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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Avril Lavigne (2013) #4

 
 
Depois de termos analisado as faixas de Avril Lavigne AQUI, AQUI e AQUI, passemos às alegações finais.

Conclusões:
 
Este é o quinto álbum, homónimo, de Avril Lavigne. Quando anunciaram o título deste disco fiquei de pé atrás. No entanto, depois de ouvi-lo, a verdade é que não consigo pensar num título mais adequado. Com faixas que recordam outras mais antigas, outros álbuns, outras fases da carreira da cantora, Avril Lavigne assemelha-se a um Greatest Hits com três ou quatro faixas novas.
 
Este foi o aspeto que mais me desiludiu neste álbum: a falta de originalidade, de inovação, de músicas com que me identificasse. Os temas abordados são recorrentes na discografia dela, com destaque para as chamadas break up songs - já é o quinto álbum e nem sequer existe a atenuante de Goodbye Lullaby, em que ela vinha de um divórcio e estas músicas foram apresentadas sob uma perspetiva diferente. As músicas de verão, de festa, da celebração do espírito jovem, adolescente, não são tão ostensivamente recorrentes mas também não trazem novidade. Se em Goodbye Lullaby houve uma tentativa - não completamente bem sucedida - de crescer com a sua audiência, em Avril Lavigne ela refere claramente que não quer crescer. OK, é um espírito muito bonito e tal, mas vejam: ela está perto da casa dos trinta. Tinha dezassete anos quando se estreou na música, aproximadamente a mesma idade que os seus fãs tinham, fãs esses que, agora, podem já ter filhos. É fácil ser-se eternamente jovem quando se pode fazer aquilo de que se mais gosta. Quem, no entanto, tem um emprego das nove às cinco, ou mais longo, filhos para criar, contas para pagar, não se pode dar ao luxo de não crescer.
 
 
 
Não estou ainda nessa fase mas, tal como penso ter referido anteriormente, não me identifico particularmente com esse espírito. Nunca fui grande fã de música de festa e continuam a existir demasiadas faixas desse género hoje em dia. Além disso, como escritora que colhe inspiração em música, este álbum não dá grande material. As faixas têm pouca história por detrás - ou melhor, até têm mas são as mesmas de sempre. Já não existem músicas como Mobile, Nobody's Fool, Take Me Away, Slipped Away, Runaway, Keep Holding On, Darlin', Everybody Hurts, mais voltadas para o quotidiano com que muitas pessoas se identificam de uma maneira ou de outra. Mais de fora do habitual espectro de amor/desgosto e borga que, hoje em dia, estão demasiado vulgarizados no mundo da música.
 
É claro que basta olhar para vídeos de bastidores dela, em diferentes fases da carreira dela, para perceber que esse espírito faz mesmo parte na sua personalidade: ela é no geral uma pessoa alegre, descontraída, que não se leva demasiado a sério, que por vezes parece ter a mentalidade de uma miúda de cinco anos. Não é de admirar que se sinta mais à vontade em temas mais ligeiros, que não faça nada mais profundo que uma break up song. E, para o bem e para o mal, a Avril sempre foi genuína, despretensiosa, fazendo aquilo que bem entende, independentemente do comercial, das tendências ou do que era esperado dela.
 
 
Esta é apenas a minha opinião. Sei que existem fãs que não são como eu, que não gostam que os seus artistas evoluam. Nesse aspeto, a diversidade em Avril Lavigne tem a vantagem de possuir faixas que agradam a vários tipos de fãs. E se passarmos à frente dessa questão da falta de originalidade, de amadurecimento significativo, as músicas são boas. As letras, apesar de ainda simples, estão mais elaboradas, mais consistentes em relação aos álbuns anteriores. E mesmo tendo em conta todos os pontos fracos listados ao longo desta crítica, todas as faixas, mesmo Hello Kitty, têm coisas de que gosto, dão me vontade de cantar, dançar, como só as músicas da Avril são capazes de fazer.
 
E não fui a única, de resto. Este álbum anda, aliás, a receber críticas positivas, ao ponto de o classificarem como um dos melhores álbuns pop do ano. Superior aos trabalhos de Katy Perry e Miley Cyrus - e eu não estava de todo à espera disso.

 

No que a mim me diz respeito, este álbum estará sempre associado a Vila Viçosa, onde passava o fim de semana quando o ouvi pela primeira vez.

Fez há pouco tempo dez anos desde que ouvi uma música da Avril pela primeira vez (I'm With You). Desde essa altura tem sido ótimo acompanhar o lançamento de cada single, cada vídeo, cada álbum Este álbum é mais um capítulo dessa história. Um capítulo que serve mais para recordar o caminho percorrido até ao momento. Agora que o CD já foi editado, anseio pelos próximos singles, pelos pormenores da digressão e, mais à frente, saber como será o sexto álbum. Cinco já estão lançados. Agora, na linha de Here's to Never Growing Up, a mais quinze álbuns de Avril Lavigne.

Avril Lavigne (2013) #3

Terceira parte da crítica de Avril Lavigne. Partes anteriores AQUI e AQUI. Chegámos ao top 5 deste álbum. Por ordem...
 
Bad Girl

 
 
 "Just lay your head in daddy's lap"
 
Sendo este o dueto com Marilyn Manson, este título era, natural, um dos que mais curiosidade, e mesmo algum receio, despertava. Agora que já conhecemos Bad Girl, posso dizer que, de uma maneira geral, fomos todos apanhados de surpresa pela positiva. 
 
Eu estava mais ou menos à espera deste género de letra e sonoridade, mas não estava à espera que a música fosse tão contagiante nem que a voz de Manson combinasse tão bem. A distorção dos vocais tornam a voz de Avril quase irreconhecível mas reforçam o tom lânguido, condizente com a letra atrevida. Nesse aspeto, contudo, prefiro o refrão, em que a voz da Avril surge sem efeitos e com agudos impressionantes. É a faixa mais rock de todo o álbum, sem deixar de ser dançante. Faz pensar em roupa de cabedal e meias de rede. Há quem compare esta música a Taylor Momsen, de The Pretty Reckless - não a conheço, por isso, não posso concordar nem discordar. A mim, contudo, recorda-me Joan Jett. De qualquer forma, conforme já disse acima, a participação de Marilyn Manson não soa forçada, combina perfeitamente com o estilo da música. Por fim, um destaque positivo para a conclusão, com a gargalhada de Avril e as últimas palavras ofegantes de Manson.


Give You What You Like

 

"I've got a brand new cure for lonely"

Numa entrevista recente, Avril revelou que esta canção nasceu daquilo que era para ser a terceira estância de Bad Girl mas que ela, Chad e, provavelmente, David Hodges, decidiram transformar numa música independente. De facto, Give You What You Like repete o carácter erótico de Bad Girl, embora o faça de uma forma menos ostensiva. Tocada e cantada num tom grave e intimista, condizente com o tema da canção - recordando-me, de certa forma, In the Darkness, de Dead By Sunrise - conduzida pela guitarra acústica, acompanhada pela bateria suave e uma discreta linha de baixo, a que se junta o piano, mistura  erotismo com romance e alguma vulnerabilidade. Tenho lido comparações com Lana Del Rey - concordo, apesar de não a conhecer tão bem. É das poucas deste álbum em que se nota algum amadurecimento e evolução sendo, também, uma das melhor produzidas.

Falling Fast


"I never knew I needed you
Like a sad song needs a sea of lighters"

Da primeira vez que ouvi Falling Fast, o início recordou-me uma canção de Rui Veloso, "Nunca Me Esqueci de Ti" Falling Fast foi composta a solo pela Avril, provavelmente sobre o início do seu relacionamento com Chad. A produção - a guitarra acústica, os vocais incrivelmente suaves - recordam-me 4 Real e Tomorrow. Quanto à letra, nada de especial a assinalar, não diferem muito das habituais canções de amor da Avril. A interpretação dela, quase suspirada, conferindo um tom etéreo à canção, é verdadeiramente o maior pilar da música. Destaque para os "Oh" no fundo, na parte final.

17




"Hey, those days are long gone
But when I hear that song
It takes me back..."
 
Sem contar com os singles, esta era a música que conhecíamos há mais tempo deste álbum. Já tinha falado dela  AQUI, quando ela a apresentou ao vivo pela primeira vez. Acho que, em vários aspetos, gosto mais dessa versão do que da de estúdio: esta última ficou um bocadinho eletrónica a mais (embora tenha vazado uma versão demo que era ainda pior). Além disso, na versão ao vivo, Avril cantou-a de uma forma mais doce, mais condizente com o espírito da canção. Também ajuda a ausência de auto-tune. À parte tudo isso, contudo, 17 é, tanto na minha opinião como na dos críticos, uma das melhores músicas deste álbum.
 
Coo se constata facilmente, Avril Lavigne é rico em músicas exaltando o espírito jovem, adolescente. 17 - que já foi apelidado de Teenage Dream de 2013 - é aquela que, na minha opinião, aborda o tema da melhor forma: contando uma história de amor juvenil, com o tom agridoce da nostalgia. Que, tal como já tinha mencionado na primeira crítica, me recorda músicas de Bryan Adams e - sendo esta uma descoberta recente - a música Kids in the Street dos All-American Rejects. Há que lembrar, também, que os dezassete anos da Avril foram uma idade marcante, já que foi nessa altura que lançou o seu primeiro álbum e toda a loucura começou. Ela referiu também, numa entrevista recente, que a parte das cervejas roubadas no parque de caravanas era algo que ela e o irmão costumavam fazer quando eram novos.  Em suma, em termos de conceito, 17 é uma das melhores do álbum, se não a melhor.
 

Hush Hush



"So many questions, but I don't ask why"
 
Chegámos, finalmente, à minha música preferida de Avril Lavigne, o álbum. Não digo que seja a mais inovadora deste álbum - conduzida pelo piano, em termos de sonoridade é um pouco mais moderna do que as outras baladas da Avril mas, em termos de letra e conceito, é como se fosse uma Goodbye mais elaborada. Mais uma break up song, provavelmente sobre o fim da relação de dois anos com Brody Jenner. Além de que, neste álbum, é apenas a última faixa da tracklist, não tem o carácter de epílogo que Goodbye tem no quarto disco da cantautora canadiana. No entanto, Hush Hush é a mais emotiva de todo o álbum Avril Lavigne, arrebatadora ao ponto de partir o coração, de dar vontade de chorar, à semelhança de várias grandes baladas da cantora. Não é a primeira vez que Avril compõe baladas deste género, provavelmente não será a última mas, que diabo, a mulher sabe fazê-las! Se forem todas tão belas, tão arrebatadoras como esta, ela que esteja à vontade!
 

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