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Álbum de Testamentos

Mulher de muitas paixões e adoro escrever (extensamente) sobre elas.

Linkin Park – One More Light (2017) #1

Isto vai doer, mas se não arrancar este penso rápido agora, nunca mais o arranco.

 

ALERTA: Este texto irá abordar temas pesados como depressão, suicídio e causas de suicídio. Se estes temas forem um gatilho mental ou, como dizem os anglo-saxónicos, triggers no sentido de evocarem recordações traumáticas ou outras formas de sofrimento psicológico aconselho-vos a não o lerem. 

 

Se vocês se debatem com pensamentos suicidas ou desejos se fazerem mal a vocês mesmos, por favor, não o façam, peçam ajuda. Deixo aqui linhas de apoio tanto em Portugal como no Brasil. Quem conhecer mais linhas, por favor, deixe nos comentários. O mundo precisa de vocês, peçam ajuda!

 

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Os Linkin Park lançaram One More Light, o seu sexto (e até agora último) álbum de estúdio, há precisamente três anos. Ando a adiar a análise a esse álbum quase desde essa altura. O meu plano inicial era publicar esse texto durante o verão de 2017. Comecei a planeá-lo logo depois de publicar a minha análise a After Laughter. Já tinha inclusivamente escrito a introdução…

 

… mas depois Chester Bennington, um dos vocalistas, morreu

 

A análise ficou, assim, em águas de bacalhau. De início era por motivos de luto, conforme expliquei na altura. Mesmo passados um ano ou dois, já com a fase pior do processo para trás, fui continuando a adiar o texto sobre One More Light. Em parte porque tinha outros textos que queria escrever… mas também porque escrever esta análise não foi fácil e, vejo agora, o meu subconsciente sabia que ia ser assim.

 

Um dos principais motivos para ter custado tanto foi porque teria de dizer mal sobre o último álbum de Chester em vida. Sobretudo quando ele, na altura, estava tão entusiasmado com ele. Ao ponto de ter deixado críticas duras aos fãs que reclamaram do novo som – ele mais tarde retiraria estas palavras, mas agora, em retrospetiva, estas parecem um indício claro de que ele não estava bem. 

 

Sei perfeitamente que não é racional. Lá por ser fã, não tenho a obrigação de venerar automaticamente todo e qualquer material produzido pelos meus artistas ou bandas preferidos. Regra geral, costumo ter boa vontade para com os músicos do “meu nicho”, mas quem der uma vista de olhos pelos textos deste blogue dedicados a música, saberá que tenho sentido crítico. Não sou menos fã por isso. 

 

Da mesma forma, nenhum artista ou banda tem a obrigação de criar música perfeitamente talhada para os meus gostos.

 

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Dito isto tudo, por muito irracional e hipócrita que seja… quando há uma perda como esta é diferente. As pessoas não gostam de dizer mal dos mortos. Por um lado, não estão cá para se defenderem. Por outro, porque, depois de os perdermos, consolamo-nos recordando os seus melhores feitos. Não as coisas que ficaram abaixo das nossas expetativas. 

 

Em todo o caso, já prolonguei isto durante demasiado tempo. Até porque quero escrever sobre outros álbuns dos Linkin Park – nomeadamente Hybrid Theory e Meteora. Fazê-lo antes de escrever sobre One More Light ia parecer mal.

 

Muito bem, chega das minhas tretas, vamos a isto. Como tenho muito a dizer sobre este álbum, esta análise será dividida por duas publicações. A segunda parte virá ainda hoje, mais tarde. 

 

Os meus problemas com este álbum resumem-se a dois pontos. O primeiro diz respeito à instrumentação e produção da maioria das faixas. Conforme já tinha reclamado referido quando escrevi sobre Heavy (meu Deus, parece ter sido há séculos!), até aos trabalhos de One More Light, a banda compusera sozinha. Para este álbum, no entanto, os Linkin Park convidaram pessoas de fora para ajudarem na composição. 

 

Não tenho nada contra esse desejo por princípio. Há muito que me arrependi de ter falado em comercialismo na minha análise a Heavy. Também não tenho problemas com os Linkin Park fazendo música pop, menos agressiva – sobretudo depois de o álbum anterior ter sido o completo oposto.

 

O meu problema não é a ideia, a intenção. O meu problema é a execução – pelo menos no que toca à produção e instrumentação da maior parte das músicas. 

 

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Os Linkin Park sempre incorporaram elementos eletrónicos no seu som, bons elementos. As introduções de Crawling e Numb, Breaking the Habit, a sequência depois do segundo refrão em New Divide, álbuns como A Thousand Suns (destacando-se temas como Robot Boy e The Catalyst) e Living Things (destacando-se temas como Lost in the Echo e Burn it Down). Mesmo Post Traumatic é quase todo eletrónico – a instrumentação nem sempre é destaque, mas não prejudica. 

 

Na maior parte de One More Light, no entanto, o instrumental é uma mixórdia eletrónica, descaracterizada. Não percebo o que aconteceu. 

 

Segundo o que Mike explicou em entrevistas, eles mudaram o processo de composição para este álbum. Antes começavam com um instrumental, depois uma melodia compatível, depois a letra. Para One More Light, começavam com um conceito e/ou uma história pessoal que inspirasse a letra, compunham a melodia e, por último, o acompanhamento musical. 

 

Uma vez mais, nada contra, mas não percebo várias das decisões neste último passo.

 

Havemos de dar exemplos mais específicos mais adiante, quando falarmos sobre as faixas individualmente. Para já, o segundo problema que tenho com este álbum não é bem uma falha do mesmo, antes uma frustração minha. O facto de Chester só ter composto duas canções neste álbum, Heavy e Halfway Right (segundo o Genius, ele também terá composto One More Light, a música, mas o Wikipédia contradiz essa informação). 

 

Uma boa parte de One More Light, o álbum, foca-se em temas de depressão, toxicodependência, erros seus, má fortuna, amor ardente (OK, amor ardente nem por isso, pelo menos não neste álbum). Chester era aquele que, dentro da banda, sempre assumiu esse histórico. Qualquer pessoa assumirá que músicas como Nobody Can Save Me ou Sharp Edges serão sobre a vida dele. Corrijam-me se estiver enganada, já lá vão três anos, mas tanto quanto me lembro os próprios Linkin Park promoveram o álbum um pouco nessa direção. 

 

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Mas se Chester não é creditado como compositor nestas músicas, como podemos ter a certeza? Com sabemos se é mesmo Chester cantando sobre a sua perspetiva, os seus sentimentos, ou se foi Mike ou Brad colocando-se no lugar dele?

 

Dando um exemplo específico: o próprio Chester afirmou em entrevista que a letra de Talking to Myself coloca-se no ponto de vista da sua esposa, Talinda, enquanto observava o marido em modo autodestrutivo. Mas, lá está, o nome de Chester não consta da lista de compositores. Chester disse a Mike e aos outros o que escrever? Eles mesmos imaginaram-se no lugar de Talinda? Qual foi o nível de envolvimento de Chester?

 

Se as circunstâncias fossem outras, talvez não me preocupasse tanto com isto. No entanto, este foi o último álbum de Chester em vida, antes de morrer por suicídio, vítima de depressão – um dos temas abordados em One More Light. Não faria sentido ter uma maior participação de Chester, sabermos diretamente da boca dele, da caneta dele, o que se passava no seu coração?

 

Enquanto escrevo isto percebo que estou a ser injusta, a obcecar com algo que não se relaciona diretamente com One More Light. Nem sequer sei a quem dirijo estas críticas que não chegam a sê-lo. É a parte de mim que ainda se interroga porque é que Chester teve de partir tão cedo e daquela maneira, quando supostamente estava melhor, o que é que correu mal. E ressinto-me de One More Light por não dar essas respostas.

 

Não é justo, sei que não é. Quando os Linkin Park estavam a trabalhar neste álbum, não podiam adivinhar o que aconteceria dois meses após o lançamento. Não podiam adivinhar que teríamos todas estas perguntas para as quais ninguém tem resposta.

 

E no entanto… será que quero essa resposta? Será que quero saber exatamente o que falhou? Que ganharia com isso?

 

Estão a ver porque é que eu não queria escrever sobre este álbum?

 

 

Vou deixar as minhas tretas de lado (agora sim, deixo mesmo!) e começar a falar das músicas em si. Heavy foi o primeiro single de trabalho. Conforme referi antes, escrevi sobre ele na altura em que saiu. 

 

Apesar de ainda não gostar muito da canção, hoje compreendo-a melhor – depois de ter lido e ouvido declarações de Chester sobre a mesma. Este explicou em várias entrevistas – ao longo de toda a sua carreira, aliás, muito antes de Heavy – que a sua mente é… ou melhor, era um território hostil, que ele era o seu próprio pior inimigo. Chester possuía uma compulsão para ansiedade, pensamentos sombrios, autodestrutivos, em focar-se no negativo. 

 

Ele argumentava que toda a gente tinha essa tendência, em diferentes graus. Eu concordo e sei que tenho. Por exemplo, tenho um dia menos conseguido no trabalho e não consigo pensar noutra coisa durante o resto do dia – para no dia seguinte nem perceber ao certo o que me incomodava tanto. Ou então, sinto-me mais ou menos satisfeita e em paz e, de repente, começo a pensar “Ah, mas não te esqueças que tens de te preocupar com isto e isto e isto.”

 

Consta que é um mecanismo evolutivo. Os cientistas chamam-lhe “viés negativo”. Impede-nos de nos tornarmos complacentes, força-nos a estar atentos ao perigo, a anteciparmos ameaças, a evitarmos situações desagradáveis. 

 

Tem as suas vantagens em doses terapêuticas mas, como tudo na vida, o problema é quando se exagera. Pessoas com doenças mentais e/ou um passado traumático (vide Chester para ambos os casos) terão mais tendência para exagerar. A partir de certo ponto uma pessoa não consegue desligar esse modo negativo, não se consegue focar no presente, aproveitar o momento. Segundo Chester é uma luta constante. 

 

Se formos a ver, este não é um tema inédito na discografia dos Linkin Park. músicas como Given Up e sobretudo Papercut. Durante umas semanas tive vontade de ir ao vídeo de Papercut – um clássico dos Linkin Park, misturando rap e rock, bastante agressivo – no YouTube e deixar como comentário algo do género “So you’re saying you don’t like your mind right now?”. Uma provocaçãozinha para os fãs mais puristas.

 

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Mas depois Chester morreu e perdi a vontade de ser engraçadinha.

 

Continuo a não gostar muito da música. Sobretudo por causa da instrumentação. Mas reconheço que fui dura demais na minha primeira análise. 

 

Battle Symphony foi o segundo single de One More Light e também o analisei na altura. As minhas opiniões sobre esta música não mudaram muito desde que escrevi esse texto. Dizer apenas que gosto bastante desta versão ao piano

 

O mesmo acontece com Heavy, na verdade. É a questão da produção/instrumentação de novo. Deem instrumentais decentes a estas músicas e a qualidade aumenta logo. Mas não entremos por aí de novo.

 

Um aspeto curioso em relação a Battle Symphony, por outro lado, é que ainda hoje gosto de ouvi-la emparelhada com Liability, de Lorde. Foram lançadas com cerca de uma semana de intervalo, ouvi-as várias vezes na mesma altura para as analisar, acabaram por se associar na minha cabeça. Tem piada porque, de resto, as duas não têm muito em comum.

 

O single seguinte foi Good Goodbye, a faixa outlier de One More Light, com a participação de Pusha T e Stormzy.. Esta no fundo é uma versão mais soft, mais pop, dos clássicos rap/rock dos Linkin Park. Mesmo a letra parece ter sido escrita de modo a poder ser ouvida por menores de doze anos: o pico da agressividade é chamarem “idiota” ao interlocutor e mandarem-no para casa.

 

 

Compreende-se. Enfiarem um tema mais pesado e agressivo naquilo que é essencialmente um álbum pop faria com que a música se destacasse mais pela negativa. 

 

Gostava de chamar a atenção para dois pormenores da letra – versos que realçam a veterania dos Linkin Park enquanto banda. Mike dizendo “I’ve been here killing it longer than you’ve been alive, you idiot” e Stormzy referindo nas suas estâncias que agora tem uma música com os Linkin Park.

 

Eu na verdade até gosto desta música, mais do que esta merece. Ouvia-a bastante em 2017. Antes de começar a escrever esta análise, não a tinha ouvido em algum tempo. Pensava que, quando voltasse a ouvi-la, não lhe acharia tanta piada, mas ainda gosto. Lá está, não tanto como clássicos como Faint ou Papercut ou Bleed it Out, nem sequer está entre as minhas preferidas neste álbum, mas não deixa de ser uma música gira.

 

Invisible foi a última canção a ser publicada antes do resto do álbum. Este é uma das relativamente raras canções na discografia dos Linkin Park em que é apenas Mike a cantar (Chester apenas contribui para os backvocals). Tendo em conta o tema da canção, faz sentido. Segundo Mike, Invisible é uma carta aos seus filhos, para eles ouvirem quando forem adolescentes e se sentirem incompreendidos pelos pais.

 

A letra tenta antecipar eventuais discussões, tentativas da parte de Mike ou da esposa, Anna, de fazer o que acha ser o mais adequado para os filhos, mesmo que eles não gostem na altura. Segundo o próprio Mie, os filhos ainda são pequenos, mas já têm personalidades vincadas e “quando tiverem dezasseis anos vão dar-nos o ‘Pai, odeio-te, não me compreendes, blá blá blá’”, vão bater com a porta, meter headphones e ignorar os pais.”

 

Estou a rir-me porque a minha geração punha Linkin Park a tocar nos headphones que usávamos para ignorar os nossos pais. Numb, então, parece ter sido criada para esse uso. No entanto, agora Mike e os outros estão do lado dos pais, não dos filhos. 

 

 

Pergunto-me se os filhos de Mike algum dia usarão as músicas dos Linkin Park contra ele. Se a meio de uma discussão os miúdos acusarão Mike de achar que cada passo que os filhos dão é outro erro que eles cometem. Fico curiosa.

 

A letra é interessante, sim, a musicalidade nem por isso. Este é outro caso de instrumentação que não impressiona. Mike não canta nada mal, mas a música é demasiado monocórdica, está sempre no mesmo tom, não entusiasma. 

 

Nesse aspeto, Sorry for Now está melhor conseguida. Esta também é uma carta de Mike para os seus filhos – desta feita dizendo respeito às suas longas ausências em digressão. Em suma, uma sequela a Where’d You Go, do seu projeto lateral Fort Minor.

 

É sempre complicado explicar a miúdos pequenos porque é que a mãe e/ou o pai não podem estar sempre com eles – seja por umas horas, para ir trabalhar, seja durante semanas ou meses, como acontece com músicos como Mike. Ainda me lembro de ver a minha irmã com um ano de idade, chorando todas as manhãs quando os meus pais saíam para o trabalho. E lembro-me de ser difícil, tanto para mim como para os meus irmãos, quando os nossos pais tinham de fazer noites.

 

Nem quero imaginar o quão difícil será para os miúdos terem de passar semanas ou meses sem ver os pais.

 

Não admira que, nas primeiras semanas após a morte de Chester, uma das filhas dele, Lily, tenha perguntado se o pai estava “em digressão nos nossos corações”. Na altura associava as ausências de Chester a digressões.

 

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E com isto vou mudar de assunto antes que comece a chorar. 

 

Musicalmente, Sorry for Now é mais interessante que Invisible por vários motivos. Há maior variação ao longo da faixa, tanto no instrumental como na interpretação de Mike – ele até canta bem, notas mais agudas do que o costume! 

 

Eu, no entanto, dispensava os vocais artificiais. Já me queixei deles em Dedicated, de Carly Rae Jepsen, também estragaram várias músicas de One More Light, como esta.

 

A minha parte preferida de Sorry For Now é a terceira parte, quando Chester aparece do nada. É uma variação à fórmula de algumas músicas dos Linkin Park, como Burn it Down, em que Chester canta as duas primeiras partes e Mike vem na terceira com um rap. Embora, em Sorry For Now, o rap seja mais melódico que o habitual.

 

E com isto vamos fazer uma pausa na análise. Não percam a segunda parte, que vem ainda hoje. 

Músicas Não Tão Ao Calhas - Heavy

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"I don't like my mind right now..." 

 

Os Linkin Park preparam-se para lançar o seu sétimo álbum de estúdio, One More Light, no próximo dia 19 de maio. O primeiro single desse álbum, lançado no passado dia 16 de fevereiro, chama-se Heavy e inclui a participação de Kiiara nos vocais.

 

O título Heavy é irónico pois esta música é tudo menos pesada. Pelo contrário, tanto quanto sei, Heavy é a canção mais pop da discografia da banda até ao momento, o que, previsivelmente, está a causar polémica entre os fãs. Um dos motivos, de resto, pelos quais não publiquei esta análise mais cedo - para além do lançamento da segunda geração em Pokémon Go, que fez com que, pelo menos no meu caso, o hype regressasse em força - foi porque precisei de algum tempo para me afastar do barulho provocado pela polémica e formar a minha própria opinião sobre a faixa.

 

Infelizmente, esta não é muito favorável. Heavy tem uma instrumentação muito pop, muito genérica, só se tornando interessante a partir do segundo refrão. Esta faixa, a meu ver, pedia guitarras estilo Final Masquerade. A versão acústica de Heavy, que a banda apresentou em direto no Facebook, no dia em que o single foi lançado, sempre tem um pouco mais de personalidade. Os desempenhos vocais, tanto de Chester como de Kiiara, são o melhor da canção, contudo.

 

 

A letra de Heavy fala, essencialmente, de ansiedade, depressão, paranóia, mas de uma forma demasiado vaga para que possamos levá-la a sério. Acaba, também, por se tornar algo repetitiva, embora não ao nível de Until It’s Gone, verdade seja dita.

 

Não consigo, portanto, gostar de Heavy, por muito que tente. É demasiado curta, tem pouca substância, cansativa após três ou quatro audições. Até Darker than Blood tem mais personalidade que isto. Não ficará na História. Não escondo que é uma desilusão que uma das minhas bandas preferidas - que inclui Chester Bennington e Mike Shinoda, duas das minhas pessoas favoritas no mundo da música - tenha produzido um primeiro single tão fraquinho.

 

Tal como referi no início deste texto, o álbum que inclui Heavy, One More Light, sai em maio. Os Linkin Park têm falado sobre este álbum há vários meses. Eu até estava a gostar das pistas que iam deixando - sobretudo o facto de as músicas supostamente se basearem nas vidas pessoais dos membros da banda. Cunho pessoal, por norma, é um ponto forte. No entanto, se Heavy é a ideia deles de música com cunho pessoal, mais valia terem ficado quietos.

 

Os membros da banda afirmaram, também, que o seu processo de composição mudou. Antes, eles começavam pela música em si, só depois criavam a melodia e escreviam a letra. Neste álbum, eles começaram pela melodia e pela letra - chegavam a gravar cantado sobre piano ou guitarra acústica. Depois, construíam o resto da música em torno dessa melodia. Sempre explica o facto de os vocais sobressaírem tanto em Heavy.

 

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Tudo muito bonito e tal, mas eu suspeito que esta não seja a história toda. Em One More Light, os Linkin Park trabalharam  pela primeira vez com compositores sem serem membros da banda: nomes como Justin Parker (que trabalhou com Lana del Rey, Rihanna e Ellie Goulding, entre outros) e Julia Michaels (que trabalhou, entre outros, com Selena Gomez, Gwen Stefani e, de todas as pessoas, Britney Spears). Isto faz-me desconfiar de propósitos comerciais.

 

Os membros da banda adotaram logo uma postura defensiva nas redes sociais. Ainda antes do lançamento de Heavy, Mike afirmou no Twitter que “O género [musical] morreu”. Mais tarde, Chester partilhou um artigo que defende o direito de as bandas mudarem de estilo (não que eu, pelo menos, alguma vez tenha questionado esse direito...). Com tudo isto, é óbvio que a polémica não vai ficar por aqui, que o resto de One More Light será igualmente polarizante e a banda sabe-o.

 

Por muito que me irritem os puristas musicais, aqueles fãs que se recusam a aceitar que os seus artistas preferidos não gravem o mesmo álbum outra e outra vez… eu não sei se quero que os Linkin Park virem cem por cento pop. Sobretudo se for com tão pouca substância como Heavy. Eles sempre foram uma banda de experimentalismo, de teorias híbridas e tal. Contudo, tal como afirmou um YouTuber crítico musical que respeito muito no Twitter, longe de explorar novos territórios, Heavy é uma amostra do pop mainstream que enche a rádio dos dias de hoje. Sinceramente, Linkin Park é melhor do que isto.

 

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Os Linkin Park continuam a ser uma das minhas banda preferidas, atrás de Paramore. A nossa relação tem quase dez anos e inclui dois concertos inesquecíveis. Entre outras coisas, não sou capaz de ser demasiado dura com uma banda que inclui um tipo que se veste como na fotografia acima e que diz que, se não estivesse na música, seria treinador de Pokémon (quem diria que um tipo cujo trabalho, cinquenta por cento das vezes, envolve gritar para um microfone poderia ser tão adorável…?).

 

Assim, vou dar-lhes o benefício da dúvida. Talvez Heavy seja a mais comercial do álbum, daí ser o primeiro single. Talvez as outras músicas tenham letras melhores e um som mais trabalhado. Quem sabe? Voltaremos a falar quando o álbum sair ou se lançarem outro single...

 

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