Bryan Adams atuou no Pavilhão Atlântico (nunca me convencerão a chamar-lhe MEO Arena) na passada segunda-feira, dia 25 de janeiro. Eu e a minha irmã estivemos lá, quase na primeira fila (tinha uma pessoa à frente). Não podia deixar de falar do concerto aqui no blogue.
NOTA: Eu não sei como é com vocês, mas eu não gosto de spoilers em relação a concertos. Prefiro não saber de possíveis setlists, de truques de palco, de ocorrências engraçadas em concertos anteriores, entre outras coisas, dentro do possível, claro. Gosto de ser surpreendida, de descobrir coisas pela primeira vez por mim mesma e não por testemunhos alheios ou vídeos do YouTube – como, por exemplo, quando descobri acerca do Pressure-flip dos Paramore quando estes vieram ao Alive em 2011. Uma vez que já se passaram uns dias desde os dois concertos em Portugal, em princípio este texto não estragará a surpresa a ninguém. No entanto, pode ser que alguém esteja a pensar a ir a uma das datas da digressão no estrangeiro. Para essas pessoas fica o alerta de spoilers.
Depois de, em 2011, termos ficado nas bancadas e detestado (se eu quisesse assistir a um concerto sentada, teria ficado em casa, no sofá, a ver o DVD Live in Lisbon. E as pessoas ao nosso lado pareciam estar a dormitar…) e também por uma questão económica (os preços subiram imenso em apenas quatro anos, é uma coisa parva), este ano quisemos ir para a plateia. Para arranjarmos lugares decentes, chegámos lá com duas horas de antecedência (mas também pensávamos que o concerto começava meia hora antes). Tivemos de esperar uma hora ao frio antes de abrirem as portas, mas conseguíamos ouvir do lado de fora os testes de som, dando alguns spoilers da setlist.
Eu, outra vez. Fonte: Blitz
Quando finalmente nos deixaram entrar no Pavilhão, eu e a minha irmã conseguimos ficar perto do palco, mais para a direita – cheguei a ter um dejá-vu pois foi quase a mesma posição em que fiquei no Rock in Rio de 2014. Ainda ficámos mis uma hora e vinte minutos à espera, entretendo-nos com a capa no ecrã gigante, que de vez em quando mexia os olhos, fazia duck faces, deitava a língua de fora, e, a certa altura, pousou-lhe uma mosca no nariz e rejeitou uma chamada no seu iPhone...
Finalmente, o concerto começou com Do What You Gotta Do - por sinal, a canção de que gosto menos em Get Up, mas não deixei de cantá-la. Para além do álbum Get Up, a setlist foi também influenciada pelos 30 anos de Reckless – para além dos singles do costume, Bryan e os companheiros de banda tocaram também She's Only Happy When She's Dancin', Somebody e Kids Wanna Rock. Só ficou a faltar One Night Love Affair. Ele também tocou outros temas menos rodados, como I'll Always Be Right There, o cover de C'mon Everybody (numa versão mais rock que a de Tracks of My Years), e Lonely Nights – esta última em resposta a um pedido nas redes sociais (porque não me lembrei eu também de pedir músicas desta forma?).
Por acaso, houve uma altura, há cerca de... nove, dez anos (?!) em que andava a ouvir imenso esta música, imaginando-a tocada ao vivo. Foi fixe vê-la passar da imaginação à realidade sem muitas alterações - as expressões do Keith Scott nos backvocals, por exemplo, eram iguaizinhas ao que imaginei. É o que dá ter visto o DVD Live in Lisbon inúmeras vezes, na altura.
Gostei do facto de esta setlist ter equilibrado os Summer of 69's desta vida com temas menos rodados, como os que referi acima. Já tinha sido assim em 2011, cujo tema fora os 20 anos de Waking Up the Neighbours, rendendo temas como House Arrest, Do I Have to Say the Words, Depend on Me, Thought I'd Died and Gone to Heaven (que eu adoro). Foi um dos motivos pelos quais não me importei muito por ter falhado o concerto do Rock in Rio em 2012, no qual ele tocou quase só os singles habituais que toca em todos os concertos. São os temas de que toda a gente gosta, é certo, mas que não satisfazem completamente o fã mais dedicado, que tem favoritos entre os temas menos popularizados. O próprio Bryan admitiu, durante o concerto, que não é fácil agradar a toda a gente, que treze álbuns correspondem a muitas músicas. Eu falo por mim mas não fiquei com motivos de queixa em relação à setlist.
Após a terceira ou quarta música, Bryan apresentou-se dizendo que, em Portugal, o seu nome é "O-Bryan". "O-Bryan?", perguntávamos nós. Sim, porque, em terras lusas, as pessoas cumprimentam-no com um "Ó Bryan, como está?". Ele tem sentido de humor, dá para ver, por exemplo, nesta entrevista (a propósito, será que lhe arranjaram carcaças, desta vez?). Mais tarde no concerto, ele diria algo como "This is kind of a new song for us, you may have heard it on the album, if you know it sing along..." antes de começar a tocar... (Everything I Do) I Do it For You. Como se diz em bom português, jajão.
Antes dessa, no entanto, já tínhamos tido outros pontos altos, como Heaven - em que o Pavilhão se encheu de luzes brancas, nós, na audiência, cantámos a primeira estrofe sozinhos, muitos agarrados aos mais-que-tudo.
Por outro lado, uma das minhas maiores expectativas era It's Only Love, sempre uma oportunidade para exibir as habilidades da arma secreta, como Bryan lhe chamou, Keith Scott, um dos melhores guitarristas do Mundo. Não fiquei desiludida.
Tivemos, contudo, um pequeno desapontamento. Para a canção Baby When You're Gone, o Bryan costumava chamar uma menina ao palco. Estando eu e a minha irmã muito perto do palco, estávamos as duas, como diz a minha irmã, cheias d'a fé. Eu ia mesmo pedir para tocar guitarra em vez de cantar - tinha andado a praticar e tudo! Bryan, no entanto, quis fazer uma coisa diferente: pediu uma "mulher selvagem" para dançar ao som de If Ya Wanna Be Bad Ya Gotta Be Good. Não é tão giro como subir ao palco, na minha opinião, mas sempre rendeu momentos engraçados, como poderão ver no vídeo abaixo.
A feliz contemplada foi uma Joana, de top branco (ele só não me escolheu a mim porque eu estava vestida até ao pescoço, aposto... mas também não sou grande dançarina e demasiado tímida para aquele género de dança). Mas a Joana não se saiu nada mal e o próprio Bryan, como podem ver, não teve pejo em encorajá-la. Também poderão ver que ele tentou emparelhá-la com algum homem livre no concerto, antes de ela mostrar que era casada.
- Yeah, but he's not here - disse ele. Tinha ficado a jogar futebol - Of course. He's Portuguese? Of course he plays football!
Um aparte só para dizer que eu só aceitarei como marido (ou esposa) alguém que venha comigo a concertos, do Bryan Adams ou de outros artistas de que eu goste. Não acho nada de mais, até porque eu, ao contrário de muitas mulheres, não gosto assim tanto de compras nem de filmes lamechas e, além disso, sou fã de futebol.
Depois desta, ele tocou Here I Am, também a pedido - incluindo de um cartaz que se via na audiência. Fico em dívida para essa pessoa, pois é a minha canção preferida dele e ia ficar triste se não tivesse sido tocada.
Tendo ficado muito perto do palco, mesmo em frente de um dos microfones, como se vê no primeiro vídeo, eu e a minha irmã pudemos ver tanto Bryan como Keith mesmo à nossa frente em várias ocasiões. Desta vez não cometi o erro do Rock in Rio de 2014 e procurei não desperdiçar essas ocasiões: sempre que olhavam na minha direção, soprava-lhes beijos, fazia-lhes corações com o dedos, apontava para eles quando as canções o justificavam. O ponto mais alto foi em 18 'Til I Die, quando o Bryan apontou para a minha irmã, a única naquela zona tirando eu que sabia a letra (estão na primeira fila e nem sequer sabem a letra de 18 'Til I Die. Tristeza...) e ela apontou de volta. Desde essa altura ela quem vindo a dizer que o Bryan cantou pelo menos aqueles três versos - We´re gonna have a ball, yeah/ We're gonna have a blast/Gonna make it last! - especialmente para ela. Até porque ela tem dezoito anos, precisamente.
Tal como já tinha acontecido antes, o concerto terminou com aquilo a que chamo um momento Bare Bones: Bryan sozinho com uma guitarra e uma harmónica. Antes, Bryan falou um pouco da sua infância em Birre, Cascais, dos seus primeiros passos no mundo da música: desde a música clássica do seu pai ao fado - altura em que percebeu o poder da música para tocar pessoas, independentemente das palavras - aos Beatles. De seguida, tocou Straight From the Heart. Gosto imenso de ouvir a música assim, só com guitarra e harmónica, realçando a relativa inocência da letra.
Antes da última canção, All For Love, Bryan pediu-nos que acendêssemos todos os telemóveis e o Pavilhão Atlântico encheu-se de luz. Não gosto assim tanto da versão acústica da música, sobretudo por não incluir a terceira parte, mas não deixou de ser um belo encerramento de concerto.
E assim se passou mais uma das melhores noites da minha vida. Saí do Pavilhão Atlântico à beira da desidratação, com as pernas a querer colapsar. Fiquei dorida durante dois ou três dias e estou convencida que a constipação que apanhei está relacionada com o abuso das cordas vocais. Costumo dizer que, quando temos sintomas de bangover como estes, é porque tivemos uma das melhores experiências da nossa vida, é porque aproveitámos como deve ser.
O meu pai perguntou-me, quando regressámos a casa, se eu não estava farta do Bryan, após três concertos. Aparentemente, ainda não. Se o Bryan ainda não se fartou ao fim de mais de trinta e cinco anos e, por esta altura, de milhares de concertos, eu não me vou fartar ao fim de apenas treze anos (metade da minha vida, vejo agora) e três concertos. Como explica muito bem este artigo, existem bons motivos para uma pessoa ver várias vezes os mesmos artistas ao vivo. Vocês sabem que eu tenho uma relação muito próxima com a música - serve-me de companhia, de inspiração, de catarse, de ligação com outras pessoas. Um concerto dos meus cantores ou bandas preferidos é uma celebração disso. Uma celebração com mais gente igualmente tocada pela música e com os criadores dela. Uma maneira de mostrar a minha gratidão a esses criadores.
Dizem que o dinheiro traz mais felicidade se for gasto em experiências, mais do que em objetos. Concertos de artistas de quem gosto são, para mim, um dos melhores exemplos disso. Daí que, sim, enquanto Bryan Adams estiver por aí às voltas dando concertos (e cheira-me que dá-los-á durante mais tempo do que se calcula), dentro das minhas possibilidades, eu estarei sempre lá. E, como reza a minha canção preferida, não haverá mais sítio na Terra onde preferisse estar.
Segunda parte da análise a Reckless (primeira parte aqui). Falemos agora de...
5) Somebody
"But when the silence leads to sorrow
We do it all again. All again!"
Somebody é um exemplo entre muitos de um conceito recorrente na discografia de Bryan: rock clássico sobre o amor. A letra não é, por isso, nada de especial, muito genérica, até inclui uma quadra sobre guerra que parece vinda do nada - segundo Vallance, era apenas ele e Bryan divertindo-se.
O grande ponto forte de Somebody é a sonoridade: o padrão de acordes F e G que caracteriza a música e que dá gozo de tocar na guitarra; o solo de Keith Scott, a melodia forte, cativante, a bateria. Um dos melhores momentos da música acaba por ser, precisamente, a sequência que se segue ao segundo refrão. Inicialmente, só se ouve a bateria e o baixo; mais tarde, juntam-se as guitarras elétricas. Pode não ter a letra mais memorável mas, pela sonoridade, Somebody é daquelas talhadas para concertos ao vivo.
6) Summer of '69
"Oh when I look back now
That summer seemed to last forever..."
Summer of '69 é, a par de (Everything I Do) I Do it For You, a primeira música que vem à mente da maioria quando se fala de Bryan Adams. Na verdade, pessoalmente considero que Summer of '69 está para Bryan como Sk8er Boi está para Avril Lavigne. Por vários motivos. Para começar ambas são músicas icónicas do pop rock, com riffs e solos de guitarra que as identificam. Ambas contam uma história em que um dos protagonistas é guitarrista de rock. E ambas apresentam algumas semelhanças na estrutura.
No caso de Summer of '69, a letra recorda um romance de versão passado. Muitos debatem se 69 se refere ao ano ou à posição sexual. Pelo que escreveu no seu site, deduz-se que Vallance, o co-compositor, se refere ao ano. Bryan, contudo, diz que é sobre a posição sexual (demorei vários abençoados anos a perceber ao certo do que falavam...) ou, de uma maneira mais politicamente correta, "sobre fazer amor durante o verão". Em todo o caso, a minha mãe não precisa de saber sobre a interpretação de Bryan, ela que continue a pensar no ano de 1969.
Em tinha incluído Summer of '69 nas músicas que estiveram perto de ser excluídas do álbum Reckless. No caso desta, tal deveu-se ao facto de a equipa achar que não estava a conseguir acertar no arranjo musical (uma das primeiras versões, por exemplo, começa com o riff característico da música). Consta que regravaram a música mais umas três ou quatro vezes antes de, finalmente, se decidirem por esta, mesmo continuando com reticências. Tanto Vallance como Bryan, contudo, hoje admitem que não percebem que reservas eram essas pois, obviamente, a música é espetacular. Gosto particularmente da sequência entre "I guess nothing can last forever. Forever. No" e "And now the times are changin'", em que há um chamado breakdown, em que só se ouve o riff (tocado numa guitarra de doze cordas), com a bateria e os acordes marcando o início de cada compasso; no fim, a bateria dá um pequeno solo antes de introduzir a estrofe seguinte.
Em suma, apesar de não ser das minhas preferidas de Bryan, Summer of '69 é daquelas músicas absolutamente clássicas, sacrossantas, que estão num patamar diferente, acima de toda a crítica.
7) Kids Wanna Rock
"Musta turned the dial for a couple of miles
But I couldn't find no rock 'n roll"
Ainda não percebi se Kids Wanna Rock foi lançado como single ou não mas, na minha mente, como já o conhecia antes de ouvir Reckless pela primeira vez, considero-o um dos singles e, deste grupo, é provavelmente o menos pop, o mais barulhento, o mais rebelde. A letra é uma crítica à subvalorização do rock em detrimento de sons mais disco ou, como diz a letra, "computerized crap". O mais irónico é que esta música foi lançada nos anos 80, que disfrutaram de bandas de rock fantásticas (Bon Jovi, U2, Aerosmith, Queen...) - Bryan queixava-se de barriga cheia. Agora, trinta anos depois, é que, como diz a letra, percorremos toda a frequência FM e, em vez de rock, é mais provável encontrarmos sons eletrónicos (apesar de já ter gostado menos deste estilo musical). Já não me parece que "os miúdos queiram rock". Isto é... talvez queiram, a indústria musical é que não.
Azias roqueiras à parte, Kids Wanna Rock, contudo, rezava que "de tempos em tempos as pessoas mudam de ideias, mas a música veio para ficar" ("from time to time people change their minds, but music is here to stay"). E hoje, trinta anos depois, tal confirma-se. Pode não ser exatamente da maneira que desejaríamos mas a música em si tão cedo não irá a lado nenhum.
8) It's Only Love
"When you're world has been shattered
Ain't nothin' else matters
It ain't over - it's only love
And that's all"
It's Only Love é um fogoso dueto entre Bryan e Tina Turner. Ou melhor, muitos consideram esta faixa um dueto entre Bryan e Tina, eu considero esta um trabalho a três, sendo o guitarrista Keith Scott o terceiro elemento - ou melhor a sua guitarra. Tal como muitas músicas deste álbum, It's Only Love tem o seu padrão de guitarra que guia quase toda a sua música, definindo o seu carácter e tornando-a absolutamente irresistível. A letra de It's Only love não é nada de especial - passa despercebida por entre a grandiosidade de tudo o resto. It's Only Love alterna entre vocais, ora de Bryan ora de Tina, e a guitarra de Keith, a terceira voz. Como toda a gente sabe, Tina tem uma voz poderosa, ardente, e desempenha bem o seu papel em It's Only Love. Ela e Bryan apresentam uma química flamejante, conforme se pode ver no vídeo acima.
Apesar de serem poucas as vezes em que Tina se junta a Bryan em palco, It's Only Love não deixa de ser um ponto alto em concertos - muito porque representa uma oportunidade para Keith exibir os seus dotes como guitarrista e... enlouquecer um bocadinho, como podem ver no vídeo acima. Este concerto ocorreu em 2005, faz parte do DVD Live in Lisbon, mas quando eu fui ao concerto de 2011, se é possível acreditar, ele estava ainda mais amalucado, com autênticos bichos carpinteiros. Para mim, Keith é um dos melhores guitarristas do Mundo (melhor, só talvez Carlos Santana) e, na minha opinião a carreira de Bryan não teria sido a mesma se ele não tivesse enriquecido as músicas dele com solos fantásticos. It's Only Love é, talvez, o melhor exemplo disso.
Também ajuda o facto de ele oferecer momentos como este.
Muito bem, por agora chega, terceira parte em breve.
Esta entrada de Músicas Não Tão Ao Calhas será diferente das outras porque, em rigor, esta música ainda não foi lançada, ainda não temos versão de estúdio. Temos apenas uma versão ao vivo, extraída de um vídeo amador:
"These days are long gone, but when I hear this song, it takes me back..."
Como podem ver, a música chama-se 17 e foi apresentada pela primeira vez ao vivo, num concerto "secreto", na noite de 25 de abril. Sendo uma versão ao vivo, de qualidade longe do ideal ainda que razoável, não posso avaliar a parte instrumental da música. Pelo que se pode ouvir deste vídeo, parece ser uma faixa conduzida pela guitarra acústica, com um ritmo semelhante a outras músicas de Avril (Girlfriend, The Best Damn Thing, What the Hell), acompanhada por teclados e guitarra elétricas, em algumas partes. Uma música alegre, de verão.
Em termos de letra, de conteúdo, acaba por ter um tema semelhante a Here's to Never Growing Up: exaltação do espírito jovem, da rebeldia, ambos imagens de marca da carreira da cantautora canadiana. No entanto, em 17 isso surge numa perspetiva diferente. Surge como uma recordação de uma história de amor juvenil. Pessoalmente, noto um espírito muito Bryan Adams em 17, em vários aspetos. O grande êxito do cantautor compatriota de Avril, Summer of 69, recorda igualmente uma paixão antiga. Mas a b-side de 11, Miss America, que acaba por ser uma versão mais romântica e... politicamente correta de Summer of 69, tem ainda mais semelhanças. Por outro lado, a expressão "wild and free" recorda-me Heaven.
Como podem ver, a nostalgia de um amor passado, a saudade da inocência dos tempos de juventude não são temas inéditos na música pop. No entanto, constituem uma novidade na discografia da Avril, que nunca revelou esta sua faceta nostálgica, saudosista. Suponho que seja, de certa forma, um reflexo da sua proximidade à década dos trinta - geralmente, não são os mais novos a ter saudades de tempos passados.
Por outro lado, durante muito tempo, a Avril pareceu retrair-se, de certa forma, no que tocava a canções de amor. Parecia relutante em declarar, preto no branco, que amava alguém. Isso só aconteceu em Goodbye Lullaby, há relativamente pouco tempo. Por isso, canções de amor como esta nela ainda sabem a novo.
É este carácter refrescante, ainda que apenas considerando a discografia da Avril, que torna, na minha opinião, 17 melhor que Here's to Never Growing Up - cuja fraqueza é, precisamente, a repetitividade, conforme mencionei na entrada anterior. Especula-se se 17 será o segundo single do quinto álbum. Eu preferia que tivesse sido o primeiro. Até porque, pelas semelhanças com Here's to Never Growing Up, duvido que 17 se torne single, pelo menos não para já.
Ainda não se sabe quando poderemos ouvir a versão de estúdio de 17. O lançamento do quinto álbum está previsto para setembro, mas um single será lançado antes. Se for 17, ao menos não teremos de esperar quatro ou cinco meses para ouvir a música com boa qualidade. Se for outra música, ao menos conheceremos uma terceira faixa do quinto disco e terei algo sobre que escrever aqui no Álbum.
Se Here's to Never Growing Up não me deixou caída de quatro, como outros lançamentos de Avril Lavigne, 17 esteve bem perto disso. Ainda não decorei a letra - tratando disso! - mas o refrão faz-me saltar e dançar, como a Avril costuma fazer em palco. A mulher continua com a capacidade de me apanhar de surpresa, quando menos espero. Tal como ela diz em Here's to Never Growing Up, acho que nunca vou mudar...
Daí que esteja ainda ansiosa por saber mais sobre o quinto disco de Avril Lavigne: título, capa, tracklist... Tais informações podem sair a qualquer momento ou podemos ficar mais dois meses sem saber mais nada. Mas ao menos já temos duas músicas com que nos entreter. Tudo o que é fã da Avril sabe perfeitamente que podia ser muito pior...
Entretanto, tenho mais uma entrada pronta para o blogue. A ver se a publico nos próximos dias.
Este senhor é o meu cantor masculino preferido. Conheci-o há dez anos, com o filme "Spirit", embora já conhecesse, vagamente, de algumas músicas dele. O tema principal do filme, "Here I Am", é a minha música preferida dele e ainda hoje, passada uma década, adoro esta música por vários motivos - se já tiverem espreitado o meu outro blogue, saberão já que uma das razões é o facto de a associar à Seleção Nacional - ainda me toca, não sou capaz de me cansar dela. Esta é uma crítica ao mais recente álbum dele, um álbum ao vivo.
O Bryan nunca foi muito de concertos super produzidos, o estilo dele sempre foi deixar as músicas falarem por si mesmas. E, pelo menos desde que vou seguindo a carreira dele, isso tem resultado. Quando se tem carisma, bom humor e uma carreira recheada de singles de sucesso que os fãs cantam em coro como Bryan Adams tem, não é preciso mais nada para se dar um bomespetáculo.
Ora, há cerca de um quatro anos, o Bryan decidiu levar essa máxima de "deixar as músicas falarem por si mesmas"; a outro nível e começou a dar concertos acústicos. É só ele, uma guitarra acústica, às vezes a sua harmónica, às vezes acompanhado por um pianista. Chamou a essa digressão The Bare Bones Tour precisamente porque as músicas são apresentadas no seu esqueleto mais básico, só com os instrumentos mais básicos, da maneira como foram inicialmente compostas. E há um ano, foi editado um álbum ao vivo dessa digressão, também com o título Bare Bones.
Da tracklist, fazem parte alguns dos singles mais conhecidos como (Everything I Do) I Do It ForYou e Summer of '69, à mistura com temas que não são singles - Walk On By e You'reStill Beautiful to Me - músicas que ele compôs para outras pessoas mas que, tanto quanto sei, nunca gravou em estúdio e uma inédita - I Still Miss You... A Little Bit.
No geral, todas as músicas soam bem a diferentes níveis, tirando apenas It's Only Love, que fica muito incompleta sem os acordes frenéticos e os solos de guitarra elétrica. Outras soam muito parecidas às versões originais embora algumas como You're Still Beautiful to Me ganham um novo encanto ao serem cantadas ao vivo. Outras - como Let's Make a Night to Remember e Straight From The Heart - soam bem melhor assim, acústicas. Finalmente, temos aquelas, comoSummer of '69, Heaven e Here I Am (a minha preferida dele) que soam absolutamente fantásticas em todas as versões criadas.
Um destaque para a faixa inédita I Still Miss You... A Little Bit, uma música bem humorada que, na minha opinião, parece-se com What The Hell contada do ponto de vista do namorado. O narrador queixa-se da amada que diz que o ama e tal mas que parece querer uma relação aberta e passa a vida a dormir com os amigos dele.
Para além disso, o CD tem todas as coisas boas dos álbuns ao vivo e mais algumas que só esta digressão pode ter: os aplausos, as palmas marcando a batida, o público cantando com um coro profissional, as piadas e histórias que o Bryan vai contando nos intervalos, as gargalhadas depois dessas histórias ou quando, entre outras coisas, ele se pôs a cantar com um sotaque sulista (penso eu...).
Podem ver no vídeo abaixo um exemplo das coisas que mencionei acima:
Em suma, é um álbum recomendável a fãs do cantor ou então a pessoas que queiram conhecer melhor a sua música.
Esta crítica já tinha sido publicada no Fórum Avril Portugal nas vésperas do concerto que o Bryan deu em dezembro do ano passado, a propósito dos 20 do seu álbum Waking Up The Neighbours. Depois um dia destes publico, não exatamente uma crítica mas o relato da minha experiência nesse concerto. Esta nunca a publiquei antes, aliás, nem sequer está acabada. Digo apenas que nem esse concerto, nem o que ele deu no Rock in Rio deste ano foi como acabei de descrever; tiveram a banda toda, um pouco com pena minha, pois tinha vontade de assistir ao um espectáculo Bare Bones. Contudo, como já disse acima, com banda ou sem ela, Bryan Adams tem tudo o que é preciso e ainda mais para dar alto concerto, tem tudo o que é preciso para, sempre que sobe a um palco, oferecer a cada membro da audiência (isto já é um cliché entre os fãs do Bryan mas enfim...) uma "Night to Remember".