Top 7 filmes Pokémon #1
Há dois anos, quando falei dos meus filmes de animação preferidos, referi os filmes do Pokémon. Na altura, só tinha visto os primeiros quatro ou cinco. Depois disso, descobri os torrents. Ao longo do ano que se seguiu, eu e a minha irmã fomos vendo os filmes restantes, mais ou menos por ordem cronológica, até ao décimo-sexto, em dezembro de 2013. O filme seguinte só saiu em inglês quase um ano mais tarde, em novembro último - vimo-lo nessa altura. E agora, que já os vi a todos, queria falar dos de que mais gostei.
A minha intenção inicial era, naturalmente, fazer um top 10. No entanto, são apenas dezassete filmes, de qualidade muito heterogénea. Tal como já referi antes, há filmes bons, há outros que se assemelham a episódios prolongados da série animada. Há muitos enredos repetidos, lendários desperdiçados, ideias fornecidas pelos jogos que não são aproveitadas, mas há sempre pormenoes que resultam bem - toda a gente gosta de um bom combate entre lendários, mesmo que a justificação nem sempre esteja muito clara. Tentei escolher dez filmes, mas essa lista inicial incluiria alguns filmes de que não gosto assim tanto, sobre os quais não tenho muitas coisas boas a dizer. Daí ter reduzido a lista para sete.
Como poderão deduzir, este é um texto só para fãs de Pokémon, e mesmo assim nem todos - há muitos que há muito tempo se cansaram da série animada, não sem razão. Quem à partida não gosta de Pokémon, obviamente não gostará dos filmes. Por outro lado, devo avisar que algumas das análises a estes filmes poderão conter spoilers.
Esta lista será dividida em duas entradas. Nesta, falarei dos quatro primeiros filmes. Assim, sem mais delongas, por ordem crescente de preferência, em sétimo lugar temos...
7º) Jirachi Wish Maker/Realizador de Desejos
Um dos aspetos de que nunca gostei muito na série animada (e já li opiniões concordantes) é a maneira como lidam com as relações entre os protagonistas humanos. Eu sei que o principal foco da história é a relação entre humanos e Pokémon - e essa é desenvolvida de forma excelente - mas não é normal três ou quatro miúdos viajarem juntos e as interações entre eles serem tão genéricas (embora menos no grupo original).
Nesse aspeto, May e Max são dos meus "companheiros de Ash" preferidos pois, sendo irmãos, tinham um historial comum, a interação entre ambos é mais interessante do que o costume. É sobretudo por essas pequenas interações que elevo este filme acima da media - destaque para a canção de embalar. O filme Jirachi Wish Maker (em português, Jirachi Realizador de Desejos) tem o enredo típico: vilão que quer usar o lendário para interesses próprios. O falso Groudon, no fim, é uma reciclagem da ideia do quarto filme, mas melhor executada, com uma ameaça mais real. Não sendo nada de extraordinário, Jirachi Wish Maker foi um filme que, pelo menos a mim, me deixou um sabor agradável.
6º) Diancie and the Cocoon of Destruction
Este é o filme mais recente. Antes de vê-lo, eu tinha baixas expectativas, muito porque os três filmes anteriores não haviam sido nada de especial, sendo que o décimo-sexto foi uma completa desilusão. Diancie and the Cocoon fo Destruction surpreendeu-me pela positiva O lendário principal, a princesa Diancie, revelou-se uma personagem melhor desenvolvida que o habitual, com os seus traços de princesinha mimada mas insegura. O enredo, sem ser particularmente original, é mais complexo do que o costume. Tem até um toque algo Once Upon a Time, ao exigir que Diancie acredite em si mesma para fazer uso dos seus poderes.
O filme não deixa de ter as suas incoerências, a maioria delas dizendo respeito a aspetos mal desenvolvidos. Temos um número maior de vilões tentando capturar o Lendário. Dois deles formam um casalinho engraçado que, definitivamente, merecia maior tempo de antena. Muitos esperavam uma luta épica entre Xerneas e Yveltal, mas estes só aparecem no último ato do filme e o segundo - aparentemente o vilão principal - é gritantemente mal desenvolvido. Limita-se a transformar tudo o que o rodeia em pedra, sem se perceber muito bem porquê. Em suma, um anticlímax.
Um aparte só para referir a cena em que o Pikachu é vítima do ataque (?) de Yveltal, repetindo, no inverso, a famosa cena do primeiro filme. Só dura cerca de um minuto, a cura chega antes que o filme se torne demasiado sombrio - a idea que fica é que aquilo foi adicionado à última hora, só para dar um bocadinho de drama - mas funciona. Quando é com a velha dupla Ash e Pikachu funciona sempre.
Ao pesquisar sobre este filme, dei com teorias de que este teria sofrido cortes para a emissão televisiva, que só veremos o filme na íntegra quando este sair em DVD, algures em fevereiro. Tal teoria explica, de facto, muita coisa, daí que eu esteja a dar o benefício na dúvida a Diancie and the Cocoon of Destruction. Em todo o caso, é um alívio saber que ainda podemos ter bons filmes Pokémon.
5º) Mewtwo Strikes Back/Mewtwo Contra-Ataca
Já tinha falado sobre este filme antes. Até à data, Mewtwo continua a ser um dos lendários mais populares (embora não seja dos meus preferidos) e um dos Pokémon mais intrigantes de sempre. No que toca aos filmes, é uma das melhores personagens.
O décimo-sexto filme causou controvérsia por trazer Mewtwo de volta, mas não o mesmo: outro, cujas origens foram mal explicadas, com voz feminina - um sacrilégio para muitos. Eu, porém, estaria disposta a aceitar este Mewtwo fêmea (?) se expplicassem melhor como fora criado e, sobretudo, se o décimo-sexto filme não tivesse sido um dos mais fraco em termos de enredo.
4º) Spell Of the Unown/O Feitiço do Unown
A premissa do terceiro filme da série é algo sinistra. Centra-se em Molly, uma menina que é separada dos pais - a mãe encontra-se desaparecida e o pai é raptado (não se percebe bem porquê) pelos Unown que investigava. São os próprios Unown que, depois, invadem a casa de Molly e dão forma às suas fantasias sombrias. Desesperada por figuras parentais (mais do que pelos pais propriamente ditos). Os Unown oferecem-lhe uma figura paterna através de uma ilusão com a forma de Entei. Quando Molly sente falta de uma mãe, é o próprio falso Entei quem se encarrega de lhe arranar uma: nada mais nada menos que a mãe... de Ash. É assim que ele e os amigos se envolvem no caso.
Um dos poucos defeitos, mas significativos, deste filme é desperdiçar um dos meus lendários preferidos, membro do trio de bestas de Johto. A ideia que fica é que, neste filme, poderiam ter usado qualquer lendário para o papel de "pai" de Molly, que o efeito seria quase o mesmo - ainda que nem todos estejam ligados da mesma maneira à mitologia dos Unown.
Esta falha, no entanto, não ensombra os muitos pontos fortes do filme, que é provavelmente o mais complexo em termos de emoção de todo o franchise. Apesar do mundo sinistro que Molly cria (ou é criado através dela), não conseguimos deixar de sentir compaixão pela menina inocente, que apenas quer um pai e uma mãe. O falso Entei, apesar de considerado o vilão do filme, apenas cumpre aquela que pensa ser a vontade de Molly. Por outro lado, esta é uma das poucas ocasiões em que Ash se envolve na história por motivos pessoais, não apenas por mero acaso e/ou para salvar o Mundo/fazer o correto. Motivações pessoais dão sempre maior credibilidade a uma história.
Mas não é só de emoções que é feito este filme. Charizard - provavelmente, o mais popular de todos os Pokémon da equipa de Ash - aparece (um pouco vindo do nada, diga-se) para salvar o dia e temos direito a uma série de sequências espetaculares de combate entre ele e o falso Entei.
Não sendo o meu filme preferido, pensando de modo estritamente racional, Spell of the Unown é um dos filmes mais consistentes do franchise, feito numa altura em que os guionistas, aparentemente, não tinham medo de fugir um pouco ao que se considera adequado para crianças. Como tal, infelizmente, é pouco provável voltarmos a ter um filme Pokémon assim. O que é uma pena.
Segunda parte em breve.