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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

A história turbulenta da banda que vai abrir a Eras Tour em Portugal #2

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Retomamos a nossa história em 2007, 2008 (podem ler o início aqui). Riot! foi, então, o álbum que colocou os Paramore na ribalta. Infelizmente, a banda não lidou muito bem com isso. Uma das piores fases foi no início de 2008. Os Paramore chegaram a cancelar concertos na Europa. Diz que a banda esteve à beira de colapsar nessa altura. 

 

Para começar, Hayley e Josh terminaram a relação algures em finais de 2007. Há quem diga que Hayley o traiu com o futuro marido, Chad Gilbert, guitarrista dos New Found Glory (mais sobre ele já a seguir… infelizmente), mas não encontrei nenhuma confirmação oficial, preto no branco. Algures nesta altura Hayley compôs e gravou uma música a solo – a sua primeira oficial – chamada Teenagers, que acabou por ir parar à banda sonora do filme O Corpo de Jennifer, de 2009. Parece ter sido inspirada por esta separação. Eu mesma só a conheci há relativamente pouco tempo mas acho-a fascinante.

 

Calculo que tenha sido difícil para ambos serem obrigados a trabalhar juntos na banda depois de se separarem, a partilhar um autocarro de digressão. Até porque Hayley estava a apaixonar-se por outra pessoa. Ao mesmo tempo, Josh ressentia-se amargamente de toda a atenção dada a Hayley, muitas vezes em detrimento do resto da banda. 

 

Não vou dizer que não compreenda a posição de Josh – sobretudo tendo em conta a questão do contrato. Talvez ele nunca se tenha sentido seguro dentro da banda. Por outro lado… ele não sabia como o mundo da música funciona? Não acontece o mesmo com inúmeras bandas, os holofotes virarem-se mais para os vocalistas? Freddie Mercury com os Queen, Bono com os U2, Chris Martin com os Coldplay, Thom Yorke com os Radiohead… Bolas, os Panic! At the Disco foram basicamente um projeto a solo de Brendon Urie nos últimos anos de vida da banda. Hayley ao menos sempre fez questão de dizer que os Paramore eram uma banda, não apenas um projeto a solo.

 

Dito isto – e isto são apenas especulações minhas – acredito que, a certa altura, durante estes conflitos todos, Hayley poderá ter-se agarrado demasiado à banda, à sua família, o que terá feito mais mal do que bem. 

 

Falando com mais de uma década de distância, Hayley disse – provavelmente com razão – que eles eram miúdos. Estavam a entrar na idade adulta, estavam a crescer em direções diferentes, a lidar com questões com que músicos bem mais velhos têm tido dificuldades em lidar desde que existem bandas musicais. Hayley também disse que, apesar de muita gente destacar a juventude dos Paramore, muitos adultos à volta deles esqueceram-se convenientemente desse facto quando a banda estava em crise e ninguém os ajudou. 

 

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Por outro lado, foi nesta altura que Taylor York se juntou à banda – ainda que só tenha sido anunciado como um membro oficial em 2009. Taylor esteve sempre lá desde o início, como referido antes. Compôs algumas canções em All We Know Is Falling e Riot!. No entanto, os pais quiseram que ele concluísse o equivalente ao nosso décimo-segundo ano antes de se juntar aos Paramore.

 

Foi então nesta altura, um período particularmente vulnerável para Hayley, que esta começou a namorar Chad… um homem de vinte e seis anos. Tal como Taylor Swift, provavelmente na mesma altura até, envolveu-se com um homem mais velho quando ainda mal tinha chegado à idade adulta. O caso de Hayley foi pior: as relações de Taylor com John Mayer e Jake Gyllenhaal foram relativamente curtas. Hayley esteve uma década com aquele gajo, chegou a casar com ele.

 

E já referi que Chad era um homem casado quando se envolveu com Hayley?

 

Falo com mais pormenores sobre esta relação retorcida no meu texto sobre Petals For Armor, o primeiro álbum a solo de Hayley (mais sobre isso adiante). Para já, dizer apenas que Hayley sentiu imensa vergonha durante anos por ter “roubado” o marido a outra mulher.

 

Como se isso não bastasse, Chad era a personificação da frase “se ele traiu para estar contigo, há de te trair também. Ainda agora, em pesquisas para este texto, dei com esta publicação que, entre outras coisas, detalha várias ocasiões em que Chad traiu Hayley. Não sei se é tudo verdade. Espero que não porque, meu Deus! Como é que Hayley aturou isto tudo?!

 

Caso ainda não tenha ficado claro, nós odiamos Chad.

 

Havemos de voltar a ele, infelizmente. Como dissemos antes, 2008 foi um ano particularmente tumultuoso para os Paramore, mas também ficou marcado pelo lançamento de um dos meus maiores êxitos: Decode, para a banda sonora do primeiro filme de Twilight. Ainda no fim do ano passado, num concerto na Austrália, houve alguém que levou uma figura do Edward Cullen. 

 

 

Como a própria Hayley disse, icónico.

 

Não sendo das minhas preferidas, Decode é uma bela música, com vocais espetaculares de Hayley e um instrumental que captura perfeitamente o espírito dos filmes da franquia, sobretudo o primeiro: muito emo, quase gótico. Irá de certeza ser tocada durante a Eras Tour.

 

Por outro lado, Decode tem uma irmã menos conhecida mas igualmente boa, talvez ainda melhor: I Caught Myself. Uma autêntica pérola escondida que, infelizmente, só os fãs mais hardcore devem conhecer.  Não foi composta de propósito para Twilight, mas também se encaixa no espírito, logo, também foi para a banda sonora. A letra fala de resistir à tentação de um interesse romântico que, na verdade, não queremos na nossa vida.

 

Nunca foi confirmado preto no branco, mas é altamente provável que I Caught Myself tenha sido inspirada pela separação de Hayley e Josh. Com o tempo, no entanto, terá ganho nossos significados. Terá passado a ser sobre a relação entre Hayley e Chad. Saltando alguns anos na nossa história, os dois anunciaram o divórcio em julho de 2017. No concerto seguinte, em Hamburgo, na Alemanha, Hayley parece à beira das lágrimas enquanto canta I Caught Myself – quando chega à parte do “don’t know what I want, but I know it’s not you”.

 

Não admira que esta seja uma das favoritas de Hayley. É especial. É excelente.

 

Rebobinando quase uma década de novo, Hayley terá conhecido Taylor Swift algures em 2008, 2009. Acho que está mais ou menos confirmado que Hayley foi a amiga que inspirou a letra da canção Speak Now, conforme se suspeita há anos: a tal que viu a sua paixão de infância casando-se com outra. Neste caso Josh, que se casou com Jenna Rice em Abril de 2010. 

 

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Ainda há relativamente pouco tempo, a propósito dos anos de Taylor, Hayley falou de ir a esse casamento (ela não referiu Josh pelo nome) na companhia dela. Hayley já estava com Chad, mas continuava a sentir-se pouco à vontade – era o seu ex a casar-se! Taylor, no entanto, terá tornado a experiência divertida e, depois, citando Hayley “baldaram-se ao copo-de-água para irem ao Cheesecake Factory”.

 

Na letra de Speak Now, a narradora deseja sabotar o casamento, pedir ao noivo para fugir com ela. Pessoalmente, duvido que Hayley alguma vez tenha desejado tal coisa – pelo menos não nesta fase. Mas é possível que Taylor tenha falado com Hayley na brincadeira sobre esse cenário – e que, mais tarde, se tenha inspirado nele para a história de Speak Now.

 

Vamos, agora, falar de Brand New Eyes, o terceiro álbum da banda, editado em setembro de 2009. É o favorito de muitos fãs, o equivalente dos Paramore ao Rumours dos Fleetwood Mac – com muito menos drogas, tanto quanto sei. 

 

Os conflitos de 2008 nunca chegaram a ser resolvidos e acabaram por verter para as músicas deste álbum. Hayley escreveu algumas das letras inspiradas pelos problemas que tinha com os outros membros da banda, sobretudo Josh. Chegou a contar ao The Guardian sobre as gravações da primeira versão de Ignorance: do quão nervosa estava em relação ao que escrevera, de cantar muito baixinho na cabine de gravação. Calhou Taylor estar junto à coluna de som: ouviu tudo e terá ficado furioso com ela.

 

Aqui entre nós, custa-me imaginar Taylor zangado seja com quem for. Ainda menos com Hayley.

 

De qualquer forma, este episódio terá obrigado a banda a conversar e, supostamente, a resolver os problemas que tinham uns com os outros. Exemplos como este estão por detrás da ideia que Hayley pregava na altura de que este álbum salvara a banda. O nome “Brand New Eyes” terá vindo da ideia de que os membros dos Paramore foram obrigados a colocar-se na posição uns dos outros, a verem as coisas sobre novos prismas, com “novos olhos” para conseguirem fazer as pazes.

 

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Pelo menos era o que a banda dizia. A realidade não era bem assim. Já aí vamos. 

 

Queria referir algumas músicas importantes em termos da mitologia da banda em Brand New Eyes. Turn it Off é uma favorita entre muitos fãs (não no meu caso). Misguided Ghosts (que chegou a ser considerada como título para o álbum) mostra uma perspetiva mais suave, mais terna, sobre os conflitos no seio da banda – refletindo a ideia de que, lá está, estavam todos a mudar, a crescer em direções diferentes. Ainda há relativamente pouco tempo, mais de uma década depois, Hayley admitiu que, na altura, os membros da banda lidaram muito mal com as mudanças uns dos outros.

 

Uma música com quem Hayley e pelo menos uma boa parte dos fãs, eu incluída, tem tido uma relação complicada ao longo dos anos é The Only Exception. Esta foi a primeira canção de amor com todas as letras que Hayley compôs. É um dos maiores sucessos da banda, uma das minhas preferidas deles – foi uma das músicas que, a par de crushcrushcrush, me cativou para os Paramore – e é uma das minhas canções de amor preferidas de todos os tempos. 

 

Na letra, Hayley admite que não acredita no amor, depois de tudo por que passou com os divórcios dos pais. No entanto, o seu interesse romântico – Chad – era a única exceção, o único capaz de fazê-la mudar de ideias.

 

É uma mensagem bonita que ressoa com muitas pessoas, incluindo comigo mesma. O reverso da medalha é que, segundo o que se deduz de entrevistas posteriores, essa mentalidade foi uma das coisas que fez com que Hayley se mantivesse numa relação tóxica com aquele homem durante tanto tempo. Porque achava que só ele é que poderia amá-la.

 

Tendo isso em conta, sem surpresas, depois do divórcio, em 2017, Hayley não quis cantar The Only Exception – foi uma situação mais complexa do que, pura e simplesmente, não querer cantar uma canção inspirada por um romance falhado. Mesmo eu “cancelei” a música em 2020, quando descobri mais acerca da relação dela com Chad. 

 

Mas mantive sempre uma esperança secreta de que Hayley mudasse de ideias. Afinal de contas, ela passaria por uma jornada semelhante à descrita em The Only Exception quando encontrou o verdadeiro amor.

 

 

E de facto a música foi oficialmente “descancelada” no início de 2023, após um breve discurso de Hayley. Fiquei contente por ter The Only Exception de volta. Podem crer que, quando os Paramore a tocarem no Estádio da Luz, hei de cantá-la a plenos pulmões, tal como já tinha feito em 2011, no Optimus Alive

 

E não se admirem se, no fim, estiver de lágrimas nos olhos. Porque não resisto àquele final e porque, depois de tudo por que ela passou, estarei a ver Hayley lado a lado com o amor da vida dela. 

 

Uma música de Brand New Eyes bem menos controversa – longe disso – é All I Wanted. Diria que All I Wanted é mais ou menos equivalente à All Too Well de Taylor Swift – no sentido em que, durante muitos anos, foi uma pérola escondida que só os fãs conheciam, mas cuja popularidade acabou por alastrar para fora da comunidade. 

 

No caso de All I Wanted, a culpa foi do Tik Tok, durante o ressurgimento do emo. Tivemos este bacano e o desafio de cantar o refrão – de tentar atingir os agudos impossíveis de Hayley.

 

O problema é que, durante muitos anos, Hayley recusou-se a cantá-la ao vivo. Lá está, é um refrão difícil, ela tinha medo de não conseguir fazer-lhe justiça. Os Paramore tocaram todas as outras músicas de todos os outros álbuns, incluindo algumas B-sides, menos esta. A partir de certa altura tornou-se quase um meme entre Hayley e os fãs, sobretudo depois de All I Wanted ter crescido em popularidade nos últimos anos. Vejam, por exemplo, este tweet de 2021.

 

Ora bem, em Outubro de 2022 começa a era This Is Why, a banda volta a dar concertos pela primeira vez após a pandemia e o ressurgimento da música emo. Participam no festival When We Were Young. No primeiro concerto abrem-me assim:

 

 
 
 
 
 
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O pessoal, naturalmente, passou-se. Vivo pelo bacano no vídeo repetindo “No fucking way… No fucking way…”

 

Depois desta, All I Wanted tornou-se uma faixa mais ou menos regular em concertos dos Paramore. Compreensivelmente não a tocam em todos os concertos – mesmo depois de When We Were Young, passaram-se uns quantos meses até a tocarem de novo. 

 

Mas já é tão bom. Destaque para a noite em que Billie Eilish subiu ao palco para cantar All I Wanted (a favorita dela) com eles. Billie sendo todos nós quando, antes do refrão à capela, gritou: “Hayley… C’mon!”

 

Demorou, mas All I Wanted está a finalmente a receber o amor que merece.

 

Voltemos de novo para a era de Brand New Eyes, mais especificamente para 2010. Foi o ano em que Hayley fez um dueto com B.o.B em Airplanes, um dos maiores êxitos de 2010. Mas a maior bomba rebentou no final desse ano, quando Josh e Zac anunciaram a sua saída dos Paramore. Josh então escreveu uma bonita carta de despedida, lavando roupa suja – as réplicas continuam a ser sentidas hoje, quase década e meia depois. 

 

O texto na íntegra pode ser lido aqui (foi difícil de desenterrar). Basicamente, Josh revelou ao público que Hayley era a única com contrato assinado com a Atlantic Records. Acusou os Paramore de serem uma fraude, uma fachada, acusou Hayley de ser uma artista a solo disfarçada de banda. Confirmou que os conflitos dos últimos anos nunca tinham ficado resolvidos e estavam por detrás da decisão de partirem – bem como o facto de sentirem que a vida em digressão lhes roubara a juventude.

 

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Eu compreendo esta última parte. Sempre compreendi, desde o dia em que Josh publicou a carta (isto passou-se pouco depois de me ter tornado fã da banda). Ele fala de ter de se despedir de pais chorosos, de não ver os irmãos a crescer – e descobri mais tarde que os pais se separaram quando Josh e Zac estavam em digressão.

 

Acredito mesmo que foi esse o principal motivo pelo qual Zac quis sair – ele mesmo confirmaria anos mais tarde que não se arrepende de ter deixado os Paramore quando deixou.

 

Tudo o resto, no entanto, foi desnecessário. Se quiser ser caridosa, ao ler a carta de Josh, posso argumentar que este não visa Hayley diretamente (tirando a questão da letra de Careful). As suas críticas parecem dirigir-se mais aos pais e ao agente de Hayley e à gravadora. Posso admitir que tenha havido muita imaturidade na maneira como ele lidou com a questão. Josh mais tarde mostrar-se-ia arrependido e Zac demarcar-se-ia das palavras do irmão.

 

Ainda assim, não sei se alguma vez perdoarei Josh. Com ou sem más intenções, as suas palavras estiveram muito perto de destruir os Paramore, provocaram muito sofrimento aos restantes membros e aos seus fãs, Hayley em particular. Não quero dar a entender que ela nunca cometeu erros nas relações com os colegas de banda. Por exemplo, envolver-se com Josh foi um grande erro. 

 

Mas também, ela tinha o quê? Quinze anos? Dezasseis? Dezassete?

 

De qualquer forma, vimos antes que Hayley tinha problemas de abandono, só queria uma família, mesmo que subconscientemente. E agora, por causa de Josh, não só perdia dois amigos de infância como tinha uma grande parte do público vendo-a como uma vilã.

 

Josh e os antigos colegas eventualmente fizeram as pazes alguns anos mais tarde. Por outro lado, volvidos mais alguns anos, vieram à tona uns comentários homofóbicos dele numa publicação qualquer no Facebook. O que só diminuiu ainda mais a popularidade de Josh – até porque os Paramore têm muitos fãs na comunidade LGBT+. 

 

Que vá com Deus e que Deus regresse sozinho.

 

E é com este desejo que nos despedimos por hoje. Se gostaram de ler sobre estes dramas até agora, vão ficar contentes: a próxima parte, amanhã, vai trazer ainda mais. Como o costume, obrigada pela vossa visita.

Especial Dia dos Namorados: Top 10 Canções de Amor

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À semelhança de muito boa gente, não sou fã do Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim. Do comercialismo associado, do romance por imposição, sem originalidade, e tudo o que muitos já listaram melhor do que eu. Dito isto, não acho que exista nada de errado, no seu essencial, com um dia dedicado ao amor romântico - da mesma maneira como existe um dia para os pais ou para as mães, para a solidariedade e família (a.k.a. o Natal), para a mulher, para a criança, para o bullying, etc. A sociedade é que escolhe alguns desses dias para explorá-los comercialmente até ao enjoo.

 

Como já fui dando a entender aqui, apesar de nunca me ter apaixonado a sério, apesar de não acreditar em conceitos como almas gémeas ou amor à primeira vista ou outros clichés que vemos nos filmes, de não ter uma visão assim tão idealizada do amor, de achar, por vezes, que o amor romântico é sobrevalorizado, eu tenho uma forte costela romântica. Gosto de uma boa canção de amor, que mexa com as minhas emoções, que me inspire para a parte romântica da minha escrita. Assim, este ano, a propósito do Dia dos Namorados, resolvi compilar um top 10 de canções de amor.

 

Não foi fácil escolher as músicas deste top. Por um lado, os meus gostos são um bocadinho voláteis: hoje posso gostar de uma música e, daqui a uns meses, ter-me fartado dela. Para este top quis escolher músicas que se tivessem mantido de forma mais ou menos consistente entre as minhas preferidas. Mesmo assim, esta classificação não está gravada em pedra, daqui a um ano ou dois - ou mesmo daqui a uns meses - pode ter algumas alterações.

 

Além disso, tive de escolher entre inúmeras músicas. Daí que a lista de Menções Honrosas seja extensa:

 

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Como fã de Bryan Adams, várias músicas dele estão entre as minhas canções de amor preferidas, algumas das quais ele cantou no concerto do mês passado: Straight From the Heart (esta versão), Have You Ever Really Loved a Woman, Cloud Number Nine, Flying e She's Got a Way. Não refiro (Everything I Do) I Do It For You. É uma das mais populares dele, tida como a canção de amor dele, mas, embora goste, não está entre as minhas preferidas. 

 

Também tenho algumas de Avril Lavigne, como Fall to Pieces e 4 Real. Existe uma, Daydream, que só não está no Top 10 porque não conhecemos a versão completa cantada pela Avril, apenas uma versão encurtada. Daydream foi excluída da tracklist final de Under My Skin. Chegou a ser interpretada por Demi Lovato nos seus primeiros concertos ao vivo, mas acabou por ser reclamada e regravada por Miranda Cosgrove. A versão de Miranda não é má, mas, mesmo numa versão reduzida e de qualidade longe do ideal, dá para ver que Avril canta com maior emotividade. Daydream é uma balada rock cuja narradora está a apaixonar-se, mas sente-se relutante em abrir-se para o apaixonado, em confiar nele, em ceder ao amor. A Avril não tem nenhuma outra canção como esta, é um desperdício ela nunca ter querido lançá-la, nem sequer como b-side. No entanto, ainda não perdi a esperança de ouvir a versão original na íntegra, depois de termos conseguido fazê-lo há dois anos, com Breakaway

 

Leona Lewis também contribui com algumas músicas para estas Menções Honrosas. I Got You é uma das minhas preferidas dela. Esta caracteriza-se por notas de guitarra nas estrofes, em crescendo para um refrão emotivo. A letra faz uma oferta de abrigo, de consolo, sem pedir nada em troca. Bleeding Love é uma óbvia. Acrescento também Whatever It Takes, do seu primeiro álbum e uma das minhas preferidas dela, Favourite Scar, uma música que tenho ouvido imensas vezes no último ano, ano e meio. 

 

As Long As You Love Me dos Backstreet Boys possui uma melodia muito açucarada, talvez demais, mas eu não lhe consigo resistir. Por sua vez, Baby Can I Hold You, de Tracy Chapman, vale pela simplicidade, mesmo pela inocência. Também já falei de 23, de Shakira.

 

Sem mais delongas, comecemos pelo número 10 que, na verdade, diz respeito a dois temas:

 

 10) Listen to Your Heart/What About Love

 

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"And there are voices that want to be heard"

 

"The love I'm sending ain't making it through to your heart"

 

Hão de reparar que quase todas as músicas deste top são baladas rock. Estas duas faixas são o exemplo clássico disso. Lembro-me de ouvi-las na rádio algures entre os quinze e os dezassete anos e de pensar: "Sim. É disto que eu gosto: canções de amor com guitarras elétricas". Coloco as músicas uma ao lado da outra porque são muito parecidas uma com a outra (eu cheguei a confundi-las), tanto em termos de sonoridade como de mensagem - basta ler os títulos para termos uma ideia. Em alturas diferentes, eu identificava a mensagem das músicas - incitando o destinatário a dar uma oportunidade ao amor - com personagens da minha escrita.

 

Listen to Your Heart tem uma letra mais vaga que a de What About Love, mais sólida e direta, cantada de uma forma mais intensa, mais urgente. No entanto, odeio o final da segunda - de tal forma, que hoje em dia oiço mais vezes um cover que termina de uma maneira diferente. De qualquer forma, estas músicas figuram neste top sobretudo por as considerar clássicos. 

 

9) Give Me Your Name

 

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"Inside of your arms

Taking me deeper

Giving me new life"

 

Muito boa gente não imaginaria Chester Bennington, dos Linkin Park, sendo romântico, mas é isso que acontece em Give Me Your Name. Já falei aqui do side project de Chester, Dead By Sunrise, do álbum Out of Ashes e já tinha referido brevemente esta canção.

 

Give Me Your Name é conduzida pela guitarra acústica, com notas de guitarra elétrica no fundo. A voz de Chester soa incrivelmente suave e cheia de sentimento. A letra não foge muito do típico das canções deste género: é uma declaração de amor pura e dura, uma serenata. Tal como escrevi antes, adequar-se-ia a um casamento, sobretudo pelos versos "Give me your name, girl/Let them know that your mine/And I'll do the same for you"

 

8) The Story

 

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"No, they don't know who I relly am

And they don't know what I've been through, like you do"

 

The Story, de Brandi Carlile, esteve muito na moda há uns anos. Em parte devido a um célebre anúncio da Super Bock, em part devido à sua inclusão na banda sonora da série Anatomia de Grey. A canção começa com uma guitarra acústica, estilo folk, antes de explodir com guitarras elétricas. Destaque para o solo. A voz de Brandi soa algo rouca, à country, mas isso dá personalidade à canção. 

 

Também gosto da versão cantada por Sara Ramirez no episódio musical de Anatomia de Grey (foi a única música de que gostei nesse episódio...). Em termos de instrumentação, não soa muito díspar da versão original (a alteração mais significativa foi terem substituído a guitarra acústica inicial por piano), apenas o suficiente para ter um carácter próprio.

 

A letra é, de novo, uma declaração de amor, mas também fala de intimidade, de segredos e experiências partilhadas. Identifiquei-me muito com ela em termos da minha escrita e cheguei a citá-la no meu primeiro livro. Na verdade, esta música só não está mais acima neste top porque, nos últimos anos, me cansei um bocadinho dela. A longo prazo, no entanto, será sempre uma canção especial para mim.

 

 7) I Will Be/Best Of Me

 

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"You're the one thing I got right

The only one I let inside

Now I can breathe 'cause you're here with me"

 

"I will stand accused, with my hand on my heart

I'm just trying to say I'm sorry"

 

Não vou falar muito destas duas musicas pois tenciono, um dia destes, falar melhor sobre elas numa entrada de Músicas Ao Calhas. Digo apenas que a mensagem destas baladas de Avril Lavigne e Sum 41 servem, essencialmente, para pedir perdão e prometer ser melhor pessoa em nome da pessoa amada - uma situação por que todos passam a certa altura.

 

 6) Anyone Else But You

 

 

Esta música é diferente de todas as outras neste top... e de quase todas as canções de amor, na verdade. Anyone Else But You foi lançada originalmente em 2001 pelo dueto indie the Moldy Peaches, composto por Adam Green e Kimya Dawson. Na altura, nenhum dos trabalhos do par vendeu muito, mas conseguiram cativar a atriz Ellen Page, que, aquando do filme Juno, sugeriu a música do dueto como banda sonora. Quando o filme foi lançado, a música ganhou uma enorme popularidade.

 

Juno é um dos meus filmes preferidos, com uma mensagem semelhante à da música de que estamos a falar. Adam e Kimya escreveram a letra de Anyone Else But You listando as coisas que diriam aos respetivos amores da sua vida, coisas essas fora do convencional. É um romance de pessoas humildes, terra-a-terra, sem glamour mas também sem drama - um romance a que todos devíamos aspirar. A sonoridade da música coincide com a simplicidade da mensagem: a melodia é algo desafinada, o instrumento principal é a guitarra acústica, apenas com dois acordes (em que só é preciso mudar dois dedos para passar de um ao outro), tocada de maneira simples.

 

Já que falamos de Juno e é Dia dos Namorados, fica uma mensagem de sabedoria sobre o amor:

 

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5) Cose Della Vitta/Can't Stop Thinking Of You

  

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"Some for worse and some for better

But through it all we've come so far!"

 

Cose Della Vita foi lançada originalmente em 1993 pelo cantor romântico italiano Eros Ramazzotti. Quatro anos mais tarde, a canção foi transformada num dueto bilingue com Tina Turner. Os versos em inglês saíram do punho dela. Existe também uma versão em Espanhol/Inglês - eu vou alternando entre as duas.

 

Está é mais uma balada rock ao meu gosto, com uns riffs e solos de guitarra interessantes. A voz de Eros é naturalmente romântica e a voz de Tina é naturalmente apaixonada, logo, fazem um dueto fantástico. A letra fala de um romance antigo, que teve altos e baixos, mas cujas partes estão a pensar um no outro de novo, a apaixonar-se de novo, dispostos a fazer uma nova tentativa. Pode também ser interpretada como a celebração de um amor que resistiu ao teste do tempo, à semelhança de outra música neste top. Qual? Continuem a ler...

 

 

 4) Underneath Your Clothes

 

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"Because of you I forgot the smart ways to lie

Because of you I'm running out of reasons to cry"

 

Conheço esta música há uma data de anos, mas ainda hoje me toca. Talvez não seja correto chamar-lhe uma balada rock, mas definitivamente tem guitarra elétrica: é conduzida por notas desse instrumento, complementada com trompetes e uma bateria leve. Shakira tem uma das minhas vozes preferidas do mundo da música, extremamente versátil, e esta não desilude nesta música.

 

A letra de Underneath Your Clothes apresenta semelhanças com outra música neste top no sentido em que entra em território romântico-erótico. É outra declaração de amor, também falando de intimidade e confiança, em que o ser amado surge como uma fonte de consolo. Underneath Your Clothes tem aquele toque de genuinidade que, muitas vezes, faz a diferença entre uma música boa e uma música extraordinária - algo que voltaria a acontecer mais tarde.

 

 

3) The Only Exception

 

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"And I'm on my way to believing"

 

The Only Exception é uma canção muito única na discografia dos Paramore. Foi a primeira canção de amor propriamente dita da banda - pelo menos nas palavras de Hayley. É conduzida maioritariamente por uma doce guitarra acústica, que se mantém suave até o segundo refrão, antes de um solo de guitarra e bateria, abrindo caminho para os vocais mais sentidos de Hayley.

 

A história por detrás da canção é conhecida e até um bocadinho óbvio: à semelhança de muitos filhos de pais divorciados, Hayley sempre foi algo céptica em relação ao amor: algo que músicas como Emergency e Stop this Song (Lovesick Melody) já haviam referido. Isso mudou quando Hayley conheceu Chad Gilbert dos New Found Glory, o seu atual noivo (a menos que já se tenham casado sem eu dar conta...). Muita gente pode identificar-se com a mensagem de The Only Exception, mesmo eu de certa forma - os meus pais têm um casamento feliz e eu acredito no amor, mas tenho algum receio em apaixonar-me.

 

No entanto, mais do que a letra, é a interpretação vocal de Hayley, a emoção que transmite para a melodia, a sinceridade que impede a canção de entrar em território demasiado meloso. Ainda hoje me arrepio e lacrimejo com a sua interpretação. A minha parte preferida é o verso final "And I'm on my way to believing" - o verso que mais me emociona, por, na sua simplicidade, estar associada a tanta esperança, a tantas promessas, ao início daquilo que se poderá tornar uma linda história de amor.

 

É por isto tudo que The Only Exception, para além de estar no pódio das minhas canções de amor preferidas, foi, a par de Crush Crush Crush, uma das músicas que me convenceu a dar uma oportunidade aos Paramore. Encontra-se, assim, entre as minhas canções preferidas de todos os tempos.

 

 

2) Naked

 

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"You see right through me and I can't hide"

 

Os dois primeiros lugares deste top não constituirão surpresa por já falei deles aqui no blogue. Naked é uma das minhas músicas preferidas de Avril Lavigne. Há pouco menos de dois anos escrevi sobre ela e sobre outras músicas com temas semelhantes. De maneira resumida, Naked é uma emocionante balada rock, que fala daquilo que, para mi, é o mais difícil e incompreensível no amor: baixar a guarda, assumir as nossas vulnerabilidades, abandonarmo-nos em mãos alheias.

 

Para uma reflexão mais extensa sobre o assunto, cliquem aqui.

 

 

1) Heaven 

 

 

"Now our dreams are coming true

And through the good times and the bad

Yeah, I'll be standing there by you!"

 

Já tinha escrito aqui que Heaven é a minha canção de amor preferida, que está reservada para o meu casamento. Como disse antes, é uma música de final feliz, celebrando um amor que resistiu a muito. Tem inúmeras versões diferentes, por artistas diferentes, soando linda em todas. Hoje, partilho a versão que Bryan e respetiva banda tocaram no concerto do mês passado - muito parecida com a versão de estúdio, por sinal. Um dos pontos altos da noite, conforme referi antes. Conforme já tinha assinalado, nós, o público, cantámos a primeira estância sozinhos - o mesmo acontecera quatro antes quando ouvi outra das minhas canções de amor favoritas ao vivo.

 

Está concluído o top. Se já estão fartos de tanta lamechice, recomendo-vos Linkin Park para vos baixar a glicémia  - eles até têm uma música chamada Valentine's Day, apropriadamente depressiva. Se, pelo contrário, estão mesmo dentro do espírito do Dia dos Namorados, deixem nos comentários as vossas canções de amor preferidas.

 

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    Tudo indica que não, infelizmente.

  • O ultimo fecha a porta

    Vai haver alguma artista/banda portuguesa a atuar ...

  • Chic'Ana

    Uau!! Obrigada por estas partilhas..Eu adorava Avr...

  • Sofia

    é verdade, infelizmente. eles vêm ao NOS Alive no ...

  • Chic'Ana

    Não sabia que os Sum41 iriam dissolver a banda.. F...

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