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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Bryan Adams - 30 anos de Reckless (2014) #3

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Terceira parte da análise à reedição de Reckless. Aqui, já entramos nas músicas extra.

 

9) Long Gone

 

 

"He says you get the house and the car

And I get the clothes I got on"

 

Esta faixa obedece àquela que acaba por ser a fórmula de Reckless em termos de sonoridade, já explicada anteriormente. Ao contrário de músicas como Somebody e It's Only Love, nem a sequência de acordes nem o solo de guitarra são particularmente memoráveis. A letra até tem a sua graça - fala de um divórcio em que a esposa ficou com tudo e o marido, o narrador, ficou "com as roupas que traz vestidas" - mas, tirando isso, a música não é nada de especial, sobretudo em comparação com os singles.

 

10) Ain't Gonna Cry

 

 

"I got reckless baby

Put you in your place

Next time maybe re-arrange your face"

 

Ain't Gonna Cry é provavelmente a faixa mais rápida, pesada e barulhenta de Reckless. Segundo Vallance, foi conmposta exclusivamente com esse intuito e realmente, com a sua letra superficial, a faixa não tenta ser mais do que isso. Tendo em conta essas declarações e as várias boas faixas que ficaram de fora, só agora publicadas, eu interrogo-me porque desperdiçaram um lugar na tracklist com uma música assim. 

 

Com isto terminamos as músicas da edição original de Reckless. Passemos às músicas extra da edição Deluxe, que eu desconhecia antes.

 

11) Let Me Down Easy

 

 

"All those years and you've got nothing to say

You turn around and walk away"

 

Segundo do booklet desta reedição de Reckless, esta música foi composta com a cantora Stevie Nicks em mente. Jim Vallance, contudo, alega que Let Me Down Easy esteve na fila para a tracklist final de Reckless. Se olharmos para os créditos, isso nota-se pois, ao contrário das outras faixas extra, que são apenas demos, os instrumentistas foram escolhidos com vista à edição desta música, não se limitaram a ser Bryan, Vallance e Keith. E eu tenho pena de que Let Me Down Easy não tenha conseguido lugar na edição original, pois gosto bastante dela. Julgo notar alguns ecos de músicas como Cuts Like a Knife e This Time. Suponho que esta seja a sonoridade típica do rock da altura.

 

Se olharmos para a letra destas músicas extra, repararemos que muitas são das chamadas break up songs. O que é curioso é que em todas essas, a mulher é a culpada. Porque o trai, porque é egoísta, porque é manipuladora, porque não liga ao pobre narrador. Para ser sincera, parece-me uma visão algo enviesada, devíamos ouvir o ponto de vista da mulher. Em todo o caso, Let Me Down Easy podia perfeitamente ter ocupado o lugar de Ain't Gonna Cry... mas já se fala melhor sobre isso. 

 

12) Teacher Teacher

 

 

"The joke's on those who believe the system's fair"

 

Segundo o site de Jim Vallance, Teacher Teacher foi composta para a comédia Teachers. Consta que o produtor gostou da demo que Vallance e Bryan gravaram - e que foi editada da versão Deluxe de Reckless - mas quis que fossem outras pessoas a interpretar a versão final. Acabou por ser a banda 38 Special. 

 

A música terá sido inspirada em Bad Case of Lovin' you, sobretudo pelos Doctor Doctor (bem me parecia que havia algo de familiar em Teacher Teacher). Tem também alguns ecos de Tonight e This Time, na minha opinião. A letra é inspirada, obviamente, em professores e no ensino, mas fico com a ideia de que tem mais significado do que parece. Pelo menos, deixou-me algo intrigada.

 

A versão dos 38 Special até é boa, mas esta é outra das músicas que podia perfeitamente ter sido lançada na edição original de Reckless. Também lamento não termos uma versão com mais qualidade na voz de Bryan. É certo que não foi culpa dele que o produtor de Teachers tenha querido outra banda para interpretar a canção, mas a versão dos 38 Special, devidamente gravada, tem algo que falta à demo. O que é uma pena.

 

13) The Boys Night Out

 

 

 "Well, i looked at Keith and Keith looked at me

And we stole that machine"

 

Esta é capaz de ser a música extra de que menos gosto. The Boys Night Out até tem um começo interessante, com o riff de abertura e os acordes nas estâncias. O meu problema é o refrão: demasiado gritado para o meu gosto, na minha opinião não se encaixa na música. Tal como se pode deduzir a partir do título, fala de uma noite de rambóia entre homens.

 

Bryan acabou por dar esta música à banda suíça Krokus, que a remodelou completamente, só ficando o refrão inalterado. Esta decisão na altura terá provocado polémica entre os colaboradores de Bryan. Vallance e o agente de Bryan, Bruce Allen, queriam que o cantautor canadiano ficasse com a música para si. Vallance chega mesmo a referir uma gritaria via telefone entre Bryan, Allen e o produtor dos Krokus, enquanto tentavam decidir quem ficaria com The Boys Night Out. Vallance continua a achar que Bryan devia ter ficado com a música mas eu discordo, pelos motivos que referi acima. O refrão soa muito melhor na versão da banda suíça. Não se perdeu muito. 

 

Mantenham-se ligados, faltam apenas quatro canções. Próxima parte em breve...

 

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