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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Within Temptation - Hydra (2014) #2



Segunda parte da crítica a Hydra. Primeira parte aqui.

4) Paradise (What About Us?)
 
 
"The wheel embodies all where we are going..."

Paradise (What About Us?) foi o primeiro single de Hydra a ser lançado, em setembro de 2013. As minhas opiniões sobre a música, sobre os seus pontos fortes e fracos, não mudaram desde essa altura. O refrão continua a não me convencer, arrasta-se demasiado, soa demasiado forçado. Por sua vez, a voz de Tarja encanta-me cada vez mais.

5) Edge of the World



"The truth can't bear the sunlight"
 
Edge of the World é a grande balada de Hydra. Começa muito suave, com batidas leves que me recordam a versão original de In the Air Tonight. Depressa se juntam os vocais de Sharon, conferindo um tom etéreo e angelical à faixa - à semelhança do que acontece com muitas músicas marcantes da banda. Para além dos violinos, do piano, notam-se elementos eletrónicos muito discretos. A partir do primeiro refrão, juntam-se guitarras elétricas e bateria e o habitual coro no segundo refrão. O ponto alto da música é a terceira parte, com os violinos, a que se juntam, de novo, a guitarra, a bateria e, no fim, o coro. Pontos, também, para a conclusão da música.
 
Em termos de letra, Edge of the World é uma canção de desgosto amoroso à maneira dos Within Temptation - noto, até, alguns ecos de Angels. No entanto, é pela sonoridade que Edge of the World se destaca. Um dos meus desejos para Hyda era que a banda regressasse às baladas etéreas, estilo Somewhere. O desejo cumpriu-se com Edge of the World.

6) Silver Moonlight



"Screaming at the walls of fire
But I'm still running free"
 
Silver Moonlight é outra música que já tinha sido lançada na forma de demo em setembro último. Já na altura havia elegido Silver Moonlight como a minha faixa preferida do EP. A versão final da música confirmou-a como a minha preferida, não só das que foram lançadas no EP, mas também, talvez, do álbum inteiro.
 
Tal como na versão demo, Silver Moonlight começa muito suavemente, dando a entender uma música completamente diferente do que é realmente. No contexto do álbum, vai um pouco na sequência de Edge of the World. Tal como acontece nas faixas que ouvimos primeiramente como demo, os vocais surgem mais claros. Depressa a música explode para um ritmo rápido, pesado, com os impressionantes vocais de Sharon (reparem naquele crescendo a meio do refrão), os grunhidos de Robert (aqui suavizados, mas sem deixarem de cumprir o seu papel). O destaque vai, claramente, para a sequência que se segue à terceira estância, em que o ritmo abranda ligeiramente, ouvem-se os coros, o grunhido de Robert e, seguidamente, o solo de guitarra - a música vai soar espetacular ao vivo. A letra fala de recusa teimosa em ceder ao medo. Combinada com o carácter grandioso, épico, da música, faz de Silver Moonlight a perfeita banda sonora para um confronto com a própria Hidra de Lerna, que inspirou o nome deste magnífico álbum.

7) Covered By Roses
 
 
"When this dance is over
We all know all beauty will die"
 
Ao contrário de alumas músicas de Hydra, é na letra que Covered By Roses tem o seu ponto forte. A sonoridade não se destaca do típico estilo dos Within Temptation. A letra, no entanto, torna-se surpreendentemente interessante. Fala sobre o carácter passageiro da vida, da beleza, do amor, destacando a necessidade de viver cada momento. A faixa inclui o excerto de um poema, "Ode on Melancholy", de John Keats, que considera inevitável a felicidade e a dor caminharem de mãos dadas.

 
Tanto a letra de Covered By Roses como o poema acima referido me recordam Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa - que, curiosamente, tem um poema intitulado "Coroai-me de Rosas". Esta personagem criada por Pessoa caracteriza-se por aceitar que tudo tem um fim, "memento mori", e, daí, defender também o Carpe Diem.
 
Nas primeiras audições, Covered By Roses parecia-me pouco mais do que um filler. No entanto, bastou olhar melhor para a letra para perceber que existem mais camadas em Covered By Roses, à semelhança do que acontece em várias músicas dos Within Temptation. Sabe sempre bem ouvir música assim.

Within Temptation - Paradise (What About Us) EP

 
Hoje, dia 27 de setembro, os Within Temptation lançaram um EP contendo Paradise (What About Us), o primeiro single do seu novo álbum, ainda sem nome e sem data prevista para lançamento, bem como três versões demo de músicas que farão parte desse mesmo álbum: Let Us Burn, Silver Moonlight e Dog Days.

 
 



"The wheel embodies all where we are going..."

Tal como já referi anteriormente aqui no blogue, Paradise (What About Us) conta com a participação de Tarja Turunen, antiga vocalista dos Nightwish, nos vocais. A sua voz - que difere da voz de anjo da Sharon, ao assemelhar-se mais a uma cantora de ópera, sem deixar de ser bela e mística, adequada ao estilo dos Within Temptation - é praticamente o único elemento de novidade numa faixa que pouco inova, tanto em termos de letra como de sonoridade. Gosto das partes instrumentais, dos vocais de Tarja, em particular na terceira parte da música, do pré-refrão. Já o refrão, tal como já havia mencionado na última entrada, não tem a força de outros temas semelhantes da banda holandesa.

O conceito é interessante, embora não completamente inédito na discografia dos Within Temptation. A canção apresenta uma situação apocalíptica, lamenta-a - gosto particularmente da imagem da roda que continua a girar, na minha opinião simbolizando um ciclo vicioso - mas reforça a necessidade, a determinação de defender aquilo que, não sendo um paraíso, é tudo o que se possui.

Algo que me faz confusão em Paradise (What About Us) é a passagem do pré-refrão para o refrão. Não sei se a frase "'Cause... what about us?" está gramaticalmente correta. Na minha opinião, devia ter-se substituído  "'cause" por "yeah" ou outra interjeição do género.


O videoclipe saiu ao mesmo tempo que o single. Como poderão ver acima, este apresenta uma história interessante. Passa-se num cenário desértico, pós-apocalíptico, em que duas raparigas jovens reúnem as peças necessárias para fazer funcionar uma máquina que fará com que chova. São bem sucedidas e, quando chegam a adultas - representadas por Sharon e Tarja - a terra está transformada num paraíso graças a elas. Adequa-se ao tema de Paradise (What About Us) mas eu estava à espera de uma maior participação por parte dos elementos da banda em termos de representação, que não se limitassem à atuação e a aparecerem no fim.
 

"I'll face all that is coming my way
The lying, the devil, the silence
Embracing the world on the edge"

Passemos às demos, começando por Let Us Burn, uma faixa que recorda Iron pelo conceito do fogo - nesta altura, já devem conhecer os motivos pelos quais este conceito me agrada. É uma típica música com carácter combativo do Within Temptation, em particular no seu último álbum. Por outro lado, gosto imenso do instrumental, com destaque para a introdução, as notas de piano, o solo de guitarra, os violinos na parte final da música. Só não gostei da parte em que a voz da Sharon soa alterada, na terceira estância. De resto, o pré-refrão, o refrão e os vocais antes do solo de guitarra estão muito bem conseguidos.


"Screaming at the walls of fire, 
closing into me..."

Silver Moonlight começa suave, da mesma forma com que depois é encerrada: com os vocais etéreos de Sharon, fazendo-nos pensar que será uma balada mas depressa ganha um ritmo acelerado, uma sonoridade extremamente parecida às faixas mais marcantes de The Unforgiving. O tema também vai em linha com esse álbum. A música apenas ganha identidade própria graças aos grunhidos de Robert Westerholt, guitarrista da banda. Grunhidos esses que, tal como acontece em temas mais antigos dos Within Temptation (neste momento, no entanto, só me recordo de The Other Half of Me, embora não tenha sido o Robert a grunhir nessa), soam surpreendentemente bem juntamente com a voz angelical de Sharon.



"Embracing the highs, defying the lows
Running down the path that I think I need to go"

Em contraste com o tom acelerado, in-your-face, das outras músicas deste EP, Dog Days é mais lenta e melancólica. Gosto do piano etéreo que a conduz, mas não tanto da letra. Para além de a segunda estância repetir a letra da primeira (coisa que, provavelmente, alterarão para a versão final), toda ela é fraca de uma maneira geral. Destaque para os verso "1,2,3,4, what are you waiting for") que fariam muito mais sentudo numa música pop pré-fabricada ou, pelo menos, numa das faixas de tom combativo e mesmo assim. Numa música melancólica como Dog Days soam completamente deslocados, não encaixam.

Em suma, as músicas do EP Paradise (What About Us) têm todas os seus pontos fortes e os seus pontos fracos, sendo o defeito comum a todas elas a falta de evolução em relação ao último álbum de estúdio da banda, The Unforgiving. Se tivesse de eleger a melhor destas quatro, escolheria Silver Moonlight por ser a que possui menos imperfeições.

Em todo o caso, nenhuma destas opiniões se encontra gravada em pedra, até porque, tirando o caso de Paradise (What About Us), estas ainda não são as versões finais. Até ao lançamento do álbum, estas primeiras impressões terão tempo para amadurecer. Anseio por saber o nome deste disco, o conceito, ouvir as outras músicas, ver como é que as versões finais das faixas deste EP se encaixam no álbum. E, claro, escrever sobre isso aqui no blogue.

Mas ainda faltam alguns meses para isso acontecer. Mantenham-se ligados, contudo, porque tenho mais entradas planeadas para os próximos dias.

Músicas Não Tão Ao Calhas - A Light that Never Comes e Stay the Night


"The night gets darkest right before dawn"

Os Linkin Park lançaram recentemente uma faixa em colaboração com o DJ Steve Aoki intitulada A Light that Never Comes. A faixa já havia sido apresentada ao vivo no mês passado, no festival de música japonês Summer Sonic, aquando da atuação de Steve Aoki.

Tal como seria de esperar de uma colaboração com um DJ, A Light that Never Comes contém muitos elementos da atual disco pop que domina as rádios. O que, como seria de esperar, está a causar polémica entre os fãs da banda, saudosistas do estilo dos primeiros álbuns dos Linkin Park.

Um aparte só para comentar que ando a reparar que, em praticamente todos os vídeos do YouTube de um determinado musical, existe sempre pelo menos um comentário do género: "Tenho saudades dos [inserir nome da banda] de antigamente". Regra geral, as pessoas são avessas à mudança, à evolução. Não há nada a fazer. Parece que sou das poucas que prefere que os seus artistas preferidos se reinventem a si mesmos, ainda nem que sempre goste do resultado de tal evolução.

Mas regressando ao assunto do texto. Como estava a dizer, A Light that Never Comes acaba por ser um cruzamento do estilo dance pop atual - dubstep, auto-tune - com elementos icónicos, dos Linkin Park: o rap de Mike Shinoda, o refrão cantado por Chester Bennington, a atitude in-your-face, à New Divide, de que tanto gosto, compatível com filmes de ação e videojogos - a música, aliás, foi desbloquada através do jogo LP Recharge para o Facebook. A música acaba, de resto, por se assemelhar a um remix dubstep de Lost in the Echo. A letra recorda, aliás, não apenas o segundo single de Living Things, como também a de Burn it Down e New Divide. Sento estas três das minhas músicas preferidas da banda, não é de admirar que goste imenso de A Light that Never Comes.

Também não admira que lhe tenha montado outro AMV do Pokémon. Acho que é um dos melhores que fiz nos últimos tempos.




Os efeitos de auto-tune não ficam mal na voz do Chester e até combinam com o estilo da música. Ao mesmo tempo, fico satisfeita por não terem adicionado tais efeitos no rap de Mike, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com Until It Breaks - seria demasiado. Por outro lado, a letra acaba por ser o grande calcanhar de Aquiles de A Light that Never Comes - para além de reutilizar conceitos já muito batidos noutras músicas dos Linkin Park, torna-se repetitiva. Além disso, a segunda estância ficou demasiado curta. Para não falar do cliché "What don't kill you makes you more strong", que nem sequer está gramaticalmente correto. Podiam ter usado um bocadinho mais a imaginação, não é?

Em suma, gostei do resultado final desta colaboração embora, em boa verdade, como diz a minha irmã, "O Steve Aoki não fez nada" - Os pontos fortes da música vêm da parte dos Linkin Park, a produção confere a A Light that Never Comes o seu próprio carácter mas não mais do que isso. A faixa encontra-se incluída num EP que será lançado no final do próximo mês, que conterá remixes de faixas do último disco da banda, Living Things - no caso de serem remixes de dubstep, não me surpreenderia se ficassem parecidos com A Light that Never Comes.

Entretanto, parece que a banda se encontra em estúdio a preparar o seu sexto álbum que - e isto sou eu a especular - deverá ser editado no próximo ano. Consta que as músicas terão um estilo diferente de A Light that Never Comes - mas não me chocava se voltassem a enveredar-se pelo dubstep. Sendo os Linkin Park caracterizados por teorias híbridas, é mais do que natural que procurem evoluir, experimentar novas sonoridades. Ao mesmo tempo, espero que evoluam um bocadinho em termos de letras, que experimentem temáticas novas - mas que não deixem de produzir músicas compatíveis com AMV's!

Eu sei, sou exigente.

 


 
"We'll let this place go down in flames
Only one more time"

De resto, acho que me estou a converter ao dubstep, tendo em contra que os Linkin Park não foram os únicos artistas de que gosto a lançar recentemente uma faixa nesse género musical. Hayley Williams, vocalista dos Paramore, lançou também, na semana passada, uma música em parceria com Zedd, chamada Stay the Night. Já não é a primeira vez que a Hayley empresta a voz para canções fora da banda e do seu género - há três anos fez o mesmo com Airplanes de B.o.B., uma parceria que, na minha opinião, foi bem sucedida.
 
Ora, penso que a parceria que deu à luz Stay the Night também foi bem sucedida. Ao contrário do que aconteceu com Airplanes, Hayley não se limitou a cantar dois versos para o refrão, ela canta a música toda e terá, inclusivamente, escrito a letra - até que ponto, não sei. 
 
Stay the Night é uma faixa conduzida pelo piano a que se juntam elemento da eletropop atual. Gosto do facto de não ser uma faixa de dubstep pura, dos momentos em que só se ouve a voz de Hayley e do piano. A letra, que fala de um casal que passa uma última noite juntos antes da ruptura, não é nada de especial - consegue-se destacar-se de outras músicas deste género ao não ser completamente vazia de significado mas não faz mais o que isso - mas julgo que se nota o toque da Hayley. Adicionaram alguns efeitos à voz dela mas não em demasia, apenas o suficiente para combinar com o estilo musical. Tal como acontece com A Light That Never Comes, o produtor pouco faz pela música - não parece muito diferente de outras faixas do género - é a Hayley quem carrega Stay the Night nas costas. Ou melhor, nas cordas vocais. E, apesar de preferir mil vezes os trabalho de Hayley nos Paramore, considero este projeto lateral bem conseguido, tal como Airplanes o foi.

Não manterei este blogue inativo por muito tempo, não apenas por causa da crítica a Goodbye Lullaby, mas também porque não ficaremos por aqui em termos de música nova - os Within Temptation preparam-se para lançar o primeiro single do seu novo álbum, no próximo dia 27 - que é também o aniversário de Avril Lavigne.

É engraçado o que está a acontecer este ano: os Within Temptation vão lançar um single no aniversário da Avril. Esta, por sua vez, lançará o seu álbum homónimo no dia de anos de Bryan Adams. Isto se não for adiado novamente... Três vezes na madeira!!!

O novo single dos Within Temptation chama-se Paraside (What About Us) e é cantado em conjunto com Tarja, a vocalista da antiga banda, também de metal sinfónico, Nightwish (nota para mim mesma: ouvir-lhes a discografia um dia destes). Temos tido direito a várias previews, sendo o vídeo acima uma das mais recentes. O instrumental não parece diferir muito da sonoridade do álbum anterior, The Unforgiving, embora tenha alguns elementos interessantes. O refrão, contudo, não está a conseguir convencer-me até agora, não parece ter grande força. No entanto, admito que tenho gostado mais da música à medida que a vou ouvindo mais vezes, sobretudo quando as previews são colocadas lado a lado, como no vídeo abaixo. Quero, por isso, esperar pela música inteira, até porque estou curiosa em relação ao papel de Tarja em Paradise, quando não está a cantar o refrão juntamente com Sharon.


O single será lançado sob a forma de um EP que incluirá três demos de faixas novas do CD: Let Us Burn, Silver Moonlight e Dog Days. Estes, ao menos, compensam os fãs pelo adiamento de um álbum inicialmente previsto para o Outono deste ano. Também já tivemos direito a previews dessas faixas, como podem ouvir - previews essas que não me dizem por aí além, embora pareçam promissoras. Mais uma vez, terei de esperar pelo lançamento dessas demos para formar opiniões. Opiniões essas que expressarei aqui no blogue, como habitual.

Como podem ver, entre isto e o novo álbum da Avril, os próximos tempos vão ser bastante excitantes, terei bastante sobre que escrever aqui no blogue. Neste momento, faltam quatro dias para o lançamento do EP Paradise (What About Us) e quarenta e três dias para o lançamento de Avril Lavigne.

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