Referi no texto anterior que o meu gosto musical se define por aquele meme da casa escura ao lado da casa colorida. Claro que esta é uma versão muito redutora da coisa – até porque muitos dos artistas e bandas que oiço não se encaixam perfeitamente numa só casa. De resto, o texto anterior focou-se na casa escura. Hoje vamos focar-nos na casa colorida.
Começando por Mika. Este é um artista sobre quem não escrevo desde 2016, mas que se tem mantido na minha rotação ao longo de todos estes anos. Tenho ouvido uns quantos temas do seu álbum mais recente, My Name is Michael Holbrook, de 2019, de forma muito casual, quando me aparecem no aleatório, sem pensar muito nisso. Algumas das minhas preferidas são Cry e Dear Jealousy.
Ainda assim, houveram algumas músicas que fui negligenciando. Quando Mika co-apresentou o Festival da Canção e cantou um medley de algumas das suas músicas – e a sua apresentação foi melhor que as de metade dos concorrentes – recordei-me delas. Em particular, Love Today e Lollipop.
Isto numa altura em que, lá está, Everything is Emo tinha acabado de começar e eu andava entusiasmada com essas músicas.
Foi também nessa altura – na véspera do Festival, se não me engano – que Mika lançou o single Yo Yo. Uma das minhas músicas preferidas de 2022. É um tema de disco pop, bastante simples, talvez mesmo básico, em termos de instrumentação. Mas funciona. É um caso de menos que é mais.
Diz que Mika está a preparar um par de álbuns, um em inglês, outro em francês, mas ainda não há previsão de lançamento. Em todo o caso, hei de continuar a acompanhar casualmente a carreira dele e espero que um dia volte a Portugal – o Rock in Rio 2016 foi giro.
Uma que se tem mantido sempre forte na minha rotação é Carly Rae Jepsen. A cantautora canadiana lançou um álbum este ano, The Loneliest Time. Por azar, foi editado no mesmo dia que Midnights, de Taylor Swift.
Cheguei a temer que houvesse alguém na editora de Carly que a odiasse secretamente. Até porque já o lançamento de Emotion foi uma confusão. No entanto, daquilo que pesquisei, The Loneliest Time foi anunciado cerca de um mês antes de Midnights. Deve ter sido uma coincidência infeliz.
Segundo Carly, The Loneliest Time é um dos seus álbuns mais pessoais. Algumas destas músicas foram compostas como páginas do seu diário. Carly nem sequer queria lançá-las, mas foi persuadida pela sua editora.
Este é o primeiro caso que conheço em que uma editora prefere o mais honesto em vez de o mais radiofónico. Respeito.
Uma dessas músicas mais diarísticas é o primeiro single, Western Wind, lançada uns meses antes do resto do álbum. Acho que a ouvi pela primeira vez quando me apareceu no Radar de Lançamentos do Spotify. Nos meses que se seguiram, ia adicionando-a às minhas filas, gostando do que ouvia, mas sem lhe prestar muita atenção. Uma das primeiras coisas que me atraiu em Western Wind foi a sonoridade vagamente mística, criada pela percussão e pelos sintetizadores.
Mais tarde, depois de sair The Loneliest Time e depois de ler e ouvir algumas entrevistas, descobri que a letra de Western Wind foi inspirada pelas suas experiências durante o confinamento. Carly estava a viver em Los Angeles e a sua família estava a viver no Canadá quando a pandemia começou. Perdeu a avó nessa altura, mas não pôde ir ao funeral nem estar com a família por causa das restrições nas fronteiras.
Western Wind não é uma música triste, no entanto. Aliás, faz-me lembrar Everglow, dos Coldplay, pois fala sobre sentir a presença e o amor dos seus entes queridos, mesmo com a distância.
Ao mesmo tempo, Western Wind fala sobre o contacto com a Natureza que, para Carly, lhe recorda a infância. Faz parte do arquétipo do Canadá, eles gostarem muito do ar livre. Por outro lado, este tem sido um tema recorrente desde o início da pandemia, por motivos óbvios. Nem sequer é a primeira vez que o comento aqui no blogue.
Ora, o segundo single, Beach House, é muito diferente. O instrumental é mais alegre, daqueles que convidam a palmas. Há muitos que não gostam desta música e eu até compreendo porquê – é daquelas canções um bocadinho tolas. Confesso que já fui mais papista nesse aspeto – e, de resto, existe muito pior por aí.
Eu acho engraçada. Carly escreveu a letra sobre as suas experiências quando aderiu ao Tinder ou a uma aplicação semelhante.
Eu pergunto-me, no entanto, como é que não se soube que Carly Rae Jepsen andava a aparecer em apps de encontros – ela é relativamente famosa! E aposto que levou com uma mão-cheia de piadas com Call Me Maybe. Aparentemente ela não se manteve na app durante tempo suficiente para isso mas, de qualquer forma, a experiência não foi divertida. Corre-se o risco de entrar em território muito sombrio quando se fala de encontros que correm mal. Beach House conseguiu manter o tom humorístico, o que nem sempre é fácil. Pontos para Carly.
E acho que não estou a perder nada ao não aderir ao Tinder.
Outro single de que gosto é de Surrender My Heart – que também abre o álbum. Esta é outra música sobre relutância em apaixonar-se após más experiências anteriores. Carly é uma confessa romântica incurável e isso reflete-se na sua música. Paradoxalmente, tem tido azar no amor. Isso foi algo que a atormentou durante o confinamento: o facto de ainda não ter encontrado a pessoa certa.
Em Surrender My Heart, a narradora – vamos assumir que é Carly – está com uma pessoa e está ativamente a lutar contra os comportamentos tóxicos que adotou, depois de todas as suas relações falhadas. Algumas por sua causa, ela admite – “All the broken hearts that I broke before they could break me”. Carly quer deixar tudo isso para trás, quer deitar os muros abaixo, ter fé no amor e no seu amado.
O refrão é tão cativante como algumas das melhores músicas de Carly. Gosto em particular dos backvocals.
A balada Go Find Yourself or Whatever é outra autobiográfica. Terá sido inspirada pelo término de uma relação de Carly. O tipo deixou-a, dizendo que, como diz o título, precisava de “se encontrar a si mesmo”.
É uma situação curiosa Isto de se “encontrar a si mesmo” é um daqueles ditos de psicologia popular que tem estado na moda nos últimos anos – e que, de tão usados, já começaram a perder o seu significado. Chegam mesmo a ser usados como pedras para atirar aos demais.
Não digo que tenha sido esse o caso do interesse romântico de Carly. Pelo contrário, é possível que o sujeito tivesse boas intenções. Se ele tinha assuntos pessoais por resolver, talvez não fosse saudável ele continuar naquela relação.
Dito isto, Go Find Yourself or Whatever mostra-nos o outro lado. A narradora pode compreender as razões do amado, mas também pode vê-las como “Estou melhor sem ti” ou “Não fazes bem à minha saúde mental”. Carly chegou a descrever Go Find Yourself or Whatever como uma canção zangada, mas eu não a vejo assim. Acho que a narradora está a lidar com a situação com uma elegância de louvar – claramente ressentida, mas espera que o amado volte para ela, quando se encontrar a si mesmo ou lá o que for.
Eu não sei se estaria disposta a fazer o mesmo.
Outras músicas de que gosto são Anxious e Keep Away. Ainda preciso de passar mais tempo com The Loneliest Time, mas acho que gosto um bocadinho mais dele que de Dedicated. Carly abrindo o seu coração foi uma aposta ganha – tanto na música como no amor, ao que parece.
Emotion continua a ser o melhor, no entanto. Side B incluído.
Por fim, temos de falar sobre Taylor Swift. Ela que continua uma presença forte nos meus hábitos musicais – e provavelmente assim continuará. A música da mulher é tão cativante que, se não tenho cuidado comigo mesma, não oiço mais nada.
E muitas vezes nem sequer são as músicas mais recentes. Muitas vezes são músicas como Treacherous e evermore, que têm ganho novos significados com o tempo.
Por outro lado, tenho de confessá-lo: ao fim de algum tempo cansa. São muitas canções sobre relações românticas e, sobretudo, sobre separações.
Apesar da omnipresença de Taylor na minha vida musical, é pouco provável que alguma vez escreva uma análise como deve ser a algum álbum dela. O mercado está saturado. Há por aí muita gente com mais conhecimentos sobre a carreira dela e histórico amoroso, mais capaz de identificar as pistas e os infames easter eggs. Tenho pouco a acrescentar ao debate. Não digo nunca, mas para já vou limitar-me a textos como este – e a eventuais Músicas Ao Calhas, se me apetecer.
Não sei como foi com outros fãs de Taylor, mas não contava com um álbum de músicas inéditas em 2022. Estava à espera de mais regravações – estou um bocadinho desiludida por não termos ainda 1989 TV ou Speak Now TV.
Tirando isso, Midnights foi uma surpresa agradável. Taylor regressou ao synth pop de 1989, Reputation e Lover, mas com as lições aprendidas com folklore e evermore. Tenho uma certa pena que Taylor não se tenha aventurado num género musical diferente – ando com desejos de um álbum rock – mas a música é boa e isso é o mais importante.
Anti-Hero tem-se fartado de quebrar recordes, mas não está entre as minhas preferidas. É possível que seja por excesso de exposição. Estou contente por Taylor ter percebido que as pessoas preferem o seu lado honesto em vez de uma música estilo Me!, concebida para ser o êxito radiofónico.
Ainda assim, cansei-me depressa do verso “It’s me, hi, I’m the problem, it’s me” – e acho que era previsível.
Também não adoro Bejeweled. Das três músicas que tiveram direito a vídeo até agora, Lavender Haze é a de que gosto mais – adoro o verso “Get it off your chest, get it off my desk”. Alguns fãs queixam-se que Taylor nunca escolhe as músicas certas como singles. Eu não sou assim tão categórica, mas no que toca a Midnights concordo.
Karma é uma das minhas preferidas em Midnights. Tem um estilo de instrumentação semelhante a Bejeweled, mas na minha opinião melhor executado. Os momentos com piano (?) que vão pontuando a música fazem-me pensar no ataque Dazzling Gleam em Pokémon. A letra tem uma dose saudável de braggadocio – na minha opinião justificado e mais genuíno do que quando Taylor se faz de coitadinha, como em You’re On Your Own, Kid. Adoro o verso “Ask me why so many fade but I’m still here” – tanto pela mensagem e sim como pelos vocais harmonizados.
Midnight Rain é outra das minhas preferidas. Uma balada estilo anos 80 – aliás, lembra-me imenso All That, de Carly Rae Jepsen. À semelhança de outras músicas neste álbum, como Labyrinth, os vocais artificiais são muito prevalentes. Regra geral, não costumo gostar de vocais como estes – Carly Rae Jepsen, por exemplo, usou-os em músicas como The Loneliest Time e eles irritam-me. No entanto, em Midnights todos eles foram bem sacados.
Só prova que estes elementos menos “orgânicos” – coisas como auto-tune, dubstep, etc – não são maus por si só. Depende tudo da forma como são usados. Mais sobre isso já a seguir.
A letra fala de algo que eu penso ser muito comum: dois apaixonados cujos projetos de vida não encaixam. Faz lembrar a história de ‘tis the damn season e dorothea em evermore – com a diferença de que, em Midnight Rain, há mais certeza de que foi tomada a decisão certa. Ainda que a narradora de vez em quando pense nele.
Vigilante Shit é quase um guilty pleasure – sombria de uma maneira lamechas e deliciosa. Também gosto muito do tom sonhador de Snow on the Beach – não sei se Taylor pretende lançar mais singles para Midnights, mas, se eu tivesse voto na matéria, escolheria esta.
Labyrinth, Maroon e Question…? são três músicas de que gosto mas que ainda não digeri por completo. Destas três, a minha preferida é a terceira – o cenário pintado pelo refrão recorda-me uma de várias histórias que escrevi há muitos anos, em miúda.
Depois temos ainda a versão Deluxe – a 3am Edition, edição das três da manhã, que está cheia de pérolas. Algumas delas, na minha opinião, mereciam estar na edição padrão de Midnights.
Bem, mais ou menos no caso de Bigger than the Whole Sky: uma música linda mas de partir o coração. Especula-se que a letra tenha sido inspirada por um possível aborto espontâneo. Talvez Taylor a tenha deixado de fora da edição-padrão para não ter de responder a perguntas sobre ela.
Compreende-se.
Would’ve Could’ve Should’ve, que parece ter sido inspirada pela relação de Taylor com John Mayer, não é das minhas preferidas. Tem, no entanto, sido bastante comentada pelos fãs pelo infame verso “Give me back my girlhood”.
Gosto muito de High Infidelity, que apresenta uma situação de moralidade questionável – a narradora explicando os motivos pelos quais traiu o companheiro. Paris também é muito gira – é a música mais alegre em toda Midnights. No entanto, estou zangada com Taylor por esta música ter saído duas semanas depois de eu ter estado em Paris. Isto faz-se, Miss Swift?
Em defesa dela, a Paris da música não parece ser a cidade propriamente dita, antes uma metáfora. Como a Paris dos Chainsmokers – uma música de que também gosto muito.
É possível que alguns de vocês não conheçam Hits Different. Esta é uma faixa exclusiva da versão de Midnights vendida na Target (uma cadeia de supermercados norte-americana) e não está disponível em nenhum dos Spotifys desta vida. Mesmo no YouTube os vídeos nunca permanecem disponíveis durante muito tempo. Nos últimos anos, faixas como esta costumam ser lançadas nas plataformas de streaming mais cedo ou mais tarde. Mas já lá vão quatro meses e, até agora, nada… (É melhor sacarem-na aqui.)
Às vezes o fator raridade sobrevaloriza uma canção e é possível que ele esteja presente com Hits Different. Mas continuo a achar que é uma das melhores em Midnights e merecia estar na edição-padrão. Ao mesmo tempo, é uma sonoridade distinta do resto do álbum – com mais guitarra acústica, embora mantenha elementos de synth pop. Talvez tenham achado que não se encaixava bem com o resto das músicas.
Há quem descreva Hits Different como a august deste álbum. Consigo compreender porquê: o refrão de Hits Different parece-se um bocado com a terceira parte de august. Aliás, tanto o refrão como a terceira parte desta música são excelentes.
Espero que não demorem muito mais a colocar isto no Spotify. O resto do mundo merece ouvir Hits Different.
Falta só falar sobre a minha canção preferida em Midnights – e possivelmente de todo 2022. Para isso, vamos regressar à 3am Edition e olhar para a primeira das faixas-extra: The Great War.
Esta música cativou-me forte logo na primeira audição e, nas raras ocasiões em que isso acontece, fico refém para o resto da eternidade. No caso de The Great War, estas melodias devem ter uma droga qualquer, sobretudo no refrão – são viciantes.
A instrumentação é daquelas coisas que, como comentei acima, não devia resultar mas resulta. É a música mais eletrónica em toda a Midnights, com notas daquilo que me parece ser 8bit.
8bit! Música de Game Boy! Taylor e Aaron Dessner criaram uma autêntica obra de arte com música de Game Boy! E eu costumo dizer que prefiro instrumentos “a sério”...
Ao mesmo tempo, existe algo de militarístico na percussão, sobretudo na terceira parte – o que se adequa à letra, claro. Esta é uma das melhores letras em todo o álbum, se não for de todo o ano: comparando uma discussão feia entre amantes a uma das Guerras Mundiais. Uma das partes é menos belicosa, tenta resolver a situação diplomaticamente. A narradora, no entanto, tem uma coleção de más experiências anteriores, o que a leva a comportamentos destrutivos, tanto para ela como para o amado – veja-se toda a segunda parte. Claro que, a partir de certa altura, ela percebe que está errada e põe fim ao conflito.
Tal como Lorde fez com todo o álbum Melodrama, Taylor pegou numa situação relativamente corriqueira e transformá-la em algo grandioso.
E depois são os pormenores. Adoro a frase “Diesel is desire” – não consigo perceber se isto é considerado assonância ou aliteração, só sei que adoro a maneira como soa. Por outro lado, a expressão “crimson clover” também aparece em A Praise Chorus, outra das minhas músicas favoritas em 2022 – uma coincidência engraçada.
The Great War é mesmo daquelas músicas que estimulam a imaginação que se aplicam a inúmeras histórias. A mim invoca-me imagens do filme Expiação, que vi no verão passado e que deu cabo de mim. Ao mesmo tempo, têm-me aparecido várias montagens de vídeos nas minhas sugestões do YouTube – como a acima.
Eu mesma tentei fazer uma story com imagens do primeiro filme de Tri, mas não saiu bem como queria. Eu devia era fazer um AMV – se algum dia arranjar tempo, paciência e software para isso, este está no topo da lista.
E depois de Midnights? Taylor prepara-se para ir em digressão pela primeira vez em vários anos. À data desta publicação, só há marcações para os Estados Unidos – os Paramore, aliás, irão abrir um par de concertos – que se estendem até agosto. Ainda não há datas para concertos na Europa, mas estas deverão ser anunciadas mais cedo ou mais tarde.
Ela virá a Portugal? Talvez. Taylor era para ter vindo em 2020, antes de a pandemia ter cancelado tudo. Se vier, eu gostava de ir, mas será quase de certeza uma corrida estilo Coldplay no ano passado. E os bilhetes serão caríssimos.
Entre esta digressão e o filme que ela irá realizar, não sei se ela planeia lançar música em 2023. Ninguém a censuraria – seria o primeiro ano desde 2018 sem que Taylor lançasse música. Mas ando um tudo nada sedenta de mais relançamentos. Os intérpretes de easter eggs dizem que o próximo será Speak Now, o que me agrada – só mesmo por causa de Enchanted.
E chegámos ao fim deste balanço. Finalmente. Isto foi um autêntico exagero e, por incrível que vos pareça, houveram músicas marcantes este ano que ficaram de fora. Coloquei-as na playlist do ano à mesma. Temas como, por exemplo, Lost My Mind de Finneas, Celestial de Ed Sheeran (porque continuo a comer da mão), Guerra Nuclear de Marisa Liz e de António Variações e uma Questão de Fé, de João Pedro Pais, na sequência do meu texto sobre música portuguesa. Deixo também aqui o link da playlist de Setembro de 2022 para complementar. E o meu Spotify Wrapped, que este ano acho que até ficou fidedigno.
Agora se me permitem algumas reflexões sobre 2022 com dois meses de atraso… para mim 2022 foi o oposto de 2021. 2021 foi um ano melhor que o anterior em termos coletivos mas foi pior para mim em termos pessoais. 2022 foi péssimo em termos coletivos – muito menos Covid, mas guerra, inflação, crise energética, seca em Portugal – mas, a nível pessoal, foi o melhor desde 2019. Entre outras coisas, estou mais feliz no trabalho. Foi o regresso a uma quase normalidade após a pandemia. Voltei a ir a concertos, viajei mais, convivi mais. Como escrevi num dos textos anteriores, vi mais séries e filmes – destaque para Kizuna em português nos cinemas portugueses – alguns fora da minha zona de conforto.
E, como poderão deduzir desta série de testamentos a que chamo balanço musical, não me faltou música.
Na verdade, sinto que, depois de dois anos acontecendo relativamente pouco por causa da pandemia, desde há alguns meses para cá está a acontecer tudo ao mesmo tempo para compensar. Isso já tinha acontecido em setembro e escrevi sobre isso na altura. Depois, tivemos o Mundial – um Mundial muito melhor do que tinha o direito a ser – fora de horas, em cima do Natal, na mesma altura em que saiu Pokémon Scarlet & Violet e em que os Paramore lançaram The News.
E isso tem continuado e vai continuar em 2023. Vejam-se as últimas semanas: Lost, uma inédita dos Linkin Park dos trabalhos de Meteora saiu no mesmo dia que o álbum This is Why. Depois disso, em abril, vou ter dois concertos em menos de uma semana – vou ver os Hybrid Theory ao Pavilhão Atlântico no dia 15 e, no dia 21, vou finalmente ver Avril Lavigne a Zurique.
Aliás, toda a gente e respectivos avós vão lançar música em 2023, ao que parece. Os Sum 41, para começar, como comentámos no texto anterior. Avril está em estúdio neste momento – no que toca a ela, no entanto, é melhor apontarmos só para a 2024. Lorde também anda a brincar com a ideia de lançar música nova, apesar de, tecnicamente, ainda andar em digressão por Solar Power. Ela, aliás, acaba de ser confirmada no Paredes de Coura.
Mas eu dificilmente poderei ir. Paredes fica muito longe e não marquei férias para essa altura.
Está também prestes a sair a edição de vigésimo aniversário de Meteora. Mike Shinoda também irá lançar algumas canções a solo e tem deixado em aberto a possibilidade de os Linkin Park lançarem música nova.
Tudo isto é bom, claro. O reverso da medalha é que é muita coisa para digerir ao mesmo tempo, quanto mais escrever – quando eu também tenho trabalho e outros assuntos pessoais na minha vida (diz que isto é a vida adulta). É por isso que estamos em finais de fevereiro, princípios de março, e eu ainda a refletir sobre 2022.
Uma pessoa com juízo chegaria à conclusão de que talvez eu não precise de escrever tanto, mas eu quero. Existem tantas coisas que quero escrever, nem só apenas nestes blogues. Um lema/lamento que adotei nos últimos meses é que a vida é demasiado curta para tudo o que quero escrever. Vai continuar a ser verdade em 2023.
Já que falo no assunto, deixo os meus planos para os próximos textos deste blogue. O próximo será uma análise a Meteora, a propósito do vigésimo aniversário – algo semelhante ao que fiz com o Hybrid Theory. Não vou publicar no próprio dia 25 de março. Em parte porque não devo ter tempo, mas também quero esperar pela edição de aniversário para poder incluir as faixas novas e as demos todas na análise. Espero divertir-me tanto como com Hybrid Theory.
A seguir, escreverei sobre This is Why dos Paramore. Vou precisar destas semanas, ou meses, para formar uma opinião sobre o álbum – ainda está tudo muito no ar. Depois disso, logo se vê. Não quero preocupar-me demasiado com isso e não vou ter pressa. Como disse antes, existem coisas que quero escrever fora dos meus blogues. Não estranhem se isto voltar a ficar parado durante longos períodos.
Obrigada por me terem aturado mais um ano. Continuem a aturar-me durante mais um… ou melhor, durante mais dez meses – espero nunca mais voltar a atrasar-me com um balanço musical. Antes de me ir embora, deixo-vos o link para o meu Tumblr – aderi no início do ano para servir de alternativa ao Twitter. Não que publique nada de especial, mas tenho-me divertido – para mim é um mundo à parte de todas as outras redes.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. Até à próxima.
Esta é outra que vem na sequência do ano passado – e que eu sabia que podia voltar a aparecer na lista de fim de ano. Taylor Swift continua a subir nas minhas preferências e acredito que, não sendo propriamente a melhor cantora, é certamente a melhor compositora da nossa geração.
No final do ano passado, eu estava ainda a começar a explorar folklore e evermore. Agora que já passei bastante tempo com esses álbuns, posso alongar-me um pouco mais sobre eles.
Não que tenha muito a dizer que outros não tenham dito já. Apenas que ambos são álbuns poderosíssimos, que mexem com as emoções – um pouco demais para o meu conforto, até. As músicas de separação (pelas quais Taylor é infame) nem sequer são as piores, pelo menos não no meu caso.
Devo dizer que gosto mais de folklore do que de evermore – ambos são excelentes, mas, no geral, gosto mais das músicas do primeiro. De todas as faixas de folklore – incluindo a faixa extra, the lakes – apenas peace e hoax não me cativam muito.
Cardigan não é das minhas favoritas, mas existe um par de versos que batem forte – sobretudo no final do ano passado, início deste. “Tried to change the ending, Peter losing Wendy” lembra-me Kizuna. Embora talvez a primeira versão da letra fosse mais adequada “Peter leaving Wendy”. Ou mesmo ao contrário “Wendy losing Peter”.
Exile, my tears ricochet e illicit affairs são todas tristes, cada uma à sua maneira. Identifico-me um pouco com this is me trying. Seven, então, é terrível, traz-me lágrimas aos olhos de todas as vezes. August é a melhor do triângulo amoroso musical e mesmo de todo o álbum.
Por fim, tomei o gosto a mirrorball. Traduz de maneira interessante aquilo que Taylor estaria a sentir no início da pandemia: o mundo do espetáculo fechando portas, mas o desejo dela de entreter não fora a lado nenhum. “When they called off the circus, burned the disco down, when they sent home the horses and the rodeo clowns, I’m still on that tightrope, I’m still trying everything to get you laughing at me”.
Evermore tem menos músicas causando o mesmo impacto, mas elas estão lá. Como primeiro single, gosto mais de willow do que de cardigan. Gold rush é muito gira: um cruzamento entre o synth pop de 1989 e música dos anos 50. No body no crime é deliciosamente sombria. Cowboy like me merecia mais apreciação. Marjorie foi inspirada pela falecida avó de Taylor, mas também me recorda a minha – é outra que me faz chorar.
São bons álbuns mas, como referi várias vezes ao longo do ano, a partir de certa altura tornaram-se demasiado pesados emocionalmente para mim. Comecei a sentir falta de música mais alegre.
Entretanto, Taylor começou a lançar as regravações dos seus álbuns antigos. Fearless na primavera, Red agora no outono. Na altura em que se começou a falar disso, não achei que fosse resultar. Se Avril decidisse regravar os seus primeiros álbuns, não resultaria de todo, na minha opinião. A sua voz muda muito de álbum para álbum, sobretudo na primeira metade da sua carreira – a sua voz hoje em dia é muito mais firme, ela nunca conseguiria replicar a fragilidade dos seus vocais em Let Go ou o timbre mais grave, à maria-rapaz, de Under My Skin.
Além disso, qual era a piada de voltar a lançar música que os fãs já conhecem de trás para a frente e de frente para trás?
No entanto, tive de engolir as minhas dúvidas depois do que ela fez com Fearless (Taylor’s Version) e sobretudo Red (Taylor’s Version). Como a própria Taylor explicou, acaba por ser uma nova forma de explorar nostalgia e fan service. Taylor pega no feedback que recebeu ao longo dos anos dos fãs em relação às músicas mais populares, àquelas que deviam ter sido singles/recebido videoclipes (o caso mais óbvio é All Too Well, como veremos já de seguida). Por sua vez, os fãs recordam um álbum e uma era que os marcou e ainda recebem conteúdo extra.
Taylor tem regravado as faixas-padrão de modo a soarem idênticas às originais, por motivos óbvios. Mas com as b-sides – ela chama-lhes From the Vault, do cofre – é diferente. Tecnicamente estas nunca foram lançadas por meios oficiais, nunca renderam dinheiro (mesmo que os fãs mais hardcore já as conheçam há muitos anos), ela agora pode fazer o que quiser com elas: rearranjá-las, mudar partes da letra, trazer convidados.
É diferente, é interessante. Com isto em conta, decidi aproveitar estas regravações para ficar a conhecer melhor a discografia de Taylor, um álbum de cada vez.
Fearless não me impressionou por aí além, no entanto. Tirando aquelas de que já gostava antes – Love Story, White Horse, Fifteen – acrescentei poucas às minhas playlists: a faixa-título, Superstar, The Other Side of the Door, Mr. Perfectly Fine e Don’t You. E mesmo assim não adoro nenhuma delas.
Com Red foi diferente. Gosto mais de Red do que de Fearless. Não sei se esta é uma opinião popular na comunidade de fãs. Será o equivalente a dizer que gosto mais de The Best Damn Thing do que de Under My Skin?
De resto, acho que o lançamento de Red TV teve mais impacto. Talvez por causa do lançamento da versão de dez minutos de All too Well, com direito a curta-metragem e tudo.
À semelhança de toda a gente, All too Well é uma das minhas preferidas de Taylor. Até escrevi sobre ela no ano passado e tudo. A minha declaração de que não precisávamos da versão de dez minutos envelheceu como um iogurte. Apesar do que escrevi, quando ficou confirmado que teríamos dez minutos de All too Well, fiquei tão entusiasmada como toda a gente. Na noite anterior ao lançamento de Red TV, mal consegui dormir pensando na música, sonhando constantemente que esta já tinha saído e que a ouvia pela primeira vez.
Isto já me dá direito ao cartão de Swiftie?
Em relação à música em si, começo por dizer que as minhas previsões não estavam erradas. A versão longa de All too Well não tem os mesmos clímaxes em termos de instrumental que a versão curta tem. A letra é menos linear em termos de progressão, chegando a contradizer-se a si mesma. Perto do fim da música, a narradora diz que o ex se lembra tão bem como ela – a parte de ele não ter devolvido o cachecol e tal. Mas na estância final, ela pergunta-lhe se ele também sofreu com a separação, se ele também se lembra.
É possível que seja intencional, no entanto.
Em todo o caso, estes são problemas menores. Os pontos fortes da versão longa compensam sobejamente. Os cinco minutos extra oferecem novas perspectivas sobre o romance falhado, novas camadas de emoção, talvez demasiado melodramática nalguns momentos, mas sem deixar ninguém indiferente.
Taylor diz que esta versão é o primeiro rascunho da música, tal como a compôs em 2011 ou 2012… mas será verdade? Estou disposta a admiti-lo para noventa por cento da letra, mas existem partes que são demasiado 2021, nomeadamente o foco na diferença de idades. Duvido que Taylor aos vinte e um, vinte e dois, estivesse afastada o suficiente da situação para se aperceber desse aspeto.
Enfim, é apenas um pormenor. Concordo com Taylor quando diz que esta é a versão definitiva de All too Well.
Mas esta não é a única música de destaque em Red TV. Eu já adorava o tema-título mesmo antes disto, por exemplo, bem como Treacherous (ainda que há menos tempo). Quando saiu a regravação, no entanto, tomei o gosto a Begin Again.
Por acaso, várias das que gosto vêm do “cofre”. Por exemplo, gosto imenso de Girl At Home. A versão original tinha um arranjo mais country que não era mau. Mas esta versão, mais ao estilo de 1989, é muito mais gira. E a letra envelheceu surpreendentemente bem.
Também gosto de Come Back… Be Here. O início recorda-me Wish You Were Here, de Avril Lavigne. É possível que tenham inspirações comuns, típicas do início dos anos 2010.
Finalmente, temos I Bet You Think About Me. Adoro o tom trocista da letra (que será sobre o mesmo interesse romântico de All too Well), muito bem explorado pelo videoclipe, lançado poucos dias depois de Red TV. Pontos para o que fizeram com o branco e o vermelho – e o bolo parece delicioso. Se algum dia me casar e for um casamento dos grandes, também quero um bolo de noiva red velvet.
Dizem que a próxima regravação será de 1989. Sendo este um dos álbuns que melhor conheço de Taylor, isto contraria um pouco o meu plano. Mas não me queixo: continuo a querer conhecer mais músicas do cofre, quiçá com novos videoclipes.
Não se admirem, assim, se voltar a escrever sobre Taylor daqui a um ano.
E chegámos ao fim da segunda parte desta retrospetiva. Se não voltar a publicar antes, boas entradas em 2022!
No passado dia 18 de dezembro, Hayley Williams lançou o EP Petals For Armor: Self-Serenades. Segundo declarações da própria, este EP reflete, pelo menos em parte, os largos meses que Hayley passou em casa, com apenas a sua guitarra por companhia – bem, a sua guitarra e o seu cãozinho, Alf. O EP consiste em versões acústicas de Simmer e Why We Ever – originalmente lançadas no álbum Petals For Armor – e uma única faixa inédita, Find Me Here…
...e, aqui entre nós, soube-me a pouco.
Find Me Here é uma faixa com menos de dois minutos de duração, que mais parece um interlúdio (semelhante aos do Self-Titled) do que uma canção a sério. Admito que eu estava com expectativas muito altas. O EP foi anunciado há cerca de dois meses e, desde então, criei um hype exagerado em torno de Find Me Here – ainda que apenas para mim mesma. Andava há semanas a planear a minha escrita já a contar com a análise a essa canção.
Assim, quando ouvi a música pela primeira vez, a minha primeira reação foi:
– …só isto?
Mesmo deixando de lado as minhas expectativas defraudadas, continuo a achar a canção curta demais. Sobretudo porque o minuto e cinquenta segundos, mais coisa menos coisa, de Find Me Here é lindo! Eu queria mais!
Find Me Here é um pequeno número acústico, só mesmo guitarra e voz. Não é difícil imaginar Hayley tocando isto sentada no seu jardim com a sua guitarra. Gosto dos vocais – não percebo se são um efeito qualquer que fizeram à voz de Hayley, ou se temos duas faixas de vocal, uma mais grave do que a outra. Em todo o caso, ficou bem.
A música e, por conseguinte, a letra são curtas mas passam a mensagem de forma eficaz. Quando uma pessoa passa por um mau bocado, ou lida com uma crise, regra geral, é importante ter um ente querido por perto, por motivos óbvios. No entanto, existem certos problemas, certas crises, que uma pessoa tem de resolver sozinha. Pessoas amadas não podem ajudar, podem até ser prejudiciais ao processo.
É sobre isso que Find Me Here fala. A narradora vai dar espaço ao ser amado para resolver o que tiver a resolver, mas vai deixar uma porta aberta para quando o ente querido voltar. Se quiser.
É demasiado curta, podia ter tido uma segunda estância, mas é uma canção bonita. Ficaria bem como encerramento de um álbum. Estará a encerrar a era Petals For Armor? Ou apenas 2020?
Umas palavras para as versões acústicas de Simmer e Why We Ever. Nenhuma delas está ao nível das versões do álbum, a meu ver – a força das canções parte muito da instrumentação e, no caso de Simmer, daquela hipnótica interpretação vocal.
Ainda assim, gosto da Simmer acústica, ainda que não tanto como da versão original. Este arranjo dá um carácter completamente diferente à música. O refrão fala sobre o dilema entre raiva e piedade – a versão acústica parece adotar a piedade, enquanto a versão do álbum se inclina mais para a ira.
A versão acústica de Why We Ever, no entanto, não me diz muito. Não foi só a instrumentação a mudar, a melodia também sofreu alterações, ficando irreconhecível. Não gosto muito do resultado final.
Na verdade, noutras circunstâncias, nem teria escrito sobre este EP. No entanto, como o final do ano se aproxima a passos largos, quero aproveitar a boleia e fazer a minha costumeira retrospetiva musical.
2020 não foi um mau ano em termos de música, mas a pandemia mudou muita coisa. Antes os artistas e bandas lançavam álbuns depois de semanas de singles e hype – ou então lançavam-nos de surpresa, de um dia para o outro. Depois do lançamento, continuavam a lançar singles, atuavam nas televisões e, ao fim de algum tempo, partiam em digressão.
Com o Coronavírus, no entanto, parece que os ciclos terminam abruptamente com o lançamento do álbum. Não é possível dar concertos e mesmo videoclipes e apresentações das músicas são arriscadas. Aconteceu com Petals For Armor, aconteceu com o aniversário de Hybrid Theory – várias entrevistas nas semanas anteriores, grande excitação, grande antecipação. Mas depois de o álbum sair, parou tudo. No caso de Petals For Armor, só agora há pouco tempo – talvez por causa do Self Serenades – é que tivemos coisas como a sessão do Tiny Desk.
Tem sido frustrante, sim. Mas continuamos a ter o que mais importa: a música em si.
Nesse aspeto, 2020 para mim pertenceu a Hayley Williams. O ano musical começou e terminou com ela. Abriu com o lançamento de Simmer, em janeiro, encerrou-se agora com o Self Serenades.
Custa a acreditar que foi ainda este ano que ouvimos Simmer pela primeira vez, que saiu a primeira parte de Petals For Armor. Adorei escrever o texto sobre Simmer e Leave it Alone, bem como a análise ao álbum completo, mais tarde. Quer a solo quer com os Paramore, a música que Hayley compôs tem esta capacidade, praticamente única, de me levar à introspeção – o que é excelente para a escrita. Nos primeiros meses da pandemia, com o confinamento e o cancelamento de quase tudo o que dava alegria às nossas vidas, o lançamento pouco convencional da segunda parte de Petals For Armor foi um excelente consolo.
Para o melhor e para o pior, este álbum ficará para sempre associado ao Coronavírus – não sei se teria conseguido manter a sanidade sem ele, sobretudo nos primeiros meses. Talvez tivesse sido sempre esse o desígnio. Em todo o caso, com tanta música extraordinária – Simmer, Cinnamon, Sudden Desire, Dead Horse, Over Yet, Roses/Violet/Lotus/Iris, Pure Love, Sugar on the Rim, Crystal Clear… – deu para provar que Hayley é excelente, quer numa banda, quer em nome próprio.
2020 também ficou marcado pelos Linkin Park – pela análise a One More Light em maio, mas sobretudo pelo vigésimo aniversário de Hybrid Theory. Esse foi outro texto que me entreteve durante meses, com pesquisas e rascunhos que me levaram aos primórdios dos Linkin Park enquanto banda. Serviu para fazer uma renovação de votos, para cimentá-los como a minha banda preferida, a par dos Paramore – mesmo que o futuro deles continue incerto.
O nome mais surpreendente no meu ano musical é Taylor Swift. Surpreendente é como quem diz… como escrevi antes, era apenas uma questão de tempo.
Ainda assim, Taylor foi um pouco mais prevalente nas minhas audições este ano. Tive fases de obsessão com diferentes músicas dela. Perto do início do ano era Red – por ter um bocadinho a ver com um texto que escrevi no meu outro blogue. Durante um par de semanas em julho foi All Too Well, quando escrevi sobre ela. Na semana seguinte foi Cornelia Street. Na semana seguinte foi Call it What You Want. Entre outras.
Pelo meio, Taylor lançou folklore. Concordo com a opinião popular – este álbum é uma obra-prima. Eu ainda estava – ainda estou – a digeri-lo quando saiu evermore.
Se esta pandemia trouxe alguma coisa de bom às nossas vidas foram estes dois álbuns. Acho que ninguém discorda.
Ainda não processei estes álbuns por completo, sobretudo o evermore. Taylor continuará, por isso, a ser relevante para mim em 2021. Não tenciono analisar álbuns inteiros aqui no blogue, pelo menos não por enquanto. Sou ainda uma fã demasiado casual – existe muita gente por aí melhor habilitada do que eu para criar conteúdo sobre Taylor.
Mas posso escrever mais textos de Músicas Ao Calhas, se me apetecer. Já tenho uma segunda canção de Taylor que tenciono analisar, mais cedo ou mais tarde.
Tenho também ouvido Billie Eilish, tal como já fizera no ano anterior. A minha irmã também gosta da música dela, o que é sempre fixe. Gosto imenso de Ocean Eyes, mas se tivesse de escolher neste momento, diria que a minha preferida é Everything I Wanted – é a sua Leave Out All the Rest. Uma vez mais, ainda sou uma fã muito casual – por agora.
Deixo aqui a playlist com as músicas que mais ouvi no Spotify. Se bem que o tenha usado menos que o costume este ano – só nos primeiros dois ou três meses do ano e agora, nas últimas semanas, aproveitando a promoção de três meses pelo preço de um. E aparentemente o mês de dezembro não entra para estas contas. Não é a primeira vez que digo que o Spotify não é a minha única fonte de música – oiço CDs no meu carro e ficheiros mp3 no meu telemóvel.
A verdade é que nem todas as músicas que me ajudaram a sobreviver a 2020 estão no Spotify. Bright não está, o cover de Crawling, dos Bad Wolves, não está e, tal como me queixo há anos, a música de Digimon não está.
Mesmo não tendo escrito sobre Digimon aqui no blogue este ano, mesmo não tendo havido encontro no Odaiba Memorial Day, a música de Digimon volta a ocupar um lugar de destaque na minha retrospetiva musical, sobretudo durante o verão. Vi Frontier pela primeira – e até agora única – vez e acrescentei vários temas às minhas listas (em 2021 irei ver a dobragem portuguesa, já tomando notas para analisá-la no blogue). No que toca a Adventure 2020, até agora, só este tema foi digno de se juntar à lista.
Na verdade, nas últimas semanas deixei de ter vontade de ouvir música de Digimon. Um dia destes explico.
E foi isto 2020 em termos de música para mim. Foi um ano da desgraça em muitos aspetos, mas, como acabámos de ver, não foi assim tão mau em termos musicais. Tirando a parte dos concertos cancelados.
Aliás, tive a sorte de ir a um concerto há pouco tempo – o concerto acústico do Rui Veloso no Campo Pequeno. Não foi exatamente a experiência completa de um concerto, tal como gosto. Nunca fui que andar ao moche, mas confesso que sempre gostei da parte mais “suja” de música ao vivo: de suar por todos os poros, de estar rodeada de gente a suar por todos os poros, de ter de me sentar no chão, de ficar com a garganta crua de tanto cantar e gritar, de ficar com dores por todo o lado durante dias, de precisar de tomar um duche ao chegar a casa.
Em comparação, o concerto do Rui Veloso foi muito certinho, muito sossegado. Estávamos todos sentados, todos de máscara. Não podia ser de outra maneira, claro. O mais radical que aconteceu foi as nossas máscaras terem ficado inutilizadas depois de termos cantado o Anel de Rubi em coro.
Soube-me bem à mesma. Serviu para matar o bichinho, para estar de novo em sintonia com uma multidão, passados estes meses todos (que mais parecem anos).
Já que falo sobre isso, o concerto de Avril Lavigne em Zurique tinha sido remarcado para fevereiro de 2021, mas vai ser adiado outra vez – bem como o resto da digressão. Triste, mas já se calculava. Há quem diga que só se realizarão em 2022.
Se algum dia conseguir ver a mulher ao vivo até vou achar que é mentira.
Entretanto, Avril tem passado as últimas semanas em estúdio. Anunciou música nova para janeiro de 2021, até andei algo entusiasmada por uns dias – dez anos depois de What the Hell no dia de Ano Novo e toda a espera por Goodbye Lullaby… Depois de um ano como 2020 saberia bem.
Mas não, será um dueto com Mod Sun (não sei quem é…) para o álbum dele. Bem, era bom demais. Não sei ainda se escrevo sobre Flames (o nome da música) quando sair – logo decido.
Em todo o caso, é possível que Avril esteja já a preparar o seu próximo álbum. Pode ser que saia já em 2021 mas, conhecendo eu os ritmos dela, o mais certo é só sair daqui a dois anos. Cepticismo à parte, talvez ela queira esperar até ao fim da pandemia, para poder ir em digressão depois de editar o álbum.
Eu pelo menos não estou com grande pressa. Em primeiro porque Head Above Water só saiu há dois anos (embora pareça mais). Em segundo porque, depois desse álbum, estou com menos entusiasmo do que o costume.
Talvez não seja má ideia ter as expectativas baixas.
No que toca a Lorde, no entanto, ninguém tem expectativas baixas. O terceiro álbum da neozelandesa tem estado no formo há algum tempo e quer-me parecer que será em 2021 que este será, finalmente, editado. Há cerca de um mês, Ella escreveu um texto sobre uma viagem que fez à Antártica em inícios de 2019, que alegadamente inspirou-a para voltar ao estúdio depois de Melodrama.
A viagem ocorreu há quase dois anos e agora é que Lorde fala dela? Não deve ser coincidência. Aposto que será uma questão de meses.
Não gostava de estar no lugar de Ella, para ser sincera. Ter de compôr um álbum digno de suceder a Pure Heroine e Melodrama? Eu entrava em parafuso.
Talvez devêssemos todos baixar um bocadinho as expectativas, não sermos demasiado duros se este terceiro álbum não conseguir chegar ao nível dos antecessores. Parecendo que não, Lorde é humana.
Dito isto… não se admirem se Ella conseguir arrebatar-nos de novo com o seu terceiro álbum. Se existe artista capaz de um hat-trick, essa é Lorde.
Não me parece que hajam mais artistas do meu nicho preparando-se para lançar música em 2021, pelo menos que eu saiba. Ainda assim, da maneira como as coisas estão, tudo pode acontecer. Logo se vê.
E era isto que tinha para dizer. Que as vacinas funcionem e que possamos voltar em breve a jantaradas com amigos e família, a viajar sem restrições, a concertos com moche, a jogos de futebol, a Raids presenciais, a encontros no Odaiba Memorial Day. Boas entradas num ano melhor do que este. Vemo-nos em 2021!
Ninguém vai acreditar que foi por mero acaso que resolvi escrever sobre Taylor Swift agora, ninguém vai acreditar que já planeava fazê-lo há algum tempo. Vão achar que quis aproveitar-me do interesse aumentado em Taylor a propósito do álbum folklore, lançado há pouco mais de uma semana.
Acreditem ou não, eu já estava a escrever o primeiro rascunho deste texto quando Taylor anunciou o álbum literalmente na véspera do dia em que saiu. Como é que eu ia adivinhar? A mulher costuma demorar pelo menos dois anos entre álbuns!
Bem, agora já está. Vou aproveitar-me do interesse aumentando em Taylor, mesmo não tendo sido essa a minha intenção.
Taylor Swift é uma cantautora que dispensa apresentações. É a primeira vez que lhe dedico um texto neste blogue, mas a verdade é que tenho acompanhado a carreira dela assim ao de longe desde 2014/2015. Talvez mesmo antes, mais foi só em 2014 que comecei a ouvir ativamente músicas dela. Os singles de 1989 basicamente, como Blank Space e Out of the Woods. Com o passar dos anos, sobretudo desde que comecei a usar o Spotify com frequência, fui acrescentando mais músicas dela às minhas playlists, aqui e ali.
Durante anos não quis admitir que Taylor Swift era uma cantora do meu nicho musical. Mas a verdade é que ela ia aparecendo em várias listas de mais tocadas no Spotify. Quem é que eu queria enganar?
Era só uma questão de tempo até escrever sobre ela aqui.
Ainda assim, não sou de todo uma enorme fã de Taylor (uma Swiftie, uma stan ou o que quer que os miúdos fixes lhe chamem por estes dias). Sou uma fã muito casual, muito superficial. Não conheço assim tão bem a discografia dela. Só tenho ouvido músicas soltas, acho que nunca cheguei a ouvir um álbum dela do princípio ao fim – quero fazê-lo com folklore, no entanto.
Na mesma linha, no que toca à sua repercussão mediática, aos dramas com ex-namorados, com outras celebridades… em geral, não ligo muito, tenho ter uma posição neutra.
Tirando no caso do Kanye. Que se lixe o Kanye, o homem é uma besta. Eu sei que ele tem tido problemas com a sua doença bipolar, mas isso não serve de desculpa para todas as coisas que tem feito.
Voltando a Taylor, por um lado sim, acredito que seja difícil passar o fim da adolescência e toda a idade adulta, em particular a sua vida amorosa, debaixo do escrutínio impiedoso dos holofotes. Também admito que, se ela fosse um homem, a sua vida seria mais fácil.
Por outro lado, nenhuma dessas dificuldades, nenhum dos lados negros da fama a impediram de se tornar uma das maiores estrelas pop da atualidade, uma das mulheres mais poderosas e influentes dos Estados Unidos, se não for do mundo. Não precisa que tenhamos pena dela, na minha opinião. Além de que, não apenas como celebridade, também como compositora, como letrista, tem maior controlo sobre a narrativa do que outras personagens da sua história.
Em todo o caso, sei reconhecer boa música quando a oiço e é por isso que estou aqui. All too Well é considerada, de maneira quase unânime, uma das melhores canções de Taylor Swift, se não for a melhor. Como (ainda) não conheço assim tão bem a discografia dela, não posso dizer que seja, de facto, a número um. Mas é uma das melhores entre aquelas que conheço.
É sem dúvida uma das melhores baladas que conheço. Baladas a sério, mesmo power ballads, daquelas que arrebatam. Sempre gostei deste estilo de música, duas das minhas canções preferidas de todos os tempos – I’m With You e Last Hope – são power ballads. All too Well está ao mesmo nível.
All too Well, aliás, é um caso bastante raro, se não for único, entre as power ballads no sentido em que não assenta em grandes notas agudas para arrebatar. I’m With You caracteriza-se muito pelos agudos. Last Hope nem tanto, mais nos pré-refrões, mas estão lá. Mesmo aquelas baladas universalmente aclamadas, como I Don’t Want to Miss a Thing, Total Eclipse of the Heart, Always, My Heart Will Go On, I Will Always Love You, todas elas assentam em grandes agudos.
É, de resto, uma técnica muito usada em música: cantar os últimos refrões uma oitava acima, acrescentar uns quantos backvocals mais agudos, mesmo elevar o tom da música. A própria Taylor já usou este último truque com grande eficácia em Love Story.
All too Well, no entanto, só tem um único verso agudo. Não precisa de mais. Taylor sob controlo total, transmitindo bem as emoções da música através da sua voz. Na verdade, no que diz respeito a vocais, prefiro versões ao vivo, em particular a lindíssima apresentação nos Grammys de 2014. A voz soa menos polida, mais crua – numa versão de estúdio não dava, mas ao vivo funciona e, para ser sincera, leva-me às lágrimas.
O acompanhamento musical contribui para o arrebatamento da canção em partes iguais à voz. Começa relativamente minimalista, só com um par de guitarras (ou piano, no caso das versões ao vivo), ganhando novas camadas ao longo da faixa. All too Well é feita de crescendos atrás de crescendos, de crescendos sobre crescendos, clímaxes sobre clímaxes. Por volta dos três minutos e quarenta a intensidade diminui por instantes, mas não tarda a crescer de novo. Culmina no último refrão antes de diminuir de novo para o final.
É uma montanha-russa de emoções.
Falemos então sobre a letra. Resumidamente, All too Well fala sobre uma relação falhada, à semelhança de oito em cada dez músicas de Taylor.Esta terminou de forma amarga, só que a narradora não consegue esquecer os bons momentos, continua presa a esse passado.
Penso que já referi aqui no blogue que Taylor Swift é uma das melhores compositoras, uma das melhores letristas da actualidade, na minha opinião. Dá para ver um pouco disso aqui, várias das coisas que ela faz bem.
Uma delas é a forma como conta histórias ao longo das músicas. All too Well, por exemplo, conta a história da relação que falhou, do princípio ao fim – como veremos melhor adiante.
Outra coisa que Taylor faz bem é dar pormenores, reais ou ficcionados, que tornam as histórias muito mais tangíveis. Como as camisas em xadrez nesta música, os aviões de papel em Out of the Woods, os Old Fashioned em Getaway Car, a Cornelia Street da música com o mesmo nome. Por um lado, suspeita-se que esses pormenores sirvam de pistas para a audiência brincar aos detetives, tentando descobrir de quem Taylor está a falar (não estou a tecer juízos de valor, eu compreendo o apelo).
Por outro, esses pormenores também servem para fazer um bocadinho de “show, don’t tell”. Vou roubar um exemplo ao Pop Song Professor e referir New Year’s Day: em vez de dizer apenas que quer estar lá nos bons e nos maus momentos, a narradora diz que quer estar nas festas, nas doze badaladas à meia-noite, mas que também estará lá na manhã seguinte, arrumando a casa com o amado.
Temos exemplos disso em All too Well. Começando pelo lenço (ou cachecol? A tradução dá para os dois lados…) na primeira estância, que, tal como a própria canção o confirma mais tarde, simboliza a esperança e inocência do início da relação.
Consta que foram chatear a irmã do Jake Gyllenhaal (o ex de Taylor que, supostamente, terá inspirado All too Well) a perguntar por esse lenço. Ela não sabia do que estavam a falar. Provavelmente é ficcional.
A parte entre a estância refere-se, então, à fase de lua de mel, em que o casal se divertia, em que ele não conseguia tirar os olhos dela (“You almost ran a red ‘cause you were looking over at me” – nada mais romântico do que uma quase contra-ordenação muito grave), em que tudo parecia perfeito, destinado (“Autumn leaves falling down like pieces into place”).
De notar as pausas da narrativa – nos pré-refrões, em que a narradora assegura que sabe que aquilo tudo é passado e ainda está a tentar aceitá-lo.
Na parte seguinte, depois do primeiro refrão, temos a narradora descobrindo acerca da infância do amado, falando com a mãe dele, vendo fotografias. Sabemos que a relação já vai além da excitação inicial – ninguém conhece a família do parceiro romântico, fazendo perguntas sobre a sua meninice, se não está a pensar a longo prazo. A própria letra resume-o bem: “You tell me about your past thinking your future was me”.
Temos também uma breve referência a um momento de intimidade, a meio da noite: “We're dancing round the kitchen in the refrigerator light”.
Aquele que será, porventura, o maior clímax da música corresponde ao momento da separação. A letra refere problemas de comunicação, expetativas diferentes mas, segundo a narradora, a culpa é sobretudo dele. Nesta fase da sua carreira, quase todas as músicas de Taylor sobre relações falhadas colocavam a culpa no ex – Back to December será uma das poucas exceções. Foi só a partir de 1989 que ela começou a admitir culpas no cartório.
Uma vez mais, não estou aqui para tecer juízos de valor. Faz parte do crescimento.
De qualquer forma, segundo All too Well, esta separação incluiu uma chamada telefónica cheia de palavras desnecessariamente duras, supostamente honestas, que a magoaram profundamente. A ser verdade, não se faz.
A parte seguinte, depois da acalmia, ocorre já algum tempo depois do fim. Ela ainda está a fazer o luto, ainda não conseguiu reencontrar-se consigo mesma. Estão naquela fase em que devolvem as coisas que ficaram na casa um do outro.
Mas – plot twist – ele não devolveu o tal lenço. Ele também ainda não desligou por completo. No ano passado, aquando do lançamento de Lover, foi revelada uma das primeiras versões do último refrão, rezando “There we are again, you’re crying on the phone/Realized you lost the one real thing you’ve ever known”. Partindo do princípio que estes versos são verídicos, já foi tarde, agora já não dá para voltar atrás.
É uma canção extraordinária, de facto. Tem cinco minutos e meio de duração – talvez seja por isso que nunca foi lançada como single – mas acho que ninguém lhe cortaria um segundo que fosse.
Reza a lenda, aliás, que existe uma versão de All too Well com dez minutos de duração. No entanto, daquilo que descobri nas internetes, essa versão não era mais do que um primeiro rascunho sem filtros, um longo desabafo à guitarra. Taylor admitiu que demorou algum tempo a editar tal monstro, a reduzir às partes essenciais. Tanto quanto percebo, ao contrário do que uma parte dos fãs acredita, Taylor nunca chegou a gravar uma versão com dez minutos, ou mais, de duração.
E, para ser sincera, não acho que essa versão faça falta. A versão final utiliza com mestria os seus cinco minutos e meio de duração. Uma versão com o dobro ou o triplo da duração provavelmente divagaria na letra, não teria os mesmos crescendos e clímaxes. All too Well está perfeita como está.
Taylor afirmou que a canção tem tido duas vidas. A primeira como seu desabafo, como catarse sua. A segunda vinda do feedback dos fãs, que lhe gritam a música de volta nos concertos (a sério, vejam o vídeo abaixo, uma pessoa fica com pele de galinha), que fazem tatuagens com a letra.
É ao mesmo tempo o risco e a excitação de expressões artísticas como a música: depois de lançadas no mundo já não pertencem exclusivamente ao artista, ganham uma personalidade nova. Para o pior e, pelo menos deste caso, para o melhor. All too Well tem recebido a apreciação que merece. Eu mesma só conheço esta canção há relativamente pouco tempo, mas já me imagino de lágrimas nos olhos cantando-a aos berros num concerto.
Sei perfeitamente que não sou, nem de longe nem de perto, a primeira pessoa a elogiar All too Well (e não serei decerto a última). Mesmo a maior parte destas opiniões não são propriamente originais. Mas a verdade é que este blogue também funciona um pouco como um diário de bordo das minhas paixões. Se descubro alguma coisa de que gosto a sério, mesmo que seja com algum atraso, escrevo sobre ela aqui.
Talvez volte a escrever sobre a música de Taylor no futuro. Existe pelo menos mais uma canção que merece uma entrada de Músicas Ao Calhas, mas não vou escrevê-la já já – são planos a médio prazo.
Por agora, se não se importam, vou ouvir folklore como deve ser, para ver se é essa Coca-Cola toda.