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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Top 10 filmes de animação #2

Eis o pódio dos filmes de animação. Estes três filmes são muito especiais para mim, ainda que por motivos diferentes, uns motivos mais racionais do que outros. Sem mais delongas...
 
3º) Spirit: Stallion of the Cimarron
 

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Se me recordo bem, de acordo com o verso da caixa do VHS do filme Spirit, este foi considerado o melhor filme de animação desde O Rei Leão. Não digo que o seja mas anda lá perto, no mínimo. Pelo menos tem algo que O Rei Leão também tem: uma boa história e uma banda sonora marcante.
 
Spirit conta a história de um cavalo mustangue selvagem, de personalidade fortíssima, que é capturado pelos colonizadores americanos. Spirit resiste às tentativas de ser domado e montado e faz tudo para regressar à sua terra natal. No processo alia-se a um índio da tribo Lakota e apaixona-se por Rain, a sua égua. 
 
Tanto quanto sei, este é o único caso em desenhos animados em que os animais não falam mas, em tudo o resto, são semelhantes aos humanos - o que é refrescante. Os seus pensamentos e emoções são exprimidos pelas expressões dos animais e, no caso de Spirit, pela ocasional narração de Matt Damon e pela música.
 
 
 
Este filme tornou-se especial para mim precisamente por causa da banda sonora - composta e interpretada por Bryan Adams. "Ah!", pensam vocês, "está tudo explicado". É verdade. Foi este filme que me apresentou o cantautor canadiano, a banda sonora foi o primeiro CD "dele" que comprei. O tema principal do filme, Here I Am, a primeira que conheci de Bryan Adams, é a minha preferida de toda a sua obra musical e mesmo hoje, passados mais de dez anos, continua a fascinar-me. Toda a banda sonora tem, de resto, imensas músicas marcantes. Há que também dar mérito ao compositor Hans Zimmer, responsável por imensas bandas sonoras memoráveis, sendo a de Spirit apenas um exemplo entre muitos. 
 
Um dos grandes pontos fortes da banda sonora deste filme é o facto de, ao contrário da maioria dos filmes da Disney, as músicas estarem, tal como já afirmei acima, integradas na narração em vez de serem interpretadas pelas personagens, estilo musical - não sou grande fã de musicais. As faixas em si, do mesmo modo, não são narrativas, não são estilo ópera de rock, o que lhes confere poder por si mesmas, independentes do filme, permitindo-nos identificarmo-nos com elas, usá-las noutros contextos - algo que desenvolverei mais quando falar sobre algumas delas nas Músicas Ao Calhas.
 
No entanto, não deixam de fazer um ótimo trabalho como banda sonora de Spirit, ilustrando bem as diferentes emoções experimentadas pelo mustangue ao longo da sua odisseia. Deste modo, fica aqui a minha recomendação, tanto ao filme como à sua banda sonora.
 
2º) Pokémon: The Power Of One / O Poder Único
 
 
O Pokémon, que marcou a parte final da minha infância e grande parte da minha adolescência, que era praticamente a minha religião quando tinha onze anos, não podia, de maneira nenhuma, ficar de fora desta lista. Não é apenas uma série de desenhos animados, não é apenas um conjunto de videojogos, é... um mundo. Durante vários anos, segui a série de animação - que me rendeu, a mim e aos meus irmãos, muitas manhãs de sábado e domingo felizes - enquanto era transmitida na televisão portuguesa. Em particular nos primeiros tempos, divertia-me, entusiasmava-me, ria e chorava com as aventuras de Ash e companhia ilimitada.
 
Claro que, a partir de certa altura, comecei a cansar-me do esquema repetido até à exaustão dos episódios, dos clichés (aqueles três estarolas do Team Rocket perderam a piada ao fim de duas ou três temporadas no máximo. Embora o mais irritante não seja isso, seja a forma como Ash e os amigos caem sempre nos esquemas deles, que nem sequer diferem muito entre si) e mesmo do tom infantil.
 
Nesse aspeto, os filmes são melhores: mais sérios - ainda que em graus diferentes - mais tensos, mais interessantes. Durante muito tempo só conheci os dois primeiros, vi alguns dos outros através da Internet ao longo do último ano, ano e meio. Alguns deles são bem interessantes, outros são pouco mais do que episódios prolongados, mas cada um tem os seus momentos e, de qualquer forma, têm uma emoção diferente da série animada.
 
 
 
O primeiro filme, Mewtwo Strikes Back / Mewtwo Contra-Ataca, foi o que vi mais vezes. A história é interessante e o vilão, Mewtwo, é um vilão entre aspas pois uma pessoa é capaz de compreender, em certo grau, algumas atitudes dele. No entanto, apesar de, no fim, passar uma boa mensagem para o público infantil - semelhante à do Harry Potter: o que conta não é a forma como nascemos mas sim aquilo em que nos tornamos - o filme torna-se demasiado pesado, demasiado sombrio para uma criança, na minha opinião, com poucos momentos divertidos para aligeirar. Por exemplo, a cena em que o Pikachu tenta reanimar Ash - não se percebe se ele estava mesmo morto, durante muito tempo assumi que ele estava apenas petrificado... adiante - só se compara à cena em que Simba tenta acordar o pai morto; só que O Rei Leão tem uma mão-cheia de momentos alegres para contrabalançar. 
 
 
Nesse aspeto, o filme em segundo lugar neste top 10, The Power Of One / O Poder Único, está mais equilibrado. Vi este filme pela primeira vez no cinema - depois dos dois primeiros, não voltaram a passar mais nenhuma película do Pokémon no cinema, o que é compreensível, visto que se dirigem apenas àqueles que acompanham a série animada - devia ter uns dez ou onze anos. Lembro-me que, com o bilhete, recebemos a carta de Mew que aparece no filme. Mais tarde, vi o filme mais uma vez na casa de um amigo. Depois, fiquem dez anos sem tornar a vê-lo mas nunca me esqueci dele. Finalmente, no ano passado, encontrei-o na Internet. 

 

O filme tem as suas incongruências, várias delas até - os diálogos e a dobragem para português deixam imenso a desejar, por exemplo - no entanto, para mim, é o melhor do Pokémon, o expoente máximo de toda a vertente de desenho animado. Tirando um pozinho ou outro, a história é boa, com bastante misticismo à mistura - algo de que gosto muito, a coisa que mais pena tenho de não ter incluído nos meus livros - tensa, mas não ao ponto de provocar pesadelos nas crianças, com momentos suficientes de alívio cómico e que, rapidamente, ganha contornos épicos.
 
Ash surge como herói relutante em assumir o seu papel como O Eleito - também, entre seis ou sete mil milhões de pessoas, foram colocar o destino do Mundo nas mãos de uma criança - o que nos proporciona momentos divertidos e momentos mais comoventes. Como a parte em que Ash se desfaz em lágrimas antes de encontrar a força e coragem necessárias para cumprir a tarefa que o destino lhe atribuiu. Além disso, apesar toda a conversa de que só-o-Eleito-poderá-salvar-nos, a vitória final acaba por ser produto das ações de várias das personagens - embora ache que Misty e Tracey podiam ter feito mais para ajudar o amigo, há uma parte em que ficam, pura e simplesmente, a ver tudo à distância, à espera que ele traga a esfera que falta (para mais detalhes... vejam o filme!) . Por fim, ainda há tempo para Delia, a mãe de Ash - que, apesar de ela e o Professor Oak não terem tido qualquer influência no desenrolar dos acontecimentos, tiveram direito a bastante tempo de antena - dar um cheirinho das habituais contrapartidas do heroísmo para os entes queridos, em particular para uma mãe debatendo-se com a necessidade de deixar o filho partir para longe de si, ficando obrigado a enfrentar os perigos do mundo sozinho.
 

 

Outro elemento marcante no filme é a chamada canção do Lugia: uma linda peça musical, que é tocada várias vezes e sob diferentes versões ao longo do filme - gostei particularmente do solo de guitarra elétrica no genérico - culminando na interpretação que serve de remate final à vitória. Também gosto da música-tema do filme, The Power Of One, interpretada pela falecida Donna Summers. Incorporou bem o espírito do filme, apesar de recordar demasiado When You Believe, a música-tema do Príncipe do Egito.

Já disse aqui no blogue que, quando era mais nova, escrevia fanfics do Pokémon e que estas me ajudaram a evoluir (não, esta palavra não é nenhuma indireta) na escrita. Em termos de história e de tom, assemelham-se aos filmes, este último, em segundo lugar no Top 10, em particular. O que eu queria era que essas fanfics fossem convertidas a filme mas enfim... É por estas e por outras que esta posição nesta tabela e esta crítica partiram quase exclusivamente do meu lado sentimental, pelo menos muito mais do que os outros filmes mencionados nesta entrada e na entrada anterior. A verdade é que, mesmo passados estes anos todos, mesmo numa altura em que há já muito perdi o fio à meada no que toca às gerações de Pokémon que vão surgindo (só conheço razoavelmente bem as três primeiras), à série animada, em que já não tenho paciência para jogar os jogos, não consigo desligar-me completamente do Pokémon. Provavelmente nunca conseguirei. Para o bem e para o mal, todo este mundo, que é maior do que se poderia pensar, ficará para sempre no meu coração.

1º) The Lion King / O Rei Leão


Este filme tinha obrigatoriamente de constar nesta lista, nos lugares cimeiros. Um clássico absoluto dos filmes animados, o filme da minha geração. Se não me engano, foi o primeiro filme a ser dobrado para o português europeu. Para muitos da minha idade, eu incluída, foi o primeiro filme que vimos no cinema - a minha mãe diz que eu até dava pulos no assento.

Agora que sou mais velha, sobretudo depois de o filme ter sido exibido na televisão recentemente, vejo que O Rei Leão tem uma história surpreendentemente forte, adulta, cujo esqueleto mais básico já foi reutilizado em narrativas posteriores - agora que penso nisso, a história de Pokémon: O Poder Único, o conceito do herói relutante, hesitando assumir o papel que o destinho lhe reservou, obrigado a encontrar força dentro de si mesmo, não é muito diferente. As personagens, apesar de animais, são praticamente todas muito humanas, com destaque para Simba, a personagem principal. Qualquer um se pode identificar com a jornada do leãozinho: inicialmente, é uma criança alegre, curiosa, ambiciosa. No entanto, após a morte do pai, de ser convencido que a culpa é dele, de ser expulso do seu próprio reino, estimulado pelos seus novos amigos Timon e Pumbaa, adota a atitude de estou-me-nas-tintas como mecanismo de defesa. Até que Nala, Rafiki e o próprio espírito do pai morto, o obrigam a enfrentar o passado, em vez de fugir dele, a desafiar Scar e a assumir o lugar que lhe pertence. Já li que a história foi inspirada em Hamlet, de Shakespeare, mas como nunca o li...

 
 
Tal como já falei a propósito de Spirit, a banda sonora, produto do trabalho de Elton John, Tim Rice e, uma vez mais, de Hans Zimmer, reflete bem a jornada emocional por que Simba passa. As músicas, muitas delas com influências africanas, não me dizem muito atualmente mas, quando era pequena, Hakuna Matata e I Just Can't Wait to Be King/Mal Posso Esperar por Ser Rei eram autênticos hinos entre os miúdos da minha idade.
 
A sequela, O Rei Leão 2, também é um bom filme, embora já não tenha o brilho que o primeiro tem. A história é forte, à mesma, desta feita mais à Romeu e Julieta - e, agora que penso nisso, a história do meu terceiro e de parte do quarto livro tem umas quantas semelhanças... juro que não foi intencional. A banda sonora também não se compara à do primeiro, embora, ultimamente, ande viciada na versão francesa do tema de abertura:
 

Top 10 filmes de animação #1

Aquando do nascimento e primeira infância das pessoas da minha geração, a televisão e o cinema estavam já bem presentes no dia-a-dia. Deste modo, os desenhos animados constituíram uma porção significativa da nossa meninice. Quem de nós não se levantava absurdamente cedo aos sábados de manhã para ir ver o Buereré ou outro programa infantil do género? Pelo menos pela parte que me toca, os vários desenhos animados povoavam o meu imaginário e, tal como afirmei anteriormente, as minhas primeiras tentativas na escrita tiveram os heróis animados como personagens.
 
Deste modo, decidi compilar aqui uma lista com os dez filmes de animação que mais me marcaram, de que ainda hoje gosto. É possível, caso tenham mais ou menos a minha idade, que alguns dos vossos filmes animados preferidos estejam nesta lista. Ou talvez não. Como tudo neste blogue, as opiniões são pessoais e nem sempre cem por cento racionais. De qualquer forma, deem uma espreitadela:
 
10º) The Incredibles / Os Incríveis
 

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Uma porção significativa dos desenhos animados que via em miúda, com os meus irmãos, eram filmes da Disney. Da mesma maneira que qualquer criança, desde tempos imemoriais, gosta de ouvir a mesma história outra e outra vez, também nós gostávamos de ver os mesmos filmes repetidamente. De tal forma que agora, mesmo passados vários anos desde a última vez que vi a larga maioria deles, ainda os sei praticamente todos de cor. No entanto, da Disney, apenas alguns dos filmes "sobreviveram" ao teste do tempo, encontrando-se entre os meus preferidos.

Os Incríveis não se incluem propriamente nesta categoria pois, quando saiu o filme, já eu tinha catorze ou quinze anos. No entanto, os meus irmãos ainda eram pequenos e vi o filme algumas vezes com eles. Aquilo que gosto mais no filme é do seu relativo realismo, da sensação de que aquilo era, de certa forma, possível. Se os super-heróis existissem, eles podiam levar com um processo em cima e ter toda a opinião pública voltando-se contra eles; podiam ter admirados demasiado obcecados que, eventualmente, se voltassem contra eles; podiam constituir família como o Beto e a Helena constituíram, podiam ter uma adolescente tímida como filha e um miúdo hiperativo como filho; podiam ter uma crise de meia-idade, como a que Beto tem e por aí fora. Deste modo, qualquer um se pode identificar com as personagens e é aí que, na minha opinião, reside a força do filme.

9º) Over the Hedge / Pular a Cerca

 

O principal motivo que me levou a ver o filme foi... Avril Lavigne (grande surpresa...). Este foi o seu primeiro trabalho no mundo do cinema, ela, que há já vários anos, afirma ambicionar ser atriz principal num filme de comédia ou de drama. Nos comentários ao filme na edição em DVD, os criadores ou produtores (não me lembro ao certo) afirmaram tê-la escolhido por Avril já estar habituada a exprimir as emoções através da sua voz, na sua música. Fazê-lo dando voz a uma personagem de animação não seria muito diferente. O filme tornou-se especial para mim sobretudo por causa dela.

Em todo o caso, não deixa de ser um filme giro, à sua maneira, pela crítica à mentalidade consumista da sociedade atual, sobretudo no que toca à alimentação. E, claro, como qualquer filme de animação, tem os seus momentos de comic relief/alívio cómico.

8º) Mulan



Desde pequena, sempre adorei heroínas femininas fortes, que não se resignam à condição de mulheres, de donzelas indefesas. Daí que Mulan seja a minha "princesa da Disney" preferida: uma jovem insegura e desajeitada mas revoltada com o papel submisso das mulheres na sociedade chinesa e suficientemente corajosa para tomar atitudes que roçam a loucura: como disfarçar-se de homem para substituir o pai enfraquecido no exército, provocar uma avalanche em plena batalha nas montanhas, enfrentar pessoalmente o líder dos hunos no telhado do palácio imperial.

Tem também uma série de momentos divertidos, proporcionados, sobretudo, pelo dragãozinho Moshu, que assume o papel de guardião de Mulan. A minha parte preferida é esta:

 

 
 
7º e 6º empatados) Shrek 1 e 2

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O Shrek foi igulamente um filme marcante, pela maneira como faz uma paródia aos clichés dos filmes da Disney, sem deixar de ser ele mesmo um conto de fadas. Tem, portanto, a proeza de agradar a miúdos e graúdos. Por exemplo, quandoi o vimos pela primeira vez, os meus pais gostaram, pois não era um humor estritamente infantil, como o habitual nos filmes da Disney. Ao mesmo tempo, a minha irmã, que na altura tinha três ou quatro anos - foi uma das usas primeiras idas ao cinema - saiu de lá a imitar o Lorde Farquaad na cena em que este, no casamento, suplica a Fiona que o beije.
 

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A sequela, Shrek 2, está tão boa como o primeiro, nalguns aspetos ainda melhor. O Gato das Botas é a minha personagem preferida. Uma espécide de Zorro sob a forma felina - e eu sempre achei o Zorro extremamente sexy - mas que também é capas de fazer de gatinho fofinho para enganar os incautos. A cena em que o Shrek e os amigos assaltam o castelo para invadir a festa de noivado enquanto Fiona e o Príncipe Encantado dançam ao som de Holding Out For a Hero - música adequadíssima à situação - é a minha preferida do filme. Recordem-na vocês mesmos:


5º e 4º empatados) Toy Story 2 e 3


Ver crítica a Toy Story 3 AQUI.

Deixo o pódio para uma segunda entrada, visto que esta já vai longa e tenho muito a dizer sobre os três líderes desta lista. Mantenham-se ligados.

Toy Story 3 (2010)

 

Desde que ouvi falar de mais uma sequela para a série Toy Story que andava em pulgas para a ver. Quando era miúda, o Toy Story 2 era um dos meus filmes favoritos da Disney, sobretudo por causa das piadas (a cena que vai desde o “Aguentem-se, tropas, vou soltar-me da parede!” até “Isto é enjoo anti-gravidade e é apenas momentâneo”) ainda hoje me cai no goto. Devo dizer que o terceiro filme não desiludiu.
 
Tendo agora em conta os três filmes, chega-se à conclusão que se trata uma das melhores séries de filmes dos últimos anos, se não for a melhor. No sentido em que não cai nos erros de muitos outros filmes com sequelas. A trilogia assenta toda num tema: o medo que os brinquedos têm de ser abandonados. Os filmes vão explorando as diferentes vertentes desse medo: a rejeição em favor de um brinquedo mais sofisticado, a rejeição depois de se deixar de funcionar ou depois de os donos crescerem e não se interessarem mais por brinquedos, medo da prateleira, do sótão, da venda de garagem, da lixeira… Isto sem se repetirem entre si.
 
Outro ponto forte da sequela é não exigir a visualização prévia dos filmes anteriores para se compreender o enredo. Contudo, dá para descortinar pequenas referências aos filmes anteriores:
 
- Na sequência inicial, em que entramos na imaginação do Andy, a cena em que o Cabeça de Batata exibe o cão com escudo protetor e o Woody exibe o dinossauro que come escudos protetores é uma reedição da brincadeira do início do primeiro filme.
 
- A maneira como os três aliens com três olhos salvam os outros da incineradora faz lembrar a primeira vez em que eles aparecem, no primeiro filme e a deixa deles “Salvaste-nos a vida, estamos-te eternamente gratos já vem do segundo filme – tem graça o Cabeça de Batata devolver-lhes a deixa depois de os três o atormentarem com a frase no segundo filme.
 
- O Woody chama o cão para o ajudar a socorrer os amigos à semelhança do que acontece no segundo filme – só que, enquanto no segundo, o bicho vem a correr, todo entusiasmado, neste mal se aguenta em pé…
 
Um dos pontos fortes do filme é a dinâmica do grupo de amigos. Pessoalmente, aprecio bastante histórias  em que existe um grupo que se une contra o Mundo, que funciona como uma equipa, em que cada um usa as suas características individuais em função do coletivo, em que estes se protegem uns aos outros. Em que todos desempenham um papel, ainda que dois ou três se destaquem. Estou a lembrar-me de “Pular a Cerca”, “Perdidos”, “Roswell”, devem existir outros exemplos mas agora não me recordo. Eu própria tentei recriar uma dinâmica de grupo semelhante no meu livro. Esta dinâmica já se insinuara em Toy Story 2, mas neste ficou muito bem explorada.
 
Este filme é definitivamente mais emotivo, mais obscuro que os anteriores. Os vilões contribuem definitivamente para isso – o miúdo que destruía brinquedos e o mineiro parecem inofensivos quando comparados com o urso cor-de-rosa e respetivos cúmplices. O Nenuco, então, é particularmente sinistro. “Creepy”, como disse a minha irmã. O infantário assemelha-se muito a uma prisão, a um campo de concentração, quase. A tensão e a opressão são palpáveis. Ouvi dizer que receavam que o filme fosse classificado para maiores de 12 anos e percebe-se porquê. Lembro-me que, quando vi o filme no cinema, um miúdo pequeno começou a chorar na parte do macaco que monitoriza as câmaras de vigilância. 
 
Por fim, a cena final é bastante comovente. Quase me faz sentir culpada por não me ter ligado daquela forma aos meus brinquedos…
 
Os únicos defeitos do filme são apenas uma ou outra cena mais lugar-comum, já muito vista em outros filmes da Disney.
 
Este filme chegou a ser considerado um dos melhores de 2010 e eu tenho de concordar. Muito poucos filmes me cativaram como este, me envolveram emocionalmente como este. Um autêntica obra-prima a não perder.
 
Classificação 10/10

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