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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Top 7 filmes Pokémon #2

Segunda parte do meu Top 7 de filmes Pokémon (primeira parte aqui), hoje que faço anos. Entramos agora no pódio. Cada um destes três filmes são os meus favoritos por motivos diferentes e, de uma maneira tipicamente minha, nem sempre racionais. 

 

3º) Arceus And the Jewel of Life/Arceus e a Jóia da Vida

 

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O décimo, décimo-primeiro e décimo-segundo filmes são um caso excecional no franchise ao formarem uma trilogia: as premissas das duas primeiras metragens são explicadas na terceira. O décimo filme, The Rise of Darkrai/A Ascensão de Darkrai, é fraquinho; o décimo-primeiro, Giratina And the Sky Warrior/Girantina e o Guerreiro Celeste é melhorzito; o décimo-segundo, Arceus and the Jewel of Life/Arceus e a Jóia da Vida, como podem ver, está no meu pódio.

 

Na mitologia do franchise, Arceus criou, entre outros que não entram neste filme, o lendário Dialga - que governa o tempo - o lendário Palkia - que governa o espaço - o lendário Giratina - que foi posteriormente banido para o Mundo Inverso. Terá também criado o próprio mundo Pokémon. Embora nunca tenha sido oficialmente confirmado tanto quanto sei (provavelmente para evitar a previsível controvérsia), entre os fãs Arceus é considerado o Deus deste mundo.

 

Um rápido aparte só para apontar que, conforme referi antes, por essa lógica, Giratina será o equvialente a Lúcifer. 

 

Não sei se é por acaso, se sou eu que o vejo assim por saber, de antemão, do suposto carácter divino de Arceus ou por ter visto este filme pela primeira vez no dia de Páscoa (por mera coincidência, juro!), mas eu noto algumas características bíblicas no enredo deste filme. Para começar, o elenco principal viaja até ao passado (sobre essa vertente, falarei a seguir) para uma era que se assemelha à Antiguidade. Arceus, neste filme, não se assume exatamente como um deus todo-poderoso, mas sim como uma figura divina mas com vulnerabilidades (as dezasseis placas até têm um formato a fazer lembrar as tábuas nos dez mandamentos). Na verdade, assemelha-se um pouco a Jesus que, afinal de contas, era humano em tudo menos no pecado e nos milagres que praticava. Arceus também passa por uma espécie de ressurreição. A personagem Damos assemelha-se a um profeta, ao procurar cumprir a vontade da figura divina, perante a oposição dos demais. Também já vimos seres humanos arrogantes ao ponto de se acharem mais poderosos que a figura divina. Bem como vermos essa figura divina sendo traída (ou assim parece) e ganhar ódio à sua própria Criação.

 

O que me leva ao tópico seguinte. Tal como em Spell of the Unown, temos um vilão relativamente bem construído, com motivações legítimas, mas que opta pelos meios errados. Além disso, este filme tem, talvez, um dos melhores dos chamados "plot twists" de todos, ao percebermos quem é o verdadeiro vilão e assitimos à manipulação por ele praticada. 

 

Depois temos a parte das viagens no tempo, fazendo uso das capacidades de Dialga. Viagens no tempo não são inéditas nem nos filmes nem na série animada, mas tanto quanto sei é a primeira vez que envolvem uma porção tão grande do elenco. Há certos aspetos que fazem alguma confusão na maneira como abordaram o conceito: o tempo no presente continua a correr enquanto o elenco está no passado; quando parece que Arceus vai morrer, os viajantes do tempo começam a desintegrar-se; quando eles regressam ao presente depois de mudarem o passado, eles veem literalmente o presente sendo corrigido.

 

Para mim, o aspeto mais confuso é o desvanecimento do elenco. Não se percebe se eles estão a regressar ao presente ou se estão, pura e simplesmente, a desaparecer, mesmo a morrer. O que se diz é que, com a morte de Arceus, os acontecimentos que motivaram a viagem no tempo desaparecem, logo, o elenco não tem motivos para estar ali. No entanto, quando no fim Arceus sobrevive em paz com Damos, eles também não teriam razões para ir ao passado. Aliás, o filme contradiz-se quando o tempo assume rapidamente que Arceus vai morrer e apressa-se a eliminar os viajantes. Mas quando se chega ao final feliz, o tempo espera até o elenco estar de volta ao presente para fazer as respetivas correções. É um paradoxo temporal de deixar o cérebro em nós...

 

A ideia que fica é que os guionistas quiseram dar mais drama à situação, o que era perfeitamente desnecessário, e mesmo prejudicial. Tal como li em críticas à quinta temporada de Lost, tanto quanto se sabe, nunca ninguém viajou no tempo, logo, quaisquer regras que possamos definir nunca poderão ser confirmadas nem refutadas. Uma pessoa pode aceitar o pressuposto de que o tempo continua a correr enquanto os viajantes estão no passado e que estes mesmo testemunham as correções. O desvanecimento é que contraria a lógica toda.

 

De qualquer forma, tenho mesmo de ver a trilogia Regresso ao Futuro. E talvez um dia eu mesma inclua viagens no tempo num dos meus livros - muitos dos trabalhos de ficção de que gosto incluem ou, pelo menos, já as incluíram.

 

Em suma, como poderão deduzir do testamento (no pun intended) que escrevi sobre ele, considero Arceus and the Jewel of Life um dos filmes mais intrigantes de todo o franchise. É arrojado, ambicioso (mesmo com a falha que expliquei acima), qualidades que também caracterizam Spell of the Unown, ainda que de uma forma diferente. Para mim e para a minha irmã é já o nosso filme de Páscoa.

 

2º) Lucario and the Mystery of Mew/Lucario e o Mistério de Mew

 

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Este é um dos filmes mais populares do franchise, considerado um dos melhores, senão o melhor. Tanto quanto sei, foi o único a ser nomeado para um prémio de filmes do género. À semelhança do que acontece com outros filmes deste top, Lucario and the Mystery of Mew é uma película mexe com as nossas emoções.

 

Para começar, Lucario é uma das personagens mais interessantes de todos os filmes. Ao julgar-se abandonado pelo seu treinador (que ele trata por Mestre), Lucario tem uma forte nocção de dever e honra, à semelhança dos cavaleiros de tempos antigos. No entanto, possui também uma personalidade amarga, cínica, orgulhosa, não acredita nos laços entre Pokémon e treinadores, entrando em conflito com Ash. Isto numa altura particularmente difícil para o jovem treinador, uma vez que este se encontra à procura do seu Pikachu.

 

Este aspeto é outro dos pontos fortes do filme. Eu sempre tive um chamado "soft spot" por Ash e Pikachu, desde o episódio piloto em que se formou o laço inquebrável. De uma das poucas vezes que chorei com algo que vi na televisão, foi quando julguei que eles se iam separar definitivamente (hoje tenho a noção de que isso nunca aconteceria, mas eu tinha dez anos na altura). A abordagem televisiva do franchise pode ter muitos defeitos, mas nesta ligação tem acertado em cheio. Este filme é mais um exemplo.

 

Este laço entre Ash e Pikachu é uma das coisas que contribui para a evolução de Lucario ao longo do filme. Isso e a descoberta da verdade sobre Sir Aaron, o seu mestre. Mais do que lutas grandiosas envolvendo lendários (ainda que estas não sejam coisas más), este é um filme que se centra em emoções, na ligação entre humanos e Pokémon. Que, em última instância, são o centro de todo o franchise.

 

1º) The Power Of One/O Poder Único

 

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Quem já tiver lido o meu Top 10 de filmes de animação não se surpreenderá com o filme em primeiro lugar nesta lista. Nessa entrada, já expliquei os motivos pelos quais gosto imenso de Power of One/O Poder Único, motivos que se mantém, bem como as falhas que listei. Hoje sei que, em termos estritamente racionais, outros filmes do franchise estão melhor feitos, com personagens e enredos melhor construídos - como o segundo, tercido e quarto filmes desta lista. Power Of One está em primeiro sobretudo por uma questão de nostalgia e porque, de qualquer forma, nenhum dos filmes tem o misticismo e a epicidade deste. Também acho que este filme tem as melhores sequências de combate entre lendários.

 

 

Entretanto já se vai sabendo alguma coisa sobre o próximo filme: será protagonizado por Hoopa, um lendário sobre o qual ainda não se sabe muito, mas os rumores são intrigantes. Terá também a participação das estrelas dos mais recentes jogos, os remakes Omega Ruby e Alpha Sapphire: Groudon e Kyogre na sua forma... primitiva (é a melhor tradução que encontro para "primal form"). Tem potencial, mas eu também dizia isso do décimo-sexto filme. O pior é que ainda falta quase um ano, provavelmente, para sair a versão dobrada em inglês, que eu costumo ver. Talvez este ano opte pela versão original legendada por fãs.

 

 

Mesmo com esta qualidade inconstante e imprevisível, gosto dos filmes Pokémon e de mantê-los no meu computador, por várias razões. Para começar, para fazer os meus AMV's - durante 2013 fiz vários à medida que ia vendo os filmes, e muitos deles estão em várias páginas deste blogue. Não fiz nenhum no último ano por falta de tempo e inspiração - mas pode ser que surja uma música que me motive a montar um outra vez.

 

Já expliquei antes, além disso, que os filmes costumam ser melhores que a série animada. Sendo eu escritora de ficção (e tendo aprendendo a sê-lo escrevendo fan fics neste universo), valorizo o chamado storytelling neste franchise. Não apenas na série animada e filmes - também nos jogos, na verdade. Costuma-se dizer que "ninguém joga Pokémon pela história", mas, se formos a ver, todos os jogos assentam na mesma fórmula: primeiro Pokémon, rival, oito ginários, equipa vilã, lendários, Elite 4. O enredo é um dos principais aspetos que distinguem os jogos entre si. Não será por acaso que, nos jogos mais recentes, tenham investido mais nas histórias - os já referidos remakes ORAS são um ótimo exemplo disso.

 

Espero que essa filosofia seja igualmente adotada pelos guionistas dos filmes. De qualquer forma, enquanto puder, vou continuando a acompanhar as principais vertentes deste mundo do qual não consigo, nem quero, sair. 

 

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