A banda californiana Linkin Park lançou no dia 17 de junho o seu sexto álbum de estúdio, intitulado The Hunting Party. Neste trabalho, a banda adota uma das suas sonoridades mais pesadas até à data, se não for a mais pesada. Tal como já mencionei aqui no blogue, o objetivo da banda com este disco é resgatar o rock, o metal, estilos musicais que quase desapareceram, numa época muito dominada pelo eletrónico.
Como podem calcular, estou a publicar esta crítica com um atraso enorme. Em primeiro lugar, este álbum saiu numa altura muito complicada para mim, com o meu estágio e o Mundial. Mesmo estas últimas semanas têm sido complicadas para mim por vários motivos, e admito que tenho tido preguiça... As minhas desculpas se alguém esteve à espera desta análise.
Ainda não tenho uma ordem definida de preferência, pelo que, em vez de ordenar as faixas dessa maneira, vou respeitar a ordem da tracklist. Como o costume, a crítica estará dividida em quatro partes, esta é a primeira.
1) Keys to the Kingdom
"Careful what you shoot because you might hit what you aim for"
The Hunting Party começa logo a matar, com os gritos de Chester abrindo Keys to the Kingdom por cima de uma guitarra que me recorda Waiting for the End (deve ser interessante ter esta música como despertador...). A primeira faixa deste disco assemelha-se gritantemente (até pelos gritos de Chester...) a uma Victimized mais crua, menos eletrónica. As semelhanças são evidentes. Para além de o refrão ser parecido, a estrutura é praticamente a mesma; em ambas, a primeira estância é interpretada por Mike, assemelhando-se a uma canção de embalar, com efeitos de coro e tudo, e a segunda é um rap. Por vezes, quase espero que Chester comece a gritar "Victimized! Victimized! Never again!". O rap em Keys to the Kingdom, no entanto, é particularmente poderoso, sobretudo por causa da bateria, que a certa altura parece acentuar cada palavra de Mike. Gosto também no longo instrumental (um denominador comum a quase todas as canções de The Hunting Party) que se segue ao terceiro refrão, com os vocais de Mike e/ou Chester (não consigo destrinçar as vozes). Keys to the Kingdom define, deste modo, aquilo que nos espera no resto do álbum.
2) All For Nothing
"And no I'm not your soldier, I'm not taking any orders I'm a five star general infantry controller" A segunda faixa de The Hunting Party conta com a colaboração de Page Hamilton, da banda Helmet, nos vocais. All for Nothing adota um ritmo midtempo, começando com um rap de Mike que se encaixa bem e é extremamente cativante, como nas melhores músicas dos Linkin Park. Dá vontade de gesticular, como se fôssemos estrelas de hip-hop. Os "one, two, three, four" podem ser um pouco clichés, mas funcionam bem. Nisto, Page Hamilton canta o refrão com naturalidade, como se sempre tivesse feito parte dos Linkin Park. Os "you say", cantados por Chester no fim de cada verso do refrão, estão também muito bem sacados - logo na primeira audição eu gesticulava ao som destas palavras. Por fim, o solo de guitarra - elemento que faltou nos primeiros álbuns dos Linkin Park - é outro ponto forte da música. Tudo isto faz de All Fot Nothing um dos destaques de The Hunting Party. É, também, uma das poucas colaborações, entre as várias deste álbum, que realmente se justificam.
3) Guilty All The Same
"To me you're all the same, you're guilty"
Já falei de Guilty All The Same nesta entrada, pouco após o seu lançamento, não tenho muito mais a acrescentar. Apenas que, apesar de no início não ter gostado muito da participação de Rakim, tenho vindo a apreciar a letra do rap e reconheço que Mike não escreveria nada como aquilo. Mesmo no contexto do álbum, Guilty All the Same é uma canção muito sólida e não foi mal escolhida para primeiro single.
4) The Summoning
Esta faixa é um interlúdio de cerca de um minuto de duração, que mistura ruídos de estática com uns ameaços de guitarra elétrica. Suponho que a ideia fosse fazer uma ponte entre Guilty All the Same e War mas, para ser sincera, The Summoning pouco ou nada traz ao álbum. Se fosse cortada do alinhamento do álbum, provavelmente não se sentiria diferença.
Na semana passada, a banda californiana Linkin Park lançou, algo inesperadamente, o primeiro single do seu sexto álbum de estúdio, ainda sem título, de edição prevista para junho. A música chama-se Guilty All the Same e conta com a participação do rapper Rakim.
"You want to point your finger
But there's no one else to blame"
O que se destaca mais em Guilty All the Same (por algum motivo, ando a dizer na minha cabeça Guilty All the Way... enfim) é a sua sonoridade. Depois de dois álbuns com uma forte componente eletrónica, e em diametral oposição ao forte dubstep de A Light that Never Comes, o novo single dos Linkin Park tem um som rock muito pesado, cru, visceral, metaleiro - o mais parecido com isto que conheço são certas músicas dos Sum 41, em particular do seu último álbum. Guilty All the Same possui longas sequências instrumentais, incluindo uma introdução de minuto e meio. É dominada por guitarras elétricas, com destaque para a sequência de abertura e encerramento, que se torna a imagem de marca da música, e um riff que mimetiza a melodia. Possui, ainda, uma bateria que não se contenta com o papel hoje em dia reservado aos sintetizadores, que repetem o mesmo padrão de batida do princípio ao fim, com poucas variações. Ainda se ouve piano, primeiramente na já referida introdução de minuto e meio, imitando a sequência de marca da musica; é ouvido, depois disso, no apoio às estâncias.
Nesta música tão pesada, a melodia revela-se surpreendentemente cativante, em particular nas estâncias. Nada a apontar à interpretação de Chester Bennington, embora ele pudesse ter complementado a música com um dos seus icónicos gritos. Talvez receassem que a música ficasse demasiado pesada. No entanto, não me custa imaginar o Chester apimentando a interpretação ao vivo de Guilty All the Same dessa forma muito sua.
Sobre a letra, não há muito a dizer. Aborda um tema tipicamente Linkin Park, com críticas a pessoas que julgam que sabem tudo, que têm sempre razão, que encontram defeitos em tudo exceptuando elas mesmas. Não é particularmente original nem memorável, mas não é má. É definitivamente melhor que A Light that Never Comes. Eu até gosto da estrutura das estâncias.
A terceira parte da música, com o rap, é a de que gosto menos. Na minha opinião, falta energia à interpretação de Rakim, esta não condiz com o carácter da música. Bastava, pura e simplesmente, o tom subir uma oitava. Não sou capaz de compreender esta participação especial, tirando o facto de Mike Shinoda - o habitual rapper dos Linkin Park - ter afirmado ser grande fã de Rakim, mas eu penso que Mike faria melhor trabalho. A letra do rap traça críticas ao capitalismo, à indústria musical, mas, mais uma vez, nada de particularmente memorável ou fora do vulgar.
Segundo declarações de Chester e Mike, a sonoridade do álbum novo estará dentro deste estilo, que penso ser o mais pesado de sempre da banda, mais pesado ainda que os primeiros álbuns. Mike afirmou que queria "preencher um vazio" existente na rádio dos dias de hoje. Eu pergunto-me se a intenção dos Linkin Park será, realmente, ressuscitarem o estilo musical. A ser verdade, será de louvar, estarão a fazer um favor a inúmeras bandas de rock que não conseguem, ou não querem, adaptar-se ao eletro-pop da rádio atual. Esperemos é que sejam bem sucedidos, o que não está garantido. Uma coisa é agradarem aos fãs hardcore, que nunca alinharam muito no estilo dos últimos álbuns. Outra coisa é a reação do mundo da música geral a este estilo pouco radiofónico.
Intenções nobres à parte, visto que o álbum só sairá em junho, ou mesmo depois (espero não ter uma nova situação à Avril Lavigne, o álbum), talvez se lance um segundo single em finais de abril, inícios de maio. Talvez, à semelhança do que aconteceu em 2012, apresentem uma ou outra música inédita no concerto do Rock in Rio, a que vou assistir.
Guilty All the Same não teve, para mim, o mesmo impacto que Burn it Down teve quando saiu. Acho até que gosto mais de A Light that Never Comes, apesar de ser mais imperfeita - coisas incompreensíveis. O que não me impede de gostar muito de Guilty All the Same, de ansiar pelo resto do álbum. Quer-me parecer que, com os Linkin Park e Hydra, dos Within Temptation, 2014 será o ano do metal para mim. Vai ser engraçado.
Neste momento, encontro-me em estágio, pelo que tenho menos tempo aqui para o blogue. No entanto, vou tentar não deixá-lo ao abandono durante demasiado tempo. Não deixem de visitá-lo, de vez em quando.