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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Linkin Park - The Hunting Party (2014) #3

 

Continuamos a analisar o álbum dos Linkin Park, The Hunting Party. Partes anteriores aqui e aqui.
 
9) Mark the Graves
 

 
 
"There's a fragile game we play
With the ghosts of yesterday"
 
 
Esta é uma faixa que mistura bateria e guitarras pesadas com elementos menos agressivos; alterna longos instrumentais com vocais suaves, dramáticos, de Chester (e Mike?), mais uma vez quase em tom de canção de embalar, e outros mais vibrantes, em que não faltam os icónicos gritos de Chester. A melancolia é, aliás, uma característica comum às últimas canções do álbum. A letra, curta, traça um cenário pós-batalha, com ecos de I'll Be Gone e Powerless, em que predomina a destruição, o vazio, os remorsos. Mark the Graves não é das minhas preferidas de The Hunting Party, mas acho que está bem feita. Pelo menos, não tenho defeitos a apontar.
 

10) Drawbar



 
 
Este é outro interlúdio instrumental, mais comprido que The Summoning e, na minha opinião, melhor conseguido. Muitos têm considerado um desperdício o facto de a participação de Tom Morello, guitarrista da banda Rise Against the Machine (com cujo trabalho não estou familiarizada), ter resultado apenas num mísero interlúdio e eu compreendo esse ponto de vista. No entanto, independentemente desse aspeto, na minha opinão Drawbar é uma bela peça musical, suave, melancólica, com as notas de guitarra (de Morello?), o piano, a bateria. Na conclusão, já só com o piano, adivinham-se algumas notas de Final Masquerade. Tudo isto faz de Drawbar uma bela ponte entre Mark the Graves e o mais recente single de The Hunting Party, apesar da participação desperdiçada de Tom Morello.
 

11) Final Masquerade



 
"Shadows floating over
Scars begin to fade"

 
Esta é a faixa de The Hunting Party que me cativou mais facilmente. Não é difícil perceber porquê: é a mais melódica de todo o álbum, sendo a melodia agradável, fluida, mesmo a pedir para ser cantada. Final Masquerade é uma balada rock, com um tema e um sentimento semelhante a Until It's Gone, mas menos eletrónica e com uma letra bem superior, mesmo não sendo nada de extraordinário. O tratamento musical é relativamente simples, mas desempenha muito bem o seu papel. Gosto particularmente do solo de guitarra desacompanhado antes do último refrão, que realça a emotividade da faixa.
 
Final Masquerade não traz nada de muito novo, tem até claros ecos de músicas como Powerless e I'll Be Gone, bem como das baladas de Minutes to Midnight e mesmo do side-project de Chester, Dead By Sunrise. No entanto, está tão bem feita que essa fraqueza é quase esquecida - e é uma pena que Until It's Gone não se possa gabar do mesmo. Final Masquerade dá, aliás, mais convicção à crença de que Until It's Gone devia ter sido excluída da tracklist ou, pelo menos, ter uma letra melhorzinha. 
 
Esta faixa foi recentemente lançada como single, o que não surpreende pois a música é das mais radiofónicas do CD. Seria uma boa faixa-conclusão a The Hunting Party... se não fosse A Line in the Sand.
 
 
12) A Line int the Sand
 
 

 
 
"And when they
They told us to go
We paid them no mind
Like every other time
But little did we know..."
 
 
A Line in the Sand é a faixa mais longa de The Hunting Party. Possui um princípio, meio e fim razoavelmente bem definidos. Começa suave, com os vocais misteriosos de Mike, antes de arrancar com a bateria, as guitarras, com caros ecos de Guilty All the Same. Esta faixa tem várias semelhanças com Mark the Graves, na medida em que alterna momentos mais agressivos com momentos mais suaves, vocais variados por parte de Chester e Mike com longos instrumentais.. Gosto do rap nesta canção, em que Mike diz uma frase de cada vez, com pausas pelo meio, uma variação ao esquema habitual. Por outro lado, não gosto dos versos "Pay for what you've done"  e "Give me back what's mine", cantados por Chester em screamo - parecem-me pouco originais.

Outra semelhança com Mark the Graves reside na letra, que faz uma continuação da mensagem de MTG: voltamos a cenários pós-batalha, pós-Apocalipse, falamos de consequências da guerra, da perda das ilusões, da inocência, da arrogância. A música lembra-me um pouco o terceiro livro dos Jogos da Fome na medida em que parece, também, falar da sensação de se ter sido usado, como peças num jogo de estratégia. De resto, com um bocadinho de imaginação, podemos discernir pontuais referências a outras músicas de The Hunting Party na letra de A Line in the Sand, tendo em conta sobretudo que a maioria dela fala das várias vertentes da guerra, daí que esta música seja um epílogo perfeito para este álbum.

A música acaba da mesma maneira como começou, com mágoa e mistério, encerrando The Hunting Party da forma adequada.


Estão analisadas as faixas de The Hunting Party. Alegações finais e, ainda, apontamentos sobre o concerto do Rock in Rio na última parte.

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