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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Concertos #1 – Seis num ano tinha sido muito? Ah ah!

Neste último ano, ano e meio, tenho ido a muitos concertos. Mesmo muitos. Já nem conto. No ano passado dizia que 2023 tinha sido o ano dos concertos só porque tinha ido a seis – que tonta! De tal forma que, neste último ano, concertos passaram a ser a minha “cena”: aquilo pelo qual quase toda a gente na minha vida me pergunta. Isto porque, depois, publico fotografias e vídeos nas minhas redes sociais, sobretudo no Facebook e Instagram. 

 

Não que isto tenha vindo do nada. Quem acompanhe o meu blogue há algum tempo saberá que adoro concertos. Tive a sorte de, no último ano, ter podido cruzar-me com as digressões de vários nomes de peso do meu núcleo duro de músicos preferidos. Três deles no mesmo mês. Dois deles no mesmo dia. 

 

Mas os principais culpados pela minha era de ir-a-todos-os-concertos-possíveis são os amigos que fiz entre os fãs do tributo português aos Linkin Park (bem… um deles). O nosso problema é desencaminharmo-nos uns aos outros. Para concertos dos Hybrid Theory na maior parte dos casos, mas também para outros artistas ou bandas. 

 

Tenho gasto muito dinheiro em bilhetes, sim. Ninguém espera que a Eras Tour ou o Rock in Rio sejam baratos. Ao mesmo tempo, tenho ido a muitos outros a preços relativamente acessíveis ou mesmo gratuitos. Na minha busca por concertos dos HT e, mais tarde, de nomes como GNTK ou Diogo Piçarra ou outras bandas de tributo, como os Decoded ou Hybrid Park, tenho descoberto vários clubes, festas de aldeia em cantos remotos do país, festivais de música locais. Já podia ter começado a ver artistas nacionais de que gosto sem gastar muito há bastante tempo. 

 

Bem… em teoria. Na prática, nem todas estas festas são perto de Lisboa, onde vivo. Vários destes concertos são tarde – às dez, onze da noite, mesmo meia-noite ou mais tarde. Como quase nunca quero pagar alojamento, isso obriga-me a conduzir para casa a altas horas da noite. A minha primeira vez foi um grande passo para fora da minha zona de conforto – e foi apenas em Corroios, a vinte minutos de Lisboa. Hoje em dia consigo ir com relativa tranquilidade se o concerto em questão estiver a uma hora, uma hora e meia no máximo de distância – mas não adoro conduzir às duas, três da manhã. Sem companhia na viagem ou, mínimo dos mínimos, no próprio concerto, não me dou a esse trabalho. 

 

Ainda assim, fica a recomendação. Olhem à vossa volta. É bem provável que encontrem bons concertos a preços acessíveis perto de vocês.

 

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E a verdade é que… concertos fazem-me bem. Não faltam artigos por aí descrevendo os benefícios físicos e psicológicos, a oxitocina que se liberta quando cantamos em coro com outras pessoas – explicando as amizades que fiz nos últimos dois anos, e todos os artistas e bandas a quem me afeiçoei depois de os ver ao vivo. Mas a verdade é que, para mim, concertos estão entre as melhores experiências humanas. São expressões artísticas, são catarse, são comunhão, são celebração de música, de quem a cria, de vida. Quase uma experiência religiosa. 

 

Não admira que os Hybrid Theory nos tratem a nós, o grupo de fãs, por “seita”. 

 

Sinto mesmo que esta versão de mim, dos concertos – que vai a vários, que faz amizades com outros fãs, que fala tu cá tu lá com músicos, que, se for preciso, anda ao moche, que vai a listening parties (OK, só uma vez até agora), a ensaios abertos (também só uma vez até agora), que chega a subir ao palco com a banda (também só uma vez até agora) – já estava cá dentro há muitos anos. Estava só à espera das circunstâncias certas para se manifestar. Ou das pessoas certas.

 

Gosto dessa versão de mim. E, sobretudo, a Sofia de dezassete ou dezoito anos ficaria orgulhosa.

 

Estes concertos todos têm afetado os meus hábitos musicais. Por um lado, como disse Taylor Swift (embora eu já soubesse), eles ajudam a criar novas recordações em torno de músicas que muitas vezes já conhecemos há anos. Ganham uma nova vida, o universo delas e dos respectivos criadores expande. 

 

Ao mesmo tempo, concertos são uma oportunidade para conhecer música nova. Quando não conheço o artista ou banda em questão assim tão bem, nas semanas anteriores faço um esforço por me familiarizar com a respetiva discografia. Há um meme que de vez em quando aparece no meu radar que o compara a estudar para um exame. Uma pessoa tenta prever que “matéria” irá “sair”, tenta garantir que está tudo na ponta da língua no momento da verdade. 

 

Adoro a analogia, sobretudo pela parte negativa: às vezes é um frete. Regra geral, preciso de ouvir a música várias vezes antes de formar uma opinião, antes de a entranhar. E, sobretudo no ano passado, nem sempre tenho tempo. O meu percurso até ao trabalho é curto – tem muitas vantagens, atenção, a única desvantagem é que só dá para ouvir duas ou três músicas no caminho. E às vezes não me apetece estar a “estudar” para um concerto – apetece-me ouvir a minha música ou ouvir um podcast. 

 

E, claro, por muito que me esforce, às vezes a música não me cativa. Noutros casos, no entanto, descobre-se ou redescobre-se muita coisa boa, vale bem a pena. Hei de dar exemplos. 

 

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De início, planeei este texto para servir de balanço musical de 2024. Já vou um bocadinho tarde para isso. Passa a ser um apanhado de cerca de um ano e trocos de concertos – incluindo alguns de 2025. Uma espécie de ponto de situação. Vou seguir uma ordem mais ou menos cronológica – sublinhe-se o “mais ou menos”. 

 

No entanto, existem dois concertos que receberão muito mais palavras que todos os restantes. De tal forma que cada um deles terá uma publicação, uma parte deste balanço, dedicada a eles (e a um ou outro concerto relacionado). Não os vou publicar já já. Uma das partes está quase pronta, mas quero publicá-la no aniversário desse concerto. A outra ainda nem está rascunhada, ainda poderá demorar um bocado

 

Finalmente, não vou escrever muito muito sobre os concertos dos Hybrid Theory. É certo que estes lideram em termos de número de concertos a que tenho ido e vários dos momentos mais felizes dos últimos dois anos foram nesses dias (dias de HT, como gosto de dizer). Mas já tenho escrito muito sobre esses moces, não tenho assim tanto a acrescentar. Embora às vezes pareça que não, há vida para além de Hybrid Theory.

 

Só vou falar sobre dois concertos. Um deles é o Rock in Rio do ano passado. Andava com saudades do festival. Já fui muito feliz no Rock in Rio, sobretudo com a banda que os Hybrid Theory homenageiam. E a última vez que lá estivera fora em 2016. Desta vez, no entanto, a experiência do Rock in Rio em si não foi grande coisa. 

 

Não me interpretem mal. Foi um dia feliz, tão feliz como os dias de HT costumam ser – um pouco acima da média, até. Para mim, começou na Feira do Livro – Lívia Borges, parte da família, apresentou lá os seus livros A Memória e o Vazio e A Cidade das Cinzas. Encontrei-me lá com mais membros da seita e passei a maior parte do resto do dia com eles. 

 

E os Hybrid Theory deram um bom espetáculo, como dão sempre. Foi um alinhamento mais curto, só de uma hora, mas em compensação trouxeram de novo o Diogo Piçarra e o Alex D'Alva como convidados. Para mim, o ponto alto foi In the End. O Ivo veio para junto do público, como costuma fazer, e agarrou a minha mão (com alguma força). Lembrou-me, claro, quando agarrei a mão de Chester Bennington, o falecido antigo vocalista da banda original, uma década antes, também no Rock in Rio. 

 

 

Mas, lá está, foi um concerto de Hybrid Theory normal. Não foi radicalmente melhor que um concerto de festa de aldeia. Não me interpretem mal, estou certa de que para os próprios moces foi muito melhor. Mas da minha perspetiva as poucas diferenças foram os convidados, a melhor qualidade do som (e, mesmo assim, de início o microfone do Pedro não pareceu estar a funcionar muito bem), bandas mais prestigiadas atuando antes (Evanescence e Europe, por exemplo, em vez de bandas de covers locais), ter pago muito mais e… ter passado fome. 

 

Não me lembro do que comi em edições anteriores do Rock in Rio (lembro-me de, na edição de 2008,os nossos vizinhos de trás nos terem roubado as sandes que tínhamos trazido de casa, mas só isso). Nesta, no entanto, estive quase uma hora na fila para a Telepizza – antes de desistir porque os Evanescence estavam prestes a começar. A minha sorte foi ter trazido um económico no fundo da mala. Mais tarde, quando reencontrei o meu grupo, comi uma fatia da pizza que eles tinham conseguido comprar. E mesmo assim, quando cheguei a casa várias horas mais tarde, estava esfomeada. 

 

Mas também, que mais seria de esperar de um festival que negou um croquete à Sónia Tavares? 

 

Mais tarde, fiquei irritada com as declarações de Roberta Medina – quando disse, parafraseando, que as pessoas têm de se mentalizar de que não podem levar o carro para eventos destes. Por norma concordo, mas é fácil para ela falar. Ela é VIP, terá direito a estacionamento dentro do próprio recinto. Eu trouxe o meu carro de manhã para garantir um lugar recente e poder, depois, andar à vontade entre a Feira do Livro e o Parque Tejo. Não cheguei a usar o shuttle, não posso opinar (embora me recorde vagamente de as pessoas se queixarem). Mas usei o Metro, cuja estação mais próxima ficava a quarenta e cinco minutos a pé do Parque Tejo. Por sorte não estava muito calor mas podia ter estado, naquela altura do ano. 

 

Se não querem que as pessoas tragam os carros, melhorem os acessos com transportes públicos!

 

Enfim. Como disse antes, já fui muito feliz no Rock in Rio e sim, voltei a sê-lo neste dia. Mas agora só lá volto se vier um nome mesmo grande das minhas preferências. E talvez até venha… mas estou a adiantar-me.

 

 

Falemos sobre outros concertos nesse dia. Não que tenha muito a dizer. Tentei preparar-me para o concerto dos Evanescence. Talvez pudesse ter-me esforçado mais, mas também foi daqueles casos em que a música deles não me cativou. Só mesmo o primeiro álbum, Fallen, e os singles do segundo, The Open Door (que, de resto, já andavam na minha rotação há um par de anos). A banda deu prioridade ao álbum mais recente que não cheguei a ouvir – ou não me recordo de ouvir.

 

Tudo bem. Estão no seu direito. 

 

E de qualquer forma Amy Lee tem uma voz dos diabos, mesmo após mais de vinte anos de carreira.

 

Uma coisa que me irritou solenemente foram as pessoas à minha volta naquela zona. Todas feitas operadoras de câmara o concerto inteiro. Ninguém a cantar ou a interagir com a música de forma nenhuma. 

 

Eu já tolerei menos pessoas filmando concertos. Já escrevi antes sobre partilhas de vídeos com fãs que não puderam ir. Eu mesma filmei um vídeo curtinho para as histórias dos Instagrams desta vida.

 

Porém… aquilo era o Rock in Rio! O palco principal! Aquilo estava a ser filmado profissionalmente e transmitido em direto na Sic Radical! Para quê gastar energia filmando vídeos de má qualidade, a quilómetros do palco, quando havia alternativa? Assim, por pura mesquinhez, fiz questão de cantar em altos berros quando tocaram músicas como Going Under, Bring Me to Life e My Immortal – arruinando os vídeos daquela gente toda com a minha voz.

 

 

Depois dos Evanescence, fui logo para o palco Galp, para ter com o meu grupo, guardar lugar junto à grade e assistirmos ao concerto dos Europe. Foi bom, claro, apesar de eu não conhecer praticamente nada da discografia deles. Gostei de ver o vocalista Joey Tempest, no entanto – é daqueles senhores que ficam mais sexys com a idade. 

 

E, claro, The Final Countdown foi o ponto alto.

 

Deixemos agora o Rock in Rio e recuemos um par de meses e trocos, para o concerto de celebração dos quarenta anos dos Delfins. Fui com a minha tia e um amigo dela e ficámos numa das bancadas superiores do Pavilhão Atlântico. Há pouco tempo, durante o concerto dos Hybrid Theory em março, muita gente (a minha irmã incluída) se queixou da qualidade do som nessa zona do Pavilhão. Os meus pais também se queixaram quando foram lá ver a Mariza, uns meses antes. Eu neste, no entanto, não tive razões de queixa.

 

Em termos de som, isto é. Em termos de visibilidade, deixou muito a desejar. Penso que foi o primeiro concerto que vi no Pavilhão Atlântico que não tinha ecrãs gigantes. Nas bancadas mais altas só conseguíamos ver figuras minúsculas. Só fui capaz de ver o concerto como deve ser quando a RTP o transmitiu, mais tarde. 

 

Tirando isso, foi excelente. Atrevo-me a dizer que Miguel Ângelo é uma das melhores vozes masculinas do país, se não for a melhor. Voz essa que, mesmo passados quarenta anos, não perdeu a força.

 

 

Quando comprámos os bilhetes, não conhecia assim tantas músicas dos Delfins. Conhecia o álbum Saber A Mar (que, para ser justa, esteve bem representado no alinhamento), 1 Lugar Ao Sol e uns três ou quatro dos êxitos mais óbvios. Este foi daqueles concertos para os quais precisei de estudar – e foi um dos em que mais recompensou fazê-lo.

 

O público esteve ótimo durante todo o concerto mas, para mim, o ponto alto foi Aquele Inverno. Uma música que, lá está, não me lembrava de ter ouvido antes de comprar os bilhetes. É extraordinária, no entanto: uma letra sobre temas bem reais e um refrão irresistível. As nossas vozes fizeram eco nas paredes do Pavilhão Atlântico, quando a banda voltou os microfones para nós.

 

Naturalmente, outros destaques foram as minhas velhas favoritas: Canção do Engate, 1 Lugar Ao Sol, A Cor Azul. Gostei muito no geral. Hei de repetir quando houver nova oportunidade. 

 

Entretanto, eu e a minha tia voltámos a ver o Miguel Ângelo em concerto – desta feita com os Resistência, no início deste ano. Voltámos a cantar Aquele Inverno, 1 Lugar Ao Sol, Nasce Selvagem – entre muitas outras, claro. Ao que parece, vai passar a ser hábito: concertos de Ano Novo. A minha tia já me convenceu a comprar bilhetes para o do próximo ano – e desta vez vamos arrastar a minha irmã e o namorado dela connosco.

 

Só para verem que existe alguma componente genética no meu vício. 

 

Duas semanas depois dos Delfins, fui ver o Diogo Piçarra ao Campo Pequeno – uma noite de meninas do grupo HT. Vi-o pela segunda vez no ano seis meses depois, em Tomar. 

 

Minto: tecnicamente vi-o um total de quatro vezes em 2024. Duas vezes em nome próprio, duas vezes como convidado em concerto alheio: com os Hybrid Theory, no Rock in Rio e, claro, no dos Anjos.

 

 

Também “tive” de estudar para o primeiro concerto. Acho que, antes de comprar bilhete, a única música do Diogo que ouvia com alguma regularidade era Trevo (Tu) – que ainda adoro. Conhecia mais algumas de ouvir na rádio. Na preparação para o concerto, fui mais atraída pelo álbum mais recente, SNTMTL. 

 

Para começar, por exemplo, Amor de Ferro (um dueto com Pedro Abrunhosa) tem um saborzinho especial por ter saído no mesmo dia que Friendly Fire. E é uma bela música por si mesma. Deu-me um gozo particular gritar “COMO É QUE NÃO VÊÊÊÊS?” em ambos os concertos. Também gosto muito de Sorriso – que funciona muito bem como encerramento de concerto. Neste momento, no entanto, acho que a minha preferida é Há Sempre Uma Música. 

 

Nos últimos tempos tenho dado rotação ao último EP do Piçarra, Chuva. Desde o início que acho piada ao nome das músicas, ordenadas de modo a contarem uma história. A de que gosto mais é Continuo de Pé.

 

Uma das melhores partes de ambos os concertos foram os gémeos dançarinos que partilham o palco com o Diogo. Regra geral, não costumo ligar a dançarinos, mas não há como ignorar o Joel e o Josué. Metade do espetáculo vem deles. Tive a sorte de tirar foto com eles em Tomar.

 

E com o próprio Diogo também. Pelos vistos músicos algarvios que são simpáticos comigo são uma das minhas muitas fraquezas. Prometi-lhe que voltaria a vê-lo assim que pudesse – e vou cumprir a promessa, muito em breve.

 

Antes de seguir em frente, queria só assinalar que houve um casal que ficou noivo à frente do Diogo, em Tomar. As maiores felicidades para eles.

 

                               

 

Falemos agora sobre os GNTK. Já tinha escrito sobre eles no ano passado. Descobri entretanto que “GNTK” vem de “genetik” que, por sua vez, alude à mistura de géneros musicais. A música deles tem uma base de rap/hip-hop, mas usa elementos de vários géneros. Por exemplo, Raízes tem fato e guitarra portuguesa. Voltas À Cabeça tem guitarra elétrica e discos giratórios. Riqueza tem saxofone. E estes são apenas alguns exemplos. 

 

Não admira que tenha descoberto este projeto através dos meus “amigos dos Linkin Park” (outro nome para a família HT). Aliás, já que falamos de nomes, a nossa alcunha para os GNTK é “os russos” porque a sigla faz lembrar KGB (aqui entre nós, não acho que seja assim tão parecida, mas pronto, a alcunha ficou). 

 

E a verdade é que, apesar de não dizer que não gosto de nenhuma música de rap ou hip-hop, tendo a preferir quando este é misturado com outros géneros musicais.

 

Tive a oportunidade de vê-los duas vezes até agora: em agosto do ano passado e em janeiro deste ano. Condições climatéricas absolutamente díspares.  Em Amor, estava de calções. Em Ortigosa, estava com três camadas no tronco, duas nas pernas, e descobri que não dá para bater palmas com luvas. 

 

Não será por acaso que a maior das festas de aldeia decorrem no verão.

 

Não tenho muito a dizer sobre os concertos em si. As músicas dos GNTK funcionam muito bem no palco, ganham uma nova intensidade. Raízes, por exemplo, com mais guitarra elétrica, é um dos pontos altos. Gosto das posturas em palco, não só do rapper/vocalista João Correia, mas também dos colegas Marcelo Barroso e Cláudia Brito. Esta última tem uma voz lindíssima. E em ambos os concertos pudemos conhecê-los e tirar fotografia com eles. 

 

Hei de voltar a vê-los quando tiver nova oportunidade. Em princípio a próxima será em Carnide (no distrito de Leiria).

 

 

Queria agora falar sobre o Rockin’1000 – que se realizou pela primeira vez em Portugal a 14 de setembro do ano passado, em Leiria, e eu estive lá. Para quem não sabe, o Rockin’1000 é uma banda de mil músicos – a maior banda do mundo, composta por centenas de vocalistas, guitarristas, tecladistas, baixistas e bateristas (muitos “istas”. Mil “istas”.). Ao longo da última década, têm dado concertos em diferentes cidades no mundo, tocando temas clássicos do rock. Consta que o primeiro de todos foi em Cesena, na Itália – mil músicos tocando Learn to Fly dos Foo Fighters, como forma de convencer a banda a dar um concerto na cidade (resultou). 

 

Fui a esse concerto porque o JLee, o fundador do grupo de fãs dos HT, foi um dos mil – um dos bateristas. Foi uma experiência muito gira. Mil músicos ao mesmo tempo é outra coisa, diferente de tudo. Até havia um maestro! Não estava à espera, mas adorei o pormenor. 

 

Nas semanas seguintes, andei a “estudar” as músicas que iam tocar. Vários temas que já conhecia, outros que conhecia mais ou menos, outros que não conhecia de todo. Das últimas duas categorias, não houve nenhuma música que tenha passado a ouvir regularmente ou que me tenha cativado para além de “é um clássico”. As únicas exceções são Knights of Cydonia, dos Muse – e mesmo assim, muito mais ou menos – mas sobretudo a música mais importante de todas: Learn to Fly. 

 

Das que mais me marcaram nesta noite foram Numb e sobretudo Don’t Look Back in Anger, por ter um vínculo emocional com ambas – sobretudo tendo em conta que os Linkin Park tinham acabado de regressar, com tudo o que isso implicou (mais sobre essa mixórdia de emoções aqui). 

 

Um dos pontos altos foi Seven Nation Army. Só mesmo porque os músicos pareceram estar a divertir-se ainda mais do que noutras músicas. E Seven Nation Army pertence às multidões, aos estádios, tal como explicam aqui

 

Na verdade, o melhor do Rockin’1000 foram mesmo os músicos – o JLee em particular, claro, mas não só – todos contentes, vivendo um sonho. O entusiasmo era contagiante.

 

O reverso da medalha é que… eles foram explorados. Os bilhetes não são baratos (e eles estavam a vender pão com chouriço a nove euros dentro do estádio. Essa ficou-me atravessada). Mas, tanto quanto sei, os músicos não receberam um cêntimo. Estamos a falar de músicos que vieram dos quatro cantos do país e mesmo do estrangeiro para Leiria – com os próprios instrumentos a reboque. Tiveram de tirar dias de férias para os ensaios, arranjar alojamento – isto para não falar do tempo que terão dedicado a ensaios a solo nos meses anteriores. 

 

 

A organização do Rockin’1000 não podia ter pago ajudas de custo às pessoas que fizeram o espetáculo? Para onde foi o dinheiro dos bilhetes?

 

Outra coisa que me incomodou – bem menos – foi a ausência de músicas cantadas por mulheres. Não havia espaço para Joan Jett? Blondie? Heart? Alanis Morissette? The Cranberries? Já nem falo de Avril Lavigne ou Paramore…

 

Numb dos Linkin Park conta?

 

Ao menos no concerto deste ano um dos convidados será Mariza Liz. Já é qualquer coisa. Não é suficiente, mas já é qualquer coisa. 

 

Este ano vai voltar a haver Rockin’1000, no mesmo sítio. O JLee vai lá estar outra vez e eu vou também. Os bilhetes já estão comprados. 

 

No final de setembro do ano passado, os GNR tocaram na Feira da Luz. Pertíssimo da minha casa, quase dava para ir a pé, entrada livre – uma raridade. Os GNR são uma das minhas bandas portuguesas preferidas, andava há anos para vê-los ao vivo. Quando surgiu esta oportunidade, naturalmente, aproveitei.

 

                                        

 

Infelizmente, não me pareceu que houvessem muitos fãs “a sério” do GNR no concerto. Pelo menos não na zona onde estava. Mas havia pelo menos um senhor – na casa dos cinquenta ou sessenta anos – super entusiasmado, aos saltos, como se tivesse a minha idade, ou menos. 

 

Como se fosse um membro do grupo HT. Só espero chegar à idade dele ainda capaz de me divertir assim.

 

O concerto em si foi giro, mas Rui Reininho é meio chanfrado. Tem a mania de mudar (ou de se esquecer?) as letras e mesmo as melodias das músicas. Todos os músicos o fazem até certo ponto, não é nada de inédito, mas o Reininho exagera. Uma pessoa quer cantar e atrapalha-se toda – quando, ainda por cima, havia pouca gente à minha volta cantando em coro comigo. 

 

Mas pronto. Diverti-me. Deu para riscar da bucket list. Mas espero vir a ter oportunidade de vê-los num concerto “a sério”, com mais fãs. 

 

Vou agora saltar quase dois meses até ao concerto de Bryan Adams – o meu sexto. Quando escrevi este texto, não sabia que os bilhetes já tinham esgotado. Por um lado, estava à espera que a minha irmã confirmasse que podia ver. Por outro lado, não estava à espera que esgotasse tão depressa. Isso não tinha acontecido com o concerto de 2022 – mas não me devia ter surpreendido tanto. O outro concerto decorreu na reta final da pandemia. Ficámos até aos últimos dias sem ter a certeza absoluta de que o concerto não seria cancelado – terá havido muita gente que não quis arriscar.

 

A realidade é outra em 2024/2025, no entanto. Agora não dá para esperar. Estava mais ou menos resignada depois de perder o primeiro comboio. Felizmente abriram segundas datas, a segunda de Lisboa a um domingo. A minha irmã não trabalha aos fins de semana, não precisava de me preocupar com ela. Aí saltei logo – comprei bilhete para mim, para a minha irmã e para o namorado e ainda arranjei maneira de desencaminhar uma amiga da família HT. 

 

   
 
 
 
 
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Tecnicamente duas, mas a outra comprou bilhete para o primeiro concerto antes de nós. 

 

Desta feita, fiquei com a minha amiga num sítio diferente do costume: no meio, perto da grade. A minha irmã e o namorado ficaram mais afastados, perto do sítio onde ficámos em concertos anteriores. Adiantando-me um pouco, durante o concerto, tinha o Bryan a poucos metros de mim. E foram várias as ocasiões em que as câmaras se voltaram para o público e eu me vi a mim mesma no ecrã gigante. 

 

Um pormenor que quero deixar registado em ata: enquanto esperávamos pelo início do concerto, um rapaz ao pé de nós matou o tempo vendo o filme Spirit no telemóvel – a maneira correta de esperar por Bryan Adams. E eu consegui ir espreitando.

 

Como tecnicamente esta era ainda a digressão de So Happy it Hurts, estava com receio que este concerto fosse muito parecido com o de 2022 – que, por sua vez, já tinha sido parecido com o de 2019. Estava enganada. Foi bastante diferente.

 

Começando logo pelo carro voador no início – que tinha uma câmara, acho eu. Para além disso, uma das maiores diferenças foi a constituição da banda: só quatro membros. Às vezes tínhamos Bryan no baixo e Keith Scott (um septuagenário!) como única guitarra. Às vezes Bryan pegava na guitarra e a música era tocada sem baixo. 

 

É uma escolha. Sempre é melhor que manter apenas uma guitarra para todas as músicas, como acontece, por exemplo, no DVD Live in Slane Castle. Há canções em que isso não funciona de todo – o exemplo mas óbvio é It’s Only Love. Continuo a achar que era mais fácil manter a banda de cinco elementos, mas isto sou eu.

 

Tivemos várias surpresas no alinhamento. Uma delas, das mais agradáveis, foi Take Me Back – uma pérola escondida, uma das primeiras sobre a qual escrevi. Por outro lado, tocou a versão do DVD Live in Lisbon de Heaven – a minha versão preferida. 

 

                                           

 

Aliás, no início de 2024, Bryan lançou o áudio completo desse DVD nos Spotifys desta vida. Uma jogada inesperada e, sinceramente algo confusa, mas que adorei.

 

Por outro lado, Bryan voltou a tocar Tonight, pela terceira vez consecutiva comigo lá. Não me queixo. Tocou outras favoritas minhas, como Cloud Number 9 e Back to You, os êxitos todos. Incluiu um  medley de It’s Only Love com The Best e What’s Love Got to Do With It, em homenagem a Tina Turner (uma rainha que deixou saudades).

 

Alguns reparos: eu teria trocado Always Have Always Will por These Are the Moments That Make Up My Life. E a inclusão de uma versão de Can’t Take My Eyes Off You irritou-me – se calhar mais do que devia. A verdade é que não gosto da música e, por amor de Deus, o homem ia quase em quarenta e cinco anos de carreira (...como assim, quarenta e cinco anos de carreira?!?), dezasseis álbuns (...por acaso não tenho a certeza do número) e precisa de incluir covers num alinhamento? 

 

Mas pronto, são coisas menores. E mesmo passados mais de vinte anos desde a primeira vez, mesmo sendo a versão Bare Bones pela quarta vez consecutiva, não me canso de cantar Here I Am em todos os concertos de Bryan.

 

Esta é que nunca pode sair do alinhamento.

 

Tenho andado convencida de que Bryan voltará a Portugal em breve. Este ano acho que já não dá, talvez no próximo…? Bryan vai lançar o seu próximo álbum Rolling With the Punches, no final de agosto – até estou surpreendida por não sair mais cedo. Não ando muito impressionada pelas músicas que saíram até agora. Neste momento, a de que gosto mais é da mais recente, Never Ever Let You Go. 

 

Também não estou à espera de grande coisa do álbum novo. São só mesmo desculpas para continuar em digressão. Conforme alguns fãs têm comentado, de um dia para o outro a digressão mudou de nome mas, tirando a inclusão de um par de músicas novas, não mudou mais nada. Mas não deixa de ser um bom concerto, por isso, quem se rala? 

 

Eu fico à espera. Enquanto puder, enquanto Bryan não se fartar, eu não me farto.

 

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Passamos, agora, de um repetente a uma estreia – outro nome grande que desejava ver ao vivo há mais de uma década. É engraçado, os Within Temptation atuaram quase no mesmo sítio – na Sala Tejo em vez da sala principal – e nos dois dias a seguir ao segundo do Bryan, mas foi bastante diferente. A minha companhia era diferente – amigos da família HT (aliás, o concerto foi no segundo aniversário do grupo), mas não a mesma que viera comigo no domingo anterior – e, claro, a audiência de Bryan Adams não é bem a mesma dos Within Temptation. 

 

Apesar de os conhecer há muitos anos, este foi um dos concertos para os quais precisei de estudar. Só mesmo o álbum mais recente, Bleed Out, que motivara a digressão. Não detesto o álbum, gosto mais do que do Resist, fiquei a gostar um bocadinho mais depois do concerto… mas a verdade é que raramente tenho vontade de o ouvir. 

 

O concerto teve duas bandas de abertura, os Blind8 e os Annisokay. Não foram maus, sempre entretiveram. Tivemos dois destaques óbvios: quando a própria Sharon den Adel subiu ao palco para cantar Labyrinth com os Blind8 – de t-shirt e calças de fato de treino, algo que não estava no meu cartão de bingo. 

 

Sabendo que, a seguir, Sharon teve de se enviar num corpete e num vestido, não a posso censurar. 

 

O outro momento de destaque foi quando os Annisokay tocaram uma versão de One Step Closer. Uma homenagem ao falecido Chester Bennington, conforme explicaram, mas talvez também tenham adivinhado que havia gente no público que se conhecera graças a uma certa banda e ao seu tributo português. Eu e o meu grupinho naturalmente virámos Linkin Park no vídeo de Two Faced.

 

Nove em cada dez vezes que parte da família HT se reúne, mesmo sem ser para concertos, acabamos a cantar músicas dos Linkin Park. Muitas vezes nem é por iniciativa nossa.

 

Quanto aos Within Temptation em si, foi um bom concerto. O alinhamento deixou um pouco a desejar. Tinha esperanças de que tocassem Somewhere, mas sabia que era pouco provável. Mas não estava à espera que deixassem Memories ou What Have You Done de fora. 

 

Ainda assim, tivemos melhor alinhamento que a noite anterior. Na véspera houvera All I Need e Mother Earth. Nós tivemos Angels e Ice Queen, de que gosto muito mais. 

 

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Por fim, tivemos o privilégio de ter Tarja em palco e as duas rainhas cantando Paradise (What About Us?). Aliás, a Sharon é incrível. Linda, enérgica, interage bem com o público, uma voz fabulosa que não falha. Nem mesmo quando não pára quieta em palco.

 

Podem crer que fiz por acompanhar Sharon nos vocais, mesmo nos mais agudos. Sobretudo nos mais agudos, como precisamente Angels e Ice Queen. Era aquilo com que sonhei durante os anos à espera desta oportunidade. E aqui entre nós, quem é que se pode chamar a si mesmo fã de Within Temptation sem sequer tentar cantar com Sharon num concerto?

 

Por outro lado, o guitarrista Rudd Jolie estava do nosso lado. Também fartou-se de se meter com o público.

 

Em suma, gostei muito, espero voltar a vê-los. Mas de preferência numa digressão diferente, com outro alinhamento. 

 

Finalmente, um mês depois, mais coisa menos coisa, voltei ao Pavilhão Atlântico – à sala principal. Desta vez fui quem foi desencaminhada – para ver os Anjos. Em jeito de comemoração dos vinte e cinco anos de carreira, a dupla deu um concerto em conjunto com a Banda Sinfónica da GNR e a Banda Sinfónica da PSP. Os lucros reverteram para a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica. Consta que se acumulou um cachê bem simpático. 

 

Tinha passado o mês anterior a estudar a discografia dos Anjos – recordando algumas que ouvia quando tinha dez, onze anos, no primeiro CD deles ao vivo. Outras que me recordava vagamente de anos posteriores, de ouvir na rádio ou em novelas. Descobri algumas que não conhecia. São melhores do que me recordava.

 

Foi um concerto com lugares sentados mas, desta vez, deu jeito – eu estava doente. O que, mesmo assim, não me impediu de dançar e em geral divertir-me.

 

                                     

 

Não que tenha muito a dizer sobre o concerto. Não adorei que tivessem despachado os primeiros êxitos – Perdoa, Quero Voltar, Ficarei – logo no início. Eram as músicas com maior valor nostálgico para mim. E nem sequer tocaram Numa Noite ao Luar, uma das minhas preferidas. 

 

Tirando isso, foi um bom concerto, com vários convidados. Tenho estado à espera que transmitam a gravação. À hora que publico, ainda nada. Pergunto-me se isso se deve ao processo entre eles e a Joana Marques. Talvez estejam à espera que a popularidade dos Anjos melhore.

 

Entretanto, hei de ser de novo arrastada para eles muito em breve. Desta feita será na Chamusca, nas festas da semana da Ascenção e convidaram o Diogo Piçarra. E estou certa de que haverão mais concertos depois deste. 

 

E ficamos por aqui hoje. Obrigada pela visita. Encontramo-nos de novo daqui a dez dias e picos para a segunda parte deste balanço. 

Linkin Park - The Hunting Party (2014) #4

 

Última parte da crítica a The Hunting Party, dos Linkin Park. Podem ler as três primeiras partes aqui, aqui e aqui.
 
"We are not satisfied
We are hungry
 
Hungry for the visceral
Cathartic
Inspired
Defiant
 
We are not heroes
Or anti-heroes
 
We carry only the flag
That is our own
 
Now is not the time 
To look back and see
If anyone is following
 
Now is the time to
charge forward 
Into the unknown"
 
The Hunting Party é, definitivamente, um dos álbuns mais pesados e roqueiros da banda, se não for o mais pesado. As guitarras e, sobretudo, a bateria são senhoras e rainhas pela primeira vez em muito tempo na discografia da banda, a primeira, em particular, enlouquece com frequência ao longo do álbum. Já aqui tinha referido que eles estão a tentar resgatar o rock, mas Mike, em declarações posteriores, afirmou mesmo que a mensagem de The Hunting Party vai além disso. Os Linkin Park não se limitam a ser agressivos na sonoridade, eles afirmam-se agressivos na atitude, no modo de vida, pro-ativos, carnívoros, caçadores, eles vão atrás daquilo que querem, em oposição a uma certa cultura de passividade predominante na sociedade atual. Daí o titulo The Hunting Party. 
 
Não tenho gostado, por outro lado, da direção que algumas das declarações de Mike tomaram. Segundo ele, a banda queria fazer uma espécie de regresso à adolescência, à altura em que rejeitavam teimosamente qualquer sonoridade que passasse num anúncio publicitário ou de que os seus pais gostassem, no fundo, que fosse "mainstream". Admito que muito boa gente possa identificar-se com essa filosofia, eu no entanto acho que é infantil e mesmo, sendo eles uma banda de sucesso, hipócrita. Vou supor, por isso, que eles tenham falado disso apenas do ponto de vista de nostalgia. 
 
Todo o conceito de resgatar o rock, mesmo dos carnívoros e caçadores, é interessante mas acaba por não se refletir diretamente nas letras das músicas, tirando o rap de Guilty All the Same, e mesmo assim. Uma incoerência sem grande importância, mas real. As temáticas são praticamente todas Linkin Park, com o tema da guerra e tudo o que com ela se relaciona a predominar - o que confere consistência ao álbum em termos de conceito. Por outro lado, The Hunting Party não repete o erro de alguns dos seus antecessores ao não incluir faixas demasiado parecidas umas com as outras, pelo menos não ao ponto de se confundirem.
 

 

Considero The Hunting Party um bom álbum, sólido, não por ser mais parecido com The Hybrid Theory e Meteora que com A Thousand Suns ou Living Things, como a maior parte dos fãs, mas sim porque, dentro do seu estilo, está bem feito. Ao contrário de muito boa gente, não acho que os três álbuns da banda tenham sido um erro, muito menos Living Things.
 
Devo confessar, aliás, que gosto mais de Living Things do que de The Hunting Party. Não por achar que LT é melhor, porque não é (tem, também, as suas imperfeições), é uma questão de preferência pessoal. Living Things tem um equilíbrio perfeito entre o rock e o eletrónico, entre a emoção e a agressividade, tem mais diversidade que The Hunting Party. No entanto, tudo isto não é defeito, é feitio. Os Linkin Park não queriam fazer um Living Things 2.0, queriam fazer um disco mais rock que eletrónico, agressivo, macho. E como o fizeram bem, não se pode criticar.
 
Por outro lado, eu fico sempre algo desconfortável quando um artista ou banda adota um estilo num trabalho novo que rompe com o estilo de discos anteriores. Dá a sensação - sobretudo em conjunto com algumas declarações aquando do lançamento dos álbuns em questão - de que estão a renegar os trabalhos anteriores. Mesmo depois de testemunhar mudanças do género em... bem, praticamente todos os cantores ou bandas que acompanho, de falar várias vezes neste assunto aqui no blogue, frequentemente contrariando-me a mim própria, ainda não decidi em que circunstâncias gosto que os artistas mantenham o estilo que os caracteriza ou se prefiro que eles procurem evoluir. 
 
Pelo menos em relação a The Hunting Part e aos Linkin Park , não tenho nada de negativo a assinalar, tirando um pormenor ou outro. A banda fez um bom álbum, ao seu nível, não desiludiu. Não se podia exigir mais.

Não posso deixar de falar do concerto do Rock in Rio, a que assisti ao vivo e... na primeira fila. Não exatamente à frente do palco, mais à direita, um local que as câmaras não captavam mas, de qualquer forma, bem melhor do que me atrevia a sonhar - até porque só conseguimos arranjá-lo não muito antes do início da atuação dos Linkin Park. (Não vou dizer como é que conseguimos este lugar, pois tenciono voltar a usar este truque quando surgir a oportunidade) Se tivesse sabido antes, teria levado qualquer coisa, um cartaz, uma bandeira, um cachecol, qualquer coisa que pudesse oferecer-lhes atirando para o palco. Fiz questão de ficar mesmo junto à grade, pedi à minha irmã e aos amigos dela, com quem fui ao concerto, para se juntarem a mim, mas eles quiseram ficar mais atrás, alegando que se via melhor. Mais tarde arrepender-se-iam.

Quanto ao concerto em si, devo dizer que fiquei algo desiludida em alguns aspetos, começando pela setlist. Achei interessantes as misturas de músicas e as longas introduções instrumentais - um elemento que, mais tarde, predominaria no álbum novo - mas as faixas incompletas (algumas das quais das minhas preferidas) irritaram-e. De Crawling, por exemplo, só tivemos direito ao refrão.

Por outro lado, gostei da inclusão na música original do refrão de Numb/Encore.
 

 

Outro aspeto que desiludiu foi a falta de contacto com o público, em comparação com as atuações anteriores no Rock in Rio. Sobretudo agora em que eu estava na fila da frente e tudo. Depois de nas duas edições anteriores Mike ter ido ao público em In the End e daquele cachecol do F.C. Porto do concerto de 2012, o concerto deste ando foi definitivamente um desapontamento. Nesse aspeto, o concerto de há dois anos foi melhor, até porque a setlist incluia mais das faixas favoritas dos fãs.

No entanto, por muitas críticas que lhe façamos, nenhum concerto é mau quando é com um cantor ou banda de que realmente gostamos. E eu fiz por aproveitar aquele concerto ao máximo. Portei-me como uma autêntica metaleira, dando headbangs como nunca na minha vida, saltando, batendo palmas, cantando em altos berros. Fiquei de bangover durante dois ou três dias. Eles chegaram a cantar mesmo à minha frente, o Mike uma vez, o Chester três vezes (de uma das vezes meteu piada ver o Chester com um pé em cima de um caixote do lixo e um segurança segurando esse mesmo caixote...). Julgo que chegaram a olhar para mim. Na altura, fiz gestos pedindo que viessem para ao pé do público. Hoje vejo que teria sido melhor ter-lhes soprado beijos ou feito vénias. Mas quando estas coisas acontecem, não há muito tempo para pensar.

O melhor foi mesmo no final, nas despedidas, quando o Chester saltou do palco para contactar com o público do meu lado. Chegou a ir abraçar-se a uma miúda em lágrimas, mesmo na ponta da fila. Passou rapidamente pela zona onde eu estava, dando-me tempo para lhe agarrar a mão durante dois segundos, se tanto. As pulseiras dele arranharam-me os dedos. Meio minuto depois, em completo modo fangirl, gabava-me:

- Eu toquei na mão do Chester!

A minha irmã, naturalmente, ficou com vontade de me matar mas, em minha defesa, eu bem insisti que ela viesse para ao pé de mim.

 

Coisas de fangirl à parte, já aqui tinha falado de como tenho vindo a admirar muito Chester Bennington ao longo dos últimos anos, sobretudo tendo em conta o seu passado complicado. Hoje sinto-me grata por ele ter sobrevivido a todas essas dificuldades, tendo sido capaz de me proporcionar, juntamente com os companheiros de banda, mais uma noite inesquecível, bem como os álbuns dos Linkin Park e Dead By Sunrise.

 

Entretanto, Bryan Adams anunciou que se prepara para lançar ao longo dos próximos meses nada mais nada menos que três álbuns. Um de covers e uma única música inédita, intitulado Tracks of My Years, com edição prevista para o próximo mês, cuja capa é apresentada em cima (por favor, ignorem o cabelo...). O segundo álbum será uma reedição de Reckless, para comemorar os trinta anos de lançamento, com músicas extra - suponho que saia em novembro, à volta do dia 5, a data do lançamento do álbum original. Por fim, algures em 2015, lançará um disco de originais.

Não deixarei de falar desses trabalhos à medida que forem sendo editados - tenho aliás uma série de notas sobre Reckless, redigidas ainda antes de saber da edição especial, que pensava utilizar para escrever uma entrada a propósito do aniversário deste álbum. Anseio sobretudo pelo álbum de originais, o primeiro desde 11 em 2008. Durante algum tempo pensei que Bryan não tornaria a lançar um CD de músicas inéditas. Ele não precisa, não tem nada a provar, e agora dá demasiado trabalho em termos de marketing e promoção lançar álbuns de originais - e ele nunca foi adepto de entrevistas. Ele podia perfeitamente continuar em modo de celebração de carreira, lançando faixas inéditas aqui e ali, dando concertos Bare Bones ou de banda completa, e, pelo menos ao longo dos próximos anos, continuaria a arrastar multidões atrás de si sem grandes dificuldades. Mas se Bryan quer lançar um décimo-segundo álbum, eu não me queixo, até aprecio. Entre outras coisas porque, em princípio, associado a esse álbum virá um concerto em território português - mas sobre isso falarei melhor em caso de confirmação.

Estas foram as primeiras entradas após uma ausência prolongada. Queria ver se, nos próximos tempos, conseguia escrever alguns textos que ando a adiar há semanas, ou mesmo meses, mas a minha vida anda complicada, às vezes falta-me a vontade de escrever. Talvez as publicações voltem a ter alguma regularidade quando as coisas melhorarem, mas não estou em condições de prometer nada. Vou fazer por insistir na escrita, que às vezes é a única coisa que faz sentido na minha vida. Foi sempre assim. Até lá...

Linkin Park - The Hunting Party (2014) #2

 

Segunda parte da crítica a The Hunting Party. Primeira parte AQUI.
 
5) War
 

 
"Victory decides who's wrong or right"

War é provavelmente a música mais pesada de The Hunting Party. Cantada totalmente em screamo por parte de Chester, com um ritmo alucinante proporcionado pela bateria de Rob Bourdon (não admira que este tenha tido problemas nas costas durante as gravações deste álbum...) e uma letra muito pró-bélica, é unidimensionalmente um grito de guerra sob a forma de música, com todas as vantagens e desvantagens associadas a esse carácter.

6) Wastelands




"They talk like a shotgun
But how many got bred with integrity?
Not one"

Aquela que se tornou o terceiro single de The Hunting Party tem um significado especial para mim, pois a primeira vez que a ouvi na íntegra foi na fila da frente do Rock in Rio. Ainda durante o concerto dos Queen of Stone Age, Joe Hahn, o DJ dos Linkin Park, andou a distribuir CDs com o single pelo público, precisamente na zona onde me encontrava. Mais tarde, como podem ver no vídeo acima, Mike atiraria uma mão-cheia de CDs para a audiência antes da primeira apresentação da música. Não consegui nenhum CD, infelizmente, mas cheguei a ver um deles e a explicar a um dos felizes contemplados que receberam um que era o novo single. Tal como seria de esperar, o single apareceu no YouTube na manhã seguinte; no entanto, gostava de ter ficado com um dos CDs por motivos sentimentais - até porque suspeito que o tipo com quem falei não valorizaria o CD tanto como eu.

De qualquer forma, já foi bom ver o Joe Hahn a passar mesmo à minha frente.

Falarei melhor sobre o Rock in Rio mais à frente, para já continuemos a análise ao álbum. Se as circunstâncias em que Wastelands foi lançada como single foram especiais, a música em si, infelizmente, não é nada de especial. Em termos de letra está bem colocada no álbum a seguir a War, na medida em que pega onde a faixa anterior parou e segue até a um cenário pós-apocalíptico. Tem a estrutura-tipo das música dos Linkin Park, com o rap de Mike e o refrão de Chester, mas poucos elementos que lhe deem carácter para além disso. O refrão, aliás, soa-me demasiado similar ao de Guilty All the Same e nem sequer tem a mesma força. No entanto, gosto do último refrão, em que a música abranda e os vocais de Chester soam mais melodiosos. Pontos também para a transição para Until It's Gone. No entanto, na minha opinião, é das menos conseguidas de The Hunting Party.

7) Until It's Gone




"'Cause finding what you got sometimes
Means finding it alone"

Já tinha falado sobre o segundo single de The Hunting Party aqui. Pouco após publicar essa entrada, confesso que me senti algo hipócrita por ter criticado tão duramente a letra da música. Afinal, não se pode dizer que os Linkin Park sejam grandes poetas, se formos a ver, muitas das faixas deles têm letras fracas. No entanto, mantenho a minha opinião, pois várias das letras deles, ainda que longe de perfeitas, são suficientes para ser possível contar uma história a partir delas, ou pelo menos definir um cenário ou um sentimento. Por outro lado, em Bleed It Out estamos demasiado distraídos com a energia frenética, quase doentia, da música para nos preocuparmos com a letra.

Infelizmente, o excelente tratamento musical de Until It's Gone não chega para esquecer a letra repetitiva e cheia de clichés. Continuo a achar que bastava não repetirem até à exaustão a irritante frase-feita para Until It's Gone ser uma das melhores dos Linkin Park. Assim, mantém-se apenas mediana, o que é uma pena.

8) Rebellion




"And far away, they burn their buildings
Right in the face of the damage done"

Nesta faixa, participa Daron Malakian, da banda System of a Down, na guitarra. Muitos têm assinalado que Rebellion se assemelha, de facto, a uma canção dos SOAD - como não estou familiarizada com o trabalho da banda, não me posso pronunciar sobre esse aspeto. Apenas posso dizer que é uma das melhores de The Hunting Party.

De início, os vocais graves de Mike sobre este tipo de acompanhamento, causaram-se confusão. Cheguei mesmo a pensar que não era ele a cantar. No entanto, consegui entranhar. Reconheço que a banda arriscou com este tratamento, em vez de se contentar com a habitual estrutura Mike-no-rap-Chester-no-refrão e acho que esta experiência não saiu má de too. As vozes dos dois, Chester e Mike, casam bem, sobretudo no segundo e terceiro refrões. Também gosto das guitarras nesta música, pelo que a participação de Malakian não terá sido desperdiçada. Destaque para a sequência que se segue ao segundo refrão, antes dos gritos de Chester, com o crescendo de "We fall apart... we fall apart".

A letra de Rebellion é, na minha opinião, uma das melhores deste álbum, se não for a melhor. Com traços inesperadamente políticos e atuais, Rebellion fala sobre a opressão, a miséria, a guerra, a revolta dos povos, a partir do ponto de vista de países do primeiro mundo, que não têm de lidar com esses problemas, ou lidam em menor escala. Numa altura em que o mundo lida com tantos conflitos na Ucrânia, na faixa de Gaza, entre outros locais, este é um tema muito atual.

Como podem ver, Rebellion é um ponto forte de The Hunting Party. Muitos esperam que se torne single, mas é difícil de prever.


A crítica continua aqui.

 

Músicas Não Tão Ao Calhas - Guilty All The Same

Na semana passada, a banda californiana Linkin Park lançou, algo inesperadamente, o primeiro single do seu sexto álbum de estúdio, ainda sem título, de edição prevista para junho. A música chama-se Guilty All the Same e conta com a participação do rapper Rakim.
 

 

"You want to point your finger
But there's no one else to blame"
 
O que se destaca mais em Guilty All the Same (por algum motivo, ando a dizer na minha cabeça Guilty All the Way... enfim) é a sua sonoridade. Depois de dois álbuns com uma forte componente eletrónica, e em diametral oposição ao forte dubstep de A Light that Never Comes, o novo single  dos Linkin Park tem um som rock muito pesado, cru, visceral, metaleiro - o mais parecido com isto que conheço são certas músicas dos Sum 41, em particular do seu último álbum. Guilty All the Same possui longas sequências instrumentais, incluindo uma introdução de minuto e meio. É dominada por guitarras elétricas, com destaque para a sequência de abertura e encerramento, que se torna a imagem de marca da música, e um riff  que mimetiza a melodia. Possui, ainda, uma bateria que não se contenta com o papel hoje em dia reservado aos sintetizadores, que repetem o mesmo padrão de batida do princípio ao fim, com poucas variações. Ainda se ouve piano, primeiramente na já referida introdução de minuto e meio, imitando a sequência de marca da musica; é ouvido, depois disso, no apoio às estâncias.
 
Nesta música tão pesada, a melodia revela-se surpreendentemente cativante, em particular nas estâncias. Nada a apontar à interpretação de Chester Bennington, embora ele pudesse ter complementado a música com um dos seus icónicos gritos. Talvez receassem que a música ficasse demasiado pesada. No entanto, não me custa imaginar o Chester apimentando a interpretação ao vivo de Guilty All the Same dessa forma muito sua.
 
Sobre a letra, não há muito a dizer. Aborda um tema tipicamente Linkin Park, com críticas a pessoas que julgam que sabem tudo, que têm sempre razão, que encontram defeitos em tudo exceptuando elas mesmas. Não é particularmente original nem memorável, mas não é má. É definitivamente melhor que A Light that Never Comes. Eu até gosto da estrutura das estâncias.
 
A terceira parte da música, com o rap, é a de que gosto menos. Na minha opinião, falta energia à interpretação de Rakim, esta não condiz com o carácter da música. Bastava, pura e simplesmente, o tom subir uma oitava. Não sou capaz de compreender esta participação especial, tirando o facto de Mike Shinoda - o habitual rapper dos Linkin Park - ter afirmado ser grande fã de Rakim, mas eu penso que Mike faria melhor trabalho. A letra do rap traça críticas ao capitalismo, à indústria musical, mas, mais uma vez, nada de particularmente memorável ou fora do vulgar.

Segundo declarações de Chester e Mike, a sonoridade do álbum novo estará dentro deste estilo, que penso ser o mais pesado de sempre da banda, mais pesado ainda que os primeiros álbuns. Mike afirmou que queria "preencher um vazio" existente na rádio dos dias de hoje. Eu pergunto-me se a intenção dos Linkin Park será, realmente, ressuscitarem o estilo musical. A ser verdade, será de louvar, estarão a fazer um favor a inúmeras bandas de rock que não conseguem, ou não querem, adaptar-se ao eletro-pop da rádio atual. Esperemos é que sejam bem sucedidos, o que não está garantido. Uma coisa é agradarem aos fãs hardcore, que nunca alinharam muito no estilo dos últimos álbuns. Outra coisa é a reação do mundo da música geral a este estilo pouco radiofónico.
 
Intenções nobres à parte, visto que o álbum só sairá em junho, ou mesmo depois (espero não ter uma nova situação à Avril Lavigne, o álbum), talvez se lance um segundo single em finais de abril, inícios de maio. Talvez, à semelhança do que aconteceu em 2012, apresentem uma ou outra música inédita no concerto do Rock in Rio, a que vou assistir.

Guilty All the Same não teve, para mim, o mesmo impacto que Burn it Down teve quando saiu. Acho até que gosto mais de A Light that Never Comes, apesar de ser mais imperfeita - coisas incompreensíveis. O que não me impede de gostar muito de Guilty All the Same, de ansiar pelo resto do álbum. Quer-me parecer que, com os Linkin Park e Hydra, dos Within Temptation, 2014 será o ano do metal para mim. Vai ser engraçado.


Neste momento, encontro-me em estágio, pelo que tenho menos tempo aqui para o blogue. No entanto, vou tentar não deixá-lo ao abandono durante demasiado tempo. Não deixem de visitá-lo, de vez em quando.

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