Músicas Não Tão Ao Calhas - She Knows Me
O cantautor canadiano Bryan Adams lançou recentemente o primeiro single, que é também a única faixa inédita, do seu álbum de covers, Tracks of My Years. Lançou é como quem diz... a música foi estreada numa entrevista à rádio inglesa BBC mas ainda não a encontrei nem no iTunes, nem no YouTube nem em nenhum site minimamente oficial (o vídeo abaixo foi adicionado posteriormente à publicação desta entrada). Em todo o caso, o single chama-se She Knows Me e foi composto em parceria com Jim Vallance, parceiro de longa data de Bryan Adams - ajudou a lançar a sua carreira e esteve por detrás da conceção de muitos dos maiores êxitos do cantautor canadiano, em particular com o álbum Reckless, embora tenham estado zangados durante muitos anos.
"All I know without her in my life
I'd be nowhere"
"All I know without her in my life
I'd be nowhere"
Para alguém minimamente familiarizado com o trabalho de Bryan, She Knows Me não traz grandes surpresas. É uma canção de amor, guiada por guitarra acústica, acompanhada por guitarras elétricas. Este arranjo particular traz-me ecos do último álbum de estúdio do cantautor canadiano, 11, sobretudo as canções I thought I'd seen everything, She's Got a Way e Miss America. Por outro lado, She Knows Me não tem aquilo que tem sido praticamente uma constante em músicas de Bryan Adams: um solo de guitarra. Contam-se pelos dedos de uma mão as músicas de que me consigo recordar em que não aparece a guitarra de Keith Scott, nem que se limitem a algumas notas - excepto aquelas que não têm versão de estúdio lançada, apenas versões ao vivo de concertos Bare Bones. Por outro lado, gosto muito da guitarra introdutória de She Knows Me.
A letra, por sua vez, possui semelhanças ainda mais gritantes com She's Got a Way, na medida em que se refere à amada, na terceira pessoa, como alguém que o conhece "melhor do que ele se conhece a si mesmo" - um tema que não é assim tão original, de resto. Não se limita a isso, felizmente, é apenas um aspeto de um relacionamento amadurecido, que tem resistido ao tempo, às dificuldades, mesmo aos momentos de separação - e é dado a entender que é mais por causa da amada do que por causa do sujeito narrativo. E apesar de toda a filosofia 18 'Til I Die do cantor, é o tipo de canção que se esperaria de alguém da idade dele.
Em suma, não sendo uma canção extraordinária, nem mesmo uma das minhas preferidas de Bryan (gostei mais de I thought I'd seen everything, por exemplo, quando esta foi lançada), ele não desilude em She Knows Me. Sinto-me um bocadinho hipócrita pois, se fosse outro cantor ou banda, criticaria mais duramente a gritante falta de originalidade e as semelhanças com outras faixas - e já cheguei a fazê-lo. Ando a usar vários pesos e várias medidas mas, tal como já disse antes, ainda não consegui definir critérios claros para estes aspetos. Com Bryan sou mais complacente pois ele tem uma carreira feita, recheada de sucessos, não tem nada a provar, pode dar-se ao luxo de fazer o que bem entender. Visto que, pelo menos no caso de She Knows Me, o fez bem, não se pode exigir mais nada.
Entretanto, encontro-me já a trabalhar noutro texto, mais longo, que tentarei publicar ao longo da próxima semana.
Na entrevista em que apresentou She Knows Me, quando foi confrontado com tudo o que já tinha feito na sua carreira, Bryan confessou que, mesmo assim, não consegue parar. Quero assumir, então, que ele não tenciona reformar-se tão cedo, que continuará a lançar álbuns e a dar concertos durante mais alguns anos. Agora, com o lançamento de She Knows Me, começou um novo ciclo na sua carreira. E eu mal posso esperar pelo que vem a seguir, com destaque para o CD inédito.