Habit na MTV, em 2004; ouvir Numb/Encore na rádio da minha escola secundária; ver o primeiro filme dos Transformers e reconhecer What I’ve Done; montar o meu primeiro AMV para New Divide, a minha música preferida deles; passar o dia 16 de abril de 2012 (lembro-me perfeitamente) cantarolando e dançando (e estava de saltos altos!) a recém-lançada Burn It Down; aquele momento no RiR de 2012, em que Chester canta Crawling cara a cara com os fãs e um deles coloca-lhe um cachecol do F.C.Porto nos ombros; vários vídeos de bastidores hilariantes – entre os quais um dele saltando à corda enquanto canta Wretches and Kings; um deles cantando sobre unicórnios e chupa-chupas; esta versão de Numb; dançando A Light that Never Comes.
Os motivos pelos quais gosto dos Linkin park são diferentes dos de outros fãs – pelo menos daquilo que tenho lido nas redes sociais. Não posso dizer que tenha sido uma coisa de adolescente – foi aos dezassete/dezoito anos que me deixei cativar a sério pela banda. Aquilo de que sempre gostei foi, sobretudo, dos cenários épicos, cinemáticos, de tempestades, lutas, explosões. Daí usá-las como fonte de inspiração para a minha escrita e para montar vídeos.
O que não significa que não apreciasse temas mais calminhos e emocionantes, como Castle of Glass e Leave Out All the Rest – esta última, à luz do que aconteceu, é ainda mais dolorosa do que o costume.
Por fim, os Linkin Park ajudaram-me a fazer a transição para música mais pesada, como por exemplo os Sum 41 e os Within Temptation – estes últimos chegaram a dizer que os Linkin Park foram umas das inspirações para o álbum The Silent Force. David Hodges, que fazia parte dos Evanescence, disse o mesmo em relação ao álbum Fallen.
Também gosto muito do álbum Out of Ashes, dos Dead By Sunrise – o side-project do Chester. Nele está, aliás, incluída uma das minhas canções de amor preferidas. Tal como escrevi há uns anos,este álbum mostra facetas diferentes de Chester, facetas que ele não mostrava nos Linkin Park.
Conforme me tenho fartado de dizer neste blogue ao longo dos anos, o Chester era uma das minhas pessoas preferidas no mundo da música. Toda a gente sabe que ele não teve uma vida fácil – quem não sabia, sabe-o agora. No entanto, não deixara de ser um bom homem, simpático, super divertido… Ainda há bem pouco tempo escrevi sobre isso aqui no blogue – pouco depois de ele ter publicado uma fotografia sua vestido de Pikachu!
Eu ainda estou em negação. Quando penso que Chester Bennington morreu, há qualquer coisa no meu cérebro que rejeita automaticamente esse facto, como um erro 404 num computador. Não faz sentido! Ele era tão novo, tinha pelo menos metade de uma vida à sua frente! Eu habituei-me à “presença” dele, a saber que ele estava algures por aí, fazendo música, dando concertos, em brincadeiras com o Mike e os outros ou junto da mulher e dos filhos. Sabia que, de tanto em tanto tempo, ele lançaria um single novo, um álbum novo – com os Linkin Park ou não.
Agora dizem-me que ele já não está a fazer nada disso? Pode lá ser!
Uma das coisas que têm sido comentadas a propósito desta história diz respeito às críticas ao álbum One More Light. Muitos fãs, incluindo eu até certo ponto, não gostaram do som mais pop de músicas como Heavy. Até aqui tudo bem – não se pode agradar a todos.
No entanto, têm havido atitudes que ultrapassaram os limites – como o que aconteceu há pouco tempo, no Hellfest.
Espero que esses estejam, agora, cheios de remorsos pelo que fizeram.
Não estou a dizer que tenha sido por causa deles e de outros que tais que Chester se suicidou. Tanto quanto sei, estas coisas raramente são assim tão lineares. Mas episódios como este não terão ajudado, de certeza.
Este género de ataques, de bullying, sobretudo nesta era das internetes, está tão normalizado que uma pessoa fica surpreendida quando descobre que os visados se sentiram magoados com estas atitudes. Em particular, quando os visados são pessoas famosas. Achamos que eles aprendem a ignorar estas coisas.
Penso, por exemplo, no Éder – que, antes da final do Europeu, era o alvo preferido das piadas e insultos dos adeptos, sem que ninguém questionasse essas práticas (eu mesma me deixei levar por isso, até certo ponto). Em entrevista ao Alta Definição, Éder revelou que esses insultos o magoaram e que, a certa altura, chegou a contemplar o suicídio.
Tudo isto remonta para a cultura de bullying muito presente na sociedade, sobre a qual já falei aqui no blogue. Tendemos a educar as vítimas para aguentarem caladas, para não “fazerem queixinhas”, ensinamos-lhes que isto faz parte. Quando, na verdade, devíamos educar os agressores para não serem umas bestas, para tratarem as pessoas com respeito.
Outra questão para o qual isto tem alertado é para as doenças do foro psiquiátrico. Ainda agora escrevi sobre isso, a propósito do último álbum dos Paramore – que foi muito inspirado pela ansiedade e depressão da vocalista, Hayley Williams. Ela chegou a dizer, em entrevista, que, a certa altura, chegou a ter ideação suicida – foi aí que percebeu que precisava de ajuda.
Chester, pelos vistos, não conseguiu fazê-lo. Provavelmente nunca saberemos porquê – porque é que ele achou que a morte era preferível a ouvir dezenas de milhares de fãs cantando em coro com ele. Muitas pessoas teriam feito tudo para ajudá-lo, sobretudo se pudesse ter evitado este desfecho. Não só os amigos e familiares, mesmo os seus milhões de fãs. É difícil de compreender como é que ele não sabia isso. Mas a mente de uma pessoa deprimida não funciona da mesma maneira que a nossa.
Aquelas pessoas que se põe com comentários do género “Que monstro é que deixa seis filhos sem pai?” tiram-me do sério. É só um exemplo dos inúmeros preconceitos que ainda existem em torno das doenças mentais – alguns dos quais já referi no texto anterior. Gostava que houvessem movimentos que desmentissem essas ideias – em Portugal, ainda não vi nada disso.
Dito isto, também sofro pela mulher e pelos filhos dele, pelo Mike, pelo Brad e os outros colegas da banda. Como é que se lida como uma coisa destas? Como é que se aceita isto? Como é que se explica o que aconteceu aos filhos dele? (As filhas mais novas não devem ter mais de seis anos.)
Não sei o que vai ser dos Linkin Park depois disto. Será que eles vão continuar com os membros restantes, com o Mike promovido a vocalista principal? Será que vão procurar um “substituto”?
Sinceramente, não sei se quero que eles continuem. Acho que nunca vão conseguir preencher o vazio, nunca vão encontrar ninguém capaz de fazer o que Chester fazia. No entanto, é a vida deles, é a decisão deles. Qualquer que ela seja, respeitá-la-ei e apoiá-la-ei.
Isto está a custar-me. Não tenho problemas em admitir que chorei – quando me pus a ver esta apresentação de One More Light. É uma boa pessoa, um ótimo músico, de voz monstruosa e energia inesgotável, que desapareceu. Que foi roubado aos familiares e aos amigos. É uma parte do meu mundo, uma parte deste blogue que morreu – a primeira análise que publiquei aqui foi ao álbum Living Things.Um homem que nunca poderei voltar a ver ao vivo, ou num direto do Facebook, lançando um single ou um álbum, fazendo palhaçadas nos bastidores. Que nunca poderei conhecer pessoalmente.
Eu até estava a trabalhar na análise a One More Light antes de isto acontecer. Tenho o texto todo planeado no meu caderno e já tinha começado a escrevê-lo. A médio/longo prazo, queria também escrever sobre os álbuns Hybrid Theory e Meteora, que andava a ouvir muito há uns meses.
Depois disto, não tenho coragem. Não tenho conseguido ouvir a música dele normalmente, como fazia ainda quinta-feira de manhã. Quero voltar a fazê-lo – porque uma parte do Chester continuará a viver na música dele – mas preciso de tempo.
Em jeito de conclusão, dizer apenas que estou grata pela vida de Chester. Pode ter sido curta, mas foi o suficiente para marcar a minha. O meu mundo, este blogue, não seriam os mesmos se ele não fosse ele.
Obrigada por tudo, Chester.
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À semelhança de muito boa gente, não sou fã do Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim. Do comercialismo associado, do romance por imposição, sem originalidade, e tudo o que muitos já listaram melhor do que eu. Dito isto, não acho que exista nada de errado, no seu essencial, com um dia dedicado ao amor romântico - da mesma maneira como existe um dia para os pais ou para as mães, para a solidariedade e família (a.k.a.o Natal), para a mulher, para a criança, para o bullying, etc. A sociedade é que escolhe alguns desses dias para explorá-los comercialmente até ao enjoo.
Como já fui dando a entender aqui, apesar de nunca me ter apaixonado a sério, apesar de não acreditar em conceitos como almas gémeas ou amor à primeira vista ou outros clichés que vemos nos filmes, de não ter uma visão assim tão idealizada do amor, de achar, por vezes, que o amor romântico é sobrevalorizado, eu tenho uma forte costela romântica. Gosto de uma boa canção de amor, que mexa com as minhas emoções, que me inspire para a parte romântica da minha escrita. Assim, este ano, a propósito do Dia dos Namorados, resolvi compilar um top 10 de canções de amor.
Não foi fácil escolher as músicas deste top. Por um lado, os meus gostos são um bocadinho voláteis: hoje posso gostar de uma música e, daqui a uns meses, ter-me fartado dela. Para este top quis escolher músicas que se tivessem mantido de forma mais ou menos consistente entre as minhas preferidas. Mesmo assim, esta classificação não está gravada em pedra, daqui a um ano ou dois - ou mesmo daqui a uns meses - pode ter algumas alterações.
Além disso, tive de escolher entre inúmeras músicas. Daí que a lista de Menções Honrosas seja extensa:
Como fã de Bryan Adams, várias músicas dele estão entre as minhas canções de amor preferidas, algumas das quais ele cantou no concerto do mês passado: Straight From the Heart (esta versão), Have You Ever Really Loved a Woman, Cloud Number Nine, Flying e She's Got a Way. Não refiro (Everything I Do) I Do It For You. É uma das mais populares dele, tida como a canção de amor dele, mas, embora goste, não está entre as minhas preferidas.
Também tenho algumas de Avril Lavigne, como Fall to Pieces e 4 Real. Existe uma, Daydream, que só não está no Top 10 porque não conhecemos a versão completa cantada pela Avril, apenas uma versão encurtada. Daydream foi excluída da tracklist final de Under My Skin. Chegou a ser interpretada por Demi Lovato nos seus primeiros concertos ao vivo, mas acabou por ser reclamada e regravada por Miranda Cosgrove. A versão de Miranda não é má, mas, mesmo numa versão reduzida e de qualidade longe do ideal, dá para ver que Avril canta com maior emotividade. Daydream é uma balada rock cuja narradora está a apaixonar-se, mas sente-se relutante em abrir-se para o apaixonado, em confiar nele, em ceder ao amor. A Avril não tem nenhuma outra canção como esta, é um desperdício ela nunca ter querido lançá-la, nem sequer como b-side. No entanto, ainda não perdi a esperança de ouvir a versão original na íntegra, depois de termos conseguido fazê-lo há dois anos, com Breakaway.
Leona Lewis também contribui com algumas músicas para estas Menções Honrosas. I Got You é uma das minhas preferidas dela. Esta caracteriza-se por notas de guitarra nas estrofes, em crescendo para um refrão emotivo. A letra faz uma oferta de abrigo, de consolo, sem pedir nada em troca. Bleeding Love é uma óbvia. Acrescento também Whatever It Takes, do seu primeiro álbum e uma das minhas preferidas dela, Favourite Scar, uma música que tenho ouvido imensas vezes no último ano, ano e meio.
As Long As You Love Me dos Backstreet Boys possui uma melodia muito açucarada, talvez demais, mas eu não lhe consigo resistir. Por sua vez, Baby Can I Hold You, de Tracy Chapman, vale pela simplicidade, mesmo pela inocência. Também já falei de 23, de Shakira.
Sem mais delongas, comecemos pelo número 10 que, na verdade, diz respeito a dois temas:
10) Listen to Your Heart/What About Love
"And there are voices that want to be heard"
"The love I'm sending ain't making it through to your heart"
Hão de reparar que quase todas as músicas deste top são baladas rock. Estas duas faixas são o exemplo clássico disso. Lembro-me de ouvi-las na rádio algures entre os quinze e os dezassete anos e de pensar: "Sim. É disto que eu gosto: canções de amor com guitarras elétricas". Coloco as músicas uma ao lado da outra porque são muito parecidas uma com a outra (eu cheguei a confundi-las), tanto em termos de sonoridade como de mensagem - basta ler os títulos para termos uma ideia. Em alturas diferentes, eu identificava a mensagem das músicas - incitando o destinatário a dar uma oportunidade ao amor - com personagens da minha escrita.
Listen to Your Heart tem uma letra mais vaga que a de What About Love, mais sólida e direta, cantada de uma forma mais intensa, mais urgente. No entanto, odeio o final da segunda - de tal forma, que hoje em dia oiço mais vezes um cover que termina de uma maneira diferente. De qualquer forma, estas músicas figuram neste top sobretudo por as considerar clássicos.
9) Give Me Your Name
"Inside of your arms
Taking me deeper
Giving me new life"
Muito boa gente não imaginaria Chester Bennington, dos Linkin Park, sendo romântico, mas é isso que acontece em Give Me Your Name. Já falei aqui do side project de Chester, Dead By Sunrise, do álbum Out of Ashes e já tinha referido brevemente esta canção.
Give Me Your Name é conduzida pela guitarra acústica, com notas de guitarra elétrica no fundo. A voz de Chester soa incrivelmente suave e cheia de sentimento. A letra não foge muito do típico das canções deste género: é uma declaração de amor pura e dura, uma serenata. Tal como escrevi antes, adequar-se-ia a um casamento, sobretudo pelos versos "Give me your name, girl/Let them know that your mine/And I'll do the same for you".
8) The Story
"No, they don't know who I relly am
And they don't know what I've been through, like you do"
The Story, de Brandi Carlile, esteve muito na moda há uns anos. Em parte devido a um célebre anúncio da Super Bock, em part devido à sua inclusão na banda sonora da série Anatomia de Grey. A canção começa com uma guitarra acústica, estilo folk, antes de explodir com guitarras elétricas. Destaque para o solo. A voz de Brandi soa algo rouca, à country, mas isso dá personalidade à canção.
Também gosto da versão cantada por Sara Ramirez no episódio musical de Anatomia de Grey (foi a única música de que gostei nesse episódio...). Em termos de instrumentação, não soa muito díspar da versão original (a alteração mais significativa foi terem substituído a guitarra acústica inicial por piano), apenas o suficiente para ter um carácter próprio.
A letra é, de novo, uma declaração de amor, mas também fala de intimidade, de segredos e experiências partilhadas. Identifiquei-me muito com ela em termos da minha escrita e cheguei a citá-la no meu primeiro livro. Na verdade, esta música só não está mais acima neste top porque, nos últimos anos, me cansei um bocadinho dela. A longo prazo, no entanto, será sempre uma canção especial para mim.
7) I Will Be/Best Of Me
"You're the one thing I got right
The only one I let inside
Now I can breathe 'cause you're here with me"
"I will stand accused, with my hand on my heart
I'm just trying to say I'm sorry"
Não vou falar muito destas duas musicas pois tenciono, um dia destes, falar melhor sobre elas numa entrada de Músicas Ao Calhas. Digo apenas que a mensagem destas baladas de Avril Lavigne e Sum 41 servem, essencialmente, para pedir perdão e prometer ser melhor pessoa em nome da pessoa amada - uma situação por que todos passam a certa altura.
6) Anyone Else But You
Esta música é diferente de todas as outras neste top... e de quase todas as canções de amor, na verdade. Anyone Else But You foi lançada originalmente em 2001 pelo dueto indie the Moldy Peaches, composto por Adam Green e Kimya Dawson. Na altura, nenhum dos trabalhos do par vendeu muito, mas conseguiram cativar a atriz Ellen Page, que, aquando do filme Juno, sugeriu a música do dueto como banda sonora. Quando o filme foi lançado, a música ganhou uma enorme popularidade.
Juno é um dos meus filmes preferidos, com uma mensagem semelhante à da música de que estamos a falar. Adam e Kimya escreveram a letra de Anyone Else But You listando as coisas que diriam aos respetivos amores da sua vida, coisas essas fora do convencional. É um romance de pessoas humildes, terra-a-terra, sem glamour mas também sem drama - um romance a que todos devíamos aspirar. A sonoridade da música coincide com a simplicidade da mensagem: a melodia é algo desafinada, o instrumento principal é a guitarra acústica, apenas com dois acordes (em que só é preciso mudar dois dedos para passar de um ao outro), tocada de maneira simples.
Já que falamos de Juno e é Dia dos Namorados, fica uma mensagem de sabedoria sobre o amor:
5) Cose Della Vitta/Can't Stop Thinking Of You
"Some for worse and some for better
But through it all we've come so far!"
Cose Della Vita foi lançada originalmente em 1993 pelo cantor romântico italiano Eros Ramazzotti. Quatro anos mais tarde, a canção foi transformada num dueto bilingue com Tina Turner. Os versos em inglês saíram do punho dela. Existe também uma versão em Espanhol/Inglês - eu vou alternando entre as duas.
Está é mais uma balada rock ao meu gosto, com uns riffs e solos de guitarra interessantes. A voz de Eros é naturalmente romântica e a voz de Tina é naturalmente apaixonada, logo, fazem um dueto fantástico. A letra fala de um romance antigo, que teve altos e baixos, mas cujas partes estão a pensar um no outro de novo, a apaixonar-se de novo, dispostos a fazer uma nova tentativa. Pode também ser interpretada como a celebração de um amor que resistiu ao teste do tempo, à semelhança de outra música neste top. Qual? Continuem a ler...
4) Underneath Your Clothes
"Because of you I forgot the smart ways to lie
Because of you I'm running out of reasons to cry"
Conheço esta música há uma data de anos, mas ainda hoje me toca. Talvez não seja correto chamar-lhe uma balada rock, mas definitivamente tem guitarra elétrica: é conduzida por notas desse instrumento, complementada com trompetes e uma bateria leve. Shakira tem uma das minhas vozes preferidas do mundo da música, extremamente versátil, e esta não desilude nesta música.
A letra de Underneath Your Clothes apresenta semelhanças com outra música neste top no sentido em que entra em território romântico-erótico. É outra declaração de amor, também falando de intimidade e confiança, em que o ser amado surge como uma fonte de consolo. Underneath Your Clothes tem aquele toque de genuinidade que, muitas vezes, faz a diferença entre uma música boa e uma música extraordinária - algo que voltaria a acontecer mais tarde.
3) The Only Exception
"And I'm on my way to believing"
The Only Exception é uma canção muito única na discografia dos Paramore. Foi a primeira canção de amor propriamente dita da banda - pelo menos nas palavras de Hayley. É conduzida maioritariamente por uma doce guitarra acústica, que se mantém suave até o segundo refrão, antes de um solo de guitarra e bateria, abrindo caminho para os vocais mais sentidos de Hayley.
A história por detrás da canção é conhecida e até um bocadinho óbvio: à semelhança de muitos filhos de pais divorciados, Hayley sempre foi algo céptica em relação ao amor: algo que músicas como Emergency e Stop this Song (Lovesick Melody) já haviam referido. Isso mudou quando Hayley conheceu Chad Gilbert dos New Found Glory, o seu atual noivo (a menos que já se tenham casado sem eu dar conta...). Muita gente pode identificar-se com a mensagem de The Only Exception, mesmo eu de certa forma - os meus pais têm um casamento feliz e eu acredito no amor, mas tenho algum receio em apaixonar-me.
No entanto, mais do que a letra, é a interpretação vocal de Hayley, a emoção que transmite para a melodia, a sinceridade que impede a canção de entrar em território demasiado meloso. Ainda hoje me arrepio e lacrimejo com a sua interpretação. A minha parte preferida é o verso final "And I'm on my way to believing" - o verso que mais me emociona, por, na sua simplicidade, estar associada a tanta esperança, a tantas promessas, ao início daquilo que se poderá tornar uma linda história de amor.
É por isto tudo que The Only Exception, para além de estar no pódio das minhas canções de amor preferidas, foi, a par de Crush Crush Crush, uma das músicas que me convenceu a dar uma oportunidade aos Paramore. Encontra-se, assim, entre as minhas canções preferidas de todos os tempos.
2) Naked
"You see right through me and I can't hide"
Os dois primeiros lugares deste top não constituirão surpresa por já falei deles aqui no blogue. Naked é uma das minhas músicas preferidas de Avril Lavigne. Há pouco menos de dois anos escrevi sobre ela e sobre outras músicas com temas semelhantes. De maneira resumida, Naked é uma emocionante balada rock, que fala daquilo que, para mi, é o mais difícil e incompreensível no amor: baixar a guarda, assumir as nossas vulnerabilidades, abandonarmo-nos em mãos alheias.
Para uma reflexão mais extensa sobre o assunto, cliquem aqui.
1) Heaven
"Now our dreams are coming true
And through the good times and the bad
Yeah, I'll be standing there by you!"
Já tinha escrito aqui que Heaven é a minha canção de amor preferida, que está reservada para o meu casamento. Como disse antes, é uma música de final feliz, celebrando um amor que resistiu a muito. Tem inúmeras versões diferentes, por artistas diferentes, soando linda em todas. Hoje, partilho a versão que Bryan e respetiva banda tocaram no concerto do mês passado - muito parecida com a versão de estúdio, por sinal. Um dos pontos altos da noite, conforme referi antes. Conforme já tinha assinalado, nós, o público, cantámos a primeira estância sozinhos - o mesmo acontecera quatro antes quando ouvi outra das minhas canções de amor favoritas ao vivo.
Está concluído o top. Se já estão fartos de tanta lamechice, recomendo-vos Linkin Park para vos baixar a glicémia - eles até têm uma música chamada Valentine's Day, apropriadamente depressiva. Se, pelo contrário, estão mesmo dentro do espírito do Dia dos Namorados, deixem nos comentários as vossas canções de amor preferidas.
Hoje quero falar-vos de um álbum que já saiu há quase quatro anos mas que só descobri há alguns meses. Entre vídeos dos Linkin Park, no YouTube, encontrei alguns relativos a Dead By Sunrise, o chamado side-project ou projeto lateral de Chester Bennington, em parceria com membros da banda Julien-K. Cheguei a ouvir uma ou outra música e, como gostasse do que ouvia, quis conhecer o álbum todo. Em Out of Ashes, Chester adotou uma direção que considerava não encaixar no estilo dos Linkin Park - em vez de teorias híbridas, temos um rock mais clássico, em comparação; nalgumas faixas mais pesado, noutras mais leve e acústico, noutras com algumas influências eletrónicas. As letras são bastante pessoais, bem mais pessoais do que a larga maioria das músicas dos Linkin Park.
O nome Out of Ashes (Das Cinzas) refere-se, como se deduz facilmente, a uma recuperação, ao abandono de um caminho auto-destrutivo, a um renascimento. Nessa linha, abordam os vários altos e baixos experimentados pelo Chester ao longo da sua vida, em particular nos anos imediatamente anteriores à edição deste álbum.
Músicas como Crawl Back In, My Sufferin', Condemned não diferem muito de certas músicas dos Linkin Park, sobretudo no que toca à letra, embora a sonoridade seja mais grunge do que o habitual na banda. Não faltam os icónicos gritos do Chester, bem como solos de guitarra em quase todas as faixas. Estas músicas bastante sombrias referem-se as dificuldades por que Chester passou: uma infância eufemisticamente difícil, problemas amorosos, dependência de drogas e álcool. Crawl Back In é uma crise existencial. Em Condemned, o sofrimento é tanto que já se transformou em masoquismo. End of the World é uma crítica à sociedade atual.
A faixa extra Morning After, que fala sobre a vontade de adormecer até a tempestade passar, foi composta por Chester aos quinze anos (!!!) e possui duas versões: uma mais eletrónica e outra mais roqueira, de que gosto mais. Apesar do caráter mais rock, não deixa de ter algumas notas eletrónicas, que chegam a confundir-se com o solo de guitarra, criando um som que me agrada muito. Também gosto da repetição da palavra "Alive" no segundo e terceiro refrão.
Por outro lado, em Inside of Me, dá-se o reconhecimento de que se está no caminho errado e que cabe ao próprio sujeito narrativo mudar essa situação.
Para além destas faixas, existem outras com uma sonoridade mais leve. Estas expressam sentimentos de alguma vulnerabilidade, algumas delas fazendo-me lembrar Castle of Glass. Let Down, a mais eletrónica do álbum, com um arranjo que considero bem conseguido, dando um tom etéreo à música, fala de desilusão e receio de passar pelo mesmo outra vez. Walking in Circles, guiada pela guitarra acústica recorda-me, em termos de letra, From the Inside e Somewhere I Belong, dos Linkin Park. Vem em linha com End of the World na medida em que também exprime desilusão perante o mundo em redor.
Too Late é uma das minhas preferidas em todo o álbum. Também com elementos eletrónicos, desta feita mais discretos mas que não deixam de conferir um tom etéreo, recorda-me Astronaut, dos Simple Plan. Mais porque ambas definem bem um momento particular do meu terceiro livro, uma das minhas partes preferidas da obra. Tal como Astronaut, fala de solidão, abandono, desorientação. No entanto, para além disso, o sujeito narrativo sabe que terá de ser ele mesmo a salvar-se. Por fim, gosto dos vocais no último refrão, perto do fim da faixa.
Into You olha para o caminho passado, de altos e baixos, vários erros cometidos, a que se sobreviveu contra todas as expectativas, que o tornou na pessoa que é hoje.
No entanto, foram as músicas de amor que mais me surpreenderam, por serem inéditas na discografia dos Linkin Park - estes possuem várias baladas mas nenhuma assume, preto no branco, um carácter romântico. In the Darkness é um tema mais para o romântico-erótico. Fire é uma balada rock, grandiosa, de letra simples mas cantada magistralmente, dando-lhe um carácter épico, em que nem o discreto grito de Chester destoa. Por sua vez, Give Me Your Name podia rivalizar com as clássicas músicas românticas. É definitivamente uma canção que se poderia ouvir num casamento, até pela letra. Confesso que nunca esperei ouvir o Chester - o tipo que, no Rock in Rio do ano passado, exibia quase sempre cara de mau, ficando vermelho como um pimentão e suando cascatas quando gritava, ao ponto de eu recear que o homem rebentasse ali mesmo, no palco - cantar uma música deste género. Mas está mais do que provado que ele pode fazê-lo.
Devo dizer que gostei muito deste álbum, considero-o uma experiência bem sucedida. Ficou demonstrada a versatilidade do Chester como cantor - a sua voz é compatível tanto com as teorias híbridas dos Linkin Park como com as várias variantes do rock, desde o grunge às baladas mais suaves. Gostaria de ouvir um eventual segundo álbum de Dead by Sunrise mas parece que é pouco provável que este seja criado. Infelizmente.
Entretanto, hei de ouvir, também, as músicas do Fort Minor, o projeto lateral de Mike Shinoda, o rapper dos Linkin Park. Talvez fale dele aqui no Álbum.
Chester Bennington é uma das pessoas que tenho aprendido a admirar nos últimos tempos. Sem saber pormenores - e não estou interessada em conhecê-los, não são da minha conta - sei que a sua vida não tem sido fácil. Out of Ashes é um testemunho disso. No entanto, em vídeos de bastidores, o homem não parece nada traumatizado nem nada do género, antes pelo contrário: passa a vida a fazer palhaçadas, em particular com os colegas de banda, seja ela Linkin Park ou Dead By Sunrise. Não sei se é apenas para a câmara, não sei se é por estar entre amigos, não sei se é por muita gente no mundo da música rock ser também assim. Talvez a música seja suficientemente terapêutica para ele não ser demasiado assombrado pelo seu passado durante o resto do tempo. Em todo o caso, ele não parece ser uma pessoa amarga e misantrópica em que, se calhar, outro que tivesse experimentado o mesmo se transformaria.
Espero que o Chester tenha, de facto, ultrapassado a dependência em álcool e drogas, até porque estes tornaram recentemente a levar a melhor sobre mais um famoso. O Chester é das últimas pessoas que desejaria que se juntassem a esse mórbido clube. Seria um desperdício. Se, pelo contrário, ele conseguiu ultrapassar tudo isto, pode-se dizer que Chester Bennington é um exemplo e uma inspiração para todos nós.