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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Músicas Ao Calhas - Hand In My Pocket & That I Would Be Good

Já anteriormente falei aqui sobre Alanis Morissette, uma cantautora que, não se encontrando no topo das minhas preferências, possui, contudo, uma mão cheia de faixas marcantes. Hoje quero falar de duas delas, sendo que Hand in my Pocket é a minha preferida de Alanis, rivalizando com Guardian.
 

"And what it all boils down to
is that no one's really got it figured out just yet"

O estilo musical de Hand in my Pocket é, há já muitos anos, o meu preferido: rock ligeiro, no feminino. Dá, aliás, para perceber que Avril Lavigne colheu no trabalho de Alanis inspiração para o seu primeiro álbum, Let Go - foi um dos motivos pleos quais montei o vídeo acima, há um ano. Destaco na sonoridade o baixo, os riffs de guitarra elétrica e a harmónica, que dá um elemento muito característico à música.

A letra de Hand in my Pocket é cantada num tom descontraído, jovem, reforçado por vários "Yeah"'s e "Baby"'s. Lista uma série de contratempos com que a narradora se depara, cada um deles seguido de um aspeto positivo, para contrabalançar, ou vice-versa. Transmite-se, assim, uma mensagem de optimismo, de aproveitamento do lado positivo das coisas, de preserverança. A vida não está a correr da maneira desejava mas o mesmo acontece com toda a gente, pelo que não é motivo de desânimo e, mais cedo ou mais tarde, acabará por correr bem. Tudo isto faz de Hand In My Pocket uma música de verão perfeita: jovem, alegre, descontraída, sem ser fútil.



"That I would be good
Whether with or withou you..."

That I Would Be Good acaba por ser a antítese de Hand In My Pocket, o falhanço da filosofia desta última faixa. Em contraste com a alegria e leveza do single de Jagged Little Pill, That I Would Be Good é uma música triste, de desilusão. Para tal efeito, contribuem os acordes graves de guitarra e os violinos. Há que dizer que a voz de Alanis transmite muito bem a emoção da música. Por fim, gosto da flauta que encerra a faixa (e que, nesta versão ao vivo, também a abre).

Tal como em Hand In My Pocket, em That I Would Be Good há uma listagem de situações - desta feita, são enumeradas uma série de contratempos que se julgava não serem suficientes para nos deitarem abaixo: dificuldades financeiras, problemas de saúde, tanto física como psicológica, desgostos amorosos. Assim, tal como acontece com Hand In My Pocket, qualquer pessoa se pode identificar a letra, bem como acrescentar mais situações à lista sem que esta ficasse completa.

Tanto Hand In My Pocket com That I Would Be Good fazem parte de um conjunto de canções, incluindo Hello Cold World e Perfect World (de que já falei AQUI e AQUI), canções que, cada uma à sua maneira, caracterizam a minha vida atual, bem como a vida de outros habitantes deste País em crise, com destaque para a chamada Geração À Rasca. That I Would Be Good caracteriza os aspetos mais negativos e Hand In My Pocket foca-se nos mais positivos, podendo mesmo o respetivo sujeito narrativo ser descrito como um membro da Geração à Rasca que se vai desenrascando. Assim, tal como fiz nas entradas que escrevi no outono passado, prefiro destacar as mensagens mais positivas destas canções: recordar o consolo relativo de estarmos todos a passar, mais ou menos, pelo mesmo; continuar a fazer o melhor que pudermos, retirando alegria das pequenas coisas e talvez um dia as coisas comecem a melhorar. Finalmente.


A curto/médio prazo, uma das coisas que me vão ajudar será o lançamento do quinto álbum de Avril Lavigne. Depois de meses à espera, foi finalmente anunciado o título e a data de lançamento do dito cujo. À semelhança do que aconteceu com o álbum dos Paramore deste ano, o disco será homónimo (aquela gente anda mesmo com falta de imaginação. Se o novo álbum dos Within Temptation também for homónimo, ainda mato alguém...). O lançamento está marcado para daqui a cinco semanas, mais precisamente a 24 de setembro. Ando descontente com muitas coisas relativamente a este álbum - começando pela falta de criatividade na escolha do título e acabando na foto tipo passe que escolheram para a capa - mas sinto-me deveras entusiasmada perante a ideia de uma série de músicas novas da minha cantora preferida para ouvir várias vezes sem conta, sobre as quais trocar opiniões e especulações com outros fãs, para montar vídeos, para esmiuçar, comparar com outras faixas (da Avril e não só) e criticar aqui no Álbum, para ansiar por videoclipes, versões instrumentais e apresentações ao vivo. É das poucas coisas que me deixariam ansiosa por setembro e das várias que vão tornando a vida um pouco mais agradável.

Músicas Ao Calhas: Hello Cold World

 
But I'll get right back up as long as it spins around
 
Os Paramore tornaram-se há quase dois anos uma das minhas bandas preferidas quando, depois de estar familiarizada com os singles dos últimos anos, decidi ouvir-lhes a discografia. Existem muitas coisas que me atraem na banda: a voz e a atitude de Hayley Williams, a sonoridade, a forma como conseguem criar músicas energéticas com conteúdo - algo que a Avril Lavigne não tem conseguido fazer - músicas como Crush Crush Crush, That's What You Get, The Only Exception (de que falarei noutra entrada), Monster, o concerto que deram no ano passado, no Optimus Alive.
 
Ultimamente, o que me tem atraído mais para os Paramore, o que me tem feito aguardar com alguma ansiedade o álbum que estão a preparar neste momento, é o facto de a Hayley ser apenas um ano mais velha do que eu, o facto de, pelo que tenho deduzido de algumas entradas do blogue dela, ela partilhar comigo algumas crenças e preocupações, de ela ver o mundo de maneira parecida com a minha, de se encontrar numa fase da vida, em alguns aspetos, semelhante àquela em que me encontro.

Às vezes penso que tenho mais em comum com a Hayley do que com a Avril. Mas isso é outra história.

O exemplo mais flagrante disto que acabo de descrever é a música Hello Cold World. Esta faixa não pertence a nenhum CD, foi lançada do ano passado através do Singles Club.

Não há muito a dizer sobre a sonoridade da música: é a típica faixa dos Paramore. Não, a grande força de Hello Cold World vem da letra. Esta descreve perfeitamente a fase em que eu e, certamente, muitos da minha idade se encontram. Uma fase algo bipolar, em que tão depressa me sinto feliz como me sinto quase suicida. Isto passando por crises existenciais, momentos de apatia, em que não sei o que quero da vida, em que questiono coisas que, anteriormente, aceitava com naturalidade. Ser adulto não é fácil. Miúdos, não tenham pressa.

Este é, de facto, um mundo frio e hostil para as pessoas da minha idade. Um pouco por todo o planeta. Claro que darei destaque ao nosso País, um país frio e hostil para a minha geração, a Geração À Rasca, aquela geração a quem venderam a ideia de que só poderíamos ser "alguém na vida", que só poderíamos viver desafogadamente se tivéssemos um curso superior. Aqueles que agora se veem de diploma na mão mas sem emprego, obrigados a emigrar. Aqueles que, depois de passarem anos e anos a estudar, de não terem feito outra coisa na vida, em nome de um futuro que agora lhes é negado, se veem obrigados a ir para a rua, a lutar de outras maneiras. ("You can't just stay down on your knees, the revolution is outside").

No entanto, a música traz também uma mensagem de esperança. Recorda-nos que ainda estamos vivos, que, enquanto por cá andarmos, mais cedo ou mais tarde encontraremos as soluções que procuramos. Talvez tenha razão. Pelo menos farei por acreditar nisso naquelas alturas, ultimamente tão frequentes, em que me sinto incapaz de lidar com este mundo gelado e hostil.
 
 

 

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