Os videoclipes são uma faceta muito importante da música, sobretudo nos últimos anos, com o advento do YouTube e das redes sociais. Muitos de nós, contudo, cresceram vendo videoclipes na televisão, eu incluída. Quando era mais pequena, via-os no Top +, ao sábado à tarde. Em adolescente, descobri vários canais de música. E mesmo com a Internet e as redes sociais, ainda hoje gosto de fazer zapping pela Vh1 e os canais franceses MCM. Foi assim que conheci várias músicas que hoje oiço regularmente.
Como se poderá deduzir a partir do meu blogue, tenho vários artistas e bandas entre os meus preferidos. No entanto, não conheço nenhum dos videoclipes da maneira que conheço os de Avril Lavigne. Por vários motivos, um dos quais por, durante alguns anos, ter ganho o hábito de fazer montagens com esses vídeos. Váriias delas já apresentei aqui no blogue. Assim, na eminência de um novo vídeo e com a proximidade do fim de mais um ciclo de álbum, quis apresentar uma lista com os meus dez videoclipes preferidos da cantautora canadiana.
Antes de apresentar essa lista, quero fazer algumas menções honrosas, vídeos que não entraram no top 10, mas que estão num patamar acima dos outros: o vídeo para Goodbye e o de Mobile, de que já falei anteriormente; o vídeo para What the Hell, que vale pela comédia. Existe um, contudo, de que queria falar com mais detalhe.
Menção Honrosa: Girlfriend Remix
Não sou grande fã do remix de Girlfriend com a participação de Lil' Mama (na altura em que este foi lançado, as palavras Avril e remix não pareciam compatíveis) mas - isto pode ser surpreendente - gosto muito deste videoclipe. O conceito é simples: o vídeo combina cenários hip-hop com cenários mais pop rock, refletindo bem o carácter híbrido do remix. Acaba por ser uma espécie de Sk8er Boi quase só com meninas. Girlfriend Remix acerta onde Hello Kitty falha, pois as dançarinas não são um conjunto de mulheres iguais, sem expressão, e sim um grupo de amigas divertindo-se - mesmo que Avril e Lil' Mama se destaquem claramente. E isto chega para criar um vídeo que, sem ser nada de extraordinário, é engraçado.
Passemos à lista propriamente dita. Já falei de alguns dos vídeos em entradas anteriores. Nesses casos, deixo o link para o respetivo texto.
When You're Gone foi a primeira canção de amor propriamente dita (a menos que consideremos I'm With You uma canção de amor) a ser lançada como single. Este vídeo surpreendeu na altura em qua foi lançado, sobretudo pelo contraste gritante com o vídeo de Girlfriend. Falando a canção de saudade, o vídeo conta três histórias diferentes de casais separados contra vontade. Eu chorei que nem uma Madalena quando o vi pela primeira vez, sobretudo com a história do velhote viúvo.
De uma maneira geral, a Avril acerta sempre que faz vídeos para baladas. O próximo vídeo na lista é outro bom exemplo...
Conforme já tinha explicado anteriormente, Smile é uma das minhas músicas preferidas de Goodbye Lullaby. Um dos motivos é por Smile combinar uma sonoridade alegre e contagiante com letra que, não sendo particularmente profunda, é indentificável - algo que não acontece em muitos dos temas mais pop de Avril.
O videoclipe para este single joga bem com essa dualidade. De um lado, temos cenas mais roqueiras, num estúdio decorado pela própria Avril, com o verde-lima como cor dominante. De outro lado, temos cenas mais sentimentais, a preto e branco.
Um dos pontos fortes deste vídeo é a sua edição. Smile tem batida e acordes muito fortes e as cenas "roqueiras" exploram-nos bem. O mérito pertence ao realizador Shane Drake, que tornaria a fazer um bom trabalho mais tarde, com Monster dos Paramore (outro que se entre os meus favoritos).
Nas cenas a preto e branco, Avril representa uma espécie de anjo invisível, que elimina as fontes de sofrimento, simbolizadas por cacos de vidro colorido, que formam um coração. Este conceito pode parecer algo simplista, mesmo infantil. No entanto, visto que, ao longo dos anos, a música da Avril tem-me servido de antidepressivo (à semelhança do que acontece com muitos fãs), gosto do simbolismo destas cenas.
Em suma, Smile é um vídeo perfeito para a música que divulga. Ou seja, cumpre o seu papel. Não se pode exigir mais do que isso.
Este vídeo é outro grande clássico da carreira de Avril Lavigne, mostrando a Avril de Let Go por quem tantos se apaixonaram. Realizado por Francis Lawrence - que dez anos mais tarde seria realizador de Catching Fire e Mockinjay - mostra Avril e a banda literalmente parando o trânsito com uma atuação no tejadilho de um carro. Gosto dos tons azul-esverdeados das imagens e da forma como as várias personagens do vídeo vão espalhando o logótipo de Let Go por todo o lado, em jeito de passa-a-palavra.
4º) Don't Tell Me
Don't Tell Me foi o primeiro single de Under My Skin. É um hino de poder feminino, ensinando às jovens fãs a terem respeito por si mesmas e a não se rebaixarem perante os companheiros. O vídeo adequa-se, ao mostrar o suposto namorado de Avril deixando-a, mas continuando a ser assombrado por ela.
Este vídeo encontra-se nesta posição sobretudo por fatores nostálgicos. Foi um dos primeiros videoclipes que conheci da Avril, em 2004. Lembro-me de vê-lo várias vezes na MTV, em casa da minha avó (que morreu na semana passada), na altura em que saiu Under My Skin e eu ainda não tinha TV Cabo. Esta foi a "primeira" Avril que conheci: maria-rapaz, armando-se em rebelde, durona. O tipo de pessoa que eu queria ser quando tinha catorze, quinze anos. Ainda hoje a invejo - tenho ocasiões em que me dava jeito um quarto para destruir... sem que eu tivesse de arrumar.
3º) Alice
Quando começaram a trabalhar no videoclipe para Alice, tema principal da banda sonora da versão de Tim Burton de Alice no País das Maravilhas, nem Avril nem o realizador, Dave Meyers, quiseram enveredar pelo típico vídeo das bandas sonoras, com os artistas apenas cantando o tema em questão, intercalados com imagens das respetivas películas (como acontecerá com Give You What You Like. Mas sobre isso no fim). Ambos quiseram fazer a sua própria versão de Alice no País das Maravilhas. Avril desenhou o vestido e teve a ideia de aparecer tocando piano e correndo pela floresta. Meyers teve a ideia de filmá-la na toca do coelho. O vídeo também inclui o lanche com o Chapeleiro Louco.
O resultado final ficou bem conseguido, na minha opinião. O vídeo reflete bem o carácter simultaneamente épico e gótico da música e está muito bem editado. As cenas de corrida são um bocadinho cliché nos vídeos da Avril, mas eu gosto, são emotivas, resultam sempre. O próprio tema florestal serviu de indício para o tema da capa e fotografias promocionais de Goodbye Lullaby, que seria editado cerca de um ano mais tarde.
2º) My Happy Ending
O videoclipe de My Happy Ending, o segundo single de Under My Skin, foi outro dos primeiros que conheci. Está muito bem feito. Temos as cenas na sala de cinema, ou teatro, com o tom avermelhado e o visual da Avril, com a sala de tutu - faz recordar a capa e o estilo do segundo álbum. Mais uma vez, as cenas de corrida são as minhas preferidas. A história do romance que acaba mal é representada de uma maneira simples, mas eficaz. De uma maneira geral, acertaram na edição, na transição de uma cena para a outra. É o videoclipe que mais tenho usado em montagens de vídeos, por ter cenas que se adequam a baladas, quer de amor quer de separação, e cenas mais roqueiras - com destaque para a atuação nos últimos refrões.
1º) Complicated
Complicated foi o primeiro videoclipe de sempre da Avril e é o primeiro no meu Top 10. De caras. Foi com este videoclipe que muitos se apaixonaram pela cantautora. Avril aparece, neste vídeo, criando confusão num centro comercial, juntamente com os rapazes da sua banda, e tocando num parque de skate. Quando somos novos, admiramos e invejamos a lata dela. Quando somos mais velhos, achamo-la adorável e reparamos que ela andava claramente a divertir-se à grande filmando este vídeo. Ainda hoje me rio quando ela assunta a senhora no pronto-a-vestir. Na altura, a editora investiu um milhão de dólares neste vídeo - Complicated vale cada cêntimo.
Neste momento, nós, os fãs da Avril, estamos à espera do videoclipe para Give You What You Like. A faixa fará parte da banda sonora de Baby Sitters Little Black Book, um filme televisivo, com estreia marcada para dia 21 deste mês. Baseado em acontecimentos reais, conta a história de um grupo de adolescentes que, perante os problemas financeiros dos pais, criam um serviço de amas/explicadoras para crianças. No entanto, por muito boas que fossem as suas intenções iniciais, o serviço de amas acaba por se transformar num serviço de acompanhantes para os pais das crianças. O trailer para o videoclipe saiu durante a última madrugada e, como se pode deduzir, alternará cenas do filme com imagens da Avril cantando a música, acompanhada na guitarra pelo marido, Chad Kroeger.
Eu não estava à espera disto. Quando se falava de um vídeo para GYWYL, eu esperava algo nos moldes de Goodbye: um trabalho só para fãs, sem particular intenção promocional, mesmo uma sequela ao vídeo que encerrou o ciclo de Goodbye Lullaby. Ao que parece, Give You What You Like será mesmo lançado como single, numa altura em que eu havia assumido que os trabalhos relacionados com o quinto álbum haviam terminado há muito.
Mas não me queixo, bem pelo contrário. Ao longo das últimas semanas, alguns fãs têm andado a espalhar a ideia falsa de que GYWYL faria parte da banda sonora do filme As 50 Sombras de Grey. Eu até comentara no Twitter que, de uma maneira muito típica, a comunidade de fãs fazia mais pela divulgação de Give You What You Like que a editora discográfica e a própria Avril. Agora, no entanto, não posso censurá-los. Um telefilme num canal pago americano não se compara a um blockbuster como As 50 Sombras de Grey, mas já é qualquer coisa, mais do que aquilo com que contava. A letra de GYWYL parece, até, mais compatível com este telefilme do que com a película baseada na obra de E. L. James - embora se possa discordar.
Não sei se o vídeo alterará este Top 10, mas tenho as minhas dúvidas. Mais porque, ao intercalar com cenas do filme, teremos menos Avril que noutros vídeos. Conforme disse acima, isso não aconteceu com Alice - no entanto, também compreendo que o filme de Tim Burton tinha um universo bem mais rico para criar videoclipes do que um mero telefilme baseado em acontecimentos reais. De qualquer forma, espero que o vídeo passe nos canais de música e que a canção passe na rádio - incluindo a porrtuguesa, por favor!
2015 ainda agora começou e já arrumou a um canto o fraco 2014 para os fãs de Avril Lavigne. Com Give You What You Like e Fly, os próximos tempos serão deveras excitantes - como fã da cantautora canadiana, já tinha saudades de me sentir assim. Já sabem, assim que Fly sair (ainda deverá demorar uns meses) falarei dela aqui no blogue. Continuem desse lado.
Mais um ano que se aproxima do término. À semelhança do que fiz no fim de 2012, falarei aqui no blogue das músicas, álbuns e artistas musicais que mais marcaram 2013.
Em 2012 os Linkin Park foram a banda mais marcante, para mim. Pouco mais houve de relevante no mundo da música, pela parte que me toca. 2013 foi diferente Aliás, considero mesmo que o melhor dest ano foi o facto de ter havido imensa música nova por parte dos meus artistas preferidos. Poucas coisas se comparam à primeira audição de um novo single ou de um novo álbum, prestando atenção às melodias, aos diversos instrumentos, às letras, aos vários momentos e nuances. Ouvir as novas faixas em loop e, mesmo assim, estas demorarem algum tempo a entranhar-se na minha memória. E, claro, escrever sobre elas aqui no blogue. O Natal foi na semana passada mas, acreditem, o dia do lançamento de um single ou de um álbum é capaz de suplantá-lo na maior das calmas.
Quero começar por falar de Avril Lavigne, o álbum por que esperava com maior ansiedade. Isto é, pelo menos por altura do início do ano. A verdade é que os constantes adiamentos e a fraca promoção do álbum e respetivos singles arrefeceram um pouco o entusiasmo. Mesmo assim, o meu coração não deixou de acelerar quando descobri que o álbum já estava disponível para audição.
Se leram a minha crítica (AQUI), saberão que este me desiludiu um bocadinho. Não que não goste dele - é a Avril Lavigne! É-me impossível não gostar daquilo que ela faz! Gosto muito, aliás. Por muitos defeitos que possam ter, as músicas da Avril sempre me deram vontade de cantar - tenho muitas canções de que gosto muito mas que não canto, servem apenas para ouvir. Não sei ao certo o que é, isso que me dá vontade de cantar, mas está presente em praticamente todas as músicas dela, desde baladas às mais agitadas. Ela nunca teve dificuldades em criar melodias cativantes, de resto.
Isso passa-se muito no álbum homónimo. Que tem vivido no auto-rádio. É, aliás, o CD ideal para se ouvir no carro, em volumes elevados, e cantar em altos berros - é uma sensação do catano.
Há músicas que se têm destacado. Falo, por exemplo, de Bitchin' Summer, uma das melhores deste álbum em termos de instrumental e uma das melhores da Avril de entre as mais pop. Destaco o rap, que é divertido de cantar. Ando com esperança de que se torne um dos últimos singles deste álbum, por altura do verão do próximo ano, evidentemente.
Give you What You Like é outra das que mais tenho ouvido deste álbum, talvez por diferir tanto do registo habitual da Avril, assemelhando-se apenas ao cover que ela gravou de How You Remind Me - com quem partilha influências jazz, vocais suaves, sem estridências, e um tom amadurecido, sensual. Iria gostar imenso se ela gravasse um álbum inteiro neste estilo. Também não me importava se Give You What You Like se tornasse single.
Outra que se tem tornado cada vez mais irresistível é Bad Girl. Há uns anos atrás, a letra deixar-me-ia traumatizada; mesmo hoje, não tem absolutamente nada a ver comigo mas, que diabo, é contagiante para catano! A minha irmã gosta imenso dela - e acreditem, traumatizante é ouvir a nossa irmãzinha inocente, que ainda no outro dia tinha cinco anos, a cantar "Hey hey, I'll let you walk all over me, me". De resto, Avril referiu numa entrevista recente que podia gravar um álbum assim. Antes, gostava de vê-la apresentando a música em palco, com Marilyn Manson.
Também tem sabido bem ouvir Let Me Go na rádio portuguesa. É muito raro isso acontecer, ouvir músicas da Avril na rádio por cá, mas Let Me Go tem tocado tanto na RFM como na Comercial, tendo mesmo tido a proeza de atingir os lugares cimeiros no TNT. Em nome da equipa do Avril Portugal, não têm de quê.
Em suma, Avril Lavigne é, essencialmente, um álbum feel good - e nada mais. Por escolha própria já que a mesma referiu, recentemente, que deixou de fora as músicas mais profundas a favor das mais pop. Contudo, conforme já afirmei aqui no blogue, de uma forma ou de outra, preciso de música com conteúdo, com mais história do que as mesmas de sempre. Daí que, de certa forma, tenha gostado mais do EP dos Simple Plan, lançado no início deste mês. A cantautora garante que ainda planeia lançar essas músicas excluídas mas duvido que o faça. Outra das coisas a que os fãs da Avril já estão habituados é às músicas que nunca são lançadas. Muitas vezes até conhecemos um excerto, um instrumental, uma curta referência em entrevistas, pequenas coisas que aguçam a nossa curiosidade mas que nunca dão em nada. Costumo comparar tudo isto à situação de alcoólicos em recuperação a quem atiram gotas de vinho do Porto - bebêmo-las rapidamente e ficamos a penar pela garrafa inteira.
Por outro lado, conforme já tinha afirmado na minha crítica a Avril Lavigne, o problema até pode ser meu. Para além da fasquia elevada, são já muitos anos seguindo a cantautora canadiana. É natural que as coisas comecem a parecer repetitivas. Agora compreendo aqueles fãs que vão "desistindo" da Avril, ou porque já não se identificam com o estilo dela, ou por se, pura e simplesmente, se cansam.
Ora, em entrevistas mais ou menos recentes, a cantautora canadiana tem andado a brincar com a ideia de um álbum de Natal, a ser editado no próximo ano. Essa ideia agrada-me por diversos motivos. Para começar, foi assim que ela começou a cantar em público, tinha ela sete anos: canções de Natal na igreja. Temos, além disso, uma bela amostra com a interpretação da clássica Oh Holy Night, em 2003. Por fim, seria uma mudança bastante bem-vinda, que poderia conquistar-lhe novos fãs, em particular se incluísse colaborações com outros artistas. A inovação que, tirando um ou outro caso, faltou ao quinto álbum.
É claro que a coisa teria de ser bem feita. As músicas teriam de ser, se não originais - no que toca ao Natal, é difícil fugir dos clichés - pelo menos inéditas. Não quero um álbum inteiro de re-interpretações de clássicos de Natal. Devia, também, ser tão variado quanto um típico álbum de Avril Lavigne: incluir baladas e músixas mais alegres. Acredito que a Avril seria capaz de levar a cabo tal projeto, até porque ela gosta bastante do espírito natalício - muito mais do que eu, diga-se.
Ainda que este último álbum tenha ficado aquém das minhas expectativas, não vou desistir assim tão facilmente de Avril Lavigne. Posso já não seguir febrilmente tudo o que ela faz, como o fazia há uns anos, mas não deixarei de estar lá quando ela lançar música nova. Só espero que o seu próximo material tenha mais substância do que este álbum teve - eu sei que ela consegue fazer melhor.
Depois de termos analisado as faixas de Avril Lavigne AQUI, AQUI e AQUI, passemos às alegações finais.
Conclusões:
Este é o quinto álbum, homónimo, de Avril Lavigne. Quando anunciaram o título deste disco fiquei de pé atrás. No entanto, depois de ouvi-lo, a verdade é que não consigo pensar num título mais adequado. Com faixas que recordam outras mais antigas, outros álbuns, outras fases da carreira da cantora, Avril Lavigne assemelha-se a um Greatest Hits com três ou quatro faixas novas.
Este foi o aspeto que mais me desiludiu neste álbum: a falta de originalidade, de inovação, de músicas com que me identificasse. Os temas abordados são recorrentes na discografia dela, com destaque para as chamadas break up songs - já é o quinto álbum e nem sequer existe a atenuante de Goodbye Lullaby, em que ela vinha de um divórcio e estas músicas foram apresentadas sob uma perspetiva diferente. As músicas de verão, de festa, da celebração do espírito jovem, adolescente, não são tão ostensivamente recorrentes mas também não trazem novidade. Se em Goodbye Lullaby houve uma tentativa - não completamente bem sucedida - de crescer com a sua audiência, em Avril Lavigne ela refere claramente que não quer crescer. OK, é um espírito muito bonito e tal, mas vejam: ela está perto da casa dos trinta. Tinha dezassete anos quando se estreou na música, aproximadamente a mesma idade que os seus fãs tinham, fãs esses que, agora, podem já ter filhos. É fácil ser-se eternamente jovem quando se pode fazer aquilo de que se mais gosta. Quem, no entanto, tem um emprego das nove às cinco, ou mais longo, filhos para criar, contas para pagar, não se pode dar ao luxo de não crescer.
Não estou ainda nessa fase mas, tal como penso ter referido anteriormente, não me identifico particularmente com esse espírito. Nunca fui grande fã de música de festa e continuam a existir demasiadas faixas desse género hoje em dia. Além disso, como escritora que colhe inspiração em música, este álbum não dá grande material. As faixas têm pouca história por detrás - ou melhor, até têm mas são as mesmas de sempre. Já não existem músicas como Mobile, Nobody's Fool, Take Me Away, Slipped Away, Runaway, Keep Holding On, Darlin', Everybody Hurts, mais voltadas para o quotidiano com que muitas pessoas se identificam de uma maneira ou de outra. Mais de fora do habitual espectro de amor/desgosto e borga que, hoje em dia, estão demasiado vulgarizados no mundo da música.
É claro que basta olhar para vídeos de bastidores dela, em diferentes fases da carreira dela, para perceber que esse espírito faz mesmo parte na sua personalidade: ela é no geral uma pessoa alegre, descontraída, que não se leva demasiado a sério, que por vezes parece ter a mentalidade de uma miúda de cinco anos. Não é de admirar que se sinta mais à vontade em temas mais ligeiros, que não faça nada mais profundo que uma break up song. E, para o bem e para o mal, a Avril sempre foi genuína, despretensiosa, fazendo aquilo que bem entende, independentemente do comercial, das tendências ou do que era esperado dela.
Esta é apenas a minha opinião. Sei que existem fãs que não são como eu, que não gostam que os seus artistas evoluam. Nesse aspeto, a diversidade em Avril Lavigne tem a vantagem de possuir faixas que agradam a vários tipos de fãs. E se passarmos à frente dessa questão da falta de originalidade, de amadurecimento significativo, as músicas são boas. As letras, apesar de ainda simples, estão mais elaboradas, mais consistentes em relação aos álbuns anteriores. E mesmo tendo em conta todos os pontos fracos listados ao longo desta crítica, todas as faixas, mesmo Hello Kitty, têm coisas de que gosto, dão me vontade de cantar, dançar, como só as músicas da Avril são capazes de fazer.
E não fui a única, de resto. Este álbum anda, aliás, a receber críticas positivas, ao ponto de o classificarem como um dos melhores álbuns pop do ano. Superior aos trabalhos de Katy Perry e Miley Cyrus - e eu não estava de todo à espera disso.
No que a mim me diz respeito, este álbum estará sempre associado a Vila Viçosa, onde passava o fim de semana quando o ouvi pela primeira vez.
Fez há pouco tempo dez anos desde que ouvi uma música da Avril pela primeira vez (I'm With You). Desde essa altura tem sido ótimo acompanhar o lançamento de cada single, cada vídeo, cada álbum Este álbum é mais um capítulo dessa história. Um capítulo que serve mais para recordar o caminho percorrido até ao momento. Agora que o CD já foi editado, anseio pelos próximos singles, pelos pormenores da digressão e, mais à frente, saber como será o sexto álbum. Cinco já estão lançados. Agora, na linha de Here's to Never Growing Up, a mais quinze álbuns de Avril Lavigne.
Continuamos a analisar o mais recente álbum de Avril Lavigne. Podem ler a primeira parte da crítica AQUI.
You Ain't Seen Nothing Yet
"Can't wait to see your superpowers"
Em Avril Lavigne, várias músicas têm um toque eletrónico, numas mais evidentes que noutras mas, em You Ain't Seen Nothing Yet, composta a solo por Avril, esta abraça o tradicional pop rock. Daqueles que faz pensar na música e nos filmes de Hillary Duff e Lindsay Lohan para a Disney, trazendo também ecos de Contagious e Runaway. A letra é engraçada, descrevendo o entusiasmo típico de um início de relação. Condiz com o tom adolescente do som, algo que soa estranho numa cantora de vinte e nove anos... mas eu gosto.
Let Me Go
"And two goodbyes led to this new life"
Este é o single mais recente do álbum. Sem que eu perceba bem porquê tem surgido nalgumas críticas coo a faixa mais fraca deste disco - não me admirava se tal fosse derivado do ódio de estimação que muitos devotam aos Nickelback.
Só tivemos de esperar uma semana após o lançamento do single para conhecermos o videoclipe de Let Me Go. O conceito recordou-me Memories, dos Within Temptation - o cenário clássico, de casa assombrada, a paleta de cores azuladas e sóbrias, tudo isso combina com o próprio conceito da canção, o seu tom gótico e misterioso. Inicialmente, as câmaras rápidas e algo tremidas faziam-me confusão mas agora vejo que combinam com as emoções conflituosas da faixa. O vídeo tem o ponto forte de suscitar interpretações variadas, sendo a mais correinte a de que Avril aqui é um fantasma, assombrando a casa onde vivera com Chad enquanto jovem. Este, envelhecido, assombrado pelas recordações, regressa à casa para reviver o tempo que passou com a amada. Na minha opinião, o objetivo do breve regresso ao passado é encerrar definitivamente esse capítulo dessa vida de modo a poder seguir em frente. Em todo o caso, o videoclipe fica na memória, não apenas pela emoção do conceito mas também pela extrema beleza da cantora neste vídeo.
Hello Heartache
"It's not the first time
But this one really hurts"
Pouco antes de as músicas de Avril Lavigne ficarem disponíveis para audição, correu o rumor de que Complete Me - um dos três instrumentais de supostas canções da Avril que apareceram na Internet durante o verão de 2011 - era, na verdade, o instrumental de Hello Heartache. Tal rumor confirmou-se parcialmente: o instrumental da Hello Heartache que aparece em Avril Lavigne é diferente mas, depois de um fã ter juntado essa versão com o instrumental conhecido com Complete Me dá para perceber que, na sua maior parte, a melodia é compatível com o instrumental que conhecemos há dois anos.
Podemos, então, deduzir com alguma certeza que Hello Heartache foi, inicialmente, composta para Goodbye Lullaby, mas ficou de fora da tracklist final, tendo sido remodelada aquando da composição de Avril Lavigne. E, de facto a letra de Hello Heartache recorda as break up songs de Goodbye Lullaby - sendo, provavelmente, também sobre o fim do primeiro casamento da cantora - enquanto que a sonoridade se assemelha a uma Here's to Never Growing Up mais melancólica. Penso que a remodelação foi uma boa ideia pois, apesar de gostar muito do instrumental Complete Me, este parece-se demasiado com músicas como My Happy Ending. Além de que este resultado final tem sido muito elogiado pelas críticas. E eu concordo.
No entanto, gostava de um dia ouvir a versão Complete Me desta música.
Bitchin' Summer
"Whiskey's got us singing like a choir"
Avril Lavigne é um álbum rico em músicas de verão, de festa, e Bitchin' Summer é a melhor delas todas. Não pela letra - que repete o espírito de Here's to Never Growing Up, reforçando mesmo o carácter adolescente - mas pela qualidade musical. Bitchin' Summer não comete o erro que a larga maioria das músicas mais pop da discografia da Avril comete ao se tornarem demasiado estridentes, demasiado agressivas. Ao apostar na guitarra acústica e na melodia suave, Bitchin' Summer torna-se uma música bem agradável ao ouvido, possuindo ainda um ritmo dançante do que faixas como Sippin' On Sunshine e Here's to Never Growing Up. Destaque, ainda, para o rap - mais uma vez, melhor conseguido que o de músicas como Girlfriend e The Best Damn Thing.
Bitchin' Summer podia perfeitamente ter sido um dos singles, no lugar de Here's t Never Growing Up ou Rock N Roll. É também aqui que se notam as consequências dos sucessivos adiamentos - estamos a ouvir uma música de início de férias de verão pela primeira vez em novembro! É apenas um exemplo de como este álbum é demasiado bom para a equipa de marketing por detrás dele...
Já se calculava que Let Me Go, o dueto de Avril Lavigne e Chad Kroeger - vocalista dos Nickelback e, agora, marido da cantora - seriam o terceiro single do seu álbum homónimo. Também se sabia que era possível que este single fosse lançado mais ou menos nesta altura, ainda antes do CD. No entanto, fomos todos apanhados de surpresa quando, quase sem aviso, Let Me Go foi lançada como single na passada segunda-feira.
"And two goodbyes led to this new life"
Composta por Avril, Chad e David Hodges dos Evanescence, Let Me Go é uma balada, conduzida pelo piano, acompanhada por violinos, sempre muito evidentes, bateria e, em certos momentos, uma batida muito discreta, só distinguível com headphones, que me faz lembrar uma pulsação. O tom melancólico, algo gótico, faz lembrar o álbum Under My Skin, músicas como Together. No entanto, as comparações mais gritantes são mesmo baladas dos Nickelback: músicas como Hero e Savin' Me. Let Me Go acaba, até, por ter algumas semelhanças com o cover que a Avril gravou de How You Remind Me. Não que isto constitua surpresa. Conforme já afirmei aqui, era expectável. E, tal como calculei, este lado dos Nickelback é compatível com o estilo da Avril.
A participação de Chad nos vocais e a sua provável influência na composição dão a Let Me Go aquilo que falta a Here's to Never Growing Up e Rock N Roll: o fator novidade. As vozes de Avril e Chad soam bem juntas - no entanto, fiquei um bocadinho desapontada com o facto de o Chad apenas cantar os vocais de apoio (ou backvocals) no refrão. Acho que haveria maior impacto caso ambos tivessem cantado os vocais principais em coro, se a voz do Chad tivesse tido maior destaque, em particular nos "Oh..." após os refrões. O "it's too late" do final da segunda estância ficou demasiado prolongado, devia ter sido cantado da mesma maneira como o primeiro foi. Por outro lado, a Avril fez coisas diferentes com a sua voz. Temos como exemplo os "Don't let me go, don't let me go" no final do último refrão e o arrepiante "Love's never too late" - esse, sim, merecia ser esticado ou, pelo menos, ter sido seguido de um "Oh" que se prolongasse pelo refrão. A parte final da música, o "outro" instrumental, está talvez um pouco longo de mais, mas confere uma aura de mistério à música e os vocais desvanecidos combina com a imagem dos ecos, na letra.
Esta foi a primeira canção em que a Avril e o Chad colaboraram - tanto vocalmente como em termos de composição. Segundo os mesmos, inicialmente Let Me Go era apenas sobre uma separação. Só que, entretanto, apaixonaram-se, ficaram noivos, não faria muito sentido lançarem um feat sobre o término de um relacionamento. Logo, alteraram a música de modo a incluir uma reconciliação. Acabou por ser uma boa ideia, na minha opinião, pois músicas de rompimento são o que não falta na discografia da Avril. A história de Let Me Go fica, assim, mais interessante. Há quem diga que cada um dos cantores fala de relações passadas e depois, na parte final, falam da relação um com o outro. É uma interpretação possível. Eu, no entanto, prefiro interpretar a música como a história de um relacionamento que precisava de uma rotura temporária, para que cada uma das partes resolvesse os seus problemas de modo a poderem começar de novo. De qualquer forma, à parte a história, em termos de qualidade de letra, não se pode falar de uma evolução significativa - o conceito das recordações de que é necessário abdicar já é recorrente, com destaque para a música My Happy Ending.
Estou particularmente curiosa em relação ao videoclipe de Let Me Go. Ando a torcer para que não façam um vídeo estilo Nickelback - geralmente os vídeos deles são protagonizados por atores contratados, a banda limita-se a aparecer interpretando a música. Se fizerem isso com Let Me Go, os fãs atiram-se ao ar, eu incluída. Estamos todos à espera de momentos Chavril. Eu, aliás, imagino um vídeo num cenário semelhante àquele onde se casaram e onde fizeram uma sessão fotográfica para a revista italiana Glamour.
Não fiquei desiludida com este primeiro feat original da Avril mas não posso dizer que este me tenha arrebatado, como aconteceu noutros lançamentos de músicas, quer da Avril quer de outros. Let Me Go é um single mais interessante, mais inovador do que os que o precederam e já ando a cantá-lo por aí mas não faz mais do que isso. Quero ver se o álbum Avril Lavigne terá músicas ainda melhores, por que me apaixone a sério. Posso também estar a ficar demasiado exigente... Em todo o caso, Let Me Go ajuda-nos a ligar com a síndrome de privação de músicas novas, consequente destes adiamentos todos do quinto disco da cantora. Faltam, agora, vinte e seis dias do lançamento oficial e já conhecemos as quatro músicas - venham as restantes!