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Álbum de Testamentos

"Como é possível alguém ter tanta palavra?" – Ivo dos Hybrid Theory PT

Top 10 Pokémon Generations #2

Segunda parte do meu top 10 de episódios de Pokémon Generations. Primeira parte aqui

 

5) The Cavern (A Caverna)

 

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Este episódio, The Cavern, resume-se de uma forma bastante simples. Foca-se no Team Aqua e no seu líder Archie. Este último encontra o Lendário Kyogre. Prepara-se para assumir controlo sobre ele quando Shelly aparece, a correr, para avisá-lo que que os seus planos resultarão numa catástrofe de proporções épicas. Archie ignora-a, claro, e os resultados são os esperados: Kyogre reverte para a sua forma primitiva e despoleta um dilúvio. Quando, mais tarde, Archie se apercebe do erro que cometeu (de que estava ele à espera, sinceramente?) e tenta ordenar a Kyogre que páre com aquilo, o Lendário volta-se contra ele.

 

Tal como referi quando falei de The Vision, na minha opinião, esse e The Cavern funcionam como um par. E, de facto, a ideia com que fico é que este é uma sequela a The Vision, que decorre na realidade de Omega Ruby, em que o Team Magma é a principal organização vilanesca, mas na realidade de Alpha Sapphire, em que o Team Aqua é a organização vilanesca (não vou entrar nas realidades e cronologias alternativas em Pokémon, que isso daria azo a um testamento inteiro à parte). Um aspeto que acho curioso é o facto de o Team Aqua ser a antítese do Team Magma, de certa forma: o líder é o louco e os subalternos são os sensatos. Mais uma vez, a subalterna feminina é a primeira a aperceber-se das consequências catastróficas que os planos dos seus líderes poderão ter. Shelly percebe-o, não graças a uma visão (que é consistente com a personalidade mais excêntrica de Courtney), mas de uma maneira bem mais prosaica: pesquisando no Instituto Meteorológico.

 

Pode-se especular se, depois de Vision, Courtney procurou avisar o seu líder, Maxie, sobre a visão que teve. No entanto, Shelly, mais sensata, avisaria sempre Maxie. Não que isso tenha valido de muito, pobre Shelly…

 

Por fim, destacar o remix do tema do Trio Groudon/Kyogre/Rayquaza - que, como referi no meu texto sobre a terceira geração, é o meu tema preferido de Hoenn. Se havia um tema musical em Pokémon que precisava de uma versão com um coro dramático era este. Daí que The Cavern esteja várias posições acima de The Vision nesta lista, apesar de estes episódios serem bastante semelhantes.




4) The King Returns (O Rei Regressa)

 

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O Senhor dos DNA Splicers, o Regresso do Rei… não? Ok, vou calar-me.

 

The King Returns decorre no Giant Chasm, onde Ghetsis aguarda, com Kyurem. Aquele por quem espera aparece rapidamente: N, com Reshiram. O antigo rei do Team Plasma exilara-se após a primeira derrota da organização, dois anos antes. Regressava agora, para salvar Kyurem e toda Unova de Ghetsis e do Team Plasma. Quem estiver familiarizado com o enredo de Black2&White2, saberá que esta era, desde o início, a intenção de Ghetsis: ele capturara Kyurem e congelara Opelucid City para atrair N e Reshiram. E agora, que finalmente os encontrara, podia executar o seu plano: usar os DNA Splicers para fundir Reshiram com Kyurem, obtendo o White Kyurem.

 

Não sei se sou a única, mas sempre achei a cena da formação, quer do Black Kyurem quer do White Kyruem, assustadora: ver Kyurem atacando Zekrom ou Reshiram, estes tentando fugir mas sem conseguirem escapar à fusão. É por esta cena que acho que nunca serei capaz de usar os DNA Splicers eu mesma, nos jogos. The King Returns faz justiça a esse momento - até por recorrer ao um remix do tema de combate de Ghetsis em Black&White.

 

Ghetsis ordena a White Kyurem que ataque N. Este tenta apelar a Reshiram e, aparentemente, é bem sucedido, pois White Kyurem hesita. Esta hesitação despoleta o mau génio de Ghetsis. N volta-se para ele, chama-lhe Pai, tenta apelar à sua humanidade, se é que Ghetsis tem alguma (pontos para o tema de N, que toca no fundo). Sem sucesso. Ghetsis responde com ainda mais crueldade. Ordena novo ataque e, desta feita, White Kyurem obedece. É então que aparece Hilbert, o protagonista masculino de Black&White, montado no seu Zekrom, para salvar o dia - N incluído.

 

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Este último desenvolvimento é o ponto forte de The King Returns. Este, até ao momento, não se desviara radicalmente do enredo original - o diálogo entre Ghetsis e N é quase um copy/paste dos jogos. No que toca à quinta geração, no entanto, isso não é uma coisa má por si só: em termos de matéria-prima para estes episódios, os jogos de Unova encontram-se entre os melhores.

 

No entanto, a entrada em cena de Hilbert, para além de conferir maior interesse ao episódio, ata uma ponta solta da quinta geração. Em Black2&White2, descobrimos que o protagonista de Black&White partira à procura de N, após os eventos de dois anos antes. Não há nenhuma indicação nos jogos que Hilbert (ou Hilda) o tenha encontrado - segundo a mãe dele(a), ele(a) nunca mais voltou a casa, o que me parte um bocadinho o coração. Generations, ao menos, oferece um cânone em que Hilbert (não Hilda, que pelos vistos as protagonistas femininas não existem neste universo) volta a ver N de novo. Faz mais do que isso: salva-lhe a vida e alia-se a ele para, mais uma vez, derrotarem Ghetsis (a título definitivo, espera-se) e salvarem Unova.

 

3) The Beauty Eternal (A Beleza Eterna)

 

Chegamos, então, ao pódio de Generations. Tenho de confessar, no entanto, que as diferenças entre estes três episódios são mínimas - mudei várias vezes de ideias em relação à ordem deste pódio. No entanto, estes três episódios estão num patamar acima de todos os outros em Generations, ainda que por motivos diferentes.

 

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The Beauty Eternal foca-se em Lysandre. Quem conheça os jogos X&Y saberá que este é o vilão, líder do Team Flare. No entanto, The Beauty Eternal não o retrata dessa forma, pelo menos não de início. Pelo contrário, Lysandre surge como o Steve Jobs de Kalos. Vemo-lo apresentando o mais recente gadget da Lysandre Labs, o Holo Caster (toda a gente odeia este nome, por motivos óbvios). Gadget esse que é um sucesso imediato. Lysandre também faz questão de fazer doações ao hospital - muito provavelmente para manter uma imagem pública favorável.

 

Vemos, também, que Lysandre mantém relações de amizade com outras pessoas importantes, como Diantha - estrela de cinema e campeã de Kalos. (Também sabemos, dos jogos, que Lysandre é amigo do Professor Sycamore, mas este último não aparece em Generations). A conversa que ela tem com Lysandre (mais uma vez, quase um copy/paste dos jogos) é desconcertante por dois motivos. Em primeiro lugar, Lysandre dá a entender que, na sua opinião, o dever de Diantha, como atriz, é manter-se para sempre jovem e bonita. Não consigo deixar de pensar que demasiadas pessoas de Hollywood pensam da mesma maneira. Em segundo lugar - sendo isto mais relevante para o episódio - Lysandre afirma, casualmente, que “acabaria com o Mundo num instante só para preservar a sua beleza”. É claro que Diantha não o leva a sério.

 

Pelo meio, vemos Malva como pivô de notícias. Sabemos, dos jogos, que, para além disso, Malva pertence à Elite 4… e ao Team Flare.

 

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Entretanto, os jornalistas começam a perguntar a Lysandre sobre um tal “projeto Y” - Lysandre, obviamente, não responde. Nem as pessoas trabalhando diretamente com ele sabem que projeto é esse. Mas quando vemos aquela que, nos jogos, é conhecida como a “arma suprema” (ultimate weapon), com Yveltal nela aprisionado, confirma-se aquilo que a audiência já sabia dos jogos: Lysandre, o grande ídolo de Kalos, o Steve Jobs lá do sítio, planeia matar toda a gente. Literalmente.

 

The Beauty Eternal faz, assim, um bom trabalho ao retratar a sociedade de Kalos: uma sociedade bela e glamourosa mas superficial e corrupta. De que outra forma se explica que tivessem deixado um psicopata como Lysandre ganhasse tanto poder? (O que, infelizmente, me faz pensar no que está a acontecer neste momento, no mundo real…). O que mais me frustra relativamente aos jogos de Kalos, de resto, é o facto de, como vemos, a região até ter uma história com potencial que X&Y não foi capaz de concluir satisfatoriamente… mas isso é conversa para outra ocasião.



2) The Legacy (O Legado)

 

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Chegamos, agora, ao segundo lugar desta lista e encontramos The Legacy, protagonizado por Silver, o rival dos jogos de Johto, e Looker. Não cheguei a falar de Silver  no meu texto sobre a segunda geração porque a personagem só foi decentemente desenvolvida nos remakes Heart Gold e Soul Silver. Falarei, portanto, sobre ele quando escrever sobre a quarta geração.

 

Silver é o protagonista de The Legacy, que é abordado por Looker (atentem à versão melancólica do tema de rival da segunda geração, que no fim muda para um tom triunfal). Este faz-lhe perguntas sobre o seu pai… nada mais nada menos que Giovanni, o líder dos Team Rocket, que Looker persegue há pelo menos três anos. Devo dizer que Looker mostrou um pouco de falta de tacto ao fazer perguntas tão diretas a Silver. Pedir a alguém que denuncie um familiar ou amigo é algo que nunca deveria ser feito de ânimo leve - Looker deveria sabê-lo. É uma questão de bom senso.

 

O jovem, no entanto, não parece levar a mal as perguntas de Looker. Mostra-se, aliás, mais amigável do que aquilo que conhecemos dele dos jogos… mas continua longe de ser uma pessoa simpática e calorosa. Nota-se, aliás, que ele menospreza Looker pela sua busca por Giovanni. Acho que podemos assumir que este episódio decorre depois dos eventos do enredo da segunda geração - isto é, após Silver ter ganho afeição aos seus Pokémon e de ter tentado devolver o starter que roubou ao professor Elm. The Legacy dá a entender que, depois disso, Silver decidiu combater pelos crachás de Johto, qualificando-se para a Liga Pokémon.

 

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É possível que nem todos os fãs soubessem que Silver é filho de Giovanni, uma vez que isso só foi confirmado oficialmente no evento de Celebi. (Há quem especule, por sua vez, que a sua mãe seja Ariana, uma dos Rocket Executives). O último diálogo entre Silver e Giovanni é essencialmente o mesmo que ocorre nesse evento. Esta conversa, de qualquer forma, mostra uma perspetiva intrigante sobre Giovanni: o facto de ele precisar de um grupo de pessoas às suas ordens para conseguir o que quer. Naturalmente, Silver quer fazer o oposto, quer fazer tudo ele mesmo, sem depender de ninguém. É uma posição legítima. No entanto, durante muito tempo, o jovem recorre aos métodos errados - métodos esses que acabam por não diferir muito aos que o pai usaria.

 

Silver não se mostra muito interessado em colaborar com Looker e não é difícil pensar em motivos para isso: restos de afeição pelo pai, não querer ver-se envolvido nos esquemas dele, achar que não vale o esforço já que, de qualquer forma, a organização criminosa dissolveu-se outra vez. De qualquer forma, a verdade é que, no momento deste episódio, Silver nunca foi mais diferente do seu pai. O jovem procurou corrigir os erros que cometeu, aprendeu a respeitar e a valorizar os seus Pokémon e ganhou os crachás necessários para a Liga de forma legítima (quero acreditar nisso, pelo menos). Tornou-se melhor treinador, melhor pessoa, que Giovanni alguma vez será. Isso, de resto, é a essência de Pokémon, tal como afirma uma citação que utilizei antes: "O coração da história de Pokémon não é combater e competir - é o espírito de crescer, explorar a natureza e ver o mundo de modo a tornarmo-nos pessoas melhores". Silver é um dos muitos bons exemplos disso e é por estas e por outras que o considero o melhor rival de toda a franquia.



1) The Scoop (O Exclusivo)

 

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Eis, então, o primeiro lugar desta lista. Os protagonistas de The Scoop são Gabby e Ty, a dupla de repórteres que encontramos frequentemente nos jogos de Hoenn. Estes invadem o Centro Espacial de Mossdeep, à procura de informações sobre a destruição do meteorito que estivera em rota de colisão com a Terra (ou qualquer que seja o nome do planeta onde decorre a ação de Generations). Gabby consegue encontrar um ficheiro de vídeo que mostra o protagonista dos jogos de Hoenn (não dá para ver se é Brendan ou May, a protagonista feminina) voando montado no Mega Rayquaza ao encontro do meteorito. Aí, o episódio reproduz a cena do Delta Episode de Omega Ruby e Alpha Sapphire, em que o Mega Rayquaza destrói o meteorito, revelando uma icónica placa triangular, que se transforma no Deoxys.

 

O encontro e combate com o Deoxys já é um dos momentos mais épicos de Omega Ruby e Alpha Sapphire. Em Generations, como não têm de respeitar as mecânicas rígidas dos jogos,  com os movimentos limitados e os ataques à vez, conseguem elevar o combate entre o Deoxys e o Mega Rayquaza a um nível ainda maior, mais dinâmico e eletrizante. Gostei do pormenor do treinador (ou treinadora) saltando para o satélite e assistindo ao combate a partir daí - algo que não sei se seria possível na ausência de gravidade, contudo. E, tal como acontece nos jogos, a banda sonora eleva ainda mais a  grandiosidade do momento.

 

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Até Gabby e Ty se deixam levar pelas imagens, descurando a vigilância. Acabam por ser surpreendidos por um cientista e vários seguranças, que lhe exigem o vídeo de volta. Gabby é uma mulher astuta e consegue enganá-los. O episódio termina com ela e Ty fugindo dos seguranças..


Fiquei desapontada por não termos podido ver Zinnia em Generations. Tirando isso, The Scoop faz tudo o que um episódio de Generations podia fazer de melhor. Mostra uma parte fixe de Omega Ruby e Alpha Sapphire (e, em Pokémon, conforme afirmei antes, poucas coisas são mais fixes que um bom combate entre Lendários) sem fazer apenas copy/paste. Ao mesmo tempo, oferece uma nova perspetiva à história que já conhecemos: quer mostrando que uma boa parte da população de Hoenn não terá percebido ao certo que história foi aquela do meteorito, quer mostrando que aqueles que sabem não têm interesse em revelar a verdade ao público, quer mostrando uma faceta diferente de personagens icónicas de Hoenn. Daí que, na minha opinião, seja o melhor episódio de Generations.

 

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O anime em Pokémon tem como objetivo principal promover os jogos - toda a gente sabe isso. Origins, por exemplo, foi criada para cativar fãs mais velhos, com saudades da primeira geração, para X&Y - daí que, no fim, o Charizard de Red, o protagonista, obtenha uma Mega Evolução. Por essa lógica, talvez Generations tenha servido para promover Sun&Moon mas, a ser verdade, fá-lo de uma forma muito discreta - bem mais discreta que Origins, diga-se de passagem. Na minha opinião, faz mais sentido que Generations tenha vindo integrada nas celebrações do vigésimo aniversário da franquia: desta feita, celebrando os melhores momentos de vinte anos de jogos. E numa altura em que Pokémon voltava a estar na moda, como não estava havia, pelo menos, quinze anos, o timing dificilmente podia ser melhor. Eu gostei muito. As tardes de sexta-feira nunca mais foram o mesmo desde essa altura.

 

Já que falamos disso, já terão reparado que estou epicamente atrasada com os meus textos de Pokémon através das gerações - a última data que tinha prometido era o dia do lançamento de Sun&Moon. Não devia ter dado uma data sequer, não estou em condições para isso. Dito isto, tenho o texto sobre a quarta geração bastante adiantado. Devo conseguir publicá-lo algures nas próximas semanas. Continuem desse lado!

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