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Álbum de Testamentos

Mulher de muitas paixões e adoro escrever (extensamente) sobre elas.

Músicas Não Tão Ao Calhas – This is Why

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Hoje completa-se mais um ciclo aqui no blogue. Inaugurei a rubrica Música Não Tão Ao Calhas – onde analiso singles (ou leaks) recentes dos meus músicos preferidos – há quase dez anos com Now, o primeiro avanço do quarto álbum dos Paramore, homónimo. Agora, analiso o primeiro avanço de This is Why, o sexto álbum deles. Isto depois de já ter feito o mesmo com Hard Times, o primeiro avanço de After Laughter e com Simmer, o primeiro avanço de Petals For Armor, o primeiro álbum a solo da vocalista Hayley Williams (se vocês acharem que conta). 

 

Hei de brindar a isso com a minha próxima chávena de café. 

 

This Is Why, primeiro single do álbum com o mesmo nome, é a primeira música dos Paramore em quase cinco anos e meio – precisamente desde a edição de After Laughter. Foi muito tempo mas, pela parte que me toca, não me custou muito, tirando estes últimos meses. Sobretudo porque os álbuns a solo de Hayley, Petals For Armor e Flowers For Vases, serviram de metadona. Mesmo este ano, quando já estava ansiosa por algo mais, Hayley foi-nos entretendo com o programa de rádio Everything is Emo – que me fez adicionar imensa música às minhas playlists. 

 

Hei de escrever sobre isso nos meus textos de fim de ano. 

 

Os Paramore estavam a precisar de uma pausa. Hayley já tinha referido, a propósito de Petals For Armor, que o ciclo de After Laughter não tinha sido fácil. Taylor abriu-se um pouco mais do que o costume para o The Guardian: falando sobre a perda de um amigo de família durante as filmagens do vídeo de Rose Colored Boy, revelando que deixou de beber, que, a certa altura, sofreu com ansiedade e agorafobia. Zac não se arrepende de ter deixado os Paramore – sente que os anos afastado da banda o rejuvenesceram. Suponho que estes últimos quatro anos tenham tido um efeito semelhante. 

 

Nada disto surpreende. Lorde falava mais ou menos do mesmo no ano passado, quando regressou com Solar Power também após uns anos de pausa. Se há coisa que aprendemos com a pandemia é que há coisas que não valem a pena. Saúde física e mental vêm antes do trabalho. 

 

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Esses anos de pausa e a oportunidade de trabalharem em projetos laterais podem ter ajudado os três a desenvolverem uma relação mais saudável com a banda. Talvez seja por isso que This Is Why é o primeiro álbum dos Paramore em que o alinhamento da banda é o mesmo que o do álbum anterior. 

 

Há uns anos atrás, diria que tinha esperanças num regresso de Josh e Jeremy a médio/longo prazo. Hoje já não faço questão. Só faz falta quem lá está. E como consta que Josh é homofóbico e, no geral, não grande coisa como pessoa… 

 

After Laughter e os próprios Paramore enquanto banda ganharam um culto de seguidores fiéis nos últimos anos. Em parte porque os três – Hayley em particular, a mais mediática – são figuras simpáticas, terra-a-terra, "não problemáticas" (embora já tenham cometido os seus deslizes). Têm fãs de várias idades, raças e expressões de sexualidade e género e uma boa relação com eles. 

 

Por outro lado, After Laughter – um álbum que explora "tempos difíceis" e questões de saúde mental – envelheceu muito bem, num mundo que se tem degradado cada vez mais desde 2017 (que já foi suficientemente mau). 

 

Já calculava há algum tempo que os Paramore iriam entrar em territórios políticos/sociais no seu sexto álbum, por vários motivos. Em primeiro lugar, não faria sentido focarem-se em questões pessoais. Como referido acima, a banda está finalmente estável. Hayley, ainda por cima, teve dois álbuns a solo para exorcizar os demónios pessoais que já tinham dado sinais de vida em After Laughter. 

 

E agora Hayley está numa relação feliz com… o Taylor! Sim, aquilo que se suspeitava desde Petals For Armor – e houve quem suspeitasse há mais tempo ainda – foi confirmado no artigo do The Guardian. Apenas uma frase entre parêntesis no texto, consta que nem Hayley nem Taylor quiseram dizer mais nada. 

 

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Durante muito tempo tive medo da reação dos fãs, depois do que aconteceu entre Hayley e Josh. Mesmo a minha primeira reação aos rumores, há mais de dois anos, não foi muito favorável. Mas, tanto quanto tenho visto, está toda a gente contente – eu incluída, que já tive tempo para me habituar à ideia (sobretudo depois de Flowers For Vases). 

 

Agora espero que as pessoas não os destabilizem, que lhes dêem privacidade. O facto de, aparentemente, já terem namorado em segredo durante pelo menos três anos deve ajudar. E, claro, espero que sejam muito felizes. 

 

Mas fechando este parêntesis, duvido que Hayley tenha algo a acrescentar a Petals For Armor e Flowers For Vases, no que toca à sua vida amorosa. Talvez This is Why tenha uma canção de amor só pela graça, mas não mais do que isso. 

 

Por outro lado, falando por mim, os Paramore sempre foram muito bons a captar e/ou prever o estado de espírito de pessoas da minha geração. O que não surpreende, os três têm a minha idade, mais ano menos ano. Isso às vezes implica entrarem em territórios políticos/sociais. Hello Cold World é um bom exemplo, mas também há quem detecte mensagens políticas em After Laughter, como explicado neste artigo. Pelo menos nesse álbum, Hayley disse que não era essa a intenção, mas o próprio artigo refere que, nestes últimos tempos, é difícil saber onde acaba o pessoal e começa o político/social. 

 

E se já era assim em 2017, em 2022 ainda mais o é, entre pandemia, tensões raciais, guerras culturais, guerra propriamente dita, inflação, alterações climáticas. 

 

A juntar a isso, os Paramore têm estado muito interventivos nos últimos anos. Em parte porque, por estes dias, não dá para nos mantermos neutros – direitos humanos não são para debate. Mas também porque, como referido acima, a banda tem fãs muito diversos e eles procuram usar a sua posição privilegiada para retribuir. Entre outras coisas, apoiaram o Black Lives Matter e, mais recentemente, agora que o Roe vs. Wade foi revogado nos Estados Unidos, vão doar parte dos lucros dos concertos a organizações que dão acesso a interrupções voluntárias da gravidez a pessoas que não têm possibilidades. 

 

 

Eu adoro-os por isso. 

 

Consta, aliás, que uma grande parte do álbum This is Why terá sido inspirada por conversas que os membros dos Paramore foram tendo nos últimos anos acerca destas questões. Afinal de contas, os três foram nados e criados no sul dos Estados Unidos, que se caracteriza pelo extremismo cristão, pelo ultraconservadorismo, que faz as nossas avós beatas parecerem progressivas e modernas. A gente que elegeu Donald Trump, essencialmente. 

 

Aliás, apesar de os Paramore sempre terem recusado o rótulo de "Christian Rock", a música deles, sobretudo nos primeiros álbuns, está cheia de referências religiosas. Hoje em dia, os fãs culpam o antigo guitarrista e co-compositor Josh Farro por isso. São capazes de ter razão mas, para sermos justos, eles compuseram Part II após a saída dele. 

 

A relação dos três com o cristianismo será um dos aspetos que eles reavaliaram – já o sabíamos desde o ano passado. Pergunto-me se alguma das músicas novas abordará esse tema – seria interessante. 

 

Teremos de esperar para ver – ou melhor, para ouvir. Aliás, ainda temos de esperar quatro meses para ouvir o álbum todo – este só será editado a 10 de fevereiro. Sim, é um bocadinho chato – já lá vão cinco anos e meio, que diabo! No entanto, aqui entre nós, até me dá jeito em termos de gestão dos meus blogues. Ia ser complicado se saísse durante o Mundial. 

 

A data tardia do lançamento é o menos, para ser sincera, porque não gostei muito deste início de ciclo (e acho que não fui a única). O festival When We Were Young foi anunciado para agora, dia 22, 23 e 29 de outubro, no início deste ano. Mais tarde foram saindo outras datas para este outono, sendo que a maioria foi anunciada em julho. Todos sabíamos que era pouco provável os Paramore irem em digressão sem lançarem pelo menos um single. 

 

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Pois bem, eles lançaram-me This is Why a 28 de setembro, nas vésperas do primeiro concerto. Pareciam portugueses, deixando tudo para a última hora. 

 

Ainda assim, não me importaria com isso se eles não tivessem começado tão cedo com os indícios. – Quase três semanas antes, na altura em que a Rainha morreu, enchendo-nos de falsas esperanças de um lançamento daí a poucos dias. Quando foi propriamente anunciado, uma semana mais tarde, ainda faltavam quase duas semanas para o dia 28.

 

Mais incompreensível, para além da partidinha que nos pregaram com o "wr0ng" (ah ah, ainda não era desta que os Paramore recebiam o dinheiro das reproduções e do iTunes, hilariante), foi terem partilhado excertos de uma música que, conforme se veio a descobrir, não era This is Why. Com alguma pena minha pois gosto muito do que ouço nesses vídeos. E, sinceramente, não percebo a lógica – terá sido engano? 

 

Provavelmente será o segundo single – aposto que será The News. E talvez saia no dia 3 de novembro, como aparece no site oficial neste momento. Se sair, ou se sair mais algum single antes de sair o álbum (pelo menos mais um, quase de certeza), só devo escrever sobre isso num dos textos de fim de ano. 

 

E depois do já expectável milhar e meio de palavras de introdução, falemos sobre This is Why. 

 

Nem Now nem Hard Times me deixaram de joelhos quando saíram. Foram-se entranhando com o tempo, sim, mas ainda hoje não se encontram entre as minhas preferidas. Com This is Why está a acontecer mais ou menos o mesmo: precisei de ouvir algumas vezes para lhe tomar o gosto e mesmo agora não está entre as minhas preferidas dos Paramore ou mesmo deste ano. 

 

 

Ainda assim, acho que gosto mais de This is Why do que gostei de Now e Hard Times. Não tenho a certeza – já lá vão uns aninhos. 

 

Musicalmente, This is Why tem sido descrita como uma combinação do estilo de After Laughter e, um pouco, de Petals For Armor, com as sonoridades mais antigas dos Paramore. Não é uma música pesada – é dançante, rítmica, baseada mais em riffs e menos em acordes – mas é mais áspera, menos pop, que After Laughter. Nesse sentido, foi bem escolhida como primeiro avanço. 

 

Aliás, ouço imensas semelhanças com Hard Times: o ritmo, o tom falsamente animado, a letra curta, as metáforas com quedas na terceira parte, os acordes que pontuam os versos do refrão (fazem-me lembrar os que soam no final de Hard Times, entre "Makes you wonder why you even try" e "Still don't know how I even survive"). 

 

O refrão é mesmo a minha parte preferida de This is Why. Adoro as múltiplas vozes. 

 

Outro aspecto de que gosto é a longa introdução instrumental – dando tempo a Zac e a Taylor para fazerem a cena deles antes de Hayley entrar. Gosto dos padrões da bateria e das notas de baixo e guitarra. Em suma, um instrumental irrepreensível. 

 

Agora falemos sobre a letra. De uma maneira geral, This is Why fala sobre instintos misantrópicos, isolacionistas. Sobre estar-se farto de pessoas. O ponto de vista de Hayley é semelhante ao meu: no início da pandemia tinha algumas esperanças de que as dificuldades trouxessem ao de cima o melhor da Humanidade.

 

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Nalguns casos terá trazido… mas na maior parte das vezes foi o contrário. 

 

Nem é preciso olharmos para o Mundo em geral. Olhemos só para o microcosmos do futebol, por exemplo, para o último mês, mês e meio. Tivemos crianças apanhadas no fogo cruzado das rivalidades clubísticas cá em Portugal. Em Java, na Indonésia, morreram cento e setenta e quatro pessoas e outras tantas ficaram feridas durante uma invasão de campo. Na Argentina morreu uma pessoa num incidente parecido, que envolveu confrontos entre polícia e adeptos. 

 

Pegando no argumento acima, seria de esperar que, após meses de futebol em estádios vazios ou de lotação limitada, quando os adeptos voltassem à bola fariam por serem civilizados. 

 

Ainda há pouco tempo saiu um estudo demonstrando que a maior parte das pessoas, sobretudo jovens adultos, sofreu desenvolvimento carácter negativo com os eventos dos últimos anos. Este artigo fala em "declínios na extroversão, abertura, amabilidade e consciência". No que toca a este género de ciência pop, é sempre necessário dar um desconto, claro. Mas a verdade é que o estudo condiz com a nossa percepção: estamos todos piores e tornamo-nos uns aos outros piores. 

 

A letra de This is Why reflete essa diminuição da extroversão: "This is why I don't leave the house". Hayley faz logo uma entrada a pés juntos: "If you have an opinion, maybe you should shove it". 

 

Temos aqui um problema semelhante a Hard Times: a letra é um pouco curta demais e, fora do contexto, pode ser mal interpretada. Pode parecer intolerância, recusa em aceitar opiniões diferentes das suas – precisamente um dos comportamentos que a banda diz criticar. É interessante compararmos This is Why com Ain't it Fun: "It's easy to ignore trouble when you're living in a bubble". Uma das mensagens de Ain't it Fun e do Self-titled em geral diz respeito à necessidade de sairmos das nossas zonas de conforto, das nossas casas, de modo a podermos crescer, expandir o nosso mundo. 

 

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Dito isto… eu percebo. Em teoria sim, temos de ter mentes abertas, conversar com o outro lado, ouvir o que eles nos têm para dizer. Na prática, é difícil. É preciso que o outro lado esteja disposto a fazer o mesmo e isso nem sempre acontece. Além de que este tipo de conversas exige tempo e energia que nem todas as pessoas têm. 

 

E sobretudo, pelo menos no que toca às redes sociais, o jogo está viciado. Conforme explicado aqui na vizinhança, os algoritmos tendem a favorecer polarização, opiniões instantâneas e inflamadas, "da boca para fora", que suscitem likes, partilhas, guerras nas caixas de comentários ("Dare to have conviction 'cause we want crimes of passion"). João Ferreira Dias só refere o Facebook mas o mais certo é o mesmo passar-se com o Twitter, o Tik Tok, o YouTube e companhia. Em resposta – e eu mesma sou culpada disso – agarramo-nos aos nossos pontos de vista. Caímos nas chamadas "câmaras de eco", em que só recebemos notícias que confirmem as nossas convicções. Encaramos opiniões contrárias como ameaças, como ataques pessoais ("You're either with us or you can keep it to yourself"). 

 

Quando é assim, o melhor é não jogarmos ou arriscam-nos a fazer parte do problema. Os membros dos Paramore abandonaram o jogo há algum tempo – é raro eles mesmos usarem as redes sociais. 

 

Quanto a mim, faço por jogar segundo as minhas próprias regras. No meu "feed" do Twitter, os tweets aparecem por ordem cronológica e não por destaques – nem imaginam a diferença que faz, recomendo fortemente. Procuro evitar dar "opiniões instantâneas" – não é raro sair uma notícia qualquer que nos suscita uma reação, apenas para serem divulgados pormenores horas mais tarde, que mudam o contexto do caso. Tento usar as redes sociais quase só a propósito dos meus interesses e para contactar com família e amigos. 

 

Não tenho tido sempre um comportamento exemplar nas internetes, admito. Mas, por estes dias, tento ter. Ajuda muito não ser uma figura pública, não ter uma data de pessoas à espera que eu cometa um deslize para me cancelarem, e nunca ter sido alvo de cyber bullying até agora. 

 

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Em todo o caso, agora quero ouvir o resto do álbum, para ver como é que este primeiro avanço se encaixa. Sobretudo tendo em conta que foi a última a ser composta e, segundo Hayley, traduzir a mensagem essencial de This is Why enquanto álbum. 

 

Aliás, adoro a maneira como a tracklist foi divulgada: escondida nas t-shirts que vendem nos concertos, estilo caça ao tesouro. Nem a Taylor Swift alguma vez se lembrou desta! 

 

E é tudo o que tenho a dizer sobre This is Why, pelo menos para já. Agora, nos próximos parágrafos, vou virar os holofotes para mim mesma, isto vai assemelhar-se a uma página do meu diário. Se não estiverem interessados, podem clicar noutro sítio, não levo a mal. 

 

O lançamento deste single marcou o fim de um setembro muito intenso para mim, sobretudo nos dias imediatamente antes. Aconteceu muita coisa na minha vida: estive uma semana de férias no Algarve, publiquei um texto novo aqui no blogue, tivemos dois jogos da Seleção, tive um "sunset", um concerto dos Simple Plan e dos Sum 41 (com Cassyette a abrir), vi Digimon Adventure Last Evolution Kizuna dobrado em português… duas vezes. 

 

Já que falo nisso, rever Kizuna um ano e meio depois não doeu, pelo menos não tanto como as primeiras vezes, mas foi outra vez uma catrefada de emoções, tive de passar de novo pelo processo de digestão e ainda não terminei. 

 

Acho que este filme irá sempre mexer comigo, mesmo depois de sair The Beginning. 

 

 

Quanto à dobragem em si? Adorei. O elenco português fez um excelente trabalho. A minha voz preferida é a da Menoa, por Vera LimaDeixo uma amostra acima (sem Menoa, infelizmente).

 

Muitas das coisas que listei acima ocorreram em menos de uma semana. Atrasei-me com o meu texto sobre música portuguesa e passei um par de dias em stress para publicar no meu outro blogue antes dos jogos da Seleção. No sábado dia 24 de manhã, publiquei a crónica pré-jogos. À noite tive o tal sunset enquanto decorria a vitória de Portugal sobre a Chéquia. No domingo de manhã vi Kizuna nos cinemas pela segunda vez. Na segunda-feira tive o concerto. Na terça-feira Portugal perdeu com a Espanha e falhou a final four da Liga das Nações. Finalmente, na quarta-feira saiu This is Why. 

 

Foram muitas emoções diferentes em poucos dias: alegria, tristeza, stress, frustração, comunhão, desilusão, Kizuna. Houveram dias em que bebi café a mais, tive insónias a meio da noite e escrevi em modelos desatualizados de receitas manuais. Ainda não sei se irei partilhar o que escrevi – a minha versão de Midnights? 

 

Já não estava habituada a isto – sobretudo depois de dois anos e meio de pandemia. Terá acontecido mais naquela meia semana do que num ano ou dois. Coisas que não puderam acontecer durante muito tempo porque Covid. Foi bom. 

 

E não acabou aqui, na verdade. Este texto foi quase todo escrito durante uma viagem a Paris e a Zurique. Foi a primeira vez que vim ao estrangeiro desde antes da pandemia, tirando uma visita rápida a Salamanca há um ano. Não foi tão intenso como aqueles dias no final de setembro, mas foi ótimo. 

 

This is Why veio, assim, num momento feliz da minha vida. Aliás, Setembro foi um mês em que me fartei de descobrir ou redescobrir música, de diferentes formas e por diferentes motivos. Assim, compilei a playlist abaixo para captar, pelo menos em parte, a montanha-russa de emoções que foram aqueles dias. Deem uma espreitadela.

 

 

Entretanto vou ganhar vergonha na cara e tentar publicar pelo menos um dos textos que tenho em atraso antes do Mundial. 

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem desse lado.

Música 2021 #1: Flowers For Vases e o que farão os Paramore a seguir

Chegámos àquele período em que olhamos para trás e refletimos sobre o ano que termina. Quem acompanha este blogue há algum tempo saberá que, nesta altura, gosto de fazer um apanhado da música que mais me marcou ao longo do ano. 

 

Uma espécie de Spotify Wrapped por escrito.

 

Estes têm sido textos difíceis de escrever, contudo. Em parte por ter menos tempo, já que coincidem com as festas. Mas também tenho tido dificuldades em decidir os moldes adequados para a retrospetiva. 

 

Este ano decidi regressar ao básico e fazer como fazia nos primeiros anos deste blogue: uma publicação para cada artista ou banda, sensivelmente (poderão haver exceções). Mesmo que me atrase e só consiga concluir a retrospectiva em inícios ou mesmo meados de janeiro (espero que não), na pior das hipóteses já tenho esta primeira parte publicada. E talvez seja mais apelativo, tanto para mim como para quem leia.

 

Vou seguir uma ordem mais ou menos cronológica. As primeiras artistas vêm em continuidade de 2020. Começando por Hayley Williams, que, depois de ter encerrado 2020 com o EP Petals For Armor: Self-Serenades, de ter deixado pistas nas redes sociais e ter “vazado” o tema My Limb, lançou o seu segundo álbum a solo, Flowers For Vases em inícios de fevereiro. 

 

 

Vários temas de Flowers For Vases aparecem no meu Spotify Wrapped, mas isso não é representativo. Conforme expliquei aqui, tirando quando tenho o Premium, geralmente só uso o Spotify no meu computador, enquanto escrevo ou preparo textos para publicação. 

 

Assim, as músicas de Flowers For Vases terão acumulado reproduções enquanto eu tratava da análise. Eu nem sequer gosto assim tanto de Inordinary ou de Good Grief. O álbum foi marcante no início do ano, sim. Mas, tal como previ na altura, regressei pouco a este trabalho, tirando as minhas músicas preferidas – My Limb, Over Those Hills, Find Me Here, Just a Lover. Asystole quando estou para aí virada. 

 

Conforme escrevi na análise, Flowers For Vases tem os seus momentos, mas é um álbum demasiado minimalista em termos de instrumental. As músicas são demasiado curtas e, nalguns casos, pouco intensas, incapazes de me cativar. 

 

Na minha opinião, Hayley precisa de pelo menos uma outra pessoa com quem compôr. As músicas de Flowers For Vases, mesmo deixando a desejar, continuam acima da média no que toca a música no geral. Ainda assim, mesmo as melhores neste álbum mal conseguem competir com os temas de Petals For Armor e da maioria da discografia dos Paramore. Adaptando uma frase que citei na análise a PFA, Hayley até se pode safar muito bem a solo, mas sozinha já não se safa tão bem.

 

Além disso, só prova que aqueles que dizem que os Paramore são Hayley-mais-dez não sabem do que falam. Hayley é claramente uma jogadora de equipa.

 

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A mim parece-me que o início de 2021, quando saiu Flowers For Vases, foi há imenso tempo. Foi um ano muito comprido para mim, tanto quanto 2020 pareceu na altura. 

 

Isto será em parte porque mudei de emprego este ano. Tenho rotinas diferentes, questões de trabalho que me apoquentavam há um ano hoje nada significam. Mas mesmo tirando estas questões mais pessoais, as coisas mudaram. Em janeiro/fevereiro estávamos na pior fase da pandemia, no nosso segundo confinamento, sem sequer podermos beber um café “ao postigo”. Desde aí a pandemia melhorou significativamente à medida que a vacinação se disseminou. Tornou a piorar nas últimas semanas e os próximos meses são muito incertos, mas longe da gravidade do início do ano. 

 

Assim, quando oiço certas músicas de Flowers For Vases, sobretudo aquelas que oiço menos vezes, tenho recordações do início do ano. Entretanto, Hayley entrou em estúdio com Taylor e Zac e, agora, o sexto álbum dos Paramore já esteve bem mais longe. Hayley praticamente confirmou-o para 2022 e acho que está na altura. Até porque os Paramore acabam de ter o seu melhor ano de sempre no Spotify – um feito notável para uma banda que não lança música nova há mais de quatro anos. A ideia que eu tenho é que eles têm ganho popularidade no Tik Tok.

 

Eles têm de aproveitar.

 

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Tenho-me esforçado por não pensar muito no próximo álbum dos Paramore. Em parte por, como referi quando escrevi sobre All We Know is Falling, ter precisado de me alhear um pouco do universo cinemático deles (embora tenha começado a ouvir este podcast, que recomendo). 

 

Ao mesmo tempo, não quero especular demasiado nem criar expectativas, que correm o risco de serem defraudadas. Estou a tentar manter a minha mente o mais aberta possível. Ao contrário de uma grande fatia dos fãs, não tenho preferência pelo género musical do próximo trabalho. Podem trazer o som mais pesado dos primeiros álbuns – juntando-se a Avril Lavigne, Travis Barker e companhia – podem trazer as influências de synth pop e new wave de After Laughter ou seguir uma direção completamente diferente. A mim é-me igual, desde que a qualidade seja a mesma de sempre.

 

Só tenho dois desejos. O primeiro, o mais importante, é que Hayley não cante sobre o ex-marido. Falando por mim, estou farta, ela que enterre esse cavalo morto de vez. Que cante antes sobre o Taylor sobre a nova relação saudável que diz ter neste momento. 

 

O segundo desejo é que Hayley aplique as lições aprendeu com os seus trabalhos a solo. Que suje as mãos com a instrumentação, mesmo que use algumas das influências de Petals For Armor e Flowers For Vases. Não seria absolutamente essencial, mas seria interessante. 

 

A ver no que dá. 2022 vai ser bom pois a minha santíssima trindade – o meu cantor preferido, a minha cantora preferida e a minha banda preferida – irá toda lançar música nova. Não tenho grande pressa com o álbum novo dos Paramore – até me covinha que eles “deixassem” Avril e Bryan lançarem os seus trabalhos primeiro antes de anunciarem o seu. 

 

Ficamos por aqui, para já. Se não conseguir publicar antes, votos de Boas Festas e de boas entradas em 2022, sempre com os devidos cuidados porque pandemia. Até à próxima!

Paramore – All We Know Is Falling (2005) #2

Segunda parte da minha análise a All We Know Is Falling. Podem ler a primeira parte aqui.

 

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Here We Go Again é outro clássico dos Paramore, outro destaque em All We Know is Falling. À semelhança de Conspiracy, à primeira vista parece referir-se a conflitos entre os membros da banda, nomeadamente aquando da partida de Jeremy – sendo também aplicável a crises posteriores. “Cá vamos nós outra vez” é certamente aquilo que nós, fãs, pensamos sempre que aparece o mais leve indício de problemas nos Paramore. 

 

No entanto, a sua história de origem é ainda mais indefinida que a de Conspiracy. Supostamente Here We Go Again foi uma das músicas que cativou as editoras, juntamente com Hallelujah (suponho que o seu tom otimista não encaixasse neste álbum, daí ter sido guardada para Riot!). Ou seja, terá sido composta antes de Jeremy se ter ido embora – a partida dele não terá sido inspiração para a letra. 

 

Em todo o caso, a letra de Here We Go Again aplica-se facilmente a qualquer corte de relações, seja entre amigos, amantes, familiares – no que toca a isso, Hayley não terá falta de exemplos em que se basear, coitada.

 

Começa por falar em palavras duras, ditas no calor do momento. Uma pessoa acaba por se arrepender e tenta retirar o que disse, mas nem sempre é possível. O mal já está feito. Dá-se mesmo a entender que tais palavras levaram ao fim da relação. 

 

No refrão, a narradora diz que está satisfeita com a separação – ou pelo menos aprendeu a viver com ela. Por outro lado, na segunda estância põe-se a pensar no que teria acontecido se o relacionamento não tivesse terminado. É uma reação tipicamente humana – vemos Hayley explorando ideias semelhantes em Flowers For Vases, por exemplo. E aposto que não existe nenhum fã mais hardcore dos Paramore que nunca tenha tentado imaginar o percurso da banda caso Zac e Josh não tivessem saído em 2010, e/ou se Jeremy não tivesse saído em 2015.

 

Musicalmente, não há muito a dizer. Não existe nenhum elemento de grande destaque no instrumental, mas no seu todo é bastante sólido. Evita as armadilhas em que outras músicas deste álbum caem. 

 

 

Por outro lado, quando tocada ao vivo torna-se interessante, pois no fim da música põem-se a brincar com excertos de outras músicas. Eles experimentaram vários no ciclo de All We Know is Falling e um fã deu-se ao trabalho de compilar no vídeo acima. 

 

Pequeno aparte só para a delícia de ver quatro cabeças abanando com sincronia perfeita. 

 

Falemos sobre alguns destes outros, então. O de Sk8er Boi era alegadamente para responder a uns armados em engraçados que chamavam Avril à Hayley. De todos os nomes que terão chamado à jovem (entre os quais “tiny hot topic bitch), este não estará entre os piores. Mas compreendo a irritação: naquela altura qualquer rapariga cantando por cima de guitarras era um clone da Avril. 

 

A própria Avril será um clone da Avril, segundo consta...

 

De que estávamos a falar? Ah, certo, Here We Go Again. 

 

Um dos encerramentos mais engraçados, na minha opinião, é com Incomplete dos Backstreet Boys – uma música que ficou em 2005, em termos de memória colectiva. Uma rara ocasião em que Josh e Hayley harmonizam nos vocais (deviam tê-lo feito mais vezes) e com um screamo bem sacado.

 

 

Eventualmente decidiram tornar o outro com One Armed Scissor, de At the Drive-in, o definitivo. E de facto é o que melhor se encaixa em termos de letra. Gosto em particular do verso “I write to remember” – quem também é escritor sabe do que falo.

 

Never Let This Go é outra que, à primeira vista, podia ser sobre a partida de Jeremy, mas é pouco provável que o seja. Hayley terá dito certa vez que é sobre quando o amor corre mal.

 

O que não esclarece muito. 

 

Devo dizer que Never Let This Go é a de que menos gosto em All We Know is Falling. Instrumentalmente, tirando as notas introdutórias, que me recordam Decode e I Caught Myself, não é nada de especial. A letra também deixa muito a desejar – muito curta, vaga, cheia de clichés emo. Eles têm bem melhor, conseguem fazer bem melhor. 

 

Admito que Whoa está longe de ser a melhor música dos Paramore. O refrão é demasiado cliché, quase reproduzindo o chamado Millenial Whoop, um truque barato para cativar o ouvinte, sobretudo ao vivo… mas resulta. É o tipo de música que agrada ao meu eu de quinze, dezasseis anos.

 

Por outro lado, a introdução está bem sacada, com aqueles acordes de guitarra pesados mas dançantes.

 

 

Uma vez mais, a letra não é nada de especial. Parece falar sobre a banda, faz o ponto da situação no caminho para a glória. Não dá para ter a certeza, é demasiado vaga. Em todo o caso, é a faixa mais alegre num álbum bastante (emo) melancólico.

 

Regressando a esse registo, falemos sobre Emergency, o segundo single deste álbum e, na minha opinião, a melhor em All We Know is Falling e uma das melhores dos Paramore – merecia muito mais apreciação. 

 

Em termos de musicalidade, é a melhor em All We Know is Falling: como que a duas vozes, com o instrumental a acompanhar, os riffs acelerando e abrandando, o ligeiro crescendo imediatamente antes do refrão.

 

Queria no entanto destacar a letra. Hayley baseou-se nas suas experiências com os múltiplos divórcios dos seus pais e na ideia que tinha do amor em geral. É fascinante examiná-la agora, após Petals For Armor. Após a própria Hayley ter passado por um divórcio. Até porque, a meu ver, as opiniões que Hayley exprime em Emergency são uma das razões pelas quais se manteve tanto tempo numa relação tóxica.

 

Em defesa dela, estas eram opiniões populares nos anos 2000. O número de divórcios estava em alta, diziam, porque as pessoas não se queriam comprometer a longo prazo, além da fase de lua-de-mel. Desistiam à primeira dificuldade, não percebiam que os casamentos exigiam esforço (“So you give up every chance you get, just to feel new again”).

 

Existe verdade nestas ideias, mas estas ignoram um princípio importante: antes só que mal acompanhado.

 

 

Hayley chega a acusar os pais de não saberem o que é o amor (“And you do your best to show me love, but you don’t know what love is”), mas hoje fica claro que eles sabiam mais do que ela. Por estes dias, Hayley fala em traumas geracionais, em como ela e a mãe fugiram com companheiro abusivo dela ao virem para Franklin – mas saberia a jovem a verdade na altura, quando tinha onze ou doze anos? Talvez ela só o tenha descoberto muito mais tarde e, até lá, pensava que era apenas a mãe a divorciar-se outra vez.

 

E anos mais tarde, quando Hayley ficou noiva e o noivo se envolveu com outra mulher, a jovem casou-se à mesma com ele. Em parte porque, como já tínhamos comentado noutra ocasião, queria mostrar aos pais que ela, ao contrário deles, conseguiria manter uma relação. 

 

Os resultados estão à vista, conforme temos vindo a comentar extensamente neste blogue.

 

A frase mais importante da letra, no entanto, é “No one cares to talk about it”. Quando a toca ao vivo, Hayley acrescenta mesmo “So can we talk about it?”. E a parte mais triste é que Hayley e a mãe só começaram a falar sobre os divórcios há poucos anos – já depois de a jovem tem passado pelo seu.

 

Compreende-se que Cristi não tenha querido falar sobre isso antes. Não será fácil admitir os seus erros, as suas vergonhas, as armadilhas em que caiu, a uma filha adolescente. Além disso, uma coisa é falar sobre estas coisas com uma miúda de dezasseis anos e falar com uma mulher de trinta.

 

Ainda assim, Hayley podia ter-se poupado a muito sofrimento se os pais tivessem sabido comunicar melhor com ela sobre estes assuntos. Até porque, segundo Hayley, ela e Cristi cometeram os mesmos erros nas suas vidas amorosas: envolveram-se em relações abusivas porque queriam alguém que não as abandonasse. Estavam dispostas a aceitar tudo desde que se sentissem desejadas.

 

 

Tudo isto é compreensível, tudo isto é humano, tudo isto é triste, tudo isto é fado. Felizmente, nesta altura Cristi está num casamento feliz e Hayley, aparentemente, também estará numa relação saudável (com o Taylor?).

 

Uma última palavra para o chamado Crab Mix, lançado no EP The Summer Tic, em 2006 – em que Josh contribui com screamos. É uma versão fixe. Não vou ao ponto de desejar que tivessem usado esta como versão oficial, mas podiam ter incluído screamo no último refrão, em jeito de elemento-surpresa. 

 

Brighter é outra das minhas preferidas neste álbum. Musicalmente é das mais rápidas em All We Know is Falling. Pontos para a bateria de Zac (recordo que ele tinha treze ou catorze anos quando gravou isto). Também Hayley impressiona com a sua voz – reparem no crescendo antes do refrão, em “that you shine brighter than anyone”.

 

A letra não é muito consistente. Penso que nenhum dos membros da banda alguma vez revelou a inspiração por detrás dela. No entanto, All We Know is Falling é dedicado a Lanie Kealhofer, juntamente com a fase “you shine brighter than anyone”. Lanie era uma amiga de Hayley, de quando ela vivia no Mississipi, que morreu num acidente de barco poucas semanas antes da edição deste álbum. Assim, assume-se que Brighter é sobre a morte dela.

 

Existem partes da letra que se encaixam nessa teoria. Outras, nem tanto – em particular o refrão. Não dá para ter a certeza, por isso. Mas também já lá vão mais de quinze anos. É pouco provável que venhamos a descobrir a verdade.

 

 

Em todo o caso, pessoalmente, Brighter é uma das músicas que me faz pensar em Chester Bennington, no que lhe aconteceu (tenho uma playlist delas). “And I’ll wave goodbye watching you shine bright” descreve bem a minha segunda metade de 2017

 

Franklin é uma música mais interessante do que, se calhar, soa à primeira vista, sobretudo em termos de letra. Musicalmente, destaca-se do resto do álbum por ser uma balada com vocais mais suaves, menos gritados, e com um fascinante padrão de bateria. Josh e Hayley cantam juntos no refrão – é uma pena não o terem feito mais vezes quando podiam. Os últimos versos de Franklin, então, soam particularmente bonitos. 

 

Houve uma altura há uns anos em que me perguntava como teria sido se Josh tivesse sido oficialmente co-vocalista dos Paramore. Talvez a banda tivesse tido um percurso mais pacífico. Hoje no entanto, depois de saber mais sobre as origens dos Paramore, acho que nunca resultaria. É possível, até, que fosse esse o plano inicial e que a editora tenha vetado. 

 

Além disso, acho que Hayley e Josh seriam sempre tratados de maneira diferente – por serem de géneros diferentes, por ela ser (na minha opinião mas não só) mais carismática e mais talentosa vocalmente.

 

Mas regressemos a Franklin. A música recebeu o nome da terra onde os membros da banda viviam antes de serem descobertos. No entanto, como veremos de seguida, a letra da música tem uma mensagem bastante universal. Funcionaria com qualquer nome de localidade – Franklin, Napanee, Massamá.

 

À primeira, a letra de Franklin parece falar apenas sobre ter saudades de casa. Porém, se formos a ver, não é tanto de casa que a narradora tem saudades – é das pessoas que ela e os amigos eram antes de partirem. De tal forma que a narradora admit que regressar não é solução – não é a mesma coisa.

 

 

A mim faz-me pensar em Frodo Baggins regressando ao Shire no final d’O Senhor dos Anéis e percebendo que já não pertence lá. No entanto, não é preciso ter percorrido quilómetros e quilómetros a pé, atravessado reinos em guerra e levado o Anel Um até à cratera de Mordor para se identificar com a letra de Franklin. Nem sequer é preciso ter saído da terra natal.

 

No fundo, a letra de Franklin é sobre crescer. Sobre a maneira como as coisas mudam, as pessoas mudam e não é possível voltarmos a ser quem éramos antes, por muito que o desejemos. 

 

Finalmente, encerrando o álbum, temos My Heart, outro clássico adorado pelos fãs. 

 

Que atire a primeira pedra (see wbat I did there?) quem nunca achou antes que isto era uma canção de amor – de amor romântico, isto é. My Heart é, na verdade, uma carta de amor para Deus.

 

Este é outro aspeto que faz parte do ADN dos Paramore: a fé. Não que alguma vez tenham andado por aí tentando converter os seus fãs. Mesmo as referências ao cristianismo na sua música, tirando, vá lá, o outro de Let the Flames Begin, são discretas. Mas é uma parte da identidade da banda, sobretudo durante os seus primeiros anos. 

 

E, à boa maneira dos Paramore, a certa altura foi fonte de discórdia.

 

 

Nos últimos anos, a banda tem deixado o cristianismo um pouco mais de lado. Numa entrevista recente, aliás, Hayley revelou que hoje questiona muitos dos princípios religiosos que lhe foram impingidos durante a infância e a adolescência. Ainda acredita em Deus, mas não no Deus que lhe ensinaram.

 

Eu compreendo. E aqui entre nós, com o historial do cristianismo no que toca às mulheres, às comunidades LGBTQ+, à pedofilia na Igreja Católica, nenhuma pessoa decente pode levar aquilo demasiado a sério. Nestas alturas, costumo parafrasear o sábio Eli Gold de The Good Wife: a religião é como um medicamento; em doses baixas é terapêutica, em doses altas é tóxica. 

 

Regressando a My Heart, o momento-chave da música é o screamo de Josh na terceira parte. Este é um elemento que não devia resultar – My Heart é uma balada, é uma canção de amor a Deus – mas resulta. Em versões ao vivo, então, soa espetacular – sobretudo quando eles acrescentavam um outro.

 

Infelizmente Josh foi-se embora. Desde então, esta música só é tocada em acústico. Soa bonita à mesma, não me interpretem mal, mas não é a mesma coisa.

 

Na verdade, gosto um pouco mais de My Heart fora do contexto de All We Know is Falling. No álbum é a terceira música seguida neste registo mais sentido. Ainda por cima, a terceira parte da faixa repete a fórmula de Franklin – com o acompanhamento a diminuir de intensidade, Hayley cantando a mesma frase duas ou três vezes, seguindo-se uma “explosão”. 

 

É um dos problemas de All We Know is Falling como um todo. Na primeira metade ficaram as músicas mais rápidas, na segunda ficaram as mais lentas. Teria ajudado se a ordem das faixas fosse diferente? Um bocadinho, talvez, mas acho que não chegaria para mascarar as falhas do álbum. All We Know is Falling é, na minha opinião, demasiado curto, demasiado homogéneo, com muitas arestas por limar em termos de letras e instrumentais. 

 

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Dito isto, All We Know is Falling está numa situação parecida com a de Flowers For Vases: por si só deixa a desejar, mas as falhas aceitam-se para as circunstâncias. 

 

Estamos a falar de adolescentes compondo e gravando um disco! Zac tinha treze ou catorze anos durante os trabalhos de All We Know is Falling! Na idade deles, o meu maior feito fora entrar no Quadro de Honra no nono ano – algo que não me valeu de muito, tirando o orgulho da família (que desapareceria em poucos meses, quando cheguei ao décimo ano e tive dificuldades) e um livro oferecido pela escola (O Que Todas as Raparigas (Exceto eu) Sabem, de Nora Raleigh Baskin. Até gostei.). 

 

E mesmo sendo o pior álbum dos Paramore, está longe de ser mau – ainda que eu tenha demorado anos a apreciar muitas das coisas boas que fui assinalando ao longo desta análise.  Tem músicas que, como vimos, ainda hoje são adoradas pelos fãs – e uma ou duas que, na minha opinião, estão entre as melhores da banda. 

 

O próprio Josh admitiria numa entrevista posterior que o álbum seguinte teria mais energia. E teve. Os Paramore, aliás, são um caso raro no mundo da música em que cada álbum é melhor que o anterior. Pela lógica seria de esperar que fosse sempre assim, mas todos conhecemos artistas ou bandas com excelentes álbuns de estreia e/ou segundos álbuns e que nunca mais conseguiram chegar ao mesmo nível.

 

Se bem que, muitas vezes, estas opiniões são influenciadas por fãs teimosos que fazem birra se os seus artistas ou bandas mudam o seu estilo com o tempo. 

 

No que toca aos Paramore, acho que quase todos concordamos que Riot! É melhor que All We Know is Falling e Brand New Eyes é melhor que Riot!. Pode haver quem argumente que a tendência se mantém com os álbuns seguintes – mas eu acho que os três álbuns mais recentes dos Paramore estão mais ou menos ao mesmo nível. Cada um tem a sua personalidade, qual deles é o melhor depende do gosto de cada um. 

 

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A ver onde é que o sexto álbum dos Paramore se encaixará nesta classificação. Nesta altura, já está mais do que confirmado que a banda já está a trabalhar nisso. No outro dia, Hayley anunciou inclusivamente que vai-se manter afastada das redes sociais para, em parte, escrever letras. 

 

Eu no entanto acho que ainda vai demorar um bocadinho. Aponto para 2022 ou, quanto muito, finais de 2021. Os fãs estão com pressa (e alguns têm sido bastante indelicados nas internetes), mas vocês já sabem que eu lido bem com esperas – sobretudo depois de Hayley ter lançado dois álbuns a solo em menos de um ano. A banda, aliás, faria bem em ter calma e dar tempo à pandemia para passar – se é para lançar música nova, que o façam de um palco.

 

A mim até me dá jeito a pausa já que, depois de escrever sobre Flowers For Vases e All We Know is Falling, fiquei saturada. Preciso de me ausentar no universo Paramore/Hayley Williams. A menos que a banda demore mesmo muito nos trabalhos, só tornarei a escrever sobre os Paramore quando começar o ciclo do sexto álbum. Provavelmente quando lançarem o primeiro single.

 

Isso quer dizer que só escreverei sobre Brand New Eyes depois do sexto disco dos Paramore. Esse não será um texto nada fácil. Em parte por causa dos conflitos na banda, ainda mais complicados que aquando de All We Know is Falling. Em parte porque eu mesma tenho tido uma relação difícil com Brand New Eyes – tanto com as músicas individualmente como com o álbum como um todo. 

 

A prazo mais curto, receio que este blogue vá ficar em pausa durante as próximas semanas, se não forem meses. O Euro 2020 está à porta e vou estar mais ocupada com o meu outro blogue. Depois do Europeu, planeio ver a dobragem portuguesa de Digimon Frontier e começar, finalmente, a escrever sobre essa temporada. A análise não deverá ser tão longa como a de Tamers, mas ainda deverá demorar um pouco.

 

Em todo o caso, continuo à espera de música nova de Bryan Adams e de Avril Lavigne – os meus pais musicais deverão lançar álbuns novos ao mesmo tempo outra vez. A menos que eles me troquem as voltas e lancem os singles em pleno Euro 2020, em princípio teremos as respectivas crónicas de Músicas Não Tão Ao Calhas. 

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita e pela vossa compreensão. Sigam a página de Facebook deste blogue. Até à próxima!

Paramore – All We Know Is Falling (2005) #1

Quem conheça este blogue saberá que os Paramore são uma das minhas bandas preferidas há vários anos. Eu diria mesmo que, neste momento, estão no primeiro lugar das minhas preferências. No entanto, durante muito tempo não tive cópias físicas dos álbuns deles, tirando do Self-Titled e, mais tarde, do After Laughter – compradas quando estes foram lançados. 

 

Há uns anos, decidi mudar isso e encomendei na Fnac online os três primeiros CDs da banda. Um deles, o All We Know Is Falling, comprei algures em fevereiro ou março de 2018. No entanto, quando a encomenda chegou, a caixa do CD vinha partida.

 

Acabou por não ser muito problemático para mim. Bastou-me ir a uma loja da Fnac e eles trocaram-me o CD na hora. No entanto, já na altura achei que o episódio foi uma boa metáfora para o início dos Paramore como banda. 

 

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Não estava nos meus planos continuar no universo Paramore depois de ter escrito sobre Flowers For Vases. No entanto, calhou ter voltado a ouvir All We Know Is Falling pouco tempo depois de ter publicado esse texto e ter ficado inspirada. Além disso, visto músicas como Inordinary e Just a Lover recordarem as origens da banda, faz sentido regressar ao primeiro álbum dos Paramore.

 

Por outro lado, depois de um álbum maioritariamente acústico e vocais maioritariamente graves e contidos da parte de Hayley, é estranho ouvir guitarras pesadas e refrões explosivos.

 

Além disso, como referi no texto anterior, mudei de emprego há pouco tempo. A minha vida tornou-se menos familiar, sobretudo no mês passado – ainda que, por enquanto, não tenha reduzido o meu tempo de escrita, como cheguei a temer. Para lidar com esse stress, optei por um texto mais dentro da minha zona de conforto, em vez de projetos mais ambiciosos.

 

Como All We Know is Falling é o primeiro álbum dos Paramore, a sua estreia no mundo da música, importa ir às origens da banda. À semelhança do que fizemos com os Linkin Park e Hybrid Theory – é uma pena não existir um site equivalente à Linkinpedia para os Paramore.

 

Os Paramore nasceram enquanto banda em Nashville, no estado do Tennessee, nos Estados Unidos. Hayley Williams mudou-se para Franklin juntamente com a sua mãe quando tinha onze ou doze anos. Foi aqui que conheceu os futuros companheiros da banda: Josh e Zac Farro, Taylor York, Jeremy Davis. Hayley e Jeremy faziam ambos parte de uma banda que fazia covers funk (Ain’t it Fun não veio do nada). Ao mesmo tempo, começou a compôr música com Taylor e Josh – daqui surgindo temas como Conspiracy e a B-side Oh Star. 

 

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Hayley diz que, até àquela altura, ouvira sobretudo música pop e R&B – e essas influências apareceriam muitos anos mais tarde, com Petals For Armor. No entanto, com os Farro aprendeu a ouvir música mais pesada, como Radiohead e Deftones. 

 

Quem nunca?

 

Consta que, de início, várias pessoas estiveram perto de fazer parte da banda. Josh e Zac não estariam muito entusiasmados com a ideia de ter uma rapariga no grupo – sem comentários. Houve um tipo chamado Randall que era o vocalista original, chegando a co-compôr as primeiras versões de músicas como Conspiracy e Stop This Song (Lovesick Melody). Segundo Hayley, quando ela se juntou oficialmente, Josh expulsou Randall da banda via Messenger do AOL.

 

Também terá havido um baixista antes de Jeremy, cujo apelido de solteira da mãe foi usado para batizar a banda. Mais tarde, descobriram que Paramore vem de “paramour”, que significa “amor secreto” ou “por amor” – o que acharam adequado. 

 

Por outro lado, Jeremy terá ficado de pé atrás quando conheceu os Farro. Jeremy já teria dezassete ou dezoito anos e Zac apenas onze ou doze – qualquer um teria dúvidas. No entanto, depois de ouvi-los tocar, Jeremy mudou de ideias.

 

Por fim, Taylor ajudaria a compôr tanto em All We Know is Falling como em Riot!. No entanto, só iria em digressão com o resto da banda durante o ciclo do segundo álbum – e só se tornou um membro oficial em 2009. Taylor só não se juntou mais cedo por dois motivos. Primeiro, por interferência da editora. Segundo, porque os pais queriam que ele fizesse o equivalente ao décimo-segundo ano primeiro.

 

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Calculo que tenha sido duro para o Taylor de treze ou catorze anos. De todos, Hayley incluída, Taylor foi o único que nunca renunciou aos Paramore por vontade própria. Dito isto, no lugar dos pais dele, eu teria decidido o mesmo. Isso de ter uma banda e gravar um disco é muito bonito, mas é um tiro no escuro. Eu também quereria que o meu filho tivesse todas as armas possíveis antes de se lançar nessa aventura, caso não resultasse.

 

Além disso, não é segredo nenhum que a vida de músico nem sempre é fácil – nem para adultos, quanto mais para miúdos. Aliás, sabendo agora o que se sabe da carreira dos Paramore, sobretudo nos primeiros álbuns, não teria feito mal àqueles miúdos esperarem uns anos – Zac chegou a afirmar que um dos motivos pelos quais saiu em 2010 foi por sentir que a banda lhe roubara a infância. Muitas coisas teriam sido diferentes, a começar pelos álbuns, mas aposto que teriam tido muito menos crises.

 

É difícil sabê-lo, no entanto. E também não é certo que a Atlantic Records e/ou a Fueled By Ramen ficassem à espera deles. 

 

E por falar da Atlantic e da Fueled By Ramen…

 

Por estes dias já toda a gente sabe que Hayley foi a única dos Paramore a assinar um contrato com a Atlantic Records. Antes disso, Hayley compusera algumas músicas a solo e enviara demos para várias editoras – chegou a cantar para LA Reid, em Nova Iorque, tal como a Avril. Todos os interessados viram nela uma miúda bonita, carismática, com uma voz incrível – ou seja, com tudo para ser uma estrela – e queriam precisamente fazer dela a próxima Avril Lavigne.

 

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O problema é que Hayley não queria de todo ser uma cantora a solo. Queria formar uma banda com os seus amigos. Hoje sabemos que a jovem queria fazer dos Paramore a família que nunca tivera até à altura.

 

Pensemos nisso por um momento. Hayley tinha catorze ou quinze anos nesta altura. Nesta idade, a maior decisão que uma pessoa vulgar toma é se quer ir para o Secundário (e, se sim, para que área) ou para um curso profissional – e há quem argumente, com alguma razão, que o típico adolescente não tem maturidade suficiente para fazer esta escolha. 

 

No entanto, com esta idade, Hayley tinha praticamente todos os adultos na sua vida – desde os seus pais a uma data de executivos – a dizerem-lhe para cagar nos esquecer os companheiros de banda e agarrar a oportunidade de se lançar no mundo da música. Nove em cada dez pessoas – não não, noventa e nove em cada cem pessoas nestas circunstâncias teria cedido. Que miúdo de catorze ou quinze anos é capaz de se sentar numa reunião com pessoas poderosas da indústria musical e dizer, entre lágrimas, “ou faço isto com os Paramore ou volto para a garagem do Taylor”?

 

De uma maneira extremamente retorcida, se Hayley não tivesse passado a infância lidando com divórcios e não visse nos Paramore a família que nunca teve, o mais certo é não estarmos aqui a ter esta conversa. 

 

A Atlantic Records, de resto, foi a única interessada na ideia da banda. E mesmo assim só Hayley assinou com a Atlantic. O único contrato como banda foi assinado com a Fueled By Ramen, uma divisão da Atlantic um pouco mais nicho, que se achou mais adequada.

 

Twilight+Cast+Paramore+Lost+Show+Performance+KBSeL

 

Eu compreendo os ressentimentos de Josh e dos outros. Quem não ficaria? Sobretudo se os pais de Hayley tentaram proteger a filha à custa dos outros miúdos. A ser verdade, não foi o correto – se tivesse no lugar dos pais dela, gosto de pensar que tentaria proteger tanto a minha filha como os amigos dela – mas compreende-se. 

 

Além disso… onde estavam os pais dos Farro, mesmo de Jeremy, no meio desta história toda? Porque não estiveram lá a tentar defender os interesses dos filhos? Fica a pergunta.

 

Tenho muito menos compaixão pelos executivos, agentes e outras pessoas da Atlantic e/ou Fueled By Ramen – que, ninguém duvida, terão favorecido descaradamente a “estrela”. Não se espera comportamento ético por parte dessa gente, mas recordo que eles estavam a lidar com miúdos – Zac tinha onze ou doze anos! Há limites!

 

Hayley referiu mesmo que as pessoas da editora tentaram virá-los uns contra os outros – tendo isso inspirado a letra de Conspiracy. O que certamente explica a maneira como Josh deixaria os Paramore anos mais tarde. Havemos de falar sobre isso noutra ocasião, mas pelo menos no que toca a isto Josh fez mal em culpar Hayley. 

 

Mas o drama não ficou por aqui. Oh não, minha gente, com esta banda o drama nunca fica por aqui… 

 

Quando os Paramore finalmente conseguiram a luz verde para gravarem um disco, Jeremy virou-se para os amigos e disse algo como:

 

– Comprei um bilhete de avião para Nashville…

 

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Os outros tiveram as reações esperadas, Hayley terá chorado, coitada, mas não conseguiram dissuadi-lo. Mais tarde, Jeremy diria que se assustara – e, para ser sincera, com tudo o que acontecera até ao momento e tudo o que aconteceria mais tarde, compreendo. Os membros que restaram compuseram All We Know nos dias seguintes. Mais tarde, decidiram usar a partida de Jeremy como inspiração para o conceito do álbum. Daí o nome e a capa, com um sofá vazio e a sombra de alguém afastando-se.

 

O primeiro álbum dos Paramore centra-se na saída de um membro da banda. Ainda eles não tinham começado e já tinham perdido um membro. Eles nunca tiveram qualquer hipótese, pois não? Está no seu ADN!

 

Não admira que Hayley sinta a necessidade de dizer dia sim, dia não, que os Paramore ainda são uma banda.

 

A parte mais engraçada é que Jeremy nem sequer se manteve afastado muito tempo. Depois de deixar os Paramore, esteve a entregar pizzas – é claro que não ia durar, não tendo ele uma hipótese de se lançar no mundo da música. Não consigo descobrir ao certo quando é que ele voltou, mas foi a tempo de filmar o videoclipe de Pressure. Estou a tentar imaginá-lo caindo de pára-quedas no meio do ciclo de um álbum inspirado pela sua ausência.

 

Como diriam os anglosaxónicos, awkward…

 

E depois de mais de mil e quinhentas palavras de introdução (é sempre assim), vamos às músicas.

 

 

Comecemos pela faixa que dá o nome ao álbum, All We Know. Como vimos acima, esta foi uma das primeiras a ser composta, logo no rescaldo da partida de Jeremy. A letra é bastante simples e direta, talvez um pouco simples e direta demais. Musicalmente, tem aquele estilo pop punk/rock alternativo que define a primeira metade da carreira dos Paramore. Belos riffs da guitarra de Josh, bela bateria de Zac, vocais impressionantes de Hayley.

 

Eu, no entanto, não gosto muito da música. Não me diz muito. 

 

Pressure, no entanto, que se segue a All We Know na tracklist e cuja letra pega onde a sua antecessora parou, é outra história. Quando há pouco mais de dez anos decidi conhecer melhor a banda e me pus a ouvir as músicas deles em aleatório, Pressure foi das que mais depressa me cativou (bem como Emergency). Não me surpreendeu quando descobri mais tarde que é um clássico dos Paramore. 

 

Por estes dias, Hayley diz que foi Pressure que os cimentou no pop punk/emo, pois não era esse o estilo musical que ela e os amigos ouviam – coisas mais pesadas, como vimos antes. A mim mete-me sempre confusão quando artistas dizem coisas destas: como se pode criar arte num determinado género quando se prefere consumir outro por prazer?

 

Musicalmente, Pressure é irrepreensível, mas o ponto alto é o refrão – um dos melhores que a banda alguma vez compôs. Em termos de letra, esta terá sido inspirada pela ausência de Jeremy mas sinceramente? Nesta fase podia aplicar-se a todas as partidas traumáticas da banda.

 

 

Começando pelos versos de abertura:  “Tell me where our time went and if it was time well spent”. A narradora pergunta ao visado se ao menos gostou do tempo que passaram juntos, mesmo que o outro se tenha ido embora. 

 

Os versos “now that I’m losing hope and there’s nothing else to show for all of the days that we spent carried away from home” parecem um pouco mais específicos para esta situação. Aludem possivelmente a uma altura em que não estariam a fazer grandes progressos nos trabalhos de All We Know is Falling. 

 

Em oposição, os versos “Some things I’ll never know and I have to let them go”, de uma maneira algo caricata, refletem algo que os fãs dos Paramore tiveram de aprender ao longo dos anos, com tanto drama. Nunca saberemos a verdade toda. Nunca saberemos quem é o bom e o mau da fita – ou sequer se eles existem – e se haviam maneiras de se evitar os conflitos e as separações. Eu posso ter gasto mil e quinhentas palavras só nesta análise tentando compreender, mas isto é tudo especulação, não são factos comprovados.

 

Por outras palavras, mais vale aceitar. 

 

Por fim, Pressure termina com um ligeiro twist. Em vez de “We’re better off without you”, como todos os anteriores, o último refrão reza “You’re better off without me”. À luz do que sei agora sobre os traumas de abandono de Hayley… au!

 

 

Uma nota sobre o Pressure-flip. Ironicamente, um dos momentos mais icónicos de Jeremy em palco decorria durante uma música inspirada pelo seu abandono da banda. Quando fui ver os Paramore ao Optimus Alive de 2011, não sabia que essa acrobaciazinha era algo que eles faziam em palco. Não há dúvidas de que esta foi a melhor maneira de descobri-lo. É um dos momentos que melhor recordo desse concerto – que ainda por cima fora antecedido pelo pequeno discurso de Hayley dando-nos as boas-vindas à família (tenho qualquer coisa no olho…). 

 

Existem versões contraditórias para a origem de Conspiracy. Aquilo que parece certo é que foi a primeira música de sempre dos Paramore. Em 2016, Hayley contou que o instrumental foi composto pelo tal Randall, o primeiro vocalista da banda. Quando a jovem o substituiu, ela mudou a letra e a melodia. Hayley conta como trazia os poemas que escrevera em casa para os ensaios de banda e os lia ao som da música. 

 

No entanto, no ano passado, em entrevista à Vulture, Hayley disse que a letra de Conspiracy foi inspirada pelas tensões entre os membros da banda e a editora. O que não bate certo – a menos que as tensões tenham começado cedo, assim que Hayley se juntou à festa (admirem-se…). 

 

É possível que a primeira versão da letra fosse ligeiramente diferente. Ou então que tenha sido inicialmente inspirada por outra coisa – talvez a sua situação familiar com os pais e os padrastos – e que, mais tarde, tenha ganho novos significados. Se acontece connosco, ouvintes, também acontecerá com os criadores. 

 

Em todo o caso, a letra reflete bem as múltiplas crises nos Paramore – a desconfiança, a paranóia, a impotência, a solidão. E foi logo a primeira música que eles compuseram enquanto banda.

 

É o que eu digo, está no ADN deles!

 

 

À parte isso, infelizmente, não gosto muito de Conspiracy. O instrumental tem os seus momentos, gosto da introdução, mas existem partes que não fluem bem – sobretudo no refrão. Na mesma linha, nota-se que a letra foi escrita por uma rapariga novinha – demasiado simples, rimando muitas palavras com elas mesmas.

 

Bem, foi a primeira música deles. Ninguém pode censurá-los por não acertarem à primeira, sobretudo naquelas idades.

 

Ficamos por aqui, para já. Peço desculpa por só termos falado de três canções: com esta banda é preciso quase sempre falar do que acontece nos bastidores. Amanhã haverá mais. Não percam!

Paramore - After Laughter (2017) #2

Segunda parte da análise a After Laughter. Primeira parte aqui.

 

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Existem algumas canções em After Laughter que fogem à norma do falsamente alegre. Uma delas é Forgiveness – que terá sido a primeira a ser composta para este álbum. Esta faixa é conduzida por notas suaves de guitarra, acompanhada por baixo e uma bateria discreta.

 

Consta que a letra de Forgiveness foi inspirada numa crise na relação de Hayley com o seu, em breve, ex-marido. O que não surpreende. A letra descreve um cenário em que alguém pede perdão, mas a narradora está ainda demasiado magoada para concedê-lo.

 

Uma pessoa poderia interpretar esta letra como um retrocesso. Em vários momentos ao longo do Self-Titled, Hayley parecia razoavelmente aberta ao perdão. Não tanto porque a(s) outra(s) pessoa(s) o merecessem, mais por uma questão de paz de espírito. É possível que seja assim para algumas situações, mas não para todas. Sobretudo se a ofensa em questão ainda está fresca na memória e/ou se a outra pessoa ainda não fez nada para merecer ser perdoada.

 

Por outro lado, podem existir casos em que “perdoar e esquecer” até seja benéfico para a pessoa ofendida. Dito isto, existem coisas que ninguém tem a obrigação de perdoar.

 

  

Desde Brand New Eyes, todos os trabalhos dos Paramore (incluindo o Singles Club) têm incluído uma balada acústica. After Laughter manteve essa tradição. Se dois desses números acústicos – Misguided Ghosts e Hate to See Your Heart Break – se juntassem e tivessem um filho, esse seria provavelmente 26. Para além da guitarra acústica, esta faixa possui ainda uma secção de violino lindíssima.

 

Em entrevista, Hayley revelou que escreveu a letra de 26 como uma carta para a versão mais jovem de si mesma. Eu diria, também, que esta letra representa um conflito entre o seu lado mais cínico e o seu lado mais sonhador. Os dois sempre se manifestaram na música dos Paramore (Careful e Brick By Boring Brick para o cinismo; Miracle e Daydreaming para o idealismo). Em 26, Hayley quer agarrar-se ao lado sonhador, idealista – embora sinta que a realidade a puxa para o cinismo.

 

Nem todas as canções em After Laughter são assim tão depressivas, felizmente. Uma delas é, por sinal, uma das minhas preferidas: Pool. Esta é a única canção de amor neste álbum. Em entrevista, Hayley referiu que não se sente muito à vontade no que toda a canções de amor, que provavelmente nunca criará uma música romântica propriamente dita, idílica, sem um senão, sem uma reserva. E agora, com a separação, duvido que tão depressa voltemos a ter canções de amor no reportório dos Paramore.

 

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Em linha com isso, Pool parece fazer referências à ansiedade de Hayley. A letra compara um relacionamento amoroso a um mar agitado ou a uma piscina sem fundo: mergulhar nele é algo arriscado, incerto, perigoso, mas irresistível. No fundo (no pun intended), a narradora está a aprender que, no amor, nem sempre poderá ter controlo total. Existirá sempre um grau de incerteza relativamente ao futuro.

 

Não que isso tenha resultado muito bem para a Hayley…

 

Pool tem, aliás, sido a minha canção de verão deste ano. Tanto graças à sua sonoridade new wave, à anos 90, que me dá uma certa nostalgia, bem como às várias referências aquáticas – algo de que sempre gostei, tal como referi num texto recente deste blogue.

 

A única canção verdadeiramente alegre em After Laughter é Grudges. Consta que Zac e Taylor colaboraram na composição do instrumental (que não difere muito do resto do álbum), o que motivou Hayley a escrever sobre o regresso do baterista à banda. A letra celebra, assim, o renascimento da amizade, deixando de lado o passado, os motivos da antiga zanga e a longa ausência. Os vocais de Zac na terceira parte da música foram bem sacados.

 

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Vou falar, agora, das músicas de que gosto menos em After Laughter. Caught in the Middle, para começar, deixa-me algo dividida. Não sou grande fã da parte musical – não sendo má, não é nada por aí além. O refrão, por sua vez, soa-me estranho, um bocadinho forçado.

 

Por outro lado, a letra de Caught in the Middle é aquela com a qual mais me identifico em todo o After Laughter. Há coisa de uns dois, três anos, estive numa situação semelhante à descrita nesta letra: incapaz de pensar no passado, nos sonhos que tinha, nas promessas que fizera a mim mesma, e que não tinham dado em nada; cheia de medo de pensar no futuro a médio/longo prazo. Ainda hoje, em dias maus, chego a regressar temporariamente a esse modo.

 

Felizmente, não era algo que interferisse assim tanto com a minha vida, que me impedisse de funcionar normalmente. O caso da Hayley terá sido bem mais grave – ao ponto de,como ela descreveu em entrevista, ter desistido temporariamente da banda, ter passado dias e dias a ver séries, sem sair da cama, ter tido mesmo um diagnóstico de depressão e ansiedade. Costuma-se dizer, de resto, que a depressão ocorre quando somos atormentados pelo passado e a ansiedade ocorre quando somos atormentados pelo futuro – mas isto, claro, é simplificar demasiado a questão.

 

Não posso deixar de falar daqueles que serão, de longe, os melhores versos neste álbum: “I don't need no help, I can sabotage me by myself”, cantados no melhor tom sarcástico de Hayley. Tenho vindo a perceber, nos últimos tempos, que também tenho uma tendência para me boicotar a mim mesma. Ando a tratar disso…

 

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Mas este álbum é a consulta no psicólogo da Hayley, não minha.

 

Tenho tido um relacionamento complicado com Idle Worship. Nesta música, encontramos uma Hayley cínica, amarga, mesmo enraivecida. Sob um instrumental mais sombrio que no resto do álbum, Hayley tece críticas à veneração que muitos fãs nutrem por ela.

 

Confesso que fiquei, um pouco, com as orelhas a arder. Já passei há muito a fase de ter ídolos absolutos. Dito isto, muitos de vocês já terão reparado que passo a vida a falar de Hayley como uma das minhas pessoas preferidas no mundo da música, a minha guia espiritual. Sobretudo graças ao marcante álbum Self-Titled.

 

Mas não posso dizer que Hayley esteja errada – que não seja um fardo ter tanta gente idolatrando-nos. Não me custa, aliás, imaginar uma Hayley deprimida sentindo-se a anos-luz da carismática vocalista dos Paramore, que dominava os palcos com a sua voz, a sua energia e o seu cabelo cor de chama.

 

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Este pode, até, ser outro dos motivos pelos quais ela desistiu dos Paramore por algum tempo – por não se sentir capaz de voltar a ser a Hayley que todos conhecemos e adoramos.

 

Por outro lado, Idle Worship serve para nos recordar que, só porque Hayley é uma cantora excelente e bem sucedida, isso não significa que não tenha problemas, falhas, como toda a gente. O seu iminente divórcio é um bom exemplo disso. Não é de todo razoável exigir que ela seja sempre um exemplo a seguir, que faça tudo bem, que não cometa erros.

 

Até porque Hayley sabe perfeitamente que, nos piores momentos da banda, toda a gente se volta contra ela. Já aconteceu antes. Várias vezes.

 

Devo dizer, no entanto, que Hayley não é uma das minhas pessoas preferidas no mundo da música por achar que ela é (ou deveria ser) sempre perfeita, carismática, glamourosa – essa criatura, se existisse, não teria nada a ver comigo. Ela é uma das minhas preferidas porque é humana, com falhas e dificuldades tal como todos nós – e porque transfere a sua humanidade para a sua música.

 

  

No Friend é uma música que demorei algum tempo a compreender. Quando a ouvi pela primeira vez, cheguei a pensar que era um glitch ou algo do género – com o seu riff de guitarra repetitivo e os vocais masculinos que mal se conseguem ouvir. Consta, então, que foi co-composta e interpretada por Aaron Weiss, dos MeWithoutYou (que Hayley refere como a sua banda preferida). Os Os registos originais no site da ASCAP indicam que esta foi composta como um outro para Idle Worship – e de facto notam-se algumas semelhanças no instrumental. A letra torna, além disso, a pegar no tema da veneração tóxica.

 

Muitos fãs têm estranhado a música, eu incluída. No entanto, está a acontecer comigo o mesmo o que aconteceu com Future, no Self-Titled: de início, também não gostava, mas acabei por compreender o seu propósito.

 

A minha teoria é que os membros oficiais dos Paramore, Hayley sobretudo, a certa altura, precisaram de exorcizar demónios no que diz respeito à história turbulenta da banda. Precisaram de alguém de fora que dissesse coisas que eles, provavelmente, sentem, mas que não têm coragem de dizer eles mesmos. E a letra escrita por Aaron Weiss acaba por fazer referências a vários temas da discografia dos Paramore. No Friend não é, de todo, uma das minhas canções preferidas em After Laughter, mas compreendo a sua inclusão no álbum.

 

Até porque, ao deitar toda a raiva cá para fora, abre-se caminho a Tell Me How: o momento mais vulnerável em After Laughter.

 

  

Tell Me How é conduzida por notas de piano, ao qual se juntam notas de guitarra e uma bateria discreta, tudo muito suave. Na mesma linha, os vocais de Hayley são graves, quase sussurrados, magoados.

 

Fora de contexto, poder-se-ia pensar que a letra se refere a uma separação amorosa. No entanto, para uma pessoa minimamente informada sobre a situação da banda ao longo dos últimos anos, fica claro que a letra sobre Jeremy. Hayley chora (mais uma) amizade que perdeu, as infinitas mudanças na banda, o eterno ciclo de destruição e reconstrução dos Paramore. Uma das frases que se destaca em Tell Me How é a que reza “Of all the weapons you fight with, your silence is the most violent”.

 

Suponho que esta seja a parte da Hayley que desistiu da banda durante algum tempo.

 

A ideia com que fico é que, em Tell Me How, Hayley se encontra numa encruzilhada. Não só sem saber se deve continuar nos Paramore ou não, mas também sem saber se deve continuar a debater-se com o passado, a tentar descobrir onde é que errou, ou se deve seguir com a sua vida.

 

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Gosto de pensar que Hayley escolheu a segunda opção, que é a isso que se referem os versos finais. Tell Me How (e o próprio álbum After Laughter) termina com Hayley dizendo “I can still believe” – uma nota de esperança encerrando um álbum bastante deprimente, na sua maioria.

 

After Laughter não é tão bom (ou melhor, não é tão arrebatador) como o Self-Titled, mas também não estava à espera que fosse. É, no entanto, tão intricado e introspetivo como são os álbuns anteriores. E as referências a problemas de saúde mental – ainda muito pouco falados e cheios de preconceitos – tornam-no ainda mais relevante.

 

Aquilo que mais impacto me tem causado, no que toca a After Laughter, é a mudança na mensagem relativamente ao Self-Titled. Tal como escrevi na altura, este último é um álbum de sobreviventes, de vencedores, um álbum otimista, confiante no futuro. Admito mesmo que esse espírito me contagiou, a certa altura na minha vida. Fez-me sentir igualmente confiante, otimista, convencida de que já sabia como a vida funcionava, qual era o meu lugar no mundo.

 

É óbvio, agora, que a realidade havia de nos atingir, mais cedo ou mais tarde. No caso da banda, isso veio na forma da desistência de Jeremy e talvez mesmo na separação de Hayley.

 

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Esse, de resto, é o tema de After Laughter: o momento em que a batata quente nos explode nas mãos sem que estivéssemos à espera. O momento após uma gargalhada em que regressamos ao mundo real.

 

O facto de a banda, ao que parece, ter deixado para trás os elementos emo/pop punk tem causado controvérsia entre os fãs e não só. Era de esperar. Pessoalmente, admito que terei algumas saudades das guitarras pesadas em Paramore. À parte isso, a mudança de estilo não me incomoda, porque as músicas são boas. Estão muito bem feitas, com vários elementos que não se notam à primeira audição, com boas letras. O rótulo que os demais queiram colocar neste estilo musical é irrelevante.

 

O regresso dos Paramore às luzes da ribalta, de resto, tem-me feito redescobrir – mais uma vez – a discografia deles. Em particular o primeiro, All We Know Is Falling. Estou a descobrir que a tensão, os conflitos, a instabilidade fazem parte do DNA dos Paramore. O seu primeiro álbum foi maioritariamente inspirado pela desistência de um membro, Jeremy (a primeira, apenas temporária). Músicas desse álbum, como a homónima All We Know, Pressure, Here We Go Again, Conspiracy continuam a aplicar-se bem à banda, sobretudo nos momentos mais turbulentos.

 

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Os Paramore bem podem dizer que, agora, estão mais fortes do que nunca e tal, mas eu já ouvi essa antes – e só os acompanho a sério desde finais de 2010! Fãs mais antigos já devem ter ouvido esta mais vezes. Estou cada vez mais convencida de que a banda nunca terá estabilidade. Poderá chegar o dia em que termine de vez – ou, pelo menos, em que entre num hiato prolongado.

 

Depois de ter escrito sobre Riot! há dois anos, planeava escrever sobre Brand New Eyes pouco tempo depois. Confesso que tencionava tecer duras críticas aos membros da banda, por terem dito que a criação daquele álbum tinha resolvido os conflitos dentro do grupo. O que claramente não era verdade – conforme provado pela saída de Josh e Zac.

 

No entanto, depois de Jeremy ter saído da banda, fiquei sem coragem para escrever sobre isso – porque teria de admitir que o Self-Titled, um dos álbuns da minha vida, era igualmente “mentiroso”.

 

Só agora, mais de um ano e meio após a partida de Jeremy, em que começo a aceitar a eterna instabilidade da banda, é que me sinto em condições de escrever sobre Brand New Eyes. Não será a curto prazo – talvez daqui a uns meses.

 

Já agora, um aparte sobre os meus planos imediatos para o blogue. Tenho ainda dois álbuns lançados recentemente sobre os quais quero escrever. Um deles é One More Light, dos Linkin Park (Alerta Spoiler: gostei mais do que estava à espera mas, mesmo assim, não por aí além). O outro é Melodrama, de Lorde (Alerta Spoiler: A miúda não desiludiu, de todo). Espero não me demorar muito tempo com estes textos.

 

Quanto aos Paramore, ainda que esteja algo cética relativamente ao futuro da banda, espero, no entanto, que os próximos tempos sejam mais felizes para a Hayley, o Zac e o Taylor.

 

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