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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Música de 2019 #1

Primeira publicação de 2020! Bom ano, pessoal! Com algum atraso, eis o meu habitual apanhado da música que mais me marcou no ano.

 

Isto no fundo é uma espécie de Spotify Wrapped por escrito. Como muito se comentou, na altura em que estes começaram a sair e toda a gente os partilhava nas redes sociais… ninguém quer saber dos Spotify Wrapped dos outros (só dos seus próprios). Suponho que ainda menos gente quererá saber deste meu, que ainda por cima se estende por oito mil palavras (esta é a primeira parte). No entanto, se eu me ralasse com isso, não tinha blogues.

 

Recordo que, à semelhança dos textos equivalentes anteriores, não falarei apenas de música lançada em 2019. Dito isto, pela primeira vez em algum tempo, música lançada neste ano está em maioria. Sobretudo porque tive vários artistas do meu “nicho” lançando música em 2019. Três deles, aliás, lançaram logo no início do ano, com duas semanas de intervalo entre cada lançamento de álbum.

 

Na altura andava entusiasmada com isso. No entanto, todos esses três álbuns deixaram a desejar, em graus diferentes. O que faltou? Veremos já de seguida, começando com… 

 

 

  • Within Temptation

 

 

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O primeiro dos tais três álbuns lançados no início do ano foi Resist, dos Within Temptation. Conforme escrevi antes, depois de encerrado o ciclo de Hydra, os Within Temptation precisaram de fazer uma pausa. A vocalista Sharon den Adel aproveitou para lançar um projeto a solo, My Indigo – um álbum de que gostei muito. Esse trabalho ajudou Sharon a desbloquear a sua criatividade. Assim, a banda regressou ao estúdio e nasceu Resist.

 

Eu, naturalmente, estava interessada. Quando o álbum saiu, fiz questão de ouvi-lo com frequência no Spotify e, mais tarde, comprei o CD. Por outras palavras, não se pode dizer que não tenha dado uma oportunidade a Resist. 

 

Este, no entanto, revelou ser um álbum que, pelo menos pela parte que me toca, entra por um ouvido e sai por outro. Não é mau, é apenas… aborrecido, desenxabido. Cansei-me depressa dele. 

 

Pode haver quem argumente que um álbum aborrecido é pior que um álbum pura e simplesmente mau. Eu acho que depende dos casos. De qualquer forma, não me lembro da última vez que ouvi Resist do princípio ao fim e não tenho grande vontade de voltar a ouvi-lo tão cedo. Mesmo as músicas de que gosto mais neste álbum – The Reckoning, In Vain, Supernova, Mercy Mirror – considero apenas vagamente interessantes, boazitas. 

 

Talvez o problema seja eu. Talvez os meus gostos estejam a mudar. Talvez esteja a entrar naquela fase em que praticamente todos os artistas de rock entram mais cedo ou mais tarde, em que começam a preferir o pop.

 

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Ou talvez não. As críticas a Resist que li têm sido mistas: há quem goste, há quem não goste, as piores faixas para uns são as preferidas de outros. Naturalmente não é possível agradar a todos. E, como já referi antes aqui no blogue, neste género musical os fãs são complicados. 

 

Ainda assim, uma crítica que li e com a qual concordo refere que os instrumentais não fazem quase nada senão acompanhar os vocais. Se formos a ver (ou melhor, a ouvir), é verdade. Os únicos momentos em que o instrumental faz alguma coisa de interessante neste álbum são a trompa eletrónica de The Reckoning, o coro masculino de Supernova, os elementos vagamente eletrónicos nesta última música e em Endless War. 

 

Comparemos com Hydra. Este não é dos álbuns mais populares entre os fãs, pode ser demasiado pop/mainstream, mas, com uma ou outra exceção, ninguém pode acusar os seus instrumentais de falta de carácter. Silver Moonlight será o melhor exemplo, mas Paradise (What About Us) também tem um instrumental giro. Whole World is Watching parece ser um percussor de várias músicas de My Indigo e músicas como Dangerous e Tell Me Why têm uns padrões de bateria alucinantes. 

 

E claro, nem falo dos álbuns anteriores a Hydra, menos controversos, as influências célticas em The Silent Force. Mesmo My Indigo tem uns belos instrumentais. Por comparação, Resist é demasiado monótono. 

 

Não deve admirar que, depois disto tudo, prefira um segundo álbum de My Indigo em vez de outro álbum dos Within Temptation. No entanto, mesmo que a banda não demore a regressar ao estúdio, uma pessoa tem sempre a esperança de que o próximo trabalho seja melhor. 

 

 

  • Avril Lavigne 

 

 

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Nesta fase já não é necessário fazer grandes introduções quando escrevo sobre Avril Lavigne neste blogue. Esta lançou o seu sexto álbum de estúdio, Head Above Water, este ano – que ficou aquém das expectativas, como poderão ler aqui

 

Quando um álbum é lançado relativamente cedo no ano, às vezes, por alturas do fim do ano, as minhas opiniões mudaram um pouco. Neste caso, no entanto, não existem grandes diferenças em relação ao que escrevi anteriormente. 

 

A primeira metade do álbum é melhor que a segunda, na minha opinião. Birdie e I Fell In Love With the Devil são claros destaques, bem como It Was in Me. Souvenir continua a ser a minha preferida, mas depois dela a qualidade do álbum decai.

 

Falando em I Fell In Love With the Devil, referir que a canção teve alguma cobertura mediática durante o verão, aquando do lançamento do videoclipe. Queria, aliás, dedicar-lhe alguns parágrafos.

 

Se eu tivesse de descrever o vídeo com o menor número de palavras possível, diria que é previsível no bom sentido. Reflete a música de forma quase perfeita e está muito dentro do estilo de Avril. Parece uma versão (ainda) mais gótica do vídeo de Alice.

 

 

E “gótico” nem sequer é a melhor palavra para descrever este vídeo. Nem mesmo “sombrio”. Este é um vídeo tétrico, sobretudo a parte de Avril conduzir o seu próprio carro funerário, cantar no seu próprio caixão. Isto pode parecer estranho, mas fiquei aliviada quando Avril referiu, numa entrevista, que ia tendo um mini ataque de pânico quando estava deitada no caixão. É bom saber que não sou a única a quem a ideia provoca um medo primário (provavelmente um reflexo do medo da morte).

 

Tudo isto fez com que I Fell in Love with the Devil subisse um bocadinho mais na minha consideração. Mas também sempre gostei dela, mesmo que nem sempre a tenha considerado uma favorita.

 

Avril, na verdade, parece bastante orgulhosa desta letra, bem como de outras este álbum. Chegou a falar em lançar um livro de poesia… o que, aqui entre nós, me parece um salto maior do que a perna. Sou a primeira a reconhecer que as letras dela em geral melhoraram significativamente nos últimos dois álbuns mas, na minha opinião, Avril está longe de ser das melhores nesse capítulo. 

 

Por outro lado, se ela quiser mesmo escrever um livro de poesia, se for algo de que ela goste… porque não? Mesmo que não seja material digno do Prémio Nobel, mesmo que fique uns furos abaixo das letras de outros artistas, eu compraria. Se isso a ajudar a melhorar a sua escrita…

 

O problema com Avril é que, por muito que as letras tenham melhorado, por muito poderosa que a sua voz se tenha tornado, por muitas experiências que ela faça com o seu som (e algumas até são bem sucedidas)... no fim do dia, vira o disco e toca o mesmo, quase literalmente. Se rasgarmos as embalagens, os produtos são os mesmos de sempre: as mesmas canções de amor e desgosto desde o início da sua carreira. 

 

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Mesmo quando tenta variar um pouco, na maior parte das vezes perde-se em clichés, acrescenta muito pouco ao cânone geral da música. As letras são demasiado vagas, demasiado superficiais para causarem algum impacto.

 

Por estes dias, Avril goza o estatuto de uma artista veterana, recebe louros por ter inspirado toda uma geração de cantoras femininas a cantarem e comporem sobre os seus próprios sentimentos e experiências. Já tinha falado um pouco sobre isso aqui. Este ano em particular tem sido Billie Eilish quem não poupa elogios a Avril, uma das suas maiores inspirações. 

 

O pior é que muitas dessas cantoras inspiradas por Avril, para quem a canadiana abriu caminho de uma forma ou de outra, tornaram-se melhores Avrils que a própria Avril.

 

Vou dar exemplos. Hayley Williams dos Paramore há muito que usurpou o lugar de Avril no meu nicho musical: alguém que cresce comigo, cuja música reflete a fase da vida em que estou. Taylor Swift é uma das maiores estrelas pop do momento e também admitiu ter sido inspirada por Avril. Nunca o referi cá no blogue, mas nos últimos anos tornei-me numa fã muito casual dela. A sua música e imagem pública em geral podem ter algumas falhas, mas diria que, neste momento, as suas letras estão entre as melhores do mundo da música. 

 

Por sua vez, Lorde, como já referi antes, é uma espécie de Cristiano Ronaldo da música pop: joga num campeonato diferente, acima dos simples mortais. A jovem nunca terá sido diretamente inspirada pela canadiana, mas pode-se argumentar que, se não tivéssemos tido Avril, talvez não tivéssemos tido Lorde. Ou Adele. Ou Billie Eilish. 

 

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Ao longo dos últimos dez, quinze anos, estas mulheres surgiram e floresceram no mundo da música apontando os microfones para os seus cérebros e corações. Avril, infelizmente, não foi capaz de acompanhar. Pelo contrário, foi perdendo a originalidade que a caracterizava no início da sua carreira. Não quero insinuar que ela se tenha vendido (se era essa a sua intenção, está visto que não resultou). Apenas que, por algum motivo, foi deixando de ter coisas para dizer. E, como já referi antes, se nem depois dos piores anos da sua vida tem algo a dizer para além de frases-feitas e terrenos batidos… quando terá?

 

Dito isto tudo, não quero deixar de assinalar o trabalho que Avril tem feito como, digamos, ativista anti-Doença de Lyme. Veja-se esta semana, depois de Justin Bieber ter anunciado que também sofreu da doença. Pelos vistos é mais prevalente do que se pensa, o que significa que o trabalho de Avril e da sua Fundação será cada vez mais relevante.

 

Avril referiu em entrevistas que o sucessor a Head Above Water será diferente, será um álbum mais pop rock, com mais guitarra e bateria. Vai manter o padrão, portanto, alternando entre música mais séria e intimista e música mais leve e divertida. The Best Damn Thing após Under My Skin, o homónimo após Goodbye Lullaby. 

 

Eu não me imaginava escrevendo isto há meia dúzia de anos, ou mesmo há um ano, mas nesta fase prefiro isso, prefiro que ela regresse ao pop rock, a música semelhante ao quinto álbum. Como já referi antes, Avril Lavigne o álbum tem os seus defeitos, mas faz exatamente aquilo a que se propõe: ser um disco variado mas leve, feel-good, com músicas boas de cantar, sem se levar demasiado a sério. Quando saiu não me satisfez por completo, mas hoje acho-o preferível a um álbum que tenta ser “poderoso”, “cru” e tal e não consegue. 

 

E daí não sei. Às tantas o sétimo álbum inclui uma espécie de Hello Kitty parte 2 e eu, na altura vou escrever aqui que quero que Avril regresse às baladas. Não sei mesmo o que pensar. Só sei que quero mais daquela que ainda é a minha cantora preferida.

 

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Isto agora vai parecer uma transição estranha, mas há uns meses Avril anunciou uma digressão europeia para a primavera de 2020. Os bilhetes têm-se vendido surpreendentemente bem: alguns concertos foram mudados para salas maiores, algumas cidades receberam uma segunda data (Londres tem três no total). 

 

Aqui entre nós, depois dos desempenhos modestos dos álbuns que Avril lançou esta década, não estava à espera deste fenómeno. Talvez seja por ela não vir à Europa desde 2011, talvez seja o fator nostalgia, talvez Head Above Water não se esteja a sair tão mal quanto isso.

 

Ora, a digressão não passará por Portugal. Fiquei desapontada, claro, mas de início resignei-me a continuar a esperar. Há muitos anos que alimento a esperança de ir a um concerto dela no meu país. Ouvindo-a usando “Lisboa/Lisbon” e “Portugal” para se dirigir ao público, acompanhada por outros fãs portugueses, alguns dos quais conheço há uma década ou mais.

 

Só que esses fãs portugueses não partilham do meu sentimentalismo. Começou toda a gente de imediato a fazer planos para ir aos concertos nas várias cidades europeias. Eu mesmo assim continuei na minha… até me aperceber que estava a ser parva.

 

Conforme referi acima, Avril não vem à Europa desde 2011. Esteve de baixa durante quatro anos por causa do Lyme. Sabe-se lá quando poderá voltar depois disto. Eu ainda por cima tenho já um artista amado que não poderei voltar a ver. Olhando para esta digressão... O meu irmão está a viver em Zurique, a primeira data da digressão europeia – ou seja dormida grátis. Tenho também um voucher da TAP por causa de um voo que me cancelaram há uns meses – ou seja viagem grátis.

 

Quando terei eu melhor oportunidade que esta?

 

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Por isso, lá engoli o meu orgulho e arranjei bilhetes para o concerto. Ou melhor, acabou por ser o meu irmão a comprar-mos, para mim, para ele e para a namorada, como prenda de Natal. Zurique, a 13 de março, no Samsung Hall – foi um dos que foi mudado para uma arena maior.

 

Tenho de confessar que estou um bocadinho menos entusiasmada do que imaginaria. Talvez por não se em Portugal, talvez porque, lá está, fiquei desiludida com o álbum Head Above Water, talvez porque, em termos de desempenho em palco, Avril é muito inconsistente – pelo menos em comparação com outros dos meus artistas preferidos. Em todo o caso, não acho que seja má ideia manter as minhas expectativas baixas. 

 

Dito isto, mesmo que a maior parte do concerto não seja nada de especial, tenho a certeza que músicas como Complicated, Sk8er Boi ou I’m With You serão pontos altos. Momentos como os que sempre sonhei, que valerão o preço do bilhete. E quando ela cantar Girlfriend, mesmo não sendo das minhas preferidas, não vou querer saber, vou dançá-la como se não houvesse amanhã – o meu querido maninho vai desejar ter-me oferecido um livro ou algo do género este Natal em vez disto. 

 

Pois é, a minha “relação” com Avril já viu melhores dias. Há alturas em que penso se ainda devo considerá-la a minha cantora preferida. No entanto, uma das coisas que a perda de Chester me ensinou foi que, no fim do dia, álbuns que desiludem são problemas menores, interessam pouco. Há que estar grato por os nossos artistas continuarem a fazer música, a dar concertos. É praticamente certo que todos os discos terão pelo menos um ou dois temas de que gosto. E mesmo que não tragam, teremos sempre os velhos favoritos, que nunca faltarão nas setlists.

 

Avril então já teve uma baixa prolongada (pensando agora que muitos portugas dariam tudo para ter uma baixa assim…). Esperemos que não tenha de voltar a parar durante tanto tempo. E mesmo que eu já não seja tão devota como há meia dúzia de anos, enquanto ela estiver por cá, eu também estarei. 

 

 

  • Bryan Adams

 

 

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O álbum Shine a Light, o décimo-terceiro de inéditos de Bryan Adams, foi o último dos três a ser lançado no início do ano – no dia 1 de março. Não diria que este álbum tenha sido uma desilusão tão grande como foram os outros dois álbuns de que falei acima, mas ficou um pouco aquém das minhas expectativas. 

 

Não que seja um mau álbum. Apenas o acho um pouco… descaracterizado. As músicas são boazitas, regra geral, mas não são particularmente marcantes, não arrebatam. Quando oiço o CD no meu carro até o aprecio mas quando começo a ouvir outra coisa, mal me lembro que as músicas existem, não sinto vontade de ouvi-las de novo. Quase todas as faixas podiam ter sido incluídas em qualquer álbum de Bryan Adams desde o início dos anos 90 para a frente e ninguém daria por ela. 

 

Uma das poucas exceções é That’s How Strong Our Love Is, o dueto com Jennifer Lopez, mas não pelos melhores motivos. Não que tenha problemas com a participação da cantora, nada disso – só com a percussão eletrónica irritante, que não tem nada a ver com o estilo de Bryan.

 

Para ser justa, muitos álbuns de Bryan são assim. Lembro-me de ler algures na Internet entrevistas antigas onde ele referia que, regra geral, vai compondo música até ter faixas suficientes para um disco. Nesses casos, escolhe um dos singles para dar nome ao álbum. No caso de Shine A Light, esse conjunto de faixas foi composto nos intervalos da preparação do musical de Pretty Woman.

 

(Se me permitem o grande desvio ao assunto… terá Bryan sido a primeira escolha para compôr as canções deste musical? Ninguém pôs a hipótese de pedir aos Roxette, compositores e intérpretes do êxito It Must Have Been Love, da banda sonora do filme? Talvez até tenha estado em cima da mesa e os Roxette recusaram devido ao estado de saúde de Marie Fredriksson…

 

Enfim. Isto sou só eu a divagar. Mais sobre os Roxette adiante.) 

 

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Admito que devia ter baixado um bocadinho as expectativas, mas a verdade é que os dois álbuns anteriores de Bryan foram mais conceptuais do que o habitual. 11 esteve perto de ser um álbum maioritariamente acústico. Bryan acabaria por mudar de ideias, mas o resultado final continua a ter uma forte base acústica. Além de que, em termos de letras, 11 acaba por ser relativamente consistente, com temas recorrentes de esperança e otimismo.

 

Por sua vez, Get Up, como vimos quando saiu, caracterizou-se muito pela sonoridade vagamente retro e pela produção de Jeff Lynne, que incutiu o seu próprio carácter nas canções.

 

Estes dois álbuns baralharam-me as expectativas, portanto. E apesar de continuar a achar que Shine A Light não tem nenhuma música absolutamente extraordinária, a verdade é que o álbum subiu um bocadinho – não muito – na minha consideração ao longo do ano.

 

Para começar, afeiçoei-me a Last Night on Earth depois de esta ter aberto o concerto de 6 de dezembro. Uma das que me cativou desde as primeiras audições, por outro lado, foi Part Friday Night Part Sunday Morning. Tem uma letra engraçada, sobre uma personagem feminina que tem tanto de “good girl” como de “bad girl” (em suma, é uma mulher de carne e osso. Compreendo o choque.)

 

Por outro lado, gosto mais de Whiskey in the Jar do que de metade do resto do álbum – o que tem piada tendo em conta que é a única que não é inédita. Whiskey in the Jar é uma canção tradicional irlandesa que, na verdade, conta versões de vários cantores contemporâneos (gosto bastante da versão dos Metallica). Consta que Bryan foi desafiado a cantá-la num concerto em Dublin e acabou por decidir incluí-la em Shine a Light.

 

 

A canção em si é encantadora. Bryan canta-a acompanhado apenas de uma guitarra acústica e uma harmónica – e isso, na minha opinião, é o ponto forte da música. É uma pena Bryan não ter muitas músicas em nome próprio neste estilo.

 

Em todo o caso, não tenhamos ilusões. Um dos motivos principais, se não for o principal, para Bryan lançar este álbum nesta altura do campeonato será para servir de pretexto para (mais) uma digressão. O que nos leva ao concerto que ele deu no Pavilhão Atlântico a 6 de dezembro. 

 

Foi a minha quarta vez num concerto de Bryan Adams. Já escrevi sobre a terceira vez, em janeiro de 2016. Isto já se tornou num encontro habitual tetranual – a minha segunda vez foi em dezembro de 2011. 

 

Houveram muitos aspetos semelhantes entre este concerto e o de 2016. Para começar, mais uma vez, fui eu e a minha irmã. Chegámos cedo, ficámos na plateia quase no mesmo local exato: segunda ou terceira fila, à direita, junto a um dos microfones. Uma vez mais, nos últimos vinte, trinta minutos antes do início do concerto, mostraram a capa do álbum mais recente nos ecrãs gigantes (neste caso Shine A Light), a cara de Bryan mexendo-se de vez em quando. A grande diferença foi que, no fim, do nada, a cabeça vermelha virou-se para a câmara e rugiu, pregando um valente susto à audiência. A minha irmã até se agarrou a mim.

 

Isto faz-se, senhor Bryan?

 

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Um aspeto que diferiu em relação ao outro concerto foi o facto de nos terem pedido explicitamente para não filmarmos com os telemóveis. Podíamos usá-los para tirar uma ou outra fotografia (e, tacitamente, para acendermos as luzes durante as baladas), mas se estivéssemos a filmar os seguranças iriam intervir.

 

Não me importei muito e até aplaudi o pedido. Também não estava a planear passar muito tempo de telemóvel no ar – só para filmar uma canção ou outra.

 

Eu, aliás, sou um bocadinho paradoxal. Eu gosto de ver vídeos depois do concerto, para ajudar a recordar, mas… não quero ser eu a filmá-los. Quero passar os concertos aos pulos, a cantar, a dançar, não a filmar. Traduzindo uma expressão anglo-saxónica, quero comer o bolo sem deixar de tê-lo. Com o outro concerto até foi possível pois foi a minha irmã a filmar a maior parte dos vídeos – que mesmo assim não foram muitos.

 

Felizmente no grupo de fãs de Bryan Adams no Facebook, de que faço parte, partilharam vários vídeos. E descobri este canal no YouTube, que filmou algumas das canções. A maior parte filmados nas bancadas, logo as imagens deixam a desejar, mas valem pelo áudio.

 

Bryan abriu, assim, com Last Night on Earth. É uma decisão que não compreendo muito bem, confesso. Porquê abrir com uma música do álbum que em sequer é single, que se calhar metade da audiência não conhece? Já em 2011 e 2016 tinha feito o mesmo, abrindo com House Arrest e Do What You Gotta Do respetivamente. 

 

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Não faria sentido abrir com um êxito, para entusiasmar logo o público? Não precisava de ser um dos Summer of 69 desta vida, mas, sei lá, um Somebody. Ou então Shine a Light, o primeiro single do álbum novo, que partilha o nome com o álbum e com a digressão, que até toca nas rádios. 

 

Enfim.

 

Para ser justa, mesmo não sendo single, mesmo não sendo um êxito, The Last Night On Earth até é uma boa música para abrir um concerto: alegre, excitante, com uma mensagem recorrente na música de Bryan de viver o momento, de fugir a tudo e divertir-se. 

 

Mas continuo a achar que Shine a Light teria sido melhor.

 

Na verdade, foi a segunda canção da noite que causou maior impacto em mim. Uns dias antes tinha deixado um comentário numa publicação de Bryan no seu Instagram, pedindo duas músicas para o concerto. Depois de, em 2016, outras pessoas terem feito pedidos de músicas nas redes sociais, queria tentar a minha sorte.

 

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Como poderão ver acima, as músicas que pedi foram Tonight e The Best Of Me. Hei de explicar a primeira um dia destes, noutro texto. Por sua vez, a segunda é a preferida da minha irmã – ou andará lá perto. 

 

Suspeito que a culpa seja minha – um dos primeiros CDs de Bryan Adams que comprei foi a compilação com o mesmo nome, de 1999. Eu tinha treze anos e a minha irmã cinco e dormíamos no mesmo quarto. Na altura, tinha um rádio-despertador com leitor de CDs. Com o alarme, o CD inserido começava a tocar – assim, tanto eu e a minha irmã acordámos muitas vezes com Bryan exclamando “You got it!” antes do início do instrumental. 

 

Em retrospetiva, era uma maneira algo abrupta de acordar – taquicárdia logo de manhãzinha. Hoje escolho músicas mais suaves para despertar (acho que as minhas atuais são 3 Primary Colors e Hard Feelings/L.O.V.E.L.E.S.S.). Em todo o caso, fez com que a minha irmã ficasse a gostar de The Best Of Me

 

Também pode ter sido porque, na mesma altura, de noite, quando ela já estava a dormir, eu punha-me a ouvir o CD muito baixinho. Estou convencida que foi assim que ela se tornou fã de Bryan Adams. 

 

Mas falava eu do comentário no Instagram. Tanto quanto vi na altura, não estava mais ninguém a pedir canções nos comentários – pelo menos não naquela publicação. Ainda assim, não me atrevia a acreditar que Bryan ou alguém da sua equipa veriam o meu comentário, no meio de dezenas de outros. 

 

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Se calhar viram. Mesmo antes do concerto, enquanto esperávamos que nos deixassem entrar no Pavilhão, ouvimos Bryan e o resto da banda ensaiando Tonight (à semelhança do que já tinha acontecido no concerto de 2016). Eu ainda não conseguia acreditar que o meu desejo tinha sido concedido.

 

Mas Tonight foi mesmo incluída na setlist, foi logo a segunda canção. The Best Of Me também seria tocada mais tarde (já lá vamos). A minha irmã reconheceu Tonight antes de mim e agarrou-me logo o braço. Mais tarde, depois do concerto, fui à net consultar as setlists dos concertos e ele, de facto, não tinha tocado Tonight nas noites anteriores. Tocou-a no dia seguinte, no concerto de Braga, mas depois dessa, tirando no concerto de Barcelona, em resposta a um pedido do público, não voltou a tocá-la.

 

Foi porque eu pedi? Foi porque, mesmo quase quarenta anos depois, Tonight continua a ter bastante rotação nas rádios portuguesas? Não sei. Em todo o caso, fiquei contente. Aqui entre nós, a remota possibilidade de eu ter introduzido duas músicas na setlist de um concerto de Bryan Adams deixa-me um bocadinho embriagada de poder, ah ah. Já começo a pensar nas músicas que vou pedir para o próximo concerto.

 

Depois desta, a primeira metade, primeiros dois terços, da setlist foi a típica de qualquer outro concerto de Bryan. Can’t Stop This Thing We Started, Run to You, It’s Only Love, (Everything I Do) I Do It For You… Em retrospetiva, a apresentação de Heaven foi muito semelhante à do concerto de 2016, com o público cantando a primeira estância espontaneamente. Mas na altura não me apercebi. Foi um ponto alto, que me tocou no coração.

 

Também não faltou Here I Am, a minha preferida, ainda que numa apresentação acústica, estilo Bare Bones. O impacto foi o mesmo de sempre – como escrevi antes, Here I Am soa-me perfeita, toca-me no coração, sob qualquer arranjo – e adorei a iluminação do palco durante a música. Vejam por vocês no vídeo abaixo. 

 

 

Como o costume, procurei aproveitar ao máximo. Cantei, dancei, saltei… No fim do concerto o meu telemóvel marcava mais uns quatro mil passos em relação ao início – apesar de não ter saído do mesmo lugar. Ao mesmo tempo, houveram momentos – não muitos – em que pura e simplesmente me calei e fiquei a ouvir a audiência a cantar. Não me canso de sons como esse.

 

Por outro lado, como estava perto do palco, sempre que Bryan ou Keith Scott, o guitarrista, vinham para perto de nós, eu tentava interagir. O melhor que consegui foi Keith retribuindo um beijo que lhe soprei durante Cuts Like A Knife. Foi fofo.

 

Uma coisa em que reparei durante este concerto, com grande pena minha, foi que a idade de Bryan e de muitos membros da banda dele. Keith, que já vai nos 65 anos, parecia ter menos cabelo Houve um momento, se não estou em erro durante Can’t Stop This Thing We Started, em que o baixista Solomon Walker (para aí uns vinte anos mais novo que os colegas de banda) deu um salto em palco que nem Bryan nem Keith conseguiram acompanhar. 

 

Pode não significar nada – agora que penso nisso, eles podiam pura e simplesmente não estar a prestar atenção e perderam o momento. E mais tarde os dois saltariam, ao mesmo tempo. No entanto, na altura senti-o com um lembrete de que, parecendo que não, o tempo passa. 

 

Já aí voltamos. 

 

 

Bryan não se esqueceu de homenagear a sua costela portuguesa, antes da versão acústica de Straight From the Heart, como já é habitual. Desta feita, como poderão ver no vídeo, mostrou fotografias dos seus anos em Birre, Cascais, em miúdo. Terminando com uma foto, tirada no próprio dia, das suas filhas brincando na praia do Guincho.

 

Houveram alturas do concerto em que Bryan aceitou pedidos da audiência – alguns antes do encore, alguns durante. Foi nessa altura que tocou The Best Of Me, ainda que incompleta. Não sei se foi por causa do meu comentário no Instagram ou se alguém no público pediu – fiquei com a ideia que o pedido veio de uma tal Carla, que segundo Bryan tem vindo a todos os concertos dele em Lisboa. De qualquer forma, a minha irmã ficou contente.

 

Bryan ia perguntando os nomes às pessoas que pediam as canções: Marta, Raquel… Às vezes não percebia logo, ou fingia não perceber. Chegou mesmo a incluir “Anabela”, autora de um dos pedidos, na letra quando cantou Please Forgive Me.

 

Houveram músicas requisitadas pela audiência que Bryan tocou com a banda toda – Do I Have to Say the Word teve mesmo direito a imagens do videoclipe gigante (das duas uma: ou a canção é um pedido comum, ou os vídeos estão sempre a jeito). Para a maior parte dos pedidos, no entanto, Bryan tocou sozinho, com a guitarra acústica, muitas vezes só a primeira estância e um refrão. Como já referi aqui, não gosto muito quando fazem isso, mas, pelo menos neste concerto, sempre foi melhor que não tocar as músicas de todo.

 

E a verdade é que, apesar de ter recusado alguns pedidos, como Rebel, Bryan fez por agradar o mais possível. Fiquei com a impressão de que as últimas duas canções não estavam no plano. Eu por minha vontade ficava lá a noite toda, claro, mas pronto, o homem tinha de dormir – o concerto de Braga era no dia seguinte e eles também mereciam um Bryan no seu melhor.

 

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E pronto, foi uma das noites mais felizes de 2019 para mim – mesmo que o concerto não tenha sido muito diferente dos anteriores que vi. De ver em quando preciso de noites como esta: o mundo fica lá fora, celebrando música leve, simples, sobre amor, nostalgia, sexo, ser-se jovem, livre e feliz. 

 

Mesmo passados estes anos todos, ainda não me fartei de Bryan Adams. Por um lado quero acreditar que ele estará de volta daqui a quatro anos, para mais uma noite como esta. Por outro… como disse antes, o tempo passa. Quem sabe se ele consiguirá voltar? Quem sabe se eu conseguirei voltar?

 

O tempo dirá. De qualquer forma, enquanto todos tivermos possibilidades para isso, enquanto Bryan continuar a lançar álbuns, a arranjar desculpas, eu estarei lá.

 

E por hoje já chega. A segunda parte do texto será publicada amanhã ou depois. 

Música de 2018 #2

Segunda parte do meu balanço musical de 2018. Podem ler a primeira parte aqui. Até agora, a crónica tem sido um pouco mixórdia de temáticas, mas as secções seguintes falarão apenas de um artista ou banda (embora a segunda fale tanto de uma banda como do trabalho a solo de um dos membros). O primeiro item será uma estreia absoluta neste blogue. Deem, assim, as boas-vindas a... 

 

  • Carly Rae Jepsen

 

Conheci Carly Rae Jepsen ao mesmo tempo que quase toda a gente: em 2012, quando o mundo inteiro andava obcecado com Call Me Maybe. Ainda hoje gosto da música. A letra é um bocadinho totó, mas isso faz parte do apelo. Além de que a melodia é irresistível. No que toca a músicas virais, esta é das melhores – até porque saiu num ano em que tivemos de levar com Gangham Style…

 

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Quado Carly lançou o seu álbum, Emotion, três anos mais tarde, não teve o mesmo hype. Alguns dos singles geraram algum buzz, mas o seu impacto não se comparou ao de Call Me Maybe. As críticas, no entanto, foram positivas (houve quem chamasse a Emotion o “1989 de 2015”). Um YouTuber que sigo há uns anos, aliás, teceu rasgados elogios ao álbum Emotion, na altura.

 

Teimosa como sou, só há pouco mais de um ano é que resolvi espreitá-lo no Spotify. Já na altura gostei e acrescentei várias faixas às minhas playlists. Mesmo assim, foi só este ano, depois de comprar o álbum em CD é que me rendi a sério a Emotion. Não digo que goste de todas as músicas deste projeto, mas quando gosto, gosto mesmo muito.

 

O primeiro single, I Really Like You parece ter sido criado para recriar o fenómeno Call Me Maybe. A letra cai em territórios parecidos. Tom Hanks e Justin Bieber até foram recrutados para o videoclipe. A música não teve o mesmo impacto de Call Me Maybe, mas na minha opinião é melhor: um tudo nada mais cativante e com um melhor desempenho vocal. 

 

A faixa-título Emotion é também irresistível – ainda que com uma letra inesperadamente mazinha (não no sentido de mal escrita, a narradora é que é mazinha). Por sua vez, All That é uma balada que parece saidinha dos anos 80.

 

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Making the Most of the Night é uma música de que, de início, me esquecia um pouco, perdida entre tantas músicas giras. No entanto, quando a ouvia, censurava-me por não lhe dar mais atenção. Adoro a maneira como começa num tom mais grave, acelerando e abrandando, até finalmente entrar em crescendo até ao refrão.

 

Estas são apenas algumas de várias boas músicas da edição padrão do álbum. Foi esta que comprei em CD, para ouvir no carro, logo, conheço-a um pouco melhor que as faixas extra. Emotion tem uma data de b-sides, várias das quais foram lançadas num EP, chamado Emotion side B, no ano seguinte. Consta que foram compostas à volta de 250 canções nos trabalhos para Emotion (e que a editora fez uma confusão enorme no lançamento deste álbum). De qualquer forma, encontram-se várias pérolas entre estas faixas extra.

 

Uma delas é Love Again, que faz parte da edição japonesa. Confesso que só me apercebi desta há relativamente pouco tempo, mas tenho andado obcecada pelo seu refrão, cheio de luz.

 

Quem foi o idiota que deixou esta música de fora do Spotify? Não, não! Quem foi o idiota que deixou esta música de fora da edição padrão do álbum. O que a editora fez com Emotion devia dar direito a cadeia!

 

 

Dizia eu que há quem ache que o side B é ainda melhor que a edição padrão de Emotion. Eu não vou a esse ponto, mas está definitivamente ao mesmo nível – com músicas como Cry, Store e First Time. As minhas preferidas são Higher – com uma melodia que, de facto, nos leva aos céus – e Roses – uma balada lindíssima, romântica e um tudo nada sensual. Aquela terceira estância é uma obra de arte.

 

Deixei a minha preferida para o fim: Run Away With Me, a música que abre a edição padrão de Emotion. Eu nunca me apaixonei a sério, mas quer-me parecer que Run Away With Me é a tradução musical de cair de amores (se não for, ficarei desiludida). Desde as notas iniciais de saxofone, passando pela melodia irresistível, o refrão explosivo, terminando nos vocais em coro. Andei semanas viciada e dá para vê-lo – foi a segunda mais tocada no meu Spotify.

 

A letra não é nada do outro mundo, mas cumpre o seu papel. Fala de uma escapadela romântica, de fugir a tudo para estar com a pessoa amada. Está longe de ser um tema super original, eu sei, mas, mais do que na letra, a força da música está na emoção genuína com que Carly a interpreta.

 

 

Run Away With Me tem, assim, todos os elementos que atraem na música de Carly Rae Jepsen. Aliás, as músicas de Emotion – tanto a edição padrão como as múltiplas faixas extra – representam o meu ideal de música pop: bem interpretada, com melodias cativantes. As letras não precisam de ser muito muito boas ou profundas (aliás, se tenho alguma falha a apontar à música de Emotion é o facto de, em certos momentos, parecer algo impessoal), desde que não sejam completamente ocas. Desde que sejam minimamente sentidas.

 

Estes elementos, aliás, também estão presentes nas músicas de que falei na secção anterior, especialmente no synth pop dos anos 80 e nas músicas dos ABBA.

 

Por tudo isto, é um crime que Carly Rae Jepsen não receba mais atenção – quando a música mainstream de hoje em dia é tão medíocre que os Grammys tiveram de nomear músicas como The Middle e Girls Like You.

 

Consta que Carly se prepara para lançar o sucessor a Emotion em 2019. Não sei muito sobre este álbum, apenas que Carly terá composto à volta de oitenta músicas para este projeto (estou a ver que esta não sofre de bloqueio criativo), que terá influências disco e que o primeiro single é Party For One. É uma música gira e tem um toque pessoal que as músicas de Emotion não parecem ter – segundo Carly, a música foi inspirada numa noite que teve, pouco após uma separação. Se o resto do álbum for parecido, não me queixo.

 

 

Fico então a aguardar esse álbum. Ainda não sei se escreverei sobre ele aqui no blogue, mas, depois de Emotion, estou definitivamente curiosa.

 

Depois de, até agora, termos falado de músicas mais de fora do nicho habitual deste blogue, o resto da crónica será um pouco mais conservador. Começando por…

 

  • My Indigo & Within Temptation

 

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Já tinha referido My Indigo, o side project de Sharon den Alden dos Within Temptation, de passagem, no balanço musical do ano passado. O álbum saiu em abril e não desiludiu. Foi mais um exemplo de música com influência dos anos 80 – desta feita, à mistura com folk e alguns elementos orquestrais, parecidos com os que encontramos na música dos Within Temptation. Mais do que isso, é um álbum emotivo, real, com um toque agradável de melancolia – para uma audiência mais velha que a da música mais mainstream.

 

Confesso que é o género de música de que tenho precisado nos últimos dois anos.

 

Não me vou alongar muito, pois quero escrever uma análise a este álbum a curto/médio prazo. De qualquer forma, My Indigo permitiu a Sharon curar o seu bloqueio criativo e ganhar inspiração para o novo álbum dos Within Temptation. Este chamar-se-á Resist e será lançado a 1 de fevereiro.

 

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Duas semanas antes do álbum novo da Avril Lavigne, Head Above Water. É um aspeto curioso em que reparei há pouco tempo: desde 2004, tanto a Avril como os Within Temptation têm lançado os seus álbuns de estúdio quase ao mesmo tempo. Under My Skin e The Silent Force saíram em 2004. The Best Damn Thing e The Heart of Everything saíram em 2007 com pouco mais de um mês de intervalo (e, além disso, rimam!). Goodbye Lullaby e The Unforgiving saíram em 2011 com pouco mais de duas semanas de intervalo. O álbum homónimo de Avril e o Hydra saíram com pouco menos de três meses de intervalo em finais de 2013, início de 2014.

 

Isto deve ser apenas uma coincidência, creio eu (se alguém tiver provas em contrário, avise-me). É possível que existam outros artistas ou bandas que lancem música ao mesmo tempo. Em todo o caso, eu acho piada.

 

Os Within Temptation já partilharam umas quantas canções de Resist, mas a única que oiço com alguma regularidade é o primeiro avanço, The Reckoning. É uma boa música – gosto em particular na sequência que parece uma espécie de trompa de guerra eletrónica. Também gosto da participação de Jacoby Shaddix, dos Papa Roach.

 

Não quis ouvir as outras músicas, tirando uma vez ou duas. Tal como tenho referido nos últimos tempos, não gosto de ouvir um álbum às prestações, antes do lançamento oficial.

 

 

Uma palavra que tem sido usada para descrever o conceito de Resist é “futurista”. Segundo a banda, o álbum foi inspirado pela atualidade cada vez mais digital e as consequências para a humanidade. Aquilo que temos visto em termos de estética do álbum e dos videoclipes, aliás, dão a ideia de um futuro distópico, talvez mesmo  cyber punk.

 

Faz sentido. Os álbuns até The Heart of Everything foram inspirados por fantasia épica/medieval. The Unforgiving inspirou-se em fantasia urbana (Hydra foi menos conceptual). O passo lógico seguinte, de facto, é o futuro, o distópico, a ficção científica.

 

Fico contente, pois sempre gostei desta faceta dos Within Temptation – embora tenha de admitir que, nos últimos tempos, prefiro música mais… “real”, menos fantasiosa.

 

Enfim. Pode ser que me ajude quando decidir voltar a escrever ficção.

 

São, assim, dois álbuns novos por que esperar em fevereiro. Não vou falar sobre Avril Lavigne e o álbum Head Above Water neste texto, pois já falei muito sobre ele há pouco tempo.

 

Na verdade, só vou falar sobre mais um artista nesta crónica. Nada mais nada menos que…

 

  • Mike Shinoda

 

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A era do álbum Post Traumatic durou o ano todo (acho que ainda nem sequer acabou). Começou a 25 de janeiro, com o lançamento do EP com as três primeiras músicas. Foi continuando ao longo do primeiro semestre, com o lançamento de vários singles até à publicação do álbum completo. Mesmo depois, Mike continuou a lançar singles e videoclipes. A título pessoal, foi durante os últimos meses do ano, enquanto trabalhava na análise, que passei mais tempo com Post Traumatic.

 

E agora, em dezembro, Mike lançou o vinil de Post Traumatic, com duas canções inéditas, Prove You Wrong e What the Words Meant.

 

Em termos musicais, se Over Again e Ghosts se juntassem e tivessem um filho, esse seria Prove You Wrong. É conduzida pelo piano e algumas das melodias lembram Ghosts. Ao mesmo tempo, possuir várias semelhanças com Over Again: é cantada maioritariamente em rap, a segunda parte é cantada num tom mais agudo, denotando raiva e os últimos refrões surgem acompanhados de guitarras e vocais que, em certos momentos, parecem a voz de Chester.

 

Em termos de letra, Prove You Wrong está ali num intermédio entre Crossing a Line e Make It Up As I Go. É menos esperançoso e luminoso que o primeiro. É movido a determinação, como o segundo, mas o tom é menos sombrio.

 

 

Como já tínhamos visto com várias canções de Post Traumatic, Mike está à procura de um caminho para a sua vida, de um novo normal, depois de o antigo normal ter morrido, com o Chester. O rapper anda à procura de encorajamento, de votos de confiança, da parte dos demais, mas ninguém parece acreditar a sério nele. Assim, Mike decide cerrar os dentes e levar os seus planos a cabo, só mesmo para calar os céticos.

 

Eu perguntou-me quem eram essas pessoas que não acreditavam em Mike. Não estou a ver, por exemplo, a esposa dele, a família próxima, os colegas dos Linkin Park ou mesmo os fãs a duvidarem das capacidades de Mike – pelo contrário, Mike revelou que, ainda no rescaldo imediato da morte do Chester, pessoas na Internet suplicavam-lhe que não deixasse de fazer música.

 

Tudo isto leva-me a pensar que os destinatários de Prove You Wrong serão os seus próprios demónios, as suas inseguranças personificadas. As vozes que Mike diz que já não consegue ouvir em Can’t Hear You Now.

 

Acho que Prove You Wrong é a minha preferida das duas músicas novas, no entanto, What the Words Meant não fica muito atrás na minha consideração. É, aliás, uma música fascinante.

 

 

A sonoridade de What the Words Meant é grave e algo melancólica. De uma maneira estranha, a parte depois do segundo refrão lembra-me Midnight, dos Coldplay.

 

Segundo Mike, a letra de What the Words Meant foi inspirada por uma conversa que teve com uma artista musical (ele não revelou o nome dela). Mike gostara muito de um certo álbum dela e perguntou-lhe acerca dos assuntos das canções. Ela respondeu-lhe que eram sobre a morte da sua irmã. Ao saber disso, Mike nunca mais ouviu essas músicas da mesma maneira – até porque ele tivera uma perda semelhante.

 

Não estando, nem de longe nem de perto, a comparar a dor de Mike com a minha, esta é uma letra com que qualquer fã dos Linkin Park se pode identificar pós julho de 2017.

 

Conforme veremos quando voltar a escrever sobre a música da banda, depois do que aconteceu ao Chester, pelo menos metade da discografia dos Linkin Park (e também dos Dead by Sunrise) soa a pedidos de ajuda e/ou bilhetes de suicídio. Antes, se calhar, não levávamos muito a sério ou achávamos que, entretanto, ele tinha resolvido essas questões (sou culpada de ambos os casos, sobretudo do segundo). Agora sabemos que não era exagero, que não era uma personagem que Chester estava a representar. Era tudo real e, no fim, ele não conseguiu ultrapassar nada daquilo.

 

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Como diz Mike nesta música, quem me dera não ter descoberto a verdade. Muito menos desta forma.

 

É uma pena que estas músicas não tenham sido incluídas na edição padrão do álbum. Mas compreendo porque não foram. Como vimos acima, Prove You Wrong é demasiada parecida com outras músicas do álbum e a letra é um pouco redundante. Por sua vez, What the Words Meant foge um bocadinho ao conceito principal de Post Traumatic. Além de que a edição padrão já conta com dezasseis faixas – e eu não excluiria nenhuma delas a favor de Prove You Wrong e What the Words Meant.

 

Enfim.

 

Nós – os fãs, Mike e os outros membros dos Linkin Park – temos passado o último ano e meio tentando habituar-nos a um mundo sem Chester. De maneiras diferentes, a ritmos diferentes, com graus de sucesso diferentes, é certo. Mas consola-me, de uma maneira estranha, saber que estamos todos no mesmo barco.

 

No que diz respeito a mim, não tenho estado mal. Não digo que não volte a ir-me abaixo, sobretudo quando os restantes membros dos Linkin Park tomarem uma decisão em relação ao futuro da banda. Mas acho que a pior parte já passou.

 

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Quero acreditar que o mesmo se passa com Mike e os outros. Que eles encontraram alguma paz de espírito, um novo normal.

 

Tal como referi na análise ao álbum, a música que encerra Post Traumatic, Can’t Hear You Now, descreve bem o meu estado de espírito na maioria de 2018 e neste momento. Não apenas no que toca a Chester, mas no que toca à vida em geral. Sinto-me melhor que no fim de 2017, ainda que mantenha muitas das minhas inseguranças. Acho que estou no caminho certo – quero ver o que vem a seguir.

 

O futuro dos Linkin Park enquanto banda continua uma incógnita. Os membros que restam têm dado a entender que querem, um dia, voltar a fazer música juntos – apenas não sabem quanto.

 

Pessoalmente, não sei o que quero. Não sei se quero que voltem só os cinco, se quero que arranjem outro vocalista, se quero que continuem sob outro nome. Estou sempre a mudar de opinião. Nesta fase, prefiro deixar a bola do lado deles, não ter nenhuma opinião. O Mike, o Phoenix e os outros que decidam o que quiserem, quando quiserem. Quando derem esse passo, eu lidarei com isso.

 

E foi isto o meu ano musical. Em baixo está uma playlist com todas as músicas de que falámos aqui e mais algumas.

 

 

2018 foi um ano um bocadinho menos interessante que 2017, mas também 2017 não foi interessante pelos melhores motivos. Sinto, aliás, que 2018 foi o ano em que os músicos do meu “nicho” começaram a recuperar dos anos difíceis que tiveram – que tivemos todos. O Mike lançou música a solo. A Avril está de volta ao mundo da música, após a sua doença. Sharon e os Within Temptation também estão de volta após um período de bloqueio. Os Paramore encerraram a era After Laughter e parecem mais felizes que quando a começaram.

 

Talvez estejamos todos, finalmente, a dar a volta por cima.

 

Temos uns quantos álbuns por que esperar em 2019. Já falámos sobre os dos Within Temptation e da Avril.

 

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Quem, pelos vistos, também se prepara para lançar um álbum novo é Bryan Adams. Não se sabe muito sobre ele, ainda – apenas que se chamará Shine A Light, que o primeiro avanço terá o mesmo nome, que Bryan filmou o videoclipe há cerca de duas semanas e que terá uma digressão no Reino Unido em 2019.

 

Confesso que não contava com esta. Depois de ter esperado sete anos e meio por um álbum novo após 11, em 2008, não estava habituada a esperar apenas três ou quatro anos pelo sucessor a Get Up.

 

Quando é que eu me tornei uma mulher tão paciente?

 

É possível que Shine a Light inclua uma digressão que passe por Portugal. Talvez já em 2019, talvez só em 2020. Mais uma vez, não passou assim tanto tempo depois da última vez. No entanto, se ele voltar, vou tentar ir. Depois do que aconteceu ao Chester, não quero desperdiçar nenhuma oportunidade. Já foi suficientemente mau não ter conseguido ir ao Porto ver a Lorde, em junho último.

 

Para além destes três, há outros álbuns que me interessam a caminho, ou que se especulam que possam estar a caminho em 2019. Já referi o de Carly Rae Jepsen, mas também poderemos ter álbuns dos Sum 41, dos Coldplay, de Mika. Na altura, decido se escrevo sobre eles ou não.

 

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No que toca a este blogue, 2018 não foi um ano muito fácil. Por causa do meu emprego novo, tenho tido muito menos tempo para escrever. Houve alturas em que não foi fácil gerir. Infelizmente, isso não deverá mudar em 2019.

 

Ao mesmo tempo, apesar de ter tido menos tempo, apesar de, demasiadas vezes, ter estado semanas e semanas sem conseguir publicar, quando consegui, foram textos de que me orgulho. Os textos de Pokémon através das gerações, por exemplo, deram imenso trabalho, mas valeram a pena – oh, se valeram. Outros textos que destaco são a última análise a Tri, as análises a Head Above Water e a Post Traumatic.

 

Este foi também um ano em que recebi bastante feedback aqui no meu blogue. Falo dos comentários do Fernando e do Miguel, mas também aqueles que recebi no grupo Comunidade Portuguesa de Pokémon e Digimon PT. Vocês sabem que eu não dependo de validação externa no que toca à minha escrita. Mas há dias em que ajuda. Há dias em que ajuda mesmo muito. Estou muito grata.

 

Espero, então, conseguir manter este nível em 2019: produzir textos de que me orgulhe, mesmo que demorem.

 

Obrigada, então, por tudo o que fizeram por mim e pelo meu blogue em 2018. Que tenham um 2019 muito feliz, com saúde (mas não muita muita, porque senão fico sem emprego), dias bons, momentos bons, boa música, bons filmes, bons jogos, muitos Pokémon Shinies, enfim, tudo de bom. Continuem desse lado!

O meu gosto musical

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Como poderão ter deduzido, no último mês não tenho tido muito tempo aqui para o blogue. Isto porque me tenho focado mais nos meus livros. Infelizmente, num futuro próximo não deverei ter muito mais tempo porque o Euro 2016 está aí à porta, logo, darei prioridade ao meu outro blogue. Para não deixar aqui o estaminé ao abandono por tanto tempo, nos intervalos, vou tentar escrever uns textos mais ou menos rápidos. Hoje respondo à TAG "O meu Gosto Musical".

 

1) Qual é o teu estilo musical preferido?

 

Tal como respondi antes, o meu estilo musical preferido é o rock.

 

2) Qual é o teu cantor ou banda preferido?

 

Mais uma vez, tal como respondi antes, o meu cantor masculino preferido é Bryan Adams. A minha cantora feminina preferida é Avril Lavigne. De momento, a minha banda preferida é Paramore.

 

3) Qual é o estilo musical de que menos gostas?

 

Há uns anos responderia dubstep e/ou EDM, mas a verdade é que tenho músicas deste estilo entre as minhas favoritas. Acho que não existe estilo musical de que não goste mesmo nada: só música pimba e mesmo assim.

 

4) Indica uma música que te faça chorar.

 

Tenho várias, mas a maior culpada é Tears in Heaven, de Eric Clapton.

 

 

5) Indica uma música que tenha marcado algum momento da tua vida.

 

Posso falar de vários momentos diferentes?

 

 

Eu podia continuar...

 

6) Que música andas a ouvir muito ultimamente?

 

 

Neste momento, ando a ouvir imenso o álbum da Lorde - algo que me surpreende a mim mesma. Houve altura há um par de anos em que ganhei ódio a Royals depois de a ter ouvido milhões de vezes na rádio (agora, gosto imenso dessa música). Por outro lado, apaixonei-me por completo por Team quando a ouvi pela primeira vez, há cerca de ano e meio. Essa ainda hoje é a minha preferida dela - aquele refrão é perfeito.

 

Há umas semanas resolvi ouvir Pure Heroine na sua totalidade e gosto da maioria das músicas. As minhas preferidas são 400 Lux, Tennis Court, Ribs e Buzzcut Season, para além daquelas que já referi. O estilo musical dela é muito sui generis, não dá para encaixar em nenhum género - só o "indie", que de resto engloba tudo o que não seja mainstream - já que Lorde quase não usa instrumentos (ela nem sequer sabe tocar nenhum deles), o instrumento principal é a voz. Apesar de eu não ir muito na conversa de anti-popstar (essa fase nunca dura muito, querida...), acho que ela tem muito potencial e quero ver o que fará com o resto da sua carreira.

 

7) Indica três artistas que gostarias de ver ao vivo.

 

  • Avril Lavigne, mas, pelo andar das coisas, mais depressa Jesus Cristo desce à Terra...
  • Gostava de ver os Paramore mais uma vez.
  • Os Within Temptation

 

8) Que música te recorda a infância?

 

O primeiro tema da série animada de Pokémon (esta versão é a minha preferida). A banda sonora dos jogos Pokémon versão Gold/Silver/Crystal.

 

Ah, e Brave Heart. O Daniel Costa da Animedia, aliás, já arranjou um ficheiro áudio decente da versão orquestral que tocou em Saikai e de que gostei tanto. Fica aqui o áudio...

 

 

 

9) Que música melhora o teu humor?

 

Dreaming, dos Smallpools. Esta música é tão alegre, tão contagiante, é uma coisa parva. É-me muito difícil ouvir esta música sem abanar o esqueleto.

 

 

Uma música com um efeito semelhante, mais antiga, é What Is Love, de Haddaway.

 

10) O teu filme preferido em termos de banda sonora.

 

Spirit é a resposta óbvia, mais óbvia do que eu gostava, até... Existem muitas músicas de que gosto que fizeram parte da banda sonora de filmes, mas não consigo pensar em mais nenhuma película em que aprecie toda ou quase toda a banda sonora. Só mesmo o Mamma Mia, mas nem sei se conta pois o musical foi baseado das músicas dos Abba, não o oposto. Já agora, referir que Mamma Mia é o meu feel-good movie, aquele que me deixa facilmente bem disposta. E partilho a minha cena preferida (relembro que esta é a mesma atriz que faz de Diane Lockhart, em The Good Wife).

 

 

 

11) Que tipo de música gostas de ouvir quando estás triste?

 

Depende muito das ocasiões. Lembro-me que, no Mundial 2014, no dia a seguir ao jogo com os Estados Unidos (em que Portugal ficou praticamente eliminado da prova), a única coisa que me apetecia ouvir era o álbum The Hunting Party, dos Linkin Park. Tinha acabado de sair e o estado de espírito Linkin Park era o que mais se adequava ao meu desânimo e mau humor. 

 

Houve outra ocasião em que a única coisa que me consolava eram canções de amor. 

 

À parte isso, regra geral, quando ando em baixo evito música demasiado triste.

 

12) Em que altura houves mais música?

 

Quando estou a conduzir. Oiço cada vez menos rádio, prefiro pôr o meu telemóvel a tocar a minha música. Adoro cantar quando estou a conduzir, quer quando estou sozinha no carro, quer quando estou a minha irmã.

 

13) Que música mais gostas de cantar em voz alta?

 

Existe música para ser cantada e música para ser apenas ouvida. Não significa que uma seja pior do que outra, depende muito do artista e do estilo musical. Dito isto, a única que consegue pôr-me sempre a cantar é Avril Lavigne. Quer com músicas mais alegres, quer com músicas mais calmas, quer com melodias fortes, quer com raps. Ela agarra-me sempre. 

 

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Músicas Ao Calhas - What Have You Done e Hand of Sorrow

Esta é a primeira entrada de Músicas Ao Calhas em mais de um ano. As faixas em questão - What Have You Done e Hand of Sorrow, dos Within Temptation - são as primeiras de uma pequena lista de canções sobre as quais pretendo escrever, mais cedo ou mais tarde.

 

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What Have You Done e Hand of Sorrow fazem parte do álbum The Heart Of Everything, publicado em 2007, o quarto da carreira da banda holandesa Within Temptation. Este álbum marca o ponto alto da banda neste estilo musical, que haviam vindo a aperfeiçoar desde Mother Earth - como não estou familiarizada com os nomes "corretos", prefiro definir este estilo como, vá lá, gótico/medieval, em contraste com a sonoridade mais urbana em The Unforgiving. É um álbum que tem vindo a crescer na minha preferência nos últimos dois anos - The Silent Force costumava ser o meu preferido mas, agora, esta posição tem vindo a ser desafiada, tanto por The Heart of Everything como por Hydra. THOE tem mais variedade que The Silent Force, sem perder a coesão e, apesar de deixar cair muitos dos elementos celtas de que tanto gosto em TSF, tal como dei a entender antes, assemelha-se a uma versão melhorada do álbum de 2004. Algumas daquelas que considero as melhores canções dos Within Temptation - The Howling, Forgiven, The Truth Beneath the Rose - fazem parte deste CD.

 

 

"Wish that I had other choices than to harm the one I love"

 

What Have You Done foi o primeiro single deste álbum e uma das primeiras músicas que conheci da banda. Logo desde início, a canção mexeu comigo, sobretudo por causa da letra. What Have You Done conta a história de dois amantes que se tornam inimigos mortais, história essa que, das primeiras vezes que ouvi a música, me afligiu verdadeiramente. Para essa emotividade, contribuem as interpretações de ambos os cantores (mais sobre isso adiante). À semelhança do que acontece com a larga maioria das músicas dos Within Temptation, a letra aplica-se a muitas obras de ficção, incluindo a minha - mais em específico, o meu terceiro livro. Uma das primeiras de que me recordei, quando conheci What Have You Done, foi as Brumas de Avalon (mais uma vez), em específico um certo momento em O Prisioneiro da Árvore. Outro exemplo é uma trilogia que li recentemente - falarei melhor sobre ela adiante.

 

What Have You Done possui várias versões reduzidas. A faixa completa tem mais de cinco minutos de duração e, como toda a gente sabe, o ouvinte comum da rádio tem um tempo de atenção inferior a quatro minutos. Na minha opinião, só é possível apreciar devidamente a música ouvindo a versão completa. What Have You Done começa com um crescendo de orquestra, repetindo cada vez mais alto a sequência que se tornará a imagem de marca da faixa. Seguem-se os vocais suaves de Sharon antes do primeiro "What Have you Done, now" gritado por Keith Caputo, e de a música explodir.

 

Um dos momentos de que mais gosto em What Have You Done é da maneira como Keith canta o verso "I won't show mercy on you now". Outro ponto forte é a sequência de piano que se seguie a "It's over now, what have you done", antecedendo os primeiros dois refrões - um breve momento de acalmia, para absorver a música, antes de tornar a acelerar.

 

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Há quem não goste da constante repetição de "what have you done" por parte de Keith, mas eu gosto: ajuda a manter o ritmo frenético, sobretudo os crescendos após os primeiros refrões.

 

Ao segundo refrão segue-se um novo abrandamento, uma sequência instrumental mais lenta, misteriosa, com vocais sussurrados, antes de a bateria e as guitarras regressarem, retomando o ritmo até à terceira estrofe. Aqui a canção ganha um tom diferente, de alguma esperança.

 

Em suma, o tratamento musical de What Have You Done, bem como as interpretações dos dois vocalistas, contribuem para a emotividade da canção. Não é de surpreender que esta me tenha perturbado das primeiras vezes que a ouvi.

 

Foi com o álbum The Heart of Everything que os Within Temptation entraram no mercado norte-americano. Tendo What Have You Done sido o primeiro single, este recebeu alguma crítica por se assemelhar a Bring Me to Life, dos Evanescence. É de facto possível encontra várias semelhanças, à vista desarmada, entre Bring Me to Life e What Have You Done - para mim, a mais óbvia (à parte dos dois vocalistas) é o início do terceiro verso de ambas as faixas. Mesmo eu tenho colocado ambas as faixas lado a lado nas minhas playlists ao longo de todos este anos, de forma inconsciente. Não me choca a ideia de que pelo menos algumas destas semelhanças sejam intencionais. 

 

Outra música que acho semelhante a esta é Awake and Alive, dos Skillet.

 

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No entanto, as comparações estabelecidas entre as bandas Evanescence e Within Temptation têm começado a irritar-me (apesar de eu mesma as ter feito). Tendo em conta o meu viés de quem está mais familiarizado com a discografia da banda holandesa, para mim os Evanescence são um one-hit-album-wonder, que, tanto quanto sei, nunca mais fizeram nada de interessante depois de Fallen. Além de que Sharon é, na minha opinião, muito melhor vocalista que Amy Lee. A voz de Sharon é versátil, atinge agudos impossíveis, enquanto Amy parece estar em constante sofrimento.

 

De qualquer forma, o problema deste estilo musical mais pesado é encontrarmos muitos puristas na Internet.

 

 

What Have You Done tem dois videoclipes. Um primeiro (mostrado acima), menos conhecido, e outro oficial. No primeiro, Keith desempenha o papel de um agente que persegue uma criminosa (Sharon), com quem tivera um relacionamento. Eu gosto deste vídeo, mas a banda não. Alegam que o vídeo dá pouca atenção aos membros da banda que não Sharon e que as cenas na selva são pouco verosímeis. Daí terem filmado um segundo. Este (abaixo)tem um tom mais sombrio, contando uma história de violência doméstica.

 

 

Em suma, considero What Have You Done um clássico. No entanto, também devo dizer que concordo quando dizem que o single não se encontra entre os melhores dos Within Temptation. Tenho, aliás, andado algo cansada da música nos últimos tempos.

 

 

"He surely would flee but the oath made him stay" 

 

Hand of Sorrow possui algumas semelhanças com What Have You Done no que toca à história. Pelo menos era o que me parecia antes de me sentar e analisar melhor a canção, para escrever este texto.

 

Hand of Sorrow começa com uma sequência de notas de piano, que se tornam a imagem de marca da canção, antes de se juntarem as guitarras, a bateria e a orquestra. A produção musical nesta faixa é sólida, de resto. A música não é tão dramática e frenética como What Have You Done, mas cumpre o seu papel. Na verdade, o maior destaque de Hand of Sorrow é a sua letra.

 

Segundo o que descobri na Internet, a letra de Hand of Sorrow foi inspirada na Saga do Assassino, de Robin Hobb. Não conheço a obra, embora julgue ter visto o primeiro volume entre os livros do meu irmão. Segundo o que li, um dos temas da saga é o conflito entre lealdade, ambições, honra e os sacrifícios que estes implicam - e é precisamente sobre isso que a letra de Hand of Sorrow fala: a história de uma criança enjeitada que é criada para ser mercenária. Desde início, a história que eu envisionei era semelhante a What Have You Done: o protagonista tem uma amada mas, por causa do seu dever, não pode amá-la, deve mesmo considerá-la inimiga. No entanto, vendo melhor, a letra vai mais longe do que isso. Hand of Sorrow reflecte sobre o que é certo e o errado, se valores como a lealdade e a honra justificam o sacrifício de entes queridos (não necessariamente matá-los, como em What Have You Done), se a violência é aceitável como forma de evitar mais violência. O que, no fundo, são questões debatidas em muitas obras de ficção - não apenas nesta saga, também noutras sobre as quais já falei aqui no blogue, bem como nos meus livros.

 

Começo a perceber, de resto, que, se olharmos para elas a fundo, todas as obras de ficção decentes, em que haja um mínimo de conflito, acabam por abordar questões semelhantes, mais cedo ou mais tarde. É aí que reside a força de Hand of Sorrow. 

 

E dos Within Temptation em si.

 

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Os Within Temptation preparam-se para regressar a Portugal no próximo verão, para participar no festival metaleiro Vagos Open Air. Eu gostava de ir vê-los, mas é pouco provável que o faça. Para começar, o festival situa-se perto de Aveiro, ou seja, fica-me fora de mão. Além disso, não conheço mais ninguém que vá e não me agrada muito a ideia de ir sozinha a um festival de heavy metal (que não é o meu género preferido) para ir ver apenas uma banda. Eu fico com pena mas, em princípio, esta terá de ficar para a próxima.

 

Um dos motivos pelos quais deixei o blogue um pouco de lado no último mês foi o facto de o início deste ano ter sido a primeira altura desde princípios de 2013 - ou mesmo antes, se considerar a trilogia dos Green Day ¡Uno! ¡Dos! ¡Tré! - em que nenhum dos meus artistas preferidos lançou música nova para eu analisar no blogue. Os Sum 41 e os Simple Plan têm estado em estúdio - com estes últimos andando a ser simpáticos o suficiente para irem deixando pistas nas redes sociais - mas ainda teremos de esperar algum tempo antes de podermos ouvir qualquer coisa em concreto.

 

No entanto, no início deste mês, tive a surpresa agradável de descobrir que o single Fly, de Avril Lavigne, será lançado em breve - mais concretamente no dia 16. Não estava à espera de tê-lo tão cedo, só contava com ele em junho (depois de tanto drama e adiamento nos últimos anos, no que à Avril diz respeito, uma pessoa começa a arredondar por cima...). Não quero escrever muito mais sobre isso, estou a guardá-lo para a mais que previsível entrada de Músicas Não Tão Ao Calhas. Apenas digo que estou com altas expectativas (no que toca a baladas, a Avril não costuma errar) e espero que estas se confirmem.

 

 

 

Dois dias antes, será lançado o novo produto da colaboração entre Steve Aoki e os Linkin Park, Darker than Blood. Tendo em conta que gosto imenso de A Light that Never Comes (mais do que a música verdadeiramente merece), estou curiosa em relação a esta nova música. Espero, sobretudo, que dê para eu montar um AMV, tal como fiz com a primeira colaboração da banda com Aoki.

 

Contem, então, com duas entradas - uma para cada música nova - na próxima semana. Vai saber bem ter material musical novo para analisar, isto vários meses depois da reedição de Reckless. À parte essa, tenho outras entradas planeadas para os próximos tempos, incluindo as Músicas Ao Calhas que referi no início. Continuem desse lado...

Música de 2014 #1

E um bom 2015 para os meus seguidores! Este ano atrasei-me com as minhas tradicionais entradas sobre os artistas musicais que mais me marcaram durante o ano que finda, mas aqui está a primeira.

 

Este ano foi diferente do costume. Os meus hábitos musicais mudaram, por vários motivos. Já falei aqui nos meus problemas de audição. Ando a tentar ouvir menos música via headphones, por isso. Por outro lado, nos estágios que fiz este ano, a rádio estava sempre ligada, o que era deveras irritante (e o mais irritante é que, naquelas horas seguidas todas ouvindo a RFM ou a Comercial, nem uma vez ouvi uma música da Avril Lavigne). Acabava por ouvir mais música de que, na sua maioria, não gostava e menos da "minha" música. Isso poderá explicar o facto de este ano nenhum trabalho me ter marcado fortemente o ano da maneira que Goodbye Lullaby marcou em 2011, Living Things em 2012 e Paramore em 2013

 

Em todo o caso, houve muita música nova (da que gosto) em 2014. Este ano vou fazer isto de maneira diferente. Assim, nesta entrada, falarei, por ordem cronológica, dos artistas que editaram que me marcaram nesse ano e sobre os quais falei (ou falarei) aqui no Álbum. Começo assim por...

 

Within Tempation - Hydra

 

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A banda holandesa lançou o seu álbum Hydra no início deste ano (crítica aqui). É o álbum mais consistente deste ano e talvez mesmo aquele de que gostei mais. Pelo menos é o único em que consigo ouvi-lo do princípio ao fim e apreciar cada música sem sentir a tentação de saltar nenhuma faixa. É, na minha opinião, o equivalente a Living Things no sentido em que a banda mistura sonoridades mais clássicas deles com inovações. Por outras palavras, assenta-se no passado mas projeta-se para o futuro. 

 

Os singles já tinham quase todos sido lançados aquando da minha crítica, tirando And We Run, que teve direito a videoclipe. Achei o vídeo interessante. Joga bem com aquilo que li numa crítica à faixa - a interpretação de Sharon den Adel representa a luz e o rap de Xzibit representa a escuridão - embora se torne demasiado literal.

 

Tanto quanto sei, a banda esteve em digressão durante praticamente todo o ano (embora não tenham passado por Portugal) e lançou recentemente um DVD: Let Us Burn. Não o comprei nem faço tenções de fazê-lo tão cedo. Ainda tenho esperança de vê-los ao vivo e, quando isso acontecer, não quero ter spoilers. Em todo o caso, Hydra é um disco muito bem conseguido, talvez o melhor da carreira deles, e estou ansiosa por ouvir o que fizerem a seguir. Espero que não se demorem muito!

 

Coldplay - Ghost Stories

 

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Os Coldplay foram uma banda que comecei a ouvir com regularidade este ano. São a banda preferida da minha irmã. Depois de, por minha influência, ela ter começado a ouvir Bryan Adams, Avril Lavigne, Linkin Park, Paramore, entre outros. Era justo deixar-me converter por ela a uma banda de que gostasse. Não que isso tenha sido particularmente difícil, pois já estava habituada a ouvir os singles deles na rádio há mais de dez anos e gostava de vários. 

 

Tenho estado para escrever sobre Ghost Stories praticamente desde que foi editado. Tenciono publicá-lo algures nas próximas semanas - é uma das várias entradas que tenho em planeamento. Entretanto, a minha irma já me disse que eles deverão editar um álbu novo algures no próximo ano. Eles andam a dizer que será o último álbum da banda - mas eu oiço esses rumores desde, pelo menos, o X&Y.

 

Linkin Park - The Hunting Party

 

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Os Linkin Park tambem foram relevantes este ano, com o concerto no Rock in Rio a que assisti - a minha melhor noite deste ano - e a edição do álbum The Hunting Party (crítica aqui). 

 

Paa ser sincera, o ciclo deste álbum pareceu-me terminar algo abruptamente. Lançaram os singles Final Masquerade, Wastelands e Rebellion quase de seguida e ficaram-se por aí. Parece que agora é assim, os ciclos de álbum terminam quase todos num abrir e fechar de olhos. Já com Living Things aconteceu o mesmo. Eu fico, sobretudo, com pena de não ter ouvido nenhum dos singles na rádio, nem mesmo Until It's Gone ou Final Masquerade. Eles ainda lançaram White Noise, do primeiro filme realizado por Joe Hann, Mall. Não gostei música, nem me dei ao traballho de ouvir segunda vez. 

 

Os Linkin Park queriam salvar o rock, mas não sei se o conseguiram. De qualquer forma, fizeram um bom álbum no processo. Venha o próximo - se o padrão se mantiver, em 2016.

 

Bryan Adams - Tracks Of My Years & Reckless Deluxe

 

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Já falei sobre sobre os álbuns que Bryan Adams editou este ano aqui e aqui. Conforme já expliquei nessas entradas este albuns serviram, sobretudo, para provar que, trinta anos após os seus primeiros sucessos e, numa altura em que o êxito dos artistas musicais parece tão efémero, Bryan continua a ser relevante, continua a ser apreciado, não apenas pelas gerações mais velhas mas também por pessoas da minha idade e mesmo mais novas. Tracks Of My Years fez-nos recordar os grandes clássicos da música pop. A edição Deluxe de Reckless com as músicas extra, fez-nos recordar  algumas das nossas músicas preferidas de Bryan, bem como o rock dos anos 80 em geral. Também servirão para avrir caminho para a edição do primeiro álbum de inéditos em quase sete anos (ainda não há previsão para o seu lançamento). Esse é um dos lançamentos por que anseio em 2015.

 

 

Estes foram para mim os álbuns mais importantes de 2014. Na próxima entrada, tenciono falar de outros artistas de que gosto, como correu o ano passado para eles e se, eventualmente, editarão alguma coisa no próximo ano. 

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