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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Bones/Ossos - oitava temporada

Alerta Spoiler: este texto contém revelações sobre o enredo, pelo que só é aconselhável lê-lo caso tenha visto todos os episódios da oitava temporada de Bones/Ossos, até para a própria compreensão desta entrada.
 
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A única série, das que vejo há mais tempo, que sigo com fidelidade absoluta é Bones/Ossos. A emissão da oitava temporada terminou na FOX há algumas semanas e já se sabe que teremos nona temporada.
 
Começarei pelo melhor. Os pontos fortes da série - a interação entre as personalidades díspares do elenco e o humor negro da praxe - mantém-se, distinguindo-se de tantas outras séries policiais. Também se nota uma evolução nas personagens, com óbvio destaque para a protagonista Temperance Brennan, também conhecida por Bones. Durante vários anos, Bones refugiara-se atrás de uma máscara de racionalidade. Contudo, o seu relacionamento com Booth e a maternidade deixaram-na mais vulnerável ao seu lado emotivo, apesar de muitos dos seus traços mais característicos se manterem: a sua visão do mundo a preto e brando, a sua fria mas ingénua honestidade, sem subtilezas. Esta mudança refletiu-se no último episódio, quando ela pede Booth em casamento.
 
 
Notou-se, também, ao longo desta temporada, uma tentativa de introduzir variações no esquema habitual dos episódios, com resultados finais de qualidade díspar. Os que mais gostei foram "The Patriot in Purgatory" - em que se aborda a ferida por cicatrizar que é o 11 de setembro - e "The Pathos in the Pathogens", por envolver conceitos de Virologia, uma das disciplinas de que mais gostei até agora no meu curso. Aquele de que menos gostei foi The Shot in the Dark, em que Brennan foi alvejada. Este foi um dos capítulos que procurou comprovar a evolução emocional da protagonista mas de uma forma desnecessariamente batida: o contacto com entes queridos falecidos durante uma experiência de quase morte é um enorme chavão e a descoberta de que o distanciamento emocional de Brennan resulta da última conversa que teve com a mãe antes de a abandonar, para além de ser também um cliché, destrói a explicação bem menos melodramática, sustentada por mais de sete anos da série, de que a frieza resulta do trauma do abandono em si. 
 
A temporada exibiu outras fraquezas para além desta. No primeiro episódio, o nome de Brennan é limpo e ela regressa após meses em fuga com a filha. Seria de esperar que esta ausência prolongada trouxesse consequências para a relação com Booth mas tais problemas são resolvidos logo no segundo episódio e, depois, é como se Brennan nunca tivesse fugido. E embora, como li algures, seja refrescante ver na televisão uma relação saudável, sem dramas de maior, às vezes não parece credível.
 

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Existiu também alguma falta de consistência entre os episódios envolvendo Peleant e os outros. Para além de serem absurdamente tensos quando comparados com os outros da série, nos outros episódios, as personagens parecem esquecer-se que anda um assassino psicopata decidido a magoá-los à solta. Parecem duas séries diferentes, por vezes. 
 
Também não me agrado que a linha narrativa envolvendo Peleant tenha sido prolongada até à próxima temporada. Começam a enrolar demasiado a história que, de resto, não ocupou mais do que três episódios este ano. Receio que, a menos que a ponta seja atada logo no primeiro episódio da nona temporada, a coisa descarrile.
 
De resto, é apenas uma especificação da minha opinião geral sobre Bones. Apesar de não ser atualmente a minha série preferida, continua a ser um entretenimento eficaz. Por quanto tempo mais, não sei dizer. Sinto que Bones se encontra perigosamente à beira de exibir sinais de desgaste. Como tal, espero que os produtores não deixem que uma boa série como esta vá por água abaixo - algo que tem acontecido demasiadas vezes - que saibam quando devem parar e que, nessa altura, possamos despedir-nos de Brennan, de Booth e de toda a equipa forense do Jeffersonian da melhor forma.

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