Interrompemos uma série de textos sobre Pokémon para responder a uma tag sobre... Pokémon. Bem, na verdade é sobre livros, mas foi inspirada pelo Pokémon Go. Depois de tomar contacto com ela no blogue da Magda, não podia deixá-la passar sem respondê-la.
Como o costume, quem quiser também pegar na tag está à vontade. Depois deixe o link com as respostas nos comentários. Assim, sem mais delongas...
Starters: O livro que te fez apaixonar pela leitura
Não me lembro de um livro isolado que me tenha passado o bichinho da leitura. Sempre cresci rodeada de livros. Os primeiros que li sem ajuda eram infantis, baseados na Rua Sésamo ou em filmes da Disney. Mais tarde, comecei a ler compilações de contos de fadas. A minha preferida era esta, que incluí não apenas as Brancas de Neve desta vida (ainda que as versões sejam mais parecidas com as versões originais), mas também histórias tradicionais de diversos países do mundo, não apenas da Europa mas também de todos os outros continentes (como por exemplo, esta, de Cabo Verde), todas com notas para as tradições e mitologias dos países em questão que inspiraram as histórias.. Lia-as várias vezes, tanto esta compilação como outras, e ainda hoje me lembro de uma parte significativa dessas histórias (eu teria adorado ter um livro como o do Henry, em Once Upon a Time).
A certa altura, começaram a oferecer-me livros dos Cinco, d'Uma Aventura e, na escola, recomendaram-me livros da coleção Viagens no Tempo (das mesmas autoras d'Uma Aventura, que se centram em viagens ao passado, a momentos marcantes da História. Aprendi imenso com eles). Ainda hoje tenho um fraquinho por alguns dos "tropes" dos livros de aventuras para miúdos: tesouros escondidos com respetivo mapa e/ou enigmas, passagens secretas, quadrilhas vencidas por crianças ou pré-adolescentes, entre muitos outros. Pouco após, comecei a ler livros do Harry Potter e nunca mais parei.
Pikachu: Um clássico que irás sempre gostar
Já referi várias vezes As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley neste blogue - um livro que, quando foi editado cá em Portugal, foi dividido em quatro: A Senhora da Magia, A Rainha Suprema, O Rei Veado e O Prisioneiro da Árvore. Estes livros são clássico da fantasia, ricos em magia, intriga e sensualidade, que questionam várias ideias pré-concebidas que possamos ter. Antes de mais nada, o livro narra os mitos arturianos do ponto de vista das personagens femininas - o que, já de si, é raro. A protagonista é aquela que é conhecida por Morgan Le Fay ou Morgana, embora eu goste muito mais do nome usado nestes livros, Morgaine, que é tratada como vilã em quase todas as outras versões destas lendas. Adicionalmente, a narrativa aborda temas controversos, como o fanatismo religioso, incesto, homossexualidade, mesmo a própria sexualidade em geral, fazendo-nos questionar as nossas próprias convicções. O elenco inclui inúmeras personagens inesquecíveis, bem construídas, com qualidades e defeitos, sobretudo as femininas mas não só. Estes livros não são perfeitos, mas continuo a lê-los inúmeras vezes, são definitivamente clássicos.
Zubat: Um livro que perdeste o interesse porque está, literalmente, em todo o lado
É uma grande mania minha: às vezes, quanto mais popular alguma coisa é, e/ou mais me é recomendada, menos vontade tenho de experimentá-lo. A minha avó aderiu ao Facebook antes de mim - e eu só aderi a pedido da minha irmã, que queria usar a minha conta para começar de novo no Farmville. Ainda hoje usaria um Nokia de cinquenta euros, com leitor de mp3, se não me tivessem oferecido um smartphone (e daí talvez não, que eu quereria muito jogar Pokémon Go). Conforme já dei a entender antes, teimei como uma mula em ler o Harry Potter até o meu pai me ler o primeiro capítulo em voz alta e só li os livros d'O Ciclo da Herança (que o meu irmão lia há anos) quando Avril Lavigne compôs uma canção para o filme. Tenho uns traços de adolescente rebelde/hipster. Não gosto muito de ir em modas só porque sim - mas tenho um gozo especial em, precisamente, descobrir coisas antes de se tornarem "fixes" para o público em geral. Como o livro A Verdade sobre o Caso Harry Quebert, que li um ano antes de se tornar moda aqui no Sapo Blogs. E, claro, o Pokémon Go, por que eu ansiava há quase um ano e que devolveu a popularidade a uma franquia que eu nunca deixei de adorar.
Tenho assim várias respostas possíveis para esta pergunta. Vou optar pel'As Crónicas do Gelo e do Fogo, os livros que inspiraram a série Game of Thrones/Guerra dos Tronos.
Uma coisa que tenho reparado é que os fãs destes livros e/ou desta série são mais obcecados do que o costume. Um bom exemplo disso é a minha irmã. Ela só conheceu a série há cerca de um ano, até agora só acompanhou uma temporada "em direto", e ainda bem porque, meu Deus, foi difícil aturá-la. Logo na manhã que se seguiu à emissão do primeiro episódio, que ela ainda não tinha visto pois tinha de estudar para um teste, ela deu com um spoiler falso no grupo de Facebook da sua turma, que dizia que o Tyrion tinha morrido. Ao ler isto, ela literalmente gritou e largou o telemóvel, como se este a tivesse queimado- Passou o resto da manhã a choramingar, para mim e para os meus pais (e eu é que tenho a fama, na família, de me tornar demasiado obcecada por coisas como estas...), até o engraçadinho do autor esclarecer tudo. Este, felizmente, foi o exemplo mais extremo. Durante o resto da temporada, mesmo assim, ela passava as segundas-feiras todas com a ansiedade de ver o episódio novo.
Ao mesmo tempo, tal é o hype de Game of Thrones que, mesmo que uma pessoa não veja a série, como eu, acaba sempre por estar mais ou menos a par do que vai acontecendo. Seja porque, como eu, tenha pelo menos um amigo, colega ou familiar que fala da série até ao enjoo ou através das redes sociais. Quem fica com vontade de ver a série e/ou ler os livros quando já sabe que fulano A vai morrer, que fulano B aparentemente não sabe nada ou que fulana C vai ser violada?
Mesmo sem o hype todo, continuaria a não ter grande vontade de ler ou ver algo tão cru e violento. Pode ser realista para a época medieval - ou melhor, é essa a desculpa que dão, sobretudo quando incluem violações. No entanto, não querendo, de todo, desrespeitar os fãs, se quiser lidar com a pior faceta da Humanidade, não preciso de obras de ficção, basta-me ver o Telejornal. Dito isto, não ponho completamente de lado a hipótese de um dia - daqui a um ano ou dois, quando o hype já tiver arrefecido - ler os livros, só para ver o que têm de tão especial.
Ditto: um livro que te lembra outros livros mas que, ainda assim, gostas imenso
Bem, esta é a definição d'O Ciclo da Herança, de Christopher Paolini. Bastou-me ver os primeiros minutos de Star Wars: A New Hope para reparar que Paolini fez quase um copy-paste do início desse filme em Eragon. Mesmo assim, considero-o mais ou menos aceitável tendo em conta que Paolini começou a escrever estes livros aos quinze anos. Apesar de já ter lido uns quantos livros melhores depois desses, continuo a achar que O Ciclo da Herança é uma série muito boa para aquilo que é.
Snorlax: um livro ou uma série que ainda não leste por causa do tamanho
Por norma não tenho medo de livros grandes. Pelo contrário, às vezes tenho pena quando leio livros demasiado depressa e fico sem nada para ler. Confesso, no entanto, que livros como Moby Dick, de Herman Melville, e Anna Karénina de Tolstoi, me intimidam um pouco. Não só por serem longos, mas também por serem grandes clássicos.
Gengar Um livro que te manteve acordado à noite
O Livro dos Baltimore, de Joël Dicker, de que falei antes. Eu, pura e simplesmente, tinha de saber o que era o Drama.
Nidoking/Queen: o casal perfeito
Conforme referi anteriormente, não sou grande shipper. Os casais por quem mais torço são criações minhas, nos meus livros. Dito isto, um dos meus casais preferidos ultimamente é composto por Julius e Marci, os dois protagonistas da série Heartstrikers, de que já falei antes.
Rapidash: um livro que leste muito rapidamente
O livro mais recente da série Heartstrikers, No Good Dragon Goes Unpunished, que saiu no início do mês. Demorei pouco mais de um dia.
Eevee: séries que não ficas farta ou que não te importas de ver as continuações
O mais perto que tenho disso é, claro, o Harry Potter. Não, ainda não li o The Cursed Child. Não conseguimos comprá-lo aquando do seu lançamento, encomendámos pela Amazon, só chegou esta semana e a minha irmã está a lê-lo primeiro. Na verdade, o livro não me desperta interesse por aí além (estava mais interessada no livro dos Heartstrikers, que saiu mais ou menos na mesma altura). É o guião de uma peça de teatro que, sinceramente, preferia de ver ao vivo antes de lê-la. No entanto, dificilmente a peça virá para Portugal, logo, mais vale ler já.
Por outro lado, gostei imenso da história que J.K.Rowling publicou, recentemente, para o site Pottermore, que conta as origens de Ivelmorny, a escola de magia da América do Norte. E já fiz a pré-encomenda dos e-books que serão lançados no próximo mês.
Poke-Egg: um livro de estreia pelo qual estás entusiasmado
Não tenho resposta para esta, infelizmente. Por norma, só conheço autores depois de estes lançarem o seu primeiro livro. Desculpem lá...
Lure Module: Um autor que compras imediatamente
Isabel Stilwell, pelo menos no que toca aos seus romances históricos, sobre rainhas e outras mulheres notáveis da História de Portugal. Ainda não li muitos livros nesse género, mas considero os de Stilwell muito bons.
Legendary: uma série demasiado publicitada mas que, mesmo assim, queres muito ler
Harry Potter insere-se definitivamente nessa categoria.
Server's Down: Um livro cujo lançamento estás à espera desde sempre
O livro que Christopher Paolini anda a escrever desde que publicou o último livro d'O Ciclo da Herança - ou seja, deste 2011.
Magikarp: Um livro ou uma série surpreendentemente fabulosa
Qualquer livro escrito por Rachel Aaron. Ela merecia muito mais popularidade.
Mew & Mewtwo: um livro do qual gostavas de ter uma edição de coleccionador
Um dos livros do Harry Potter, sem dúvida.
E foi mais uma tag sobre livros. Eu, na verdade, começo a reparar que as minhas respostas começam a repetir-se. Tenho de ler um bocadinho mais - até porque este ano tem sido fraquinho nesse aspeto, para mim. Vou tentar corrigir isso.
Continuem desse lado, para os próximos textos sobre Pokémon.
Podem não acreditar, mas eu já contava escrever uma série de textos sobre Pokémon há umas semanas, mesmo meses. Em ano de vigésimo aniversário, a poucos meses do lançamento dos jogos Pokémon Sun&Moon, após alguns meses de atividade reduzida aqui no blogue, com a necessidade de ter algo que me entretivesse e consolasse no muito provável caso de Portugal ser expulso do Europeu (acabou por não ser preciso...), esta parecia-me uma boa altura para escrever sobre os jogos Pokémon. Até porque, até ao momento, só falei da franquia a propósito dos filmes e da série animada. Mesmo durante o Europeu, quando tinha tempo, ia pesquisando e planeando os textos que se seguirão.
No entanto, esta passou de uma altura boa para uma altura excelente para se escrever sobre Pokémon, já que a a aplicação Pokémon Go foi lançada em Portugal há poucas semanas e, contra todas as expectativas (sobretudo as minhas), foi um sucesso estrondoso, fazendo com que a franquia voltasse a estar na moda, cerca de quinze anos depois da última vez.
Hei de falar sobre Pokémon Go mais à frente nesta série de textos, mas passo desde já a adiantar que, embora ansiasse por este jogo, nunca pensei que tivesse este impacto. Nem nos meus sonhos mais irrealistas. Mas, já que ressuscitou a popularidade da franquia, ao que parece, não podia estar mais feliz.
Nesta série de textos vou falar de cada uma das gerações de jogos Pokémon, daquilo que considero os seus pontos fortes e fracos, o impacto que teve em mim. Conforme, de resto, já é hábito aqui no blogue, não vou ser propriamente isenta, muitas das minhas opiniões serão influenciadas por sentimentalismo e nostalgia. Mais: devo avisar que não experienciei todos os jogos da mesma maneira e isso afetou, naturalmente, a minha percepção. Joguei os jogos das primeiras três gerações mais ou menos à medida que estes iam sendo lançados, numa altura em que a Internet ainda não era o que era hoje. Tudo o que sabíamos sobre Pokémon descobríamos nós mesmos, através da série animada (que está longe de ser uma boa fonte de informação. À semelhança de muitos, durante muito tempo pensei que os Pokémon do tipo Elétrico eram ineficazes contra os de tipo Rocha), de amigos (lembro-me de perguntar a imensas pessoas como se chegava ao Articuno no Pokémon Blue e de chatear um amigo meu até à exaustão para que ele me explicasse como se evoluía um Nidorino para Nidoking) ou de revistas especializadas.
Depois de FireRed, passei muitos anos sem jogar nenhum jogo novo e nem sequer me atualizei em relação à franquia até 2012. Só quando descobri várias comunidades de fãs online, sobretudo no YouTube, é que me fui informando, gradualmente, sobre os jogos da quarta e da quinta geração e assistindo ao início da sexta. Só nessa altura é que percebi que não sabia quase nada sobre os aspetos mais técnicos dos jogos. Metade dos meus conhecimentos sobre as efetividades e as fraquezas de cada tipo estavam erradas (continuo a achar que tinha mais lógica Gelo ser eficaz contra Água). Não sabia o que eram os stats e, de início, achava que "E.V." era uma abreviatura para Eevee.
Ainda assim, só há dois anos depois voltei a jogar eu mesma, sozinha - antes disso, assistia a infinitos playthroughs no YouTube, via a minha irmã jogar, dava-lhe uma mãozinha de vez em quando. Como em tudo na vida, fazer é completamente diferente de ver fazer. De qualquer forma, quando joguei os jogos da quarta, quinta e sexta geração eu mesma pela primeira vez, já tinha imensa informação de anos vendo pessoas diferentes jogando. Se, mesmo assim, tinha alguma dúvida, tinha o Bulbapedia, o Serebii e uma infinidade de outros recursos online. Não é a mesma coisa que jogar completamente, ou quase, às cegas - é um dos motivos pelos quais anseio tanto por Sun&Moon. Em todo o caso, posso dizer que joguei eu mesma pelo menos uma vez todos os jogos (no caso de jogos a pares, como por exemplo Red&Blue, joguei pelo menos um deles. Mais especificando, joguei Blue, Silver, Sapphire, FireRed, Pearl, Black, White 2 e X), tirando a versão Yellow (não acabei) e OmegaRuby/Alpha Sapphire (embora tenha ajudado a minha irmã).
Por fim, quero deixar bem claro que sou uma jogadora casual. Não estou particularmente interessada na chamada parte competitiva do jogo. Já percebo muito mais da parte técnica do jogo. Tenho em conta os stats, as natures e afins na hora de escolher que Pokémon quero na minha equipa. Já sei o que são E.V.s e I.V.s (bem, mais ou menos...), já aprendi a fazer E.V. training e já vou conseguindo manipular os I.V.s e os Egg Moves na hora de, como diz a minha irmã, "pôr ovinhos". No entanto, continuo a tomar decisões com base no sentimentalismo e/ou no gozo que me dá. Como, por exemplo, pôr ovinhos até ter um Tyrantrum que conhece os ataques Poison Fang, Ice Fang, Thunder Fang e Fire Fang. Estou aqui para me divertir. Não que criar uma equipa de Pokémon perfeitos em termos de E.V.s e I.V.s, com um conjunto de ataques letal, de modo a dizimar adversários em competições não possa ser divertido, mas não é a minha prioridade.
Dito isto tudo, na próxima entrada começarei a falar da primeira geração de jogos Pokémon. Vou tentar não demorar demasiado tempo a publicar estes textos, mas não posso prometer nada, pois tenho muito a dizer sobre o assunto. Continuem desse lado.
Há exatamente vinte anos, eram lançados no Japão os jogos para Game Boy Pokémon Red and Green, inaugurando assim a franquia Pokémon, que hoje se exprime, não apenas numa série de videojogos, mas também em jogos spin-off, uma série de anime, um jogo de cartas, entre outras coisas. A propósito deste aniversário, hoje celebramos o Pokémon Day. Já falei aqui no blogue, por diversas vezes até, da importância que esta franquia tem para mim, não podia deixar esta data passar em branco. Resolvi fazê-lo partilhando um texto que escrevi para um projeto do blogue Nerdy Girl Notes.
O projeto consiste num livro sobre cultura pop e comunidades de fãs, celebrando a capacidade que personagens femininas fortes possuem de tocar pessoas, inspirá-las, mesmo não sendo de carne e osso. A autora do blogue desafiou-nos a participar enviando-lhe cartas nossas, homenageando mulheres ficcionais que nos tivessem marcado.
Ora, eu tive vontade de participar desde início, mas não sabia a quem escrever a carta. Ao longo da minha vida, praticamente todas as pessoas que idolatrei - homens e mulheres - eram de carne e osso. Sim, tenho tido uma personagem feminina ficcional acompanhando-me durante muitos anos, mas fui eu mesma quem a criou e nem sequer foi diretamente baseada em personagens já existentes. Cheguei a pensar escrever à Sora de Digimon, mas o seu fraco desenvolvimento e o seu inexplicado destino, revelado no epílogo de 02, tiraram-me a vontade. Por fim, acabei por me lembrar de Misty.
Como poderão ler, a minha ligação a Misty acaba por ser um reflexo da minha ligação a toda a franquia. Daí que tenha querido partilhá-la convosco hoje, em dia de 20 anos de Pokémon. Escrevi originalmente em inglês, mas obviamente traduzi-a aqui para o blogue. Abaixo, segue a versão em português. Tenham em conta que esta é uma carta para uma heroína de infância, preparem-se para uma dose saudável de lamechice.
Querida Misty,
Olá. Chamo-me Sofia, sou de Lisbon City, na região de Portugal. Cresci jogando Pokémon e vendo-te, ladeada pelo Ash e pelo Brock. Pokémon sempre significou muito para mim, ainda significa e terá sempre um lugar especial no meu coração. Isto acontece em parte graças a ti, daí esta carta.
Conheci-te quando tinha dez anos. Pelo menos para mim, foste a primeira rapariga no mundo dos Pokémon. Foste tu a dizer, a mim e ao resto do mundo, que os Pokémon não eram apenas para rapazes, que as raparigas podiam também ser treinadoras de Pokémon. Não fosses tu, teria sido mais difícil para mim entrar neste mundo. Por esse motivo, estarei-te sempre agradecida
Durante algum tempo, logo depois de te conhecer, idolatrei-te. Tentava imitar o teu rabo-de-cavalo - sem sucesso, porque o meu cabelo era demasiado curto. Lembro-me em particular de pedir à minha mãe que me comprasse um par de calções de ganga, parecidos com aqueles que usavas. Na altura, não ligava muito a roupa, mas sentia-me feliz usando esses calções com um top amarelo. #MistySwag! Por tua causa (entre outras coisas), água foi o meu tipo de Pokémon favorito durante muito tempo. Hoje em dia não ligo assim tanto aos tipos, mas vários dos meus Pokémon preferidos são aquáticos.
Não eras muito fácil de simpatizar no início, contudo. Devo dizer, tu eras um bocadinho dura demais para o Ash quando o conheceste. Eu sei que ele não é lá muito esperto, é casmurro e costumava passar de super arrogante a zero em auto-confiança numa questão de minutos. Ele precisava de amor duro. No entanto, às vezes parecia que te esquecias que ele era apenas um miúdo, um novato, a aprender tudo do zero.
Dito isto, Ash aprendeu imenso contigo, mas tu também aprendeste com ele: com a sua gentileza, a sua sabedoria inocente, com o seu amor genuíno pelos Pokémon. Desde, bem, não exatamente o primeiro dia, desde o segundo (ou terceiro? Não me lembro ao certo...). Um dos meus momentos preferidos em Pokémon foi quando tu estavas a ver o Ash com o seu Metapod recém-evoluído e disseste: "Nunca conheci ninguém como ele. Gosta mesmo de Pokémon." Aposto que também não conheceste ninguém como ele depois. Eu não, pelo menos.
Ao contrário da maior parte das pessoas, nunca vos imaginei como parceiros românticos. Sempre vos vi mais como irmão e irmã. Do mesmo modo, houve alturas em que te via a ti e ao Brock como os pais adotivos do Ash.
Também gostava da tua relação com o Togepi. Cheguei a invejá-la um boocadinho. Sejamos honestos, todos nós gostaríamos de ter sempre uma coisinha tão adorável como aquela nos nossos braços. Mais à frente, gostei de te ver ligando-te com a Sakura e o Max, que também são irmãos mais novos.
Apesar de ter ficado triste quando tiveste de te separar do Ash e do Brock, depois de Johto, hoje compreendo que, a partir de certa altura, não seria suficiente para ti andares sempre atrás do Ash. Eventualmente terias de seguir o teu próprio caminho, cumprir o teu próprio destino. A história de como te tornaste Líder de Ginásio de Cerulean é linda. Tal como muitos de nós no início de um capítulo novo nas nossas vidas, andaste um bocadinho perdida. Estavas habituada a ter sempre o Brock e o Ash contigo. Para piorar, assim que chegaste ao ginásio, tiveste de lidar com um Gyarados descontrolado, de todas as coisas - sobretudo porque tinhas medo deles. Não foi fácil, mas acabaste por conseguir.
Gostei em particular do facto de aquilo que te fez ganhar a confiança do Gyarados foi tê-lo protegido contra os Tentacruel, quase morrendo no processo. Recordou-me todas as vezes que o Ash fez o mesmo: enfrentando um bando de Spearow para proteger o Pikachu, escudando o Squirtle no meio de um bombardeamento, atravessando um nevão para salvar a vida ao Pikachu, atirando-se para o meio do combate entre o Mewtwo e o Mew (espera, tu lembras-te disto, certo? O Mewtwo devolveu-vos as memórias que vos retirou, não devolveu?), tratando do Charizard pela noite adentro, fazendo questão de nunca deixar a cabeceira dos seus Pokémon quando estes estão feridos - e estes são os únicos exemplos de que me recordo neste momento. É isto que o Ash faz, ele coloca a segurança dos seus Pokémon acima da sua - ao mesmo tempo, este é o que o Ash tem de mais admirável e de mais frustrante, porque é só por sorte que isso não deu para o torto, até agora.
O Ash costuma dizer que os nossos entes queridos nunca nos deixam verdadeiramente. Isso aplica-se a vocês os dois. A maior homenagem que poderias prestar à tua amizade com o Ash foi teres-te provado merecedora do título de Líder de Ginásio fazendo o que ele faria, o que ele te ensinou. Mesmo que não tornes a vê-lo, sabes que és uma treinadora melhor, uma pessoa melhor, só por teres passado tanto tempo com ele. Essa é a beleza de Pokémon: o facto de sempre se ter baseado em amizade, lealdade, amor, tolerância e coragem. Tal como alguém escreveu, "O coração da história de Pokémon não é combater e competir - é o espírito de crescer, explorar a natureza e ver o mundo de modo a tornarmo-nos pessoas melhores". A tua história é um ótimo exemplo disso.
Orgulho-me por ter testemunhado a tua caminhada desde menina, que podia ser um bocadinho mazinha quando queria, desesperada por sair da sombra das irmãs, até te tornares uma jovem amável, Líder de Ginásio. Obrigada por me abrires a porta para o mundo dos Pokémon e por tudo o que esse mundo me tem dado ao longo dos anos.
Com muito amor,
Sofia
Como já afirmei aqui, deixei de acompanhar o anime de Pokémon há muito tempo, mas gosto de ver os filmes à medida que vão saindo - tinha grandes expectativas para o mais recente, protagonizado pelo lendário Hoopa, mas este ficou aquém das mesmas. Ainda jogo Pokémon, se bem que não de forma tão consistente como quando era miúda (por norma, dou prioridade à escrita) e sempre de forma casual. Na verdade, depois de ter estado uns meses sem jogar, há algumas semanas bateu-me a saudade e comecei a versão White 2 (nunca a tinha jogado eu mesma, apenas tinha visto a minha irmã a jogar). Para além disso, no outro dia fui à Fnac do Colombo buscar um Mew, que andaram a distribuir a propósito deste aniversário. Fez-me recordar o meu primeiro Mew, que também trouxe do Colombo há cerca de quinze anos.
E agora acabou de ser anunciado um novo par de jogos para juntar à família: Pokémon Sun e Pokémon Moon.
Não se sabe quase nada ainda sobre esta nova adição à série de jogos (adoro o vídeo que usaram para apresentá-los, mesmo a puxar à nostalgia). Tudo indica que estes serão os primeiros jogos da sétima geração, com novos Pokémon e uma nova região, mas ninguém tem certezas absolutas ainda. Os conceitos de sol e lua, apesar de não propriamente originais (e, de qualquer forma, não são tão óbvios como Preto e Branco ou como X&Y), têm uma infinidade de mitologia associada (a dualidade dia/noite; em algumas culturas, o Sol simboliza fogo, virilidade, poder, coragem, e a Lua simboliza água, feminilidade, fertilidade, duplicidade, entre outros conceitos). Quero ver de que maneira os jogos explorarão essa mitologia. De resto, a dualidade sol/lua já serviu de fonte de inspiração na franquia - Solrock e Lunatone são o exemplo óbvio, mas Espeon e Umbreon interpretam essa dualidade de maneira mais interessante. Para além desses, temos todos os Pokémon que evoluem por Moon Stone/Pedra da Lua (em especial, a família das Clefairy) ou Sun Stone/Pedra do Sol. Por fim, temos Cresselia, que simboliza a lua cheia, Darkrai, que simboliza a lua nova, e Volcarona, que, segundo a Pokédex, chegou a servir de substituto para o sol, depois de uma erupção vulcânica ter coberto a atmosfera de cinza, bloqueando a luz solar.
Em todo o caso, novos jogos, novas gerações de Pokémon são sempre uma notícia excitante. Os jogos só deverão sair por altura do Natal, mas até lá vamo-nos entretendo especulando sobre qualquer informação que vá saindo.
Outra coisa relacionada com Pokémon por que anseio este ano é pela app Pokémon GO, anunciada em setembro último. Pokémon GO será um jogo de realidade aumentada, baseando em localização, estilo Ingress, em que os jogadores poderão usar os seus telemóveis para encontrar Pokémon no mundo real. Segundo informações que vêm saindo, as espécies de Pokémon que poderemos encontrar variarão com as características do terreno - por exemplo, perto de rios ou do mar encontraremos Pokémon aquáticos - certos Pokémon estarão localizados em sítios icónicos, como momumentos; será possível trocar Pokémon e combater com outros utilizadores do jogo; certos lendários poderão ser capturados em eventos próprios; existirão também ginásios e equipas formadas por vários jogadores (esta parte eles ainda não explicaram muito bem...).
Este jogo é uma daquelas coisas que eu não sabia que desejava até descobrir acerca dela. É uma das minhas fantasias de infância tornada realidade (houve uma altura quando tinha dez ou onze anos em que eu me imaginava encontrando Pokémon ao pé da minha casa ou nos sítios que visitava). Por norma, quando posso e o tempo está bom, gosto de passear ao ar livre, de andar de bicicleta, De vez em quando, o meu pai gosta de levar-nos a fazer caminhadas. Com Pokémon GO, tenho um incentivo extra. Eu e a minha irmã, que por norma não gosta assim tanto de caminhadas. Pergunto-me, no entanto, o que pensarão pessoas "normais" quando nos virem às voltas num jardim público, de telemóvel na mão, como se procurasse um tesouro escondido. Da mesma maneira, já estou a imaginar o meu pai quando, numa caminhada, eu e a minha irmã ficarmos para trás ou seguirmos por um caminho diferente:
- Meninas, onde é que vocês vão?
- Só um bocadinho, pai, vamos só ali apanhar aquele Eevee, já voltamos!
Contudo, à semelhança do que acontece com muitos outros, tudo isto me parece demasiado bom para ser verdade, receio apanhar uma desilusão. Suspeito que a tecnologia de realidade aumentada será muito básica, pelo menos no início, que tenhamos de pagar por Pokébolas, itens ou atualizações que incluam Pokémon além dos 151 originais. É praticamente certo que a app não funcionará offline, pelo que terei de gerir muito bem os dados móveis do meu smartphone. No entanto, se bem feito, Pokémon GO tem o potencial para ser algo espetacular. Estou a tentar manter as minhas expectativas baixas, mas dou-lhe o benefício da dúvida.
Já vamos em vinte anos, mas a franquia Pokémon ainda não perdeu a força, ao que parece. Longe de estar perto de me fartar da franquia, como cheguei a pensar há uns tempos, há anos que não me sentia tão entusiasmada com Pokémon - e não há dúvida, de resto, que esta é uma excelente altura para se ser fã da franquia, com a reedição hoje dos jogos originais - Red, Blue e Yellow - para o sistema 3DS (comprámos a Yellow, que nunca jogámos antes), Pokémon Sun&Moon, Pokémon GO, distribuições mensais de lendários, entre outras coisas. Estou cada vez mais convencida de que este casamento tão cedo não acaba.